A floresta esquecida
A floresta esquecida
Era uma vez, um jovem viajante que se aventurou por uma vastidão de terras inexploradas. A cada passo, ele deixava para trás rastros leves, sementes de escolhas e decisões que se espalhavam pelo vento. Ele viajava com pressa, ansioso por alcançar o horizonte, sem se importar com a paisagem que se formava atrás dele. Algumas sementes eram de pequenos descuidos, como promessas não cumpridas, palavras ditas sem pensar. Outras eram de grandes negligências, como o abandono de um amigo em necessidade ou a busca incessante por riquezas materiais à custa de seu próprio bem-estar.
O tempo passou, e o jovem se tornou um homem maduro, carregado de experiências e com um mapa detalhado dos seus êxitos. No entanto, um dia, ele decidiu olhar para trás e revisitar o caminho que havia percorrido. Ele esperava encontrar a planície vazia que imaginava ter deixado para trás, mas, em vez disso, se deparou com uma imensa floresta.
Essa não era uma floresta comum. Era um emaranhado de árvores retorcidas, cipós espinhosos e flores de cores berrantes, mas sem perfume. Algumas árvores eram altas e sombrias, nascidas de suas maiores omissões e mentiras. Outras eram arbustos raquíticos e frágeis, frutos de suas pequenas irresponsabilidades, que formavam barreiras difíceis de atravessar.
O homem se sentiu esmagado pela visão. Ele percebeu que cada pequena semente que ele plantou sem pensar, havia crescido e se tornado parte de um ecossistema complexo e caótico. A floresta era o reflexo de suas inconsequências. Ele podia ver as cicatrizes nas árvores, as raízes que sufocavam o solo e o ar pesado de arrependimento que pairava no lugar. Ele entendeu que, embora sua jornada o tivesse levado para frente, ele nunca realmente se livrou do peso de suas ações passadas.
A floresta, que ele havia deixado para trás, era agora um fardo que ele precisava carregar, um ecossistema que ele precisava nutrir e consertar. A partir daquele momento, a sua jornada se tornou menos sobre avançar e mais sobre cuidar do que ele havia criado. O homem passou a plantar novas sementes, de gentileza, perdão e responsabilidade, para tentar restaurar a floresta. Ele sabia que nunca mais seria a planície vazia que ele havia deixado no início, mas com tempo e esforço, talvez ele pudesse transformar a floresta esquecida em um jardim de cura e aceitação.
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