quarta-feira, 31 de julho de 2013

Depressão como sair!

"Então, respondeu Jó: Até quando afligireis a minha alma e me quebrantareis com palavras? Já dez vezes me vituperastes e não vos envergonhais de injuriar-me. Embora haja eu, na verdade, errado, comigo ficará o meu erro. Se quereis engrandecer-vos contra mim e me argüis pelo meu opróbrio, sabei agora que Deus é que me oprimiu e com a sua rede me cercou. Eis que clamo: violência! Mas não sou ouvido; grito: socorro! Porém não há justiça.
O meu caminho ele fechou, e não posso passar; e nas minhas veredas pôs trevas. Da minha honra me despojou e tirou-me da cabeça a coroa. Arruinou-me de todos os lados, e eu me vou; e arrancou-me a esperança, como a uma árvore. Inflamou contra mim a sua ira e me tem na conta de seu adversário. Juntas vieram as suas tropas, prepararam contra mim o seu caminho e se acamparam ao redor da minha tenda. Pôs longe de mim a meus irmãos, e os que me conhecem, como estranhos, se apartaram de mim. Os meus parentes me desampararam, e os meus conhecidos se esqueceram de mim. Os que se abrigam na minha casa e as minhas servas me têm por estranho, e vim a ser estrangeiro aos seus olhos. Chamo o meu criado, e ele não me responde; tenho de suplicar-lhe, eu mesmo. O meu hálito é intolerável à minha mulher, e pelo mau cheiro sou repugnante aos filhos de minha mãe. Até as crianças me desprezam, e, querendo eu levantar-me, zombam de mim. Todos os meus amigos íntimos me abominam, e até os que eu amava se tornaram contra mim. Os meus ossos se apegam à minha pele e à minha carne, e salvei-me só com a pele dos meus dentes. Compadecei-vos de mim, amigos meus, compadecei-vos de mim, porque a mão de Deus me atingiu. Por que me perseguis como Deus me persegue e não cessais de devorar a minha carne?
Quem me dera fossem agora escritas as minhas palavras! Quem me dera fossem gravadas em livro! Que, com pena de ferro e com chumbo, para sempre fossem esculpidas na rocha! Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de saudade me desfalece o coração dentro de mim. Se disserdes: Como o perseguiremos? E: A causa deste mal se acha nele, temei, pois, a espada, porque tais acusações merecem o seu furor, para saberdes que há um juízo." Jó 19:1-29
Quem não teve em algum momento em sua existência aqui nesta terra, algo chamado depressão. Quem não se viu na vida passando por momentos de extrema insatisfação de sua alma. Quem não se viu em algum dia envolto na mais tremenda angustia em seu espírito, pensando quem sabe na morte como melhor aliada, melhor solução. A Bíblia registra uma pessoa que viveu em sua época este drama, pois seus problemas avolumaram-se. Sua família, seus bens, sua saúde foram tiradas, e agora só, triste, mantinha a única coisa que o sustentava de pé, ou seja, a sua fé em seu Redentor, o Senhor nosso Deus. Depressão é um sentimento traiçoeiro, pessoal. É uma angustia que chega e se instala no coração.
Chega sem pedir licença; Às vezes sorrateiramente preenchendo a alma de temores infundados, que na verdade são como pontes que ligam o consciente ao inconsciente. A forma ou a intensidade como cada um de nós reagimos a esta invasão de nosso ser varia de pessoa para pessoa, de situação para situação. De fato a depressão tem a sua origem em vários fatores que o consciente ou o inconsciente tentam reagir e que com força esperam sucumbir-nos, tirando-nos principalmente o ânimo e a coragem de lutar pela vida. Neste dia, Deus coloca no meu coração esta palavra de ajuda a você que vive quem sabe esta síndrome dos últimos dias. Este círculo vicioso do estado da alma que faz com que a vida se torne tremendamente frustrante e que causa na mente, e no coração um impacto de sugestões que nos levam a ter uma auto-imagem cheia de tormento, cheia de temores. Às vezes procuramos através de medicamentos, através da medicina convencional, da ciência ou até da psicanálise e outros meios, na esperança de reverter este quadro crônico, este tumor imaginário que tem aos poucos tirado a vontade de viver. Quem sabe amigo, hoje você não vive, apenas vegeta, pois a sua mente já mandou sinais para o seu corpo, de que não vale a pena lutar. O problema tem aumentado. Existe uma crise interior, mais do que exterior ao seu redor e você não consegue reagir, tomar novas posições. Sair para o novo, sair da depressão.
Eu não sei qual a causa que tem te levado a desistir da vida, porque os problemas são diferentes de pessoa para pessoa, porém neste dia eu quero confiar que tenho a unção do Senhor, para ministrar à sua necessidade algo novo e assim fortalecer a sua vida. Quem sabe um milagre vai acontecer repentinamente. Um desbloqueio de mente em meio a tantos remédios que você tem através dos tempos tem tomado para depressão. Um fortalecimento do coração para entender a sua real situação e juntos acharmos soluções reais e Eternas em nosso Deus. Preste atenção amado(a). Quero ter a liberdade de fazer algumas declarações e sugestões para a sua vida, a fim de vermos resultados práticos, concretos.

1. A origem da depressão não está em Deus.

É muito importante você saber, e ter o conhecimento nesta oportunidade, que a depressão não tem a sua origem em Deus. Não é Ele quem coloca este sentimento em você. Jó em nosso texto base (Cap. 19) faz várias declarações que o levaram a pensar que Deus estava por trás da sua depressão. Ele diz entre outras coisas:
“sabei, que Deus é que me oprimiu e com a sua rede me cercou”. Jó 19.6
“da minha honra me despojou, e tirou-me da cabeça a coroa”. Jó 19.9
“ele me arrancou a esperança”...  Jó 19.10
“Faz inflamar contra mim a sua ira”.  Jó 19.11
“Pois longe de mim os meus irmãos”.  Jó 19.13
“a mão do Senhor me atingiu”.  Jó 19.21
Veja bem quantas declarações tediosas Jó relata aos seus amigos, tentando achar soluções para a angustia que sentia. Tentava justificar-se a todo o instante, direcionando suas lamúrias ao vento sem fundamento. Quem sabe, você está fazendo a mesma coisa dia após dia. E este acúmulo de procedimentos tem se transformaram em declarações, e com isso tem feito você acreditar como sendo verdades. É como se fosse uma tortura diária, constante, trazendo-lhe inclusive reações físicas, como dor de cabeça, enjôos sem explicação, dores lombares, dores estomacais, ulcera nervosa, dores na coluna, etc. A primeira coisa importante que você deve tomar conhecimento, é que não procede de Deus nenhuma condenação, que trabalhando no seu consciente ou inconsciente coloque você no estado que você se encontra.

2. Você pode contar com a ajuda do Espírito Santo de Deus

 A segunda informação importante que quero comunicar-lhe é que depende de você somente, o sair desta situação que se encontra. Isto porque Deus quer que você se posicione favorável à sua ação. Em outras palavras o que você tem, o que o está deprimindo é algo tremendamente espiritual e que precisa cura através do Espírito Santo de Deus. Deixa-me lhe dizer algo: “Na medida em que você reage favoravelmente a ação do Espírito Santo de Deus, todo o seu ser, ou seja: corpo, alma e espírito reagirá a seu favor a que um milagre aconteça na sua vida.. Isto mesmo. Milagres acontecem em nossos dias. O nosso Deus é o Deus do impossível. Ele é o doador da vida. Ele luta por aqueles que acreditam no seu mover restaurador. Ele quer fazer em sua vida uma espécie de cirurgia espiritual, ou seja, através do seu bisturi chamado Espírito Santo. Ele quer neste momento mesmo, em que você está lendo esta mensagem, eliminar este tumor chamado depressão crônica que tem neutralizado a sua fé, a sua credibilidade no Deus que continua a fazer grandes coisas em sua vida independentemente da sua percepção.

3. Você não está sozinho, Deus está do teu lado.

A terceira observação, que eu gostaria que você levasse bastante a sério neste dia, é o seguinte: “Preste atenção” O maior interessado do seu bem estar, no fortalecimento do seu ser. A pessoa que quer que você reaja favoravelmente e saia de vez desta angustia, desta depressão é o próprio Deus. Abra a sua mente e coração neste instante e receba mais esta informação valiosíssima, que com certeza poderá mudar a sua vida por completo. Deus o ama. Deus a ama. Deus o respeita, e o aceita tal como você é. Neste primeiro momento de entendimento, de aproximação da verdade que liberta, que redime, que perdoa. Deus não está interessado em nada a não ser o seu bem estar. A sua vida, Ele a tem por mais que preciosa.
Ele espera de sua parte que você o receba pela fé em seu coração. Deus o ama tanto que enviou Jesus, seu filho para morrer em seu lugar. Deus é vida, é amor, é paz, e segurança. Deus é eternidade, é a verdade que liberta qualquer tipo de depressão, qualquer doença. Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente o mesmo. Deus é onisciente, isto quer dizer que Nele está concentrado todo o conhecimento. Ele é o dono da ciência e conhece a sua necessidade. Ele sabe o seu nome, o seu endereço. Nada passa despercebido aos seus olhos. Deus é também onipresente, isto quer dizer que não existe espaço geográfico que o possa prender. Deus é Deus, portanto livre para estar em toda parte ao mesmo tempo, em todo lugar.
Ele é o principio e o fim. Isto quer dizer que Ele não está longe como muita gente pensa e sim bem perto. E Deus é também é onipotente ou seja: Ele tem todo o Poder. Ele tem o domínio de tudo e todos. Ninguém, em qualquer época passada, presente ou futuro tem condições de detê-lo em força. Ele soberano sobre todas as coisas, sobre todas as pessoas. O universo está em suas mãos. Amado(a) você não precisa mais viver debaixo do julgo da depressão. O nosso Redentor Vive. Ele se levantará sobre a terra ao nosso favor. Ao teu favor. Você tem condições de se encontrar com Ele. Na medida em que você ansiar pela sua presença, Ele com certeza se manifestará em Glória e desfará toda ação contrária do inimigo que tem assolado, que tem perturbado a sua mente. Crendo na pessoa de Jesus Cristo, o Filho do Deus Vivo, você pode a partir de agora ficar livre das depressões. Você agora está livre para agir com a sua mente e coração na direção daquele que deve ser tudo em sua vida, ou seja, o nosso Deus. Posicione-se hoje, agora e saia em nome de Jesus Cristo da depressão.

Oração:

Você que está vivendo em depressão, eu vou pedir que ore comigo se possível em voz alta, crendo em sua libertação por meio de Jesus Cristo.

Ore assim:


"Meu Deus, eu não conheço este missionário que me trouxe a revelação da Palavra de Deus ao meu coração neste dia, porém eu creio que esta Palavra é a Palavra de Deus para este momento de minha vida. Eu a recebo em fé. Meu Deus, através da Pessoa de Jesus Cristo eu recebo agora a libertação para os meus traumas emocionais. Esta depressão que tem atordoado a minha mente, a minha vida, eu a rejeito no nome de Jesus Cristo. A partir de agora, de hoje em diante ela não mais estará no comando. De agora em diante quem dirige a minha vida é o Senhor Jesus Cristo, através do seu Espírito Santo. Lanço fora, portanto todo o medo, toda a angustia, toda a depressão, toda tristeza. Recebo o Senhor. Recebo o Seu amor. Recebo o Seu perdão e a Sua alegria em minha vida. Celebro a partir de agora a Vida. Quero vivê-la com coragem, com vigor, com dinamismo, com unção, na presença daquele que me ama de verdade e que me aceita da foram que eu sou, o Senhor Jesus, autor e consumador da minha fé. Faço esta oração em nome de Jesus Cristo o meu Redentor que vive para o todo o sempre, Amém."
 
A Bíblia Sagrada diz:

"A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver." Hb 11.1
"Sem fé ninguém pode agradar a Deus, porque quem vai a ele precisa crer que ele existe e que recompensa os que procuram conhecê-lo melhor." Hb 11.6

 Se você fez esta oração comigo, nos escreva para cpljmartins@gmail.com.br, contando o que Deus fez em sua vida. Estamos aqui para ajudá-lo (a). “Nunca se esqueça: Deus é sempre maior que os problemas que enfrentamos no dia a dia”. Deus o (a) abençoe, bem como toda a sua família. Em Cristo Jesus,

Reencarnação a luza da Bíblia - Parte 1

Allan Kardec, pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivail. Conhecido mundialmente como o codificador do Espiritismo, sintetizou a doutrina da reencarnação na seguinte frase colocada em seu túmulo, no cemitério de Pére Lachaise, em Paris: "Nascer, morrer, renascer e progredir sempre. Essa é a lei"

Julgava ele ser a reencarnação de um poeta druida, segundo comunicação que recebera do "Espírito de Verdade", em 25 de março de 1855. Hoje é mais conhecido pelo seu pseudônimo do que por seu próprio nome. A palavra reencarnação, composta do prefixo "re" (repetição) e do verbo "encarnar" (tornar a tomar corpo) é entendida pelos espíritas como meio de purificação do espírito. Explicando a necessidade da reencarnação para se tornar um espírito puro, Allan Kardec (AK daqui para frente) declara que, quando o espírito não atinge a perfeição durante a vida corpórea, é submetido a nova existência, que se repete quantas vezes quantas forem necessárias para, por fim, tornar-se um espírito puro.

0 uso da Bíblia Sagrada para apoio

Querendo justificar a teoria da reencarnação como meio de purificação, AK alega que essa doutrina encontra apoio bíblico. Afirma então: "O princípio da reencarnação ressalta, aliás, de muitas passagens das Escrituras Sagradas, encontrando-se especialmente formulado, de maneira explícita, nos evangelhos".

Sabendo-se que a palavra reencarnação não se encontra na Bíblia Sagrada, como também não se acha nas Escrituras Sagradas tal ensino, de primeira grandeza para os espíritas, AK declara que a reencarnação foi ensinada entre os judeus com o nome de ressurreição. Diz ele: "A reencarnação fazia parte dos dogmas judaicos sob o nome de ressurreição". Kardec não se acanha ao afirmar: "O ponto essencial é que o ensinamento dos espíritos é eminentemente cristão."

0utras passagens bíblicas

Não se pode dialogar com um espírita o qual julgue entender de Bíblia Sagrada, sem que mencione ser João Batista a reencarnação de Elias (Mt 11.14) e o encontro de Jesus com Nicodemos (Jo 3:5), entendendo que o novo nascimento mencionado por Cristo refere-se a reencarnação. Textualmente lemos de AK: " Pois que João Batista fora Elias, houve reencarnação do espírito ou da alma de Elias no corpo de João Batista". Estas palavras: "Se o homem não renasce da água e do Espírito, ou em água e em Espírito' significam, pois: Se o homem não renascer com seu corpo e sua alma'".

Fica assim resumida a doutrina espírita sobre a reencarnação:

- Que a pluralidade de existência se faz necessária para a purificação;

- Que esse ensino acha-se formulado de modo explícito no Evangelho de Jesus Cristo;

- Que embora a palavra reencarnação não se encontre nos evangelhos, a doutrina é encontrada sob o nome de ressurreição; e

- Que Jesus referiu-se à reencarnação nas passagens de Mateus 11:14 e João 3:5

0 ensino cristão sobre os mortos

Através de toda a Bíblia Sagrada encontra-se uma advertência solene sobre a necessidade de o homem preparar-se para a eternidade:

Considerando que ele passa por esta vida uma só vez, seguindo-se depois o juízo. Declara a Bíblia Sagrada: "E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disto o juízo" (Hb 9.27);

Considerando que passamos por esta vida uma só vez, é fácil concluir que só morremos uma vez, como diz o texto bíblico. Se o homem tivesse uma pluralidade de existências, isso implicaria diversidade de mortes, o que realmente não ocorre: uma só vez está destinado ao ser humano morrer. É que ele nasce uma só vez; daí os convites reiterados de Deus a fim de que o homem prepare-se para a eternidade: "Prepara-te (...) para te encontrares com o teu Deus" (Am 4.12). "Buscai no Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto" Is 55. 6, 7). Por que essa urgência de buscar a Deus enquanto podemos achá-lo? Pois morrendo em pecado o homem não pode ir aonde Jesus Cristo foi (Jo 8.21). A situação depois da morte é irreversível.

Ora, se houvesse reencarnação "como pretendem os espíritas" o homem poderia encontrar Deus em qualquer tempo, mas depois da morte vem o juízo (como diz o texto já citado de Hebreus 9.27).

A declaração de que a reencarnação fazia parte dos dogmas judaicos sob o nome de ressurreição não encontra apoio no Antigo Testamento, pois tem em mente que os judeus criam no ressurgimento do corpo. Define-se ressurreição como o retorno do espírito ao próprio corpo: "Mas ele, pegando-lhe na mão, chamou dizendo: Levanta-te, menina. E o seu espírito voltou, e ela logo se levantou; e Jesus mandou que lhe dessem de comer" (Lc 8.54,55).

A reencarnação, ao contrário, é definida pelo espiritismo como "a volta do espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele, e que nada tem de comum com o antigo".

Ao morrer, o espírito do cristão parte ao encontro de Cristo no Céu. Estevão, ao padecer apedrejado, pediu a Jesus que o recebesse: "E apedrejaram a Estevão, que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito" (At 7:59).

Por ocasião da vinda de Jesus, Ele trará consigo os espíritos dos justos que partiram e estão no Céu (Hb 12.22,23), a fim de se juntarem a seus corpos na sepultura, e estes se levantarão glorificados. Diz a Bíblia Sagrada: "Porque, se cremos que Jesus morreu a ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele" (1 Ts 4.14). Nessa ocasião dar-se-á a ressurreição dos salvos em corpos glorificados: "Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro" (1 Ts 4.16). "Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso" (Fp 3.20,21). Por sua vez, os descrentes que hoje morrem descem ao Hades (o mundo invisível dos mortos), também conhecido como o Inferno da alma sem o corpo, que se encontra na sepultura. Do Hades sairá a alma no Juízo Final para se juntar ao corpo e ser lançado ao lago de fogo ou Geena (Mt 10.28; Lc 16.22:26; Ap 20.11:15).

Os judeus, por sua vez, estavam familiarizados com diversas ressurreições, como apontam várias passagens do Antigo Testamento:

a) Elias ressuscitou o filho da viúva de Serepta: "E o Senhor ouviu a voz de Elias, e a alma do menino tornou a entrar nele e reviveu. E Elias tomou o menino, e o trouxe do quarto à casa, e o deu a sua mãe; e disse Elias: Vês ai, teu filho vive" (1 Rs 17.22,23);

b) Eliseu ressuscitou o filho da sunamita: "E chegando Eliseu àquela casa, eis que o menino jazia morto sobre sua cama. Então entrou ele, e fechou a porta sobre eles ambos, e orou ao Senhor (...) e o menino abriu os olhos. Então chamou a Geazi, e disse: Chama essa sunamita. E chamou-a, e veio a ele. E disse ele: Toma o teu filho" (2 Rs 4.32:36);

c) A crença geral dos judeus era que haveria ressurreição do corpo: "Os teus mortos viverão, os teus mortos ressuscitarão; despertai e exultai os que habitais no pó, porque o teu orvalho será como o orvalho das ervas e a terra lançará de si os mortos" (Is 26.19);

d) Também no Novo Testamento encontramos crerem os judeus na ressurreição do corpo, como afirmou a irmã de Lázaro a Jesus: "Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar. Disse-lhe Marta: Eu sei que há de resssuscitar na ressurreição do último dia" (Jo 11.23,24).

Por fim, como assegurar que a palavra reencarnação acha-se explícita nos evangelhos, se o ensino de Jesus é totalmente diferente? Falou Ele da ressurreição do corpo de todos os mortos, dizendo: "Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição de vida; a os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação" (Jo 5.28,29).

A EXPIAÇÃO POR CRISTO

O espiritismo ensina a expiação por esforços próprios, afirmando: "Arrependimento, expiação e reparação, constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas conseqüências".

Jesus, em oposição a AK, ensinou a redenção por meio de sua morte na cruz. Afirmou que veio a este mundo buscar a salvar o perdido (Lc 19.10), e para nossa redenção falou de sua morte vicária e expiatória: "Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muitos dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia" (Mt 16.21).

Quando Pedro quis livrá-lo desse infortúnio, Jesus entendeu que por trás das palavras daquele amigo agia o Diabo, e assim se pronunciou: "Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens" (Mt 16.25).


Era João Batista a reencarnação de Elias?

AK ensinou que João Batista era a reencarnação de Elias. Ora, o próprio AK ensinou que para alguém reencarnar é preciso primeiro morrer. Tal não aconteceu com Elias, que não faleceu. Se não morreu, não podia o espírito de Elias reencarnar, dado que ele partiu para o Céu. Relata a Bíblia: "E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho" (2 Rs 2.11). Subiu ao Céu a não voltou para viver em outro corpo ? o de João Batista. Enquanto isso, o próprio precursor de Cristo, interrogado se ele era Elias, respondeu: "...Não sou" (Jo 1.21). Mas, em que sentido disse Jesus que João Batista era Elias? No sentido de que seu precursor exerceu um ministério profético idêntico ao de Elias. Identidade profética não deve ser confundida com a suposição de serem ambos a mesma pessoa.

"Nascer de novo"

"Nascer de novo" ou nascer de cima nada tem a ver com a reencarnação, mas com a regeneração, a qual implica em mudança das disposições íntimas da alma dentro do mesmo corpo nesta vida. Reencarnação é nova existência em outro corpo, mas nunca no mesmo.

Nascer de novo significa a mudança do coração do homem de pedra para o de carne (Êx 36.26), e isso se dá por ouvirmos a Palavra de Deus (a água) e pelo convencimento do Espírito (Jo 16.7). Assegurou?nos o apóstolo Pedro: "Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre" (1 Pe 1.23). Declarou Tiago: "Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas" (Tg 1.18). Disse o apóstolo Paulo: "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Co 5.17).

CONCLUSÃO

AK estabeleceu que, para uma doutrina tornar?se reconhecidamente espírita, é preciso que seja ela ensinada com o consenso de todos os espíritos: "O caráter essencial desta doutrina, a condição de sua existência, está na generalidade e concordância do ensino". Ora, justamente na doutrina mais difundida entre os espíritas não existe tal generalidade e concordância. Isso é declarado pelo próprio AK, que disse: De todas as contradições que se observam nas comunicações dos espíritos, uma das mais chocantes é aquela relativa à reencarnação, como se explica que nem todos os espíritos a ensinam?" Perguntamos: De quem é o ensino sobre a reencarnação? De AK ou dos espíritos? Considerando que não há unanimidade em tal ensino, ele só pode ser de AK, e não dos espíritos. Logo, deve ser rejeitado o ensino de AK sobre a reencarnação. Melhor dizendo, dos demônios (1Tm 4.1;1Jo 4.1). 


Fonte de estudos e pesquisa: Revista Defesa da Fé

domingo, 28 de julho de 2013

O CORRETO USO DA EXPRESSÃO "UNGIDO DO SENHOR"


“O SENHOR me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele, pois é o ungido do SENHOR” (1Samuel 24.6).

“A Bíblia Sagrada diz: Ai daquele que tocar no ungido do Senhor!”
Quantas vezes você já ouviu essa afirmação, que soa como uma espécie de imprecação e ameaça? Particularmente, já ouvi dezenas de vezes. Já li outras tantas. Ela é usada com frequência por alguns pastores e líderes que imaginam que o pastorado os torna incriticáveis. A ideia transmitida pelo uso indiscriminado da expressão “sou um ungido do Senhor” é que a mesma é uma espécie de “imunidade eclesiástica”, que concede ao indivíduo licença para fazer o que quiser, agir como bem entender, sem a obrigação moral de prestar contas a ninguém por seus atos e seus desmandos. Basta que você admoeste o indivíduo por alguma coisa para imediatamente ele (ou alguém que o apoia em suas loucuras megalomaníacas e narcisistas) diga: “A Bíblia diz: Ai daquele que tocar no ungido do Senhor!”
Será que isso está correto? Será que os pastores são os “ungidos do Senhor” e, por essa razão, são incriticáveis e intocáveis? Possuem eles algum tipo de imunidade, que o impede de ser admoestado, exortado a se arrepender de seus pecados? Precisamos examinar as Sagradas Escrituras, pois só elas podem nos dar o correto entendimento da expressão.

A expressão no Antigo Testamento

O termo “ungido” (no hebraico, x;yvim' [Mashiah] aparece 47 vezes nas Escrituras do Antigo Testamento, majoritariamente em 1 e 2Samuel (19 vezes) e em Salmos (9 vezes). Victor P. Hamilton afirma que, “mashiah é quase exclusivamente reservado como sinônimo de ‘rei’ (melek, q.v.), como em textos poéticos, onde é paralelo de ‘rei’ (1Sm 2.10; 2Sm 22.51; cf. Sl 2.2; 18.50 [51]; mas cf. Sl 28.8, onde é paralelo de ‘povo’). São notáveis as frases ‘o ungido do SENHOR’ (mashiah YHWH) ou equivalentes, tal como ‘seu ungido’, as quais se referem a reis”.[i] É importante compreender, como afirma Geerhardus Vos, que “a palavra sempre é qualificada por um genitivo ou um sufixo ligada a ela: ‘o Messias de Yahweh’ (‘o Ungido do Senhor’), ou ‘meu Messias’ (‘meu Ungido’)”.[ii] Algumas passagens podem ajudar a elucidar isso:
“Os que contendem com o SENHOR são quebrantados; dos céus troveja contra eles. O SENHOR julga as extremidades da terra, dá força ao seu rei e exalta o poder do seu ungido” (1Samuel 2.10).
No contexto da escolha de Saul como o primeiro rei de Israel, o profeta Samuel, em seu discurso de despedida, diz: “Eis-me aqui, testemunhai contra mim perante o SENHOR e perante o seu ungido: de quem tomei o boi? De quem tomei o jumento? A quem defraudei? E das mãos de quem aceitei suborno para encobrir com ele os meus olhos? E vo-lo restituirei [...] E ele lhes disse: O SENHOR é testemunha contra vós outros, e o seu ungido é, hoje, testemunha de que nada tendes achado nas minhas mãos. E o povo confirmou: Deus é testemunha"(1Samuel 12.3,5).
Por ocasião da unção de Davi como rei de Israel, Samuel imaginou que Eliabe fosse o ungido do Senhor: “Sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe e disse consigo: Certamente, está perante o SENHOR o seu ungido” (1Samuel 16.6).
“No presente sou fraco, embora ungido rei...” (2Samuel 3.39a).
“Então, respondeu Abisai, filho de Zeruia, e disse: Não morreria, pois, Simei por isto, havendo amaldiçoado ao ungido do SENHOR?” (2Samuel 19.21).
“É ele quem dá vitórias ao seu rei e usa de benignidade para com o seu ungido, com Davi e sua posteridade, para sempre” (2Samuel 22.51).
Todas as passagens listadas acima mostram, de forma indubitável, que a figura do “ungido do Senhor” no Antigo Testamento era o rei de Israel, o rei-pastor, responsável pela condução e cuidado das ovelhas de Yahweh.
Outra passagem muito importante que atrela o conceito de “ungido do Senhor” à figura do rei é 1Samuel 24.6: “O SENHOR me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele, pois é o ungido do SENHOR”(cf. também 24.10; 26.9,11,16,23 e 2Samuel 1.14,16,21). O “ungido do SENHOR” a quem Davi se refere é o rei Saul. Matthew Poole afirma que essa expressão significa que Saul foi “ungido por Deus para o reino”.[iii] Isso é representado pelo ato de ter sido ungido com óleo pelas mãos do profeta Samuel: “Tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Não te ungiu, porventura, o SENHOR por príncipe sobre a sua herança, o povo de Israel?”(1Samuel 10.1).
No Pentateuco o termo mashiah foi usado para se referir ao ofício sacerdotal. “Moisés recebeu instruções para ungir, ordenar e consagrar Arão e seus filhos, de modo que eles pudessem ser reconhecidos, autorizados e qualificados para servir no sacerdócio”.[iv] Em Levítico 16.32 está escrito: “Quem for ungido e consagrado para oficiar como sacerdote no lugar de seu pai se fará a expiação, havendo posto as vestes de linho, as vestes santas”. Outras passagens que falam dos sacerdotes como “ungidos” são: Levítico 4.3,5,16; 6.20,22 e Números 35.25. Além disso, Êxodo 29 traz em detalhes as prescrições divinas para a unção e consagração de Arão e seus filhos como sacerdotes.
Existe discussão quanto à unção para o ofício de profeta. Existe discussão até mesmo sobre profeta não ser um ofício. Há quem defenda essa posição. De acordo com essa visão, visto que os profetas não eram ungidos no Antigo Testamento, eles não podem ser considerados como detentores de um ofício, mas sim de uma função. Essa posição é seriamente desafiada por Gerard van Groningen, que acertadamente diz:
Pela falta de prova bíblica não se deve concluir que os profetas não eram ungidos, isto é, designados, separados, autorizados e capacitados para seu trabalho. O fato de não haver relato de um rito de unção prescrito não significa a inexistência de um rito. O fato de haver referência à unção de profetas leva-nos à suposição de que um rito poderia ter sido conhecido, mesmo que não fosse praticado sempre da mesma forma.
Os profetas eram considerados ungidos, como claramente inferimos das ordens de não “tocar” os ungidos de Deus e de não “maltratar” seus profetas (Sl 105.15 e 1Cr 16.22 – paralelismo sintético). As referências são aos patriarcas. Não se sabe como e quando eles foram ungidos, mas os patriarcas eram profetas, servos ungidos de Deus. O fato de o Senhor mandar Elias ungir Eliseu (1Rs 19.16) certamente significava que os homens foram feitos cônscios de sua designação, consagração, autoridade e capacitação para um ofício.[v]
Além disso, a passagem de Isaías 61.1-3 fala exatamente da unção de um profeta:“O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados; a apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que choram e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo SENHOR para a sua glória”. Gerard van Groningen afirma que, “não é descrito o ritual da unção, mas há referência a ele e o resultado é claramente expresso”.[vi]

Para quem os três ofícios e a expressão “ungido do Senhor” apontam?

Como foi atestado pelo Antigo Testamento, os “ungidos do Senhor” eram homens escolhidos pelo Senhor para desempenharem os ofícios de rei, profeta e sacerdote. Além desse fato, dois homens, a saber, Moisés e Samuel, desempenharam os três ofícios simultaneamente. Moisés serviu como profeta, transmitindo a vontade de Deus ao seu povo, como sacerdote que oficiou a consagração de Arão e seus filhos e como o líder (governante).[vii] Samuel, semelhantemente, era um profeta, um sacerdote que oferecia sacrifícios a Deus e um juiz, alguém encarregado de governar o povo. Mais uma vez, Gerard van Groningen faz um excelente comentário sobre a interrelação dos três ofícios: “É fora de dúvida que os três ofícios deviam complementar-se entre si e cumprir papéis que eram vitais para cada um dos outros dois. Este fato esclarece por que os três ofícios eram cumpridos por homens designados como ‘ungidos do Senhor’”.[viii]
Os três ofícios, profeta, sacerdote e rei, foram desempenhados pelo Senhor Jesus Cristo. E, de fato, todos aqueles que, no Antigo Testamento, desempenharam essas funções e, por essa razão, eram conhecidos como os “ungidos do Senhor”, apontavam para Jesus Cristo. Todos os profetas, sacerdotes e reis da antiga administração do Pacto eram tipos de Jesus Cristo, prefiguravam o Messias, o Ungido de Deus. O Catecismo Maior de Westminster, respondendo à pergunta 42[ix], diz o seguinte sobre o tríplice ofício de Cristo: “O nosso Mediador foi chamado Cristo porque foi, acima de toda a medida, ungido com o Espírito Santo; e assim separado e plenamente revestido com toda a autoridade e poder para exercer as funções de profeta, sacerdote e rei da sua Igreja, tanto no estado de sua humilhação, como no da sua exaltação”.[x] O mesmo está expresso pela Confissão de Fé de Westminster, no capítulo sobre “Cristo, o Mediador”: “I. Aprouve a Deus, em seu eterno propósito, escolher e ordenar o Senhor Jesus, seu Filho Unigênito, para ser o Mediador entre Deus e o homem, o Profeta, Sacerdote e Rei, o cabeça e Salvador de sua Igreja, o Herdeiro de todas as coisas e o Juiz do mundo”.[xi] William G. T. Shedd expõe as maneiras como Cristo desempenhou os três ofícios da seguinte maneira:
Seu ofício profético é ensinado nas seguintes passagens: “O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim” (Dt 18.15,18; Atos 3.22); “O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas” (Is 61.1; Lc 4.18). Seu ofício sacerdotal é ensinado nas seguintes passagens: “Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 110.4; Hb 5.5-6); “Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus” (Hb 4.14-15). Seu ofício real é ensinado nos seguintes textos: “o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6-7); “Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião” (Sl 2.6).[xii]
A afirmação de Turretin também é interessante:
Agora, como todos os tipos relacionados com Cristo obtiveram o seu cumprimento nele, Cristo deve apresentar a verdade desse tríplice ofício em si mesmo, mas muito mais perfeitamente do que nos outros – não apenas em razão da conjugação destas três partes (que nenhum homem poderia cumprir ao mesmo tempo, como já vimos), mas também em virtude da eminência e dignidade, tanto do seu ofício como dos seus dons.[xiii]

Conclusão

A conclusão à qual podemos chegar após o arrazoado feito até aqui, é que todos aqueles que sob a economia do Antigo Testamento foram chamados de “ungidos do Senhor” serviam como tipos de Jesus Cristo, ou seja, eles eram prefigurações de Jesus, apontavam para o verdadeiro Messias, o verdadeiro Ungido. Sendo assim, a expressão “ungido do Senhor” é claramente messiânica, e todos aqueles que nos dias de hoje se apropriam de tal expressão estão, na realidade, agindo com um maligno messianismo, colocando-se no mesmo patamar de Jesus Cristo, exigindo das pessoas sob seus cuidados uma revência, uma dignidade e honra que pertencem exclusivamente a Jesus, o Ungido do Senhor.
Além disso, esconder-se atrás da expressão “ungido do Senhor” é, de certo modo, esposar o episcopado romanista. Aqueles que se consideram como os intocáveis “ungidos do Senhor” dão a entender que possuem um tipo de unção diferenciada, uma unção desconhecida e não possuída pelas pessoas comuns, os membros da igreja, o que é algo falso e antibíblico. Pastores não são “ungidos do Senhor” de maneira diferenciada. Eles não são Ungidos, Messias, dotados de um tipo de “imunidade diplomática”. Vociferar: “A Bíblia Sagrada diz: Ai daquele que tocar no ungido do Senhor! Por isso, não me toque! Não queira ser meu inimigo, pois o Senhor pesa a mão sobre todos aqueles que tocam nos seus ungidos!”, é cometer um sério atentado contra a doutrina do sacerdócio universal de todos os crentes.
O Novo Testamento apresenta uma expansão nesse conceito, mostrando que todos aqueles que estão unidos a Jesus Cristo, o verdadeiro Ungido do Senhor, são igualmente ungidos pelo Espírito Santo como profetas, sacerdotes e reis. O apóstolo Pedro faz uma afirmação fantástica nesse sentido: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pedro 2.9). Os três ofícios são mencionados por Pedro: “sacerdócio real” (ofícios sacerdotal e real), e “a fim de proclamardes” (ofício profético). O apóstolo está falando de todos os verdadeiros crentes. Todos eles são “sacerdócio real”. Todos têm o dever de proclamar “as virtudes daqueles que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. Encerro com a correta afirmação de Geerhardus Vos: “O Rei ‘ungido’ e o povo ‘ungido’ estão intimamente relacionados. O caso paralelo da atribuição da ‘filiação’ a ambos sugere a possibilidade da posse comum da ‘unção’ por parte de ambos. No Novo Testamento, a unção é concedida tanto a Cristo como aos crentes”.[xiv]
Portanto, ninguém pode dizer: “Sou um ungido do Senhor, e por isso, ninguém pode tocar em mim!”, sem incorrer em grave falta. 

Fonte de estudos e pesquisa:

[i] Victor P. Hamilton, In: R. Laird Harris, Gleason L. Archer, Jr., e Bruce K Waltke.Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2001. p. 885.
[ii] Geerhardus Vos. The Self-Disclosure of Jesus: The Modern debate about the Messianic Consciousness. Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 2002. p. 105.
[iii] Matthew Poole. A Commentary On the Holy Bible: Genesis-Job. Vol. 1. Grand Rapids, MI: Hendrickson Publishers, 2010. p. 572.
[iv] Gerard van Groningen. Revelação Messiânica no Antigo Testamento. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 29.
[v] Ibid. p. 30.
[vi] Ibid. p. 31.
[vii] O teólogo genebrino Francis Turretin afirma que, “nunca conhecemos ninguém que, perfeitamente, cumpriu os três ofícios. Eles estavam reservados para Cristo”. Cf. Francis Turretin. Institutes of Elenctic Theology. Vol. 2. Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 1994. p. 392. Todavia, a discordância pode ser entendida quando leva-se em consideração que Turretin tem em mente o ofício real em si mesmo, ao passo que menciono Moisés e Samuel não como reis, mas simplesmente como homens que exerceram o governo entre o povo de Irael.
[viii] Ibid.
[ix] Pergunta 42: Por que foi o nosso Mediador chamado Cristo?
[x] O CATECISMO MAIOR DE WESTMINSTER. São Paulo: Cultura Cristã, 2002. p. 52. Ênfase acrescentada.
[xi] A CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER. São Paulo: Cultura Cristã, 2003. pp. 73-74.
[xii] William G. T. Shedd. Dogmatic Theology. Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 2003. p. 681.
[xiii] Francis Turretin. Institutes of Elenctic TheologyVol. 2. p. 394.
[xiv] Geerhardus Vos. The Self-Disclosure of Jesus: The Modern debate about the Messianic Consciousness. p. 107.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Advinhação e seus perigos!

"Quando entrares na terra que o SENHOR teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações. Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR; e por estas abominações o SENHOR teu Deus os lança fora de diante de ti." [Deuteronômio 18:9-12]
Recentemente, fui convidado a pregar em um seminário. Antes da reunião, almocei com alguns professores, um dos quais tinha trabalhado por muitos anos como missionário em Taiwan. O ex-missionário contou a seguinte história que ilustra a realidade do mundo espiritual:
Um menino de doze anos em Taiwan estava tendo algumas experiências estranhas. Ele tinha a impressão que alguém sempre o estava seguindo mas quando ele se virava e olhava para trás, não via ninguém. Algumas vezes na manhã após uma noite de sono ruim, ele se sentia machucado e disse aos seus pais que alguém tinha batido nele à noite, enquanto ele dormia. Os pais do menino o levaram aos médicos, mas estes não conseguiram encontrar nada de errado. Finalmente, os pais o levaram a um vidente cego - que tinha a reputação de conseguir sentir o mundo espiritual.
O vidente disse ao menino e aos seus pais que havia um irmão gêmeo e que a outra criança tinha morrido ao nascer. Isso, é claro, era do conhecimento dos pais, mas poucas pessoas sabiam sobre o fato, pois a família o mantinha em segredo. O vidente também disse que os problemas do menino eram causados pelo espírito do irmão gêmeo falecido, que estava com raiva por ter sido negligenciado. Os pais não o estavam venerando com fidelidade e provendo para ele no mundo espiritual. Portanto, o espírito dele os estava punindo e assediando o filho deles (o irmão gêmeo sobrevivente). A solução era erguer um altar para o espírito do falecido, venerá-lo com alimentos e com incenso, e queimar notas de dinheiro em seu favor. Quando a família fez isso, conforme as instruções, as estranhas experiências do menino cessaram.
Alguém pode perguntar: "Como isso pode ter funcionado?" A resposta é que Satanás tem boas razões para fazer isso funcionar. Os espíritos que estavam atormentando a criança estavam fazendo aquilo que os espíritos malignos gostam de fazer. O vidente estava conectado com o conhecimento espiritual real. Os espíritos contaram ao vidente a respeito do irmão gêmeo. Os espíritos deram ao vidente a "prescrição" e os outros espíritos pararam de atormentar porque com isso, fizeram com que toda a família imergisse nas crenças animistas da adoração aos espíritos. Imagine quão sólidas serão as crenças deles e quão difícil será para eles se converterem a Jesus Cristo. A adivinhação e o espiritismo funcionam - isto é o que torna o perigo tão grande. As enganações que não funcionam têm vida curta.

A NATUREZA E HISTÓRIA DA ADIVINHAÇÃO

O erudito em Antigo Testamento Eugene H. Merrill dá uma definição geral da adivinhação: "A frase 'praticantes de adivinhação' refere-se geralmente a todo o conjunto de meios de se obter conhecimento dos deuses, independente de qualquer técnica em particular."
Aqui está outra definição: "A prática de tomar decisões ou predizer o futuro por meio da leitura dos sinais e dos presságios."
Todas as sociedades pagãs, antigas e modernas, praticam a adivinhação. As pessoas nessas sociedades sabiam que viviam em um mundo de 'deuses' e de seres espirituais e que precisavam de meios de obter informações sobre os espíritos que supostamente criavam o bom e o mau destino. Várias técnicas foram desenvolvidas para obter esse conhecimento. Não há limite lógico para a variedade de técnicas que podem funcionar. Essas técnicas persistem porque funcionam com alguma precisão e os espíritos estão mais do que dispostos a fornecer suas informações enganosas.
Existem categorias de adivinhação que foram muito comuns no mundo antigo. A prática da astrologia surgiu porque os planetas eram anomalias no sentido que seguiam um curso diferente do movimento das estrelas. As pessoas costumavam examinar o fígado ou as entranhas dos animais para obter informações dos deuses. Isso é mencionado na Bíblia. "Porque o rei de Babilônia parará na encruzilhada, no cimo dos dois caminhos, para fazer adivinhações; aguçará as suas flechas, consultará as imagens, atentará para o fígado." [Ezequiel 21:21] O que eles estavam procurando era encontrar anormalidades que pudessem ser lidas como presságios. As setas podiam ser derrubadas ou lançadas no chão e a direção ou padrão em que elas caíam podiam ser lidos como indicação de onde atacar.
Nem todas as formas de adivinhação tinham que ver com a leitura de anomalias. Algumas formas eram modos de fazer contato direto com os espíritos. A necromancia é uma delas. "A necromancia, a consulta dos espíritos dos mortos (Levítico 19:31; Isaías 8:19 e 19:3) é um modo de obter conhecimento prévio de uma fonte sobrenatural que era ilícita entre os judeus... mas lícita entre os outros povos." O que a adivinhação está sempre buscando é informações secretas, sejam do passado, do presente, ou do futuro.
A adivinhação está freqüentemente vinculada com a feitiçaria, os encantamentos, e outras práticas. Por exemplo: "E deixaram todos os mandamentos do SENHOR seu Deus, e fizeram imagens de fundição, dois bezerros; e fizeram um ídolo do bosque, e adoraram perante todo o exército do céu, e serviram a Baal. Também fizeram passar pelo fogo a seus filhos e suas filhas, e deram-se a adivinhações, e criam em agouros; e venderam-se para fazer o que era mau aos olhos do SENHOR, para o provocarem à ira. Portanto o SENHOR muito se indignou contra Israel, e os tirou de diante da sua face; nada mais ficou, senão somente a tribo de Judá." [2 Reis 17:16-18]
A frase "fizeram passar pelo fogo a seus filhos e suas filhas" é também mencionada em Deuteronômio 18:10 junto com a adivinhação. É bem possível que no contexto isso se refira a uma forma específica de adivinhação, e não ao sacrifício de crianças. Possivelmente, era uma forma de adivinhação que envolvia a interrogação pelo fogo. A natureza exata da prática não é clara. Mas o que é claro é que era uma prática pagã associada com a adivinhação e que era proibida por Deus. Em muitas passagens, diversos termos intimamente relacionados são citados para mostrar que toda essa atividade é proibida. Por exemplo, falando a respeito do rei Manassés: "E até fez passar a seu filho pelo fogo, adivinhava pelas nuvens, era agoureiro e ordenou adivinhos e feiticeiros; e prosseguiu em fazer o que era mau aos olhos do SENHOR, para o provocar à ira." [2 Reis 21:6]
Existem algumas práticas que podem ser vistas como adivinhação em um sentido pagão, ou algo que Deus usa. Um exemplo disso é a interpretação de sonhos e outra é o lançamento de sortes. Há um termo técnico para a interpretação de sonhos que é descrito como segue: "Oniromancia, a interpretação de sonhos, é tolerada no Antigo Testamento (Gênesis 40:5-8; Daniel 1:17). As narrativas atribuem a interpretação completamente a Iavé, excluindo aqueles que eram treinados nas disciplinas da interpretação de sonhos (que era de enorme interesse no Egito e na Mesopotâmia)." [8] Na Bíblia, Deus forneceu a interpretação de sonhos quando quis a indivíduos específicos, como José e Daniel. A interpretação pagã dos sonhos era uma arte praticada como outras formas de adivinhação. Um sonhador de sonhos precisava ser julgado como um profeta, como veremos quando discutirmos Deuteronômio 13:1-5. Posteriormente, discutiremos o uso correto e incorreto dos sonhos.
A prática de lançar as sortes (fazer sorteios) para determinar a decisão do Senhor era permitida em certas circunstâncias. O urim e tumim no peitoral de Arão evidentemente serviam a esse propósito (veja Êxodo 28:30 e Números 27:21) A passagem a seguir mostra que Deus nem sempre respondia: "E perguntou Saul ao SENHOR, porém o SENHOR não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas." [1 Samuel 28:6] Quando isso aconteceu, Saul afastou-se daquilo que Deus tinha ordenado:"Então disse Saul aos seus criados: Buscai-me uma mulher que tenha o espírito de feiticeira, para que vá a ela, e consulte por ela. E os seus criados lhe disseram: Eis que em En-Dor há uma mulher que tem o espírito de adivinhar." [1 Samuel 28:7]
Qualquer um dos meios que Deus tinha prescrito, seja sonhos, profetas, ou o lançamento de sorte, poderia ser mal-empregado. Os meios que Deus forneceu no Antigo Testamento somente poderiam ser usados pelas pessoas que Ele realmente tinha chamado e do modo como Ele tinha prescrito. Posteriormente discutiremos os testes que o Senhor dá para determinar se essas pessoas são legítimas. Também é importante observar que todos os outros métodos da buscar informações espirituais são ilegítimos em todos os casos.

POR QUE DEUS PROÍBE A ADIVINHAÇÃO?

A Bíblia proíbe a adivinhação porque ela envolve o desejo ardente de obter conhecimento secreto que Deus preferiu não revelar. "As coisas encobertas pertencem ao SENHOR nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei." [Deuteronômio 29:29] Esse desejo de obter conhecimento proibido tem suas raízes no primeiro pecado do homem."Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal." [Gênesis 3:4-5] Satanás tentou Eva com um desejo de conhecer aquilo que Deus preferiu não revelar e assim transgrediu a fronteira entre o Criador e a criatura. Eva e depois Adão sucumbiram a essa tentação (Gênesis 3:6) A adivinhação é uma tentativa de obter conhecimento proibido.
Existem somente duas fontes legítimas de conhecimento que estão disponíveis para nós: 1) As coisas reveladas por Deus; 2) Aquilo que pode ser aprendido por meio da revelação geral. Aquilo que está revelado por Deus está contido na Bíblia. A revelação geral está limitada àquilo que pode ser aprendido por meio dos sentidos físicos e as implicações racionais daquilo que é visto na criação.
O que é proibido é a informação secreta, não disponível pelos meios comuns de aprendizado e não revelada por Deus. A adivinhação envolve várias técnicas para obter essas informações espirituais. Por exemplo, no caso da criança que foi levada ao vidente, tivesse havido um interrogatório e os resultados de cuidadosa investigação descoberto que a criança teve um irmão gêmeo que morreu, essa seria uma fonte legítima de informação. Que influência, se é que existente, esse fato exercia sobre a criança somente poderia ser discernido na medida em que a evidência e as implicações racionais pudessem fornecer. Entretanto, a informação do vidente, embora verdadeira pelo menos no que se refere ao fato da morte do irmão gêmeo, é ainda proibida porque veio por meio da adivinhação.
A ilustração do vidente mostra por que a adivinhação é proibida. Ela funciona por causa da operação de espíritos malignos. Os espíritos malignos estão dispostos a fornecer algumas informações factuais desde que isso sirva aos seus propósitos de contar uma mentira maior. As pessoas são sugadas para dentro do ocultismo por causa da exatidão da informação secreta que elas obtêm.
Já entrevistei pessoas que participaram de sessões espíritas. Em alguns casos, informações específicas eram dadas a respeito de um parente falecido que o necromante nunca tinha conhecido. Essas informações convenciam os clientes que eles realmente estavam contactando seus familiares já falecidos. Entretanto, os demônios têm essas informações e podem fornecê-las para fazer as pessoas acreditarem em uma mentira maior. Em alguns casos, a mentira é que o parente falecido está em um "lugar melhor", apesar do fato de que nunca creu no evangelho. Isso perpetra a mentira que todas as pessoas vão para um lugar melhor e, portanto, não é necessário se arrepender dos pecados e crer no evangelho. Isso serve ao propósito dos espíritos enganadores que fazem a sessão espírita funcionar.
O que é importante ter em mente com relação à adivinhação é que há uma razão muito boa por que as pessoas em diversas culturas em toda a história humana a praticaram. Ela funciona! É isso que a torna tão sedutora. Afirmar ingenuamente que ela não é real e não funciona nunca fará as pessoas renunciarem à adivinhação. O que precisa ser conhecido é que esses métodos são proibidos porque dão acesso ao mundo dos espíritos. Esses espíritos não são seres do bem, embora queiram nos fazer pensar que sim. Eles são espíritos enganadores e praticam suas enganações há milhares de anos. O principal objetivo deles é evitar que as pessoas entrem em um relacionamento com Deus por intermédio de Jesus Cristo. Se eles não conseguirem impedir as pessoas de virem a Cristo, o objetivo secundário é enganá-las a adotar falsas doutrinas, desse modo distorcendo a compreensão delas da verdade revelada de Deus.

A ADIVINHAÇÃO É REBELIÃO

Considere o que o profeta Isaías teve a dizer: "Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles." O mundo obscuro do conhecimento espiritual secreto é caracterizado por "chilreios e murmúrios" não muito claros. Buscar essas informações secretas é o equivalente a deixar de consultar a Deus, que nos revelou Sua verdade de forma objetiva em Sua Palavra (a Bíblia). Aqueles que não estão satisfeitos com aquilo que Deus escolheu revelar vão para outras fontes espirituais. Isso, como veremos, é uma rebelião contra Deus.
Aquilo que os adivinhos fazem é proibido porque eles não falam em nome de Deus. Deuteronômio 18 contém uma lista das práticas proibidas:
"Quando entrares na terra que o SENHOR teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações. Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR; e por estas abominações o SENHOR teu Deus os lança fora de diante de ti." [Deuteronômio 18:9-12].
O que Moisés diz mostra que essas práticas eram uma alternativa a ouvir os porta-vozes escolhidos de Deus. "Porque estas nações, que hás de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém a ti o SENHOR teu Deus não permitiu tal coisa. O SENHOR teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis." [Deuteronômio 18:14-15] Moisés foi um legislador. O profeta que Deus levantou é Jesus Cristo [veja Hebreus 1:1-2; João 5:37-57; Atos 3:22-23].
Moisés foi aquele por meio de quem Deus outorgou a lei. Os profetas não faziam acréscimos à lei de Deus, mas a usavam para exortar e também profetizaram sobre o futuro. Eles especificamente profetizaram acerca do Messias, o profeta de quem Moisés falou. De acordo com Hebreus 1:1-2, Jesus Cristo falou a nós nestes últimos tempos a plena e final revelação. Ir além daquilo que foi dado no Antigo Testamento e dito por Jesus Cristo e por Seus apóstolos no Novo Testamento é rebelião; é praticar adivinhação de modo a obter revelações espirituais sobre coisas que Deus não revelou.
Em 1 Samuel 15, Saul recusou-se a ouvir a Deus. Ele tomou os despojos que Deus disse para não tomar. Isto é o que o profeta Samuel disse ao rei Saul: "Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniqüidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei." [1 Samuel 15:23]
Aqueles que rejeitam a palavra de Deus são "adivinhos" no sentido que eles se recusam a reconhecer aquilo que foi revelado. Essa recusa é literalmente adivinhação, pois eles vão a outro lugar para obterem sua informação espiritual. Ou a pessoa ouve aquilo que foi objetivamente revelado ou busca informações do reino da adivinhação e do conhecimento secreto. Esse é o reino dos espíritos. O resultado da ação de Saul foi que ele logo passou a ser atormentado por um espírito maligno. "E o Espírito do SENHOR se retirou de Saul, e atormentava-o um espírito mau da parte do SENHOR" [1 Samuel 16:14].
Pode ser chocante saber que o espírito mau veio da parte do Senhor, mas isso é coerente com outras Escrituras que falam sobre o resultado de rejeitar a verdade. Aqueles que propositadamente vão para longe daquilo que Deus escolheu revelar colocam-se sob o julgamento da reprovação. Isso significa que Deus permite que eles sejam enganados.
"A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade." [2 Tessalonicenses 2:9-12; ênfase adicionada].
Como Saul, os indivíduos enganados pelos sinais e maravilhas do Anticristo serão desviados por suas próprias cobiças. Os adivinhos e médiuns espíritas satisfazem a esses desejos e cobiças dos pecadores. Deus não envia a enganação diretamente, pois Deus não pode mentir, mas indiretamente, dando a Satanás a permissão de enviar espíritos enganadores para iludir as vítimas.
No texto grego original, a passagem em 2 Tessalonicenses diz: "para que eles possam acreditar na mentira". O artigo definido é importante pois aponta para a mentira que Satanás contou no Jardim do Éden: "Sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal." A mentira aponta para o conhecimento oculto. Na forma mais simples, a mentira aponta para conhecimento secreto que Deus não revelou e a verdade aponta para o evangelho de Jesus Cristo. Aqueles que praticam a adivinhação estão se afastando do evangelho para aprender aquilo que Deus preferiu não revelar. Eles terminam iludidos pela mentira!

A ADIVINHAÇÃO E OS FALSOS PROFETAS

Balaão era um ocultista. Em Josué 13:22 ele é chamado de "adivinho". Ele ia aos lugares altos para interpretar os augúrios. Ele cria nos augúrios. Sua fama em lidar com maldições espirituais era tal que o rei moabita Balaque estava disposto a pagar para que Balaão amaldiçoasse Israel. Sempre que mencionado na Bíblia, Balaão é condenado (a história de Balaão está em Números 22-24; ele é condenado em 2 Pedro 2:15; Judas 1:11 e Apocalipse 2:14).
Uma coisa que chama a atenção em Balaão é que embora ele fosse um falso profeta, fez uma profecia verdadeira significativa. Ele profetizou sobre a vinda do Messias! Ele disse:"Vê-lo-ei, mas não agora, contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó e um cetro subirá de Israel, que ferirá os termos dos moabitas, e destruirá todos os filhos de Sete." [Números 24:17] Embora Balaão normalmente praticasse a adivinhação, o Espírito de Deus veio sobre ele. "Vendo Balaão que bem parecia aos olhos do SENHOR que abençoasse a Israel, não se foi esta vez como antes ao encontro dos encantamentos; mas voltou o seu rosto para o deserto. E, levantando Balaão os seus olhos, e vendo a Israel, que estava acampado segundo as suas tribos, veio sobre ele o Espírito de Deus." [Números 24:1-2] Balaão abençoou Israel embora tivesse sido contratado para amaldiçoá-lo.
Existem três testes para os profetas em Deuteronômio: 1) Se eles usam métodos proibidos então esses profetas são falsos. (Deuteronômio 18:10-12). Se fazem uma predição que não se cumpre, então esses profetas são falsos (Deuteronômio 18:22), e 3) Se fizerem uma predição verdadeira que levar o povo para longe da fidelidade a Deus, então esses profetas também são falsos. (Deuteronômio 13:1-5)
Dado o fato que Deus falou com e por meio de Balaão, como pode ele ter sido um falso profeta? Balaão falhou em dois dos testes dados em Deuteronômio. Ele era um falso profeta de acordo com Deuteronômio 18 porque usava métodos proibidos. Os israelitas estavam instruídos especificamente a não ouvirem a ninguém que praticava a adivinhação. Balaão também falhou no teste dos profetas dado em Deuteronômio 13.
"Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, e te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o SENHOR vosso Deus vos prova, para saber se amais o SENHOR vosso Deus com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma." [Deuteronômio 13: 1-3].
Um profeta pode fazer uma predição exata ou realizar um sinal que indicaria que ele tem o poder de Deus, mas mesmo assim levar o povo para longe da fidelidade à Palavra de Deus.
Embora Balaão não tenha amaldiçoado Israel por meio da adivinhação, ele ensinou o rei Balaque a levar Israel para o mau caminho, fazendo assim com que caísse sob maldição. Aprendemos isso no Novo Testamento. "Mas algumas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e se prostituíssem." [Apocalipse 2:13] Mesmo sem ter amaldiçoado Israel, Balaão ensinou Balaque a fazer os israelitas caírem sob a maldição de Deus. Assim, ele levou Israel para longe da fidelidade à aliança com Deus, e falhou no teste de Deuteronômio 13.
Os falsos profetas estão vinculados com a adivinhação na seguinte passagem: "E disse-me o SENHOR: Os profetas profetizam falsamente no meu nome; nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, e adivinhação, e vaidade, e o engano do seu coração é o que eles vos profetizam." [Jeremias 14:14] Esses profetas estavam dizendo ao povo aquilo que o povo queria ouvir, que o julgamento predito por Jeremias não se tornaria realidade. [Jeremias 14:15] Em pouco tempo ficaria provado que eles estavam errados. O ponto é este: O povo de Deus precisa saber distinguir entre os profetas e os adivinhos. O critério para fazer isso é objetivo, não subjetivo. Os falsos profetas eram adivinhos cuja fonte era subjetiva: "o engano de seu coração".

O VERDADEIRO PAPEL DO PROFETA

O verdadeiro profeta no Antigo Testamento exercia vários papéis importantes. Um deles era o de exortar o povo à fidelidade à Lei de Moisés, que continha os estatutos da aliança. Um tipo de material profético no Antigo Testamento chama-se "processo da aliança". [9] O profeta listava os termos da aliança, depois trazia em testemunho a transgressão do povo e pronunciava o veredicto. Os profetas não eram legisladores, mas exortavam o povo. Outro papel era o predizer o futuro. Os tópicos da predição deles incluía o futuro de Israel e seu relacionamento com as outras nações, profecias contra as nações, e os detalhes da vinda do Messias, o "profeta" de quem Moisés tinha falado. Os profetas também entregavam profecias específicas para os reis e davam orientações específicas em momentos cruciais na história de Israel.
Como vimos, se um profeta não pregasse a fidelidade à aliança, ele era falso, se não anunciasse com exatidão o futuro, então era falso, e se usasse técnicas proibidas, também era falso. Os verdadeiros profetas não eram praticantes de adivinhação. Eles foram chamados por Deus e inspirados pelo Espírito Santo. A fonte deles não eram técnicas especiais para sondar 'o divino' e obter informações secretas, mas Deus, que soberanamente falava por meio deles. Não havia uma técnica profética secreta que poderia ser ensinada aos outros. Como era a inspiração de Deus que lhes dava suas palavras, as palavras deles eram verdadeiras.

OS MEIOS ORDENADOS POR DEUS

Resta uma questão sobre as práticas que Deus permitiu que eram consideradas adivinhação quando usadas pelos pagãos. O conceito fundamental é se Deus ordena ou não uma prática. Por exemplo, quando os israelitas entraram na Terra Prometida e a conquistaram, a terra deveria ser dividida entre as tribos por sorte. Eis o que Deus disse: "Segundo sair a sorte, se repartirá a herança deles entre as tribos de muitos e as de poucos." [Números 26:56] Josué 19:51 mostra que eles fizeram isso e dividiram a terra. Como Deus ordenou que eles lançassem a sorte para determinar a divisão da terra, quando eles fizeram isso, o resultado foi a vontade de Deus. Ele falou por meio do sorteio porque ordenou o uso nesta situação.
Houve outras situações em que o sorteio foi usado para tomar decisão. Algumas dessas incluíam casos criminais, indicação para um cargo, a divisão da propriedade, e a seleção do bode no Dia da Expiação (Josué 7:14 e seguintes; 1 Samuel 10:20; Atos 1:26; Levítico 16:10). O último uso do lançamento de sortes na Bíblia foi no livro de Atos, na escolha de Matias. Uma vez que o Espírito Santo foi dado, não há mais o uso do lançamento de sortes. O livro de Atos mostra que o Espírito Santo guiava os apóstolos à medida que eles tomavam as decisões. O fato que Deus ordenou o uso do lançamento de sortes no Antigo Testamento em certas circunstâncias não justifica seu uso para a adivinhação por qualquer pessoa e por qualquer razão. O uso ordenado foi cuidadosamente prescrito.
A interpretação de sonhos é outra prática que era comum entre os pagãos e algumas vezes permitida para o povo de Deus. Deus particularmente usou José e Daniel para interpretar os sonhos de reis pagãos que revelaram-se significativos para o futuro de Israel de seu relacionamento com as nações. Entretanto, como nas outras formas de profecia, nem todas eram válidas. Como vimos em Deuteronômio 13:1-5, um "sonhador de sonhos" poderia dar um sinal que se tornava verdadeiro, mas mesmo assim levar o povo para o mau caminho e promover a idolatria. O mesmo critério de julgamento para alguém que afirma ter tido um sonho dado por Deus, ou a interpretação de um sonho, aplica-se à profecia e aos profetas. Isso significa que eles precisam pregar e praticar a fidelidade à aliança e suas predições precisam ser totalmente exatas.
É também importante observar que a interpretação de sonhos não era uma técnica a ser aprendida. Nem todos os sonhadores eram de Deus e nem todos os sonhos eram necessariamente significativos. A soberania de Deus escolheu usar certos indivíduos para compreender os sonhos. Esses indivíduos não reivindicavam algum poder inato para saber o significado dos sonhos, que poderia ser usado quando quisessem. Conhecer o significado de certos sonhos era um dom que Deus concedeu, particularmente a Daniel (Daniel 1:17). Aqueles que usavam as técnicas de adivinhação para interpretar os sonhos fracassaram quando foram convocados para interpretar o sonho do rei. "Então entraram os magos, os astrólogos, os caldeus e os adivinhadores, e eu contei o sonho diante deles; mas não me fizeram saber a sua interpretação."[Daniel 4:7] Mas Deus deu a interpretação a Daniel. [Daniel 4:8 em diante]
Houve um grande problema com o uso falso dos sonhos durante o ministério de Jeremias. Por exemplo: "Tenho ouvido o que dizem aqueles profetas, profetizando mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei." [Jeremias 23:25] Os falsos profetas tentavam ganhar legitimidade por meio de seus sonhos, embora estivessem se afastando da vontade revelada de Deus:
"Até quando sucederá isso no coração dos profetas que profetizam mentiras, e que só profetizam do engano do seu coração? Os quais cuidam fazer com que o meu povo se esqueça do meu nome pelos seus sonhos que cada um conta ao seu próximo, assim como seus pais se esqueceram do meu nome por causa de Baal. O profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele que tem a minha palavra, fale a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? diz o SENHOR." [Jeremias 23:26-28; ênfase adicionada]
Isso mostra que mesmo com aquelas práticas que Deus permite ou ordena, sempre precisa haver discernimento. O critério definido em Deuteronômio precisa ser seguido.
Em resumo, se uma prática é uma forma proibida de adivinhação, ela é sempre pecaminosa e nunca é um método "neutro". Se uma prática é permitida ou ordenada sob certas circunstâncias, ela ainda precisa ser examinada. Até mesmo os meios prescritos por Deus podem sofrer abusos.

OS MEIOS PRESCRITOS POR DEUS NO NOVO TESTAMENTO

Como vemos, Moisés profetizou a respeito da vinda daquele que falaria com autoridade da parte de Deus. O Novo Testamento afirma que esse é ninguém outro senão o próprio Jesus Cristo, como mencionado anteriormente. O próprio Criador, o Filho eterno, veio e falou de Deus em uma revelação plena e final. [Hebreus 1:1-2]. Os apóstolos escreveram os ensinos de Cristo no Novo Testamento. Aqueles que se afastam da fé são tão falsos quanto aqueles que afirmavam falar em nome de Deus nos tempos do Antigo Testamento mas se afastavam da Lei dada a Moisés.
Existem usos legítimos da adivinhação para o crente no Novo Testamento? Isso somente seria possível se Deus especificamente ordenasse certos métodos. Eu não vejo qualquer evidência de Deus fornecer aos cristãos no Novo Testamento métodos de adivinhação por meio dos quais Ele falará. O uso do sorteio em Atos 1 envolveu uma prática do Antigo Testamento. Não é dito se o uso do sorteio neste caso foi ordenado por Deus, o texto apenas diz que eles agiram assim. Além disso, após o Pentecostes, essa prática nunca mais foi repetida.
Existem sonhos e profecias mencionadas no Novo Testamento. Quando Pedro pregou no Dia de Pentecostes, ele citou o profeta Joel:
"Nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos terão sonhos; e também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e as minhas servas naqueles dias, e profetizarão." [Atos 2:17-18].
O ponto fundamental aqui é "sobre toda a carne". Em vez de apenas certos indivíduos como os profetas que receberam o Espírito Santo, Deus irá agora, de um modo muito maior, habitar em todos os que crêem. O ato de "profetizar" não estará mais restrito a algumas poucas pessoas. Todos os tipos de pessoas receberão o Espírito Santo (jovens, velhos, homens, mulheres, escravos, livres, etc.) e todos poderão profetizar. (1 Coríntios 14:24, 31)
Que existem sonhos e profecias não é diferente, mas o propósito agora está restrito. Como já recebemos a plenitude da autorizada e divina revelação até que Cristo retorne, o propósito dos sonhos e profecias está restrito à orientação para "edificação, exortação e consolação" (1 Coríntios 14:3) sem ser acréscimo às Escrituras. Os sonhos e profecias estão sujeitos ao julgamento exatamente como no Antigo Testamento. Não existe a arte legítima da interpretação de sonhos no Novo Testamento. Nem no Antigo nem no Novo Testamento há um processo a ser aprendido para fazer de alguém um intérprete de sonhos.
Existem modos prescritos no Novo Testamento pelos quais o cristão cresce na graça e no conhecimento do Senhor: a Palavra (o estudo bíblico), as ordenanças e a oração. Além disso, a comunhão é um modo de toda a comunidade cristã compartilhar da graça que Deus nos tem dado. Se pela fé fazemos uso dos modos prescritos por Deus, temos a certeza que Cristo trará os benefícios da redenção ao Seu povo. [11] Como no Velho Testamento, afastar-se dos meios prescritos por Deus é colocar-se fora do alcance das bênçãos e da proteção de Deus. Da mesma forma como no Velho Testamento, até aquilo que Deus prescreveu pode sofrer abuso. Por exemplo, a Palavra pode ser mal-interpretada, o batismo pode ser visto como um modo de justificação separado da fé, a comunhão pode ser transformada em uma obra meritória, e a oração pode ser transformada em um processo místico para buscar novas revelações. Não somente precisamos dos meios prescritos por Deus, mas precisamos fazer uso deles nos termos em que Deus estabeleceu.
A adivinhação sempre envolve uma ambição por obter conhecimento secreto. Os meios que Deus ordenou parecem mundanos e lentos para muitas pessoas. Elas querem uma experiência ou uma revelação especial que instantaneamente responda às suas questões, ou solucione seus problemas imediatos. Como Saul, que não estava obtendo uma resposta pelos meios prescritos por Deus e então consultou uma feiticeira, muitos hoje vão atrás das práticas proibidas. Eles dizem: "Tentei estudar a Palavra de Deus, orar e ter comunhão na igreja, mas isto não funcionou." Assim, vão atrás de alguém que supostamente pode obter informações secretas de Deus para eles.
A adivinhação é atraente para as pessoas por duas razões básicas: temor e cobiça. Elas temem que não superarão suas feridas e então buscam informações secretas sobre seu passado. Elas temem um mau resultado e então procuram os presságios. Elas esperam encontrar um quebrador de maldições ungido para evitar um destino ruim. Elas ambicionam o sucesso e a riqueza nesta vida e então buscam informações secretas sobre o futuro. Elas imaginam que com a informação sobrenatural correta poderão ser bem sucedidas em tudo o que fizerem. Elas temem que os demônios estão impedindo que elas sejam felizes e então procuram informações secretas sobre os nomes e as funções dos demônios, esperando com isso escapar de seu estado de infelicidade. Como na história do vidente no início deste artigo, elas querem informações que as ajudem a solucionar seus problemas.
O que realmente precisamos é fazer uso continuamente dos meios da graça que Deus prescreveu para nós. Fazendo isso fielmente pela fé, teremos todas as bênçãos e benefícios que são prometidos nesta vida. Coloquemos de lado a ambição pelo conhecimento secreto e proibido e aceitemos que existe o sofrimento. A vasta arena do conhecimento espiritual que é desconhecida para nós precisa ser deixada dessa forma. Mas o que é conhecido é a vontade revelada de Deus e a alegria de vir até Ele em Seus próprios termos por meio do Messias Jesus. Há uma passagem com uma exortação e uma promessa: "Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno."[Hebreus 4:16] Deus honrará Suas promessas quando viermos a Ele em Seus próprios termos por meio do Messias Jesus.

AS FALSAS REIVINDICAÇÕES DOS ADIVINHOS CRISTÃOS

A adivinhação é qualquer técnica para a obtenção de informações secretas ou ocultas que não está prescrita nas Escrituras. A prática da adivinhação é pecaminosa e proibida. As pessoas que não querem estar restritas de usar as técnicas de adivinhação oferecem dois argumentos: "Os métodos são neutros" e "Deus pode usar qualquer coisa."
A partir das Escrituras, mostramos que a primeira afirmação não tem fundamento bíblico. Os métodos não são neutros. Permita-me compartilhar um exemplo. A maioria das pessoas concorda que o Tabuleiro de Ouija é uma forma de adivinhação proibida para os cristãos. Mas e se alguém criasse um Tabuleiro de Ouija que fosse exatamente como um tabuleiro real, com a diferença que estivesse coberto com versos bíblicos. Duas pessoas poderiam colocar suas mãos no dispositivo apontador e permitir que forças quaisquer fizessem o tabuleiro "funcionar", apontando para o verso apropriado. Isso, então seria interpretado como orientação de Deus. Isso pode parecer absurdo, mas é uma coisa logicamente válida se na verdade "os métodos são neutros". Na verdade, aqueles que usam a prática de fechar os olhos, abrir a Bíblia em uma página aleatória e apontar seu dedo para um verso qualquer de modo a obter direção estão usando uma técnica similar. Essas pessoas estão praticando adivinhação. Alguns métodos para obter conhecimento espiritual são prescritos por Deus, todos os outros são proibidos.
A afirmação que Deus pode usar qualquer coisa é enganosa. Embora tecnicamente seja verdade, ela é enganosa porque há uma distinção a ser feita entre o que Deus tem o poder de usar e o que Ele prescreve. Há também o fato que Deus pode usar alguma coisa que é contra sua vontade moral de modo a trazer o julgamento. Deus realmente usou a feiticeira de En-Dor, mas isso foi muito ruim para o rei Saul. Deus pode usar o mal para propósitos bons, mas é algo muito ruim para os praticantes do mal serem usados dessa forma. Outro exemplo encontra-se na seguinte passagem: "Porque Deus tem posto em seus corações, que cumpram o seu intento, e tenham uma mesma idéia, e que dêem à besta o seu reino, até que se cumpram as palavras de Deus." [Apocalipse 17:17]. Deus usará a rebelião da raça humana durante a Tribulação para fazer a profecia ser cumprida, mas será algo muito ruim para aqueles que forem assim usados.
O que é verdadeiramente importante é que determinemos pelas Escrituras qual é a vontade de Deus e nos submetamos a ela. Conjeturar sobre o que Deus poderia usar é enganoso se terminarmos nos colocando sob julgamento por participar de algo que Deus poderia possivelmente estar usando. Deus usou o Faraó, mas isso foi algo ruim para ele e para todo o seu exército.

CONCLUSÃO

A adivinhação não é proibida porque não funciona, mas porque realmente funciona. Ela funciona de modo a colocar as pessoas em contato com as forças espirituais e com conhecimentos secretos. Os seres espirituais assim contactados têm informações factuais à sua disposição que não poderiam ser obtidas pelos meios que Deus nos deu para conhecer as coisas espirituais ou secretas. Essas informações podem tornar uma pessoa muito rica, ou podem destruí-la. Os espíritos malignos que fornecem essas informações pretendem impedir as pessoas de virem a Deus por meio do Messias. Eles também procuram enganar os cristãos a pensar que aquilo que recebem por meio de Cristo é insuficiente. Eles são muito bons naquilo que fazem.
Quinze anos atrás organizei um encontro de pastores, esperando apelar aos pastores para que pregassem e ensinassem a Bíblia Sagrada corretamente. Um pastor que veio ao encontro tinha recentemente ido conhecer os profetas de Kansas City. Eu lhe perguntei o que acontecera ali. A resposta foi que um profeta tinha conseguido identificar corretamente seu ministério, embora não tivesse nenhuma fonte natural para essa informação. Perguntei como ele tinha feito isso. A resposta foi que o profeta fez o homem erguer sua mão com os dedos abertos. O profeta viu as cores que emanavam da mão, que revelavam quais dos cinco ministérios ele possuía. Eu disse para ele: Isto é leitura da aura, uma prática ocultista". Ele respondeu: 'Deus pode usar qualquer coisa e, além do mais, o profeta acertou."
O mais grave disso é que as informações secretas não fizeram nada mais do que convencer o pastor que a leitura cristã da aura era algo válido e que ele tinha encontrado um verdadeiro profeta. O pastor sabia que era um pastor antes de ter ido ao profeta, ele não precisava de conhecimento secreto para mostrar o que era conhecido por meios ordinários. Esse é o mesmo tipo de procedimento que muitos praticantes de adivinhação usam para convencer suas vítimas que eles têm poderes legítimos. Existem dezenas de versões "cristãs" de adivinhação que estão sendo praticadas na igreja atualmente. A próxima edição exporá várias delas. O que precisamos fazer é deixar de lado a ambição por conhecimentos secretos e nos colocar debaixo dos meios de graça prescritos por Deus. Ele usará Seus meios prescritos para nos dar toda a cura e a ajuda que precisamos obter nesta vida. Submetendo-nos ao evangelho por  meio da fé temos a certeza da ressurreição futura para a vida eterna.

Fonte de estudos e pesquisa: Conselho de Pastores do Brasil

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