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terça-feira, 26 de dezembro de 2017

MISSÕES 4...

MISSÕES CATÓLICAS E PROTESTANTES A PARTIR DO SÉCULO 16

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A igreja cristã, em suas diferentes expressões, sempre tem tido a consciência de possuir uma missão no mundo. O entendimento dessa missão varia de uma confissão para outra, mas inclui no mínimo o objetivo de anunciar o evangelho (a mensagem cristã) a outros povos e culturas, e implantar a igreja entre esses povos. Alguns períodos da história do cristianismo foram especialmente dinâmicos no que diz respeito ao esforço missionário da igreja. Um desses períodos foi o que teve início com as grandes navegações empreendidas por diversas nações européias no final do século 15 e início do século 16. Tais viagens, que tinham primariamente objetivos comerciais, tiveram como resultado um contato sem precedentes com novos povos e regiões do planeta. Adicionalmente, esse período coincidiu com a ocorrência de profundas transformações religiosas na vida da Europa, notadamente o surgimento da Reforma Protestante e a revitalização do catolicismo romano em reação à mesma. Esse catolicismo militante tomou a dianteira no que diz respeito às missões mundiais.

1. A cruz e a espadaAté o final do século 15, a atuação missionária católica romana limitou-se quase que exclusivamente à Europa ocidental. Fora da Europa ocorreram apenas umas poucas iniciativas isoladas, que não produziram resultados duradouros, como a missão do franciscano João de Monte Corvino na China em 1294. Também ficou célebre o trabalho persistente, porém infrutífero, do terciário franciscano Ramón Lull entre os muçulmanos do norte da África, onde foi morto por volta de 1315. A Europa oriental e o Oriente Médio eram campos de atuação da Igreja Ortodoxa, que enfrentava sérias limitações impostas pelo islamismo.

Todavia, a partir de 1492, com o surgimento dos impérios coloniais espanhol e português nas Américas, na África e na Ásia, a Igreja Romana teve uma oportunidade inédita para expandir a sua fé nesses continentes ainda pouco alcançados. Nesse esforço tiveram papel destacado as ordens religiosas, tanto antigas (franciscanos, dominicanos, agostinianos) quanto novas, especialmente os jesuítas, oficializados em 1540. As perdas sofridas pela igreja na Europa em decorrência da Reforma Protestante foram compensadas pela conquista de outros povos para a cristandade.

Em muitas regiões, os missionários católicos chegaram ao mesmo tempo em que os conquistadores e colonizadores, como foi o caso da América Latina e de algumas partes da América do Norte, África e Extremo Oriente. Em outros casos, os missionários atuaram fora de áreas colonizadas por seus correligionários, enfrentando, portanto, maiores dificuldades. Na África, as primeiras regiões atingidas, entre 1490 e 1650, foram o Congo, Angola, Moçambique e Madagascar, com poucos resultados iniciais. Quanto ao Oriente, ficaram célebres os esforços de pioneiros como Francisco Xavier (Índia, Malásia, Japão), Rodolfo Acquaviva (Índia), Mateus Ricci (China), Alexandre de Rhodes (Indochina) e Roberto de Nobili (Índia), entre outros. Em virtude da colonização espanhola, as Filipinas tornaram-se o único país majoritariamente cristão da Ásia.

Uma situação mais complexa envolveu a América Latina, em que os missionários atuaram lado a lado com os conquistadores e foram parte de um sistema que com freqüência explorou os nativos e contribuiu para a destruição da sua cultura e identidade. Houve, no entanto, honrosas exceções, como os frades Bartolomé de las Casas, Luis Beltrán e Juan de Zumárraga, que protegeram os índios, bem como Pedro Claver, o benfeitor dos escravos africanos na Colômbia. A expulsão dos jesuítas dos domínios portugueses (1759) e espanhóis (1767) colocou um fim a esse período áureo das missões católicas no terceiro mundo. 

2. Primórdios protestantes
Nos séculos 16 e 17, um período de intensa atividade missionária católica em vários continentes, os protestantes pouco fizeram em termos de missões mundiais. As causas apontadas para isso são várias: (a) a teologia dos reformadores não dava ênfase à Grande Comissão como um desafio para a igreja da época; (b) o protestantismo ainda incipiente buscava consolidar-se em meio a grandes dificuldades; (c) os protestantes tinham acesso limitado às novas áreas missionárias; (d) havia falta de instrumentos eficientes como as ordens religiosas católicas.

As primeiras tentativas de missões aos indígenas americanos, todas infrutíferas, ocorreram no Brasil, nas Índias Ocidentais e no Suriname (séculos 16 e 17). Nessa época surgiram as primeiras missões evangélicas inglesas, voltadas para a América do Norte: a Sociedade para a Propagação do Evangelho na Nova Inglaterra (1649), a Sociedade para a Promoção do Conhecimento Cristão (1698) e a Sociedade para a Propagação do Evangelho em Terras Estrangeiras (1701).

O movimento missionário protestante teve seus primórdios com o pietismo alemão, um movimento de renovação do luteranismo liderado por Philip Spener e Auguste Francke, com sede na Universidade de Halle (1694). A colaboração entre o rei da Dinamarca e os pietistas resultou na primeira missão protestante, que enviou os missionários Bartolomeu Ziegenbalg e Henrique Plütschau para Tranquebar, na Índia, em 1705.

Os pietistas influenciaram o conde Nikolaus Ludwig von Zinzendorf (1700-1760), que acolheu em sua propriedade na Saxônia um grupo de refugiados morávios perseguidos pela Contra-Reforma, herdeiros do pré-reformador tcheco João Hus. Sob a liderança do piedoso Zinzendorf, os morávios empreenderam um vigoroso movimento missionário que até 1760 enviou 226 missionários a São Tomás (Ilhas Virgens), Groenlândia, Suriname, Costa do Ouro, África do Sul, Jamaica, Antigua e aos índios norte-americanos.

3. Pioneiros anglo-saxõesOs ingleses, influenciados tanto pelos pietistas e morávios quanto pelo avivamento evangélico do século 18, iniciaram um movimento de oração intercessória pela conversão dos pagãos. Um líder de grande impacto foi o batista William Carey (1761-1834), considerado “o pai das missões modernas”. Em 1792, ele publicou “Um estudo sobre a obrigação dos cristãos de usarem meios para a conversão dos pagãos” e pregou um célebre sermão baseado em Isaías 54.2-3. Vencendo muita oposição e desânimo, fundou com vários companheiros a Sociedade Batista Particular para a Propagação do Evangelho entre os Pagãos, depois denominada Sociedade Missionária Batista. Em 1793, Carey foi para a Índia, onde passou o restante da sua vida e traduziu a Bíblia para vários idiomas.

Finalmente, no início do século 19, um grupo de estudantes do Seminário de Andover, na Nova Inglaterra, criou a “Sociedade de Investigação do Assunto de Missões”, o que levou em 1810 à fundação da Junta Americana de Comissionados para Missões Estrangeiras. Dois anos depois, vários missionários foram enviados para a Ásia, entre os quais Adoniram Judson, que trabalhou na Índia e na Birmânia. Outros campos pioneiros da Junta Americana foram o Ceilão, o Oriente Próximo, a China e Madura, uma ilha da Indonésia.

No século 19, outros notáveis missionários protestantes foram: Reginald Heber (Índia), Robert Morrison e Hudson Taylor (China), Guido Verbeck, James Hepburn e Samuel Brown (Japão), Horace Underwood e Henry Appenzeller (Coréia), John Paton (Mares do Sul), Ludwig Nommensem (Sumatra), Daniel Bliss e Howard Bliss (Síria), David Livingstone e Robert Moffat (África), Robert Kalley, Ashbel Simonton e William Bagby (Brasil). Entre as mulheres, destacaram-se Mary Slessor (Calabar, África Ocidental), Florence Young (Austrália, Ilhas Salomão e China) e Amy Carmichael (Índia), entre outras.

O historiador Kenneth S. Latourette concluiu: “Nunca antes, em um período de igual duração, o cristianismo ou qualquer outra religião tinha penetrado pela primeira vez em uma área tão grande”, no que foi secundado pelo missiólogo J. Herbert Kane: “Nunca dantes na história da igreja cristã se fizera um esforço tão concentrado, organizado e hercúleo visando levar o evangelho até os confins da terra”.

4. Missões em retrospectoA avaliação do esforço missionário nos últimos séculos, quer católico quer protestante, leva a algumas conclusões gerais, tanto positivas como negativas. Em seu livro A Concise History of the Christian World Mission (Breve história da missão cristã mundial), Herbert Kane arrola algumas críticas que têm sido feitas a muitos missionários: (a) tinham um complexo de superioridade; (b) trataram de maneira insensível as religiões “pagãs”; (c) deixaram de distinguir entre o cristianismo e a cultura ocidental; (d) exportaram o denominacionalismo juntamente com o evangelho; (e) deixaram de incentivar a indigenização do cristianismo; (f) foram culpados de paternalismo; (g) não foram sábios no uso dos fundos missionários do Ocidente; (h) identificaram-se muito de perto com o sistema colonial.

Ao mesmo tempo, é importante destacar as contribuições positivas de muitos missionários: (a) amaram os povos entre os quais trabalharam; (b) desenvolveram uma apreciação genuína pelas culturais locais; (c) aprenderam as línguas locais e traduziram as Escrituras; (d) proporcionaram educação moderna para os povos do terceiro mundo; (e) foram os primeiros a crer no potencial dos “nativos”; (f) abriram hospitais, clínicas e escolas de medicina; (g) introduziram reformas sociais e políticas; (h) formaram uma ponte entre o Oriente e o Ocidente; e (i) plantaram a igreja em quase todos os países do mundo.

Perguntas para reflexão:
1. Por que a associação entre as missões cristãs e o colonialismo foi tão problemática? Isso ainda acontece hoje?
2. Foi justificável a demora dos protestantes em iniciar missões em âmbito mundial? Por quê?
3. Quais os principais desafios e barreiras enfrentados pelas missões internacionais e transculturais? Como superá-los?
4. Qual deve ser o objetivo maior do esforço missionário em determinada região ou país?
5. Quais são as diferentes ênfases das missões católicas e protestantes?
Sugestões bibliográficas:
CALDAS, Carlos. O último missionário. São Paulo: Mundo Cristão, 2001.
CÉSAR, Elben M. Lenz. História da evangelização no Brasil: dos jesuítas aos neopentecostais. Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2000.
GONZÁLEZ, Justo L. Uma história ilustrada do cristianismo. Vol. 7: A era dos conquistadores. São Paulo: Vida Nova, 1983.
NEILL, Stephen. História das missões. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 1997.
STEUERNAGEL, Valdir (Org.). A missão da igreja: uma visão panorâmica sobre os desafios e propostas de missão para a igreja na antevéspera do terceiro milênio. Belo Horizonte: Missão Editora, 1994.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

MISSÕES 3...

O crescimento da igreja através dos séculos

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A igreja cristã nasceu com uma vocação para crescer e se tornar universal. Já havia algumas intimações de tal universalidade no Antigo Testamento (Sl 67.2; 117.1; Is 2.3; 42.6; 66.19; Am 9.12; Zc 2.11; 8.22s), mas essa ênfase se tornou explícita nos ensinos de Jesus Cristo e dos apóstolos. Ao confiar a “grande comissão” aos seus seguidores, Jesus foi muito claro: eles deviam fazer discípulos de todas as nações (Mt 28.19), ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura (Mc 16.15), pregar arrependimento para remissão de pecados a todas as nações (Lc 24.47), ser suas testemunhas em Jerusalém, na Judéia e Samaria, e até aos confins da terra (At 1.8). No livro de Atos e nas epístolas, os apóstolos e os discípulos se mostram zelosos no cumprimento desse mandado (At 8.4; Rm 15.19). E o livro do Apocalipse apresenta grandiosas visões dos redimidos que procedem de todas as tribos, povos, línguas e nações (Ap 5.9; 7.9; 14.6).

É verdade que, nos primeiros tempos, houve um sério obstáculo a ser transposto. Muitos cristãos judeus queriam que os conversos gentios praticassem a lei de Moisés, isto é, se tornassem prosélitos do judaísmo, para poderem se tornar cristãos. Somente crer em Cristo não era suficiente. O “concílio de Jerusalém”, descrito em Atos 15, resolveu o problema de maneira sábia e equilibrada, dizendo que os cristãos gentios não precisavam seguir a lei mosaica, mas apenas se abster de determinadas práticas, visando manter a comunhão com os seus irmãos judeus. Isso permitiu que o movimento cristão deixasse de ser uma simples seita dentro do judaísmo e abraçasse plenamente a sua vocação universal. Inicialmente restrito aos judeus, cada vez mais o evangelho passou a ser pregado deliberadamente aos gentios, fato que ocorreu de maneira ampla, pela primeira vez, na cidade de Antioquia da Síria (At 11.19-21). A partir de então, esse processo se tornou irreversível.

1. Os primeiros séculos
Nos três primeiros séculos a igreja experimentou uma notável expansão geográfica. As regiões atingidas até o final do primeiro século formavam um semicírculo em torno da extremidade oriental do Mar Mediterrâneo, indo desde Cirene (Líbia), ao sul, até a Itália central, ao norte, e incluindo todas as regiões intermediárias – Egito, Palestina, Síria, Ásia Menor, Grécia e Macedônia. As maiores concentrações de comunidades cristãs estavam na Palestina, na Síria e na chamada Ásia, o oeste da Ásia Menor, em torno da cidade de Éfeso. No segundo e no terceiro séculos, as novas regiões alcançadas incluíam, no Oriente, a Mesopotâmia (Iraque), a Pérsia e a Armênia, e no Ocidente, toda a Península Balcânica ao sul do rio Danúbio, a região ao sul do rio Reno (Tchecoslováquia, Iugoslávia, Albânia), toda a Península Itálica, partes da Alemanha, França, Espanha e Lusitânia (Portugal) e o sul da Britânia (a futura Inglaterra). No norte da África, um novo e florescente centro cristão foi a Numídia (a atual Tunísia) e sua capital Cartago. É verdade que em muitos desses lugares a presença cristã era ainda pequena, mas crescia continuamente.

Dois fatos se destacam nesse período antigo. Essa foi a época das perseguições sofridas pela igreja nas mãos do Império Romano. As perseguições não foram generalizadas nem contínuas, mas causaram consideráveis danos à igreja em algumas de suas regiões mais prósperas, como a Ásia Menor, Itália, Egito e sul da Gália. Todavia, a repressão não teve o efeito esperado, porque quando a mesma cessava, o exemplo dos mártires e outros que sofreram por sua fé inspiravam os cristãos a um esforço renovado pela difusão das boas novas. Daí as célebres palavras do escritor Tertuliano (cerca do ano 200): “O sangue dos mártires é semente”. Ele também fez a seguinte afirmação dirigida aos pagãos: “Nós somos um grupo novo, mas já penetramos em todas as áreas da vida imperial – nas cidades, ilhas, vilas, mercados, e até mesmo no campo, nas tribos, no palácio, no senado e no tribunal. Somente deixamos para vocês os seus templos” (Apologia 37). Outro dado importante é que, à exceção de Paulo, nenhum missionário se destacou nos três primeiros séculos da vida da igreja. O cristianismo crescia espontaneamente através do testemunho de cristãos anônimos que no seu dia-a-dia compartilhavam informalmente a fé com seus parentes, amigos, vizinhos, conhecidos e colegas de trabalho.

2. A igreja imperial
Alguns fatos novos muito importantes aconteceram a partir do início do quarto século. Para começar, pela primeira vez um imperador romano, Constantino, aderiu à fé cristã, com a conseqüente legalização do cristianismo e o fim das perseguições (ano 313). No final do mesmo século, outro imperador, Teodósio, oficializou a Igreja Católica (ano 380), tornando-a a única religião admitida no império. Isso fez com que grandes levas de pagãos ingressassem na igreja, nem sempre movidos pelas motivações mais corretas. O fato é que, no quarto e no quinto séculos, o cristianismo tornou-se a religião majoritária na parte sul do Império Romano. Com as migrações dos chamados povos bárbaros para dentro dos limites do império, os mesmos foram progressivamente cristianizados, a começar dos visigodos. A primeira tribo teutônica a aceitar a fé católica, ou seja, trinitária, foi a dos francos, no final do quinto século.

O cristianismo sofreu um golpe terrível no sexto século com o advento do islamismo, que, em algumas regiões em torno do Mediterrâneo, deteve a marcha vitoriosa da igreja. Importantes regiões e centros cristãos de grande influência foram perdidos definitivamente, como foi o caso da Síria, Palestina, Mesopotâmia, Egito, Líbia e Numídia (Cartago). Mais tarde, os turcos, também convertidos ao islamismo, haveriam de causar grandes danos à igreja grega ou oriental, com a progressiva absorção da Ásia Menor e de certas partes dos Bálcãs, até a conquista da magnífica cidade cristã de Constantinopla, em 1453. Outras regiões cristãs ocupadas pelos muçulmanos por longo tempo foram eventualmente reconquistadas pelos cristãos, notadamente a Península Ibérica. As Cruzadas, grandes campanhas militares promovidas pelos cristãos europeus com a finalidade de recuperar os lugares sagrados do cristianismo que haviam caído em mãos maometanas, fizeram muito mais mal do que bem, deixando ressentimentos que perduram até o presente. Alguém se referiu a elas como a mais trágica distorção das missões cristãs em toda a história da igreja.

Em compensação, até o fim do primeiro milênio completou-se em grande parte a cristianização do norte e do leste da Europa (Ilhas Britânicas, Países Baixos, Escandinávia e nações eslavas, inclusive a Rússia). Com as perdas sofridas no Oriente Médio e no Norte da África, poderia parecer à primeira vista que o cristianismo se tornara uma religião exclusivamente européia. Porém, esse não foi o caso. Desde um período muito remoto, a fé cristã atingiu com maior ou menor intensidade vastas regiões da África ao sul do Saara, como o Sudão e a Etiópia, bem como importantes áreas do Oriente, como a Índia, a Mongólia e a China. Por outro lado, se não houve missionários de destaque além de Paulo nos primeiros séculos da igreja, o mesmo não se pode dizer dos séculos posteriores. Até hoje servem de inspiração para muitos cristãos os exemplos de Ulfilas (missionário aos godos), Martinho de Tours (França), Patrício (Irlanda), Columba (Escócia), Agostinho de Cantuária (Inglaterra), Wilibrordo (Frísia), Bonifácio (Alemanha), Anscar (Escandinávia), Cirilo e Metódio (povos eslavos) e tantos outros.

3. O período moderno
Uma fase nova e dinâmica da expansão do cristianismo ocorreu nos séculos 15 e 16, com as grandes navegações e descobrimentos efetuados por várias nações européias. Inicialmente, quem tirou maior proveito desses desdobramentos foi a Igreja Católica, que conquistou vastas regiões para a sua fé nas Américas, na África e na Ásia. Neste último continente, tornaram-se lendários os nomes de Francisco Xavier (Índia e Japão), Mateus Ricci (China) e Roberto de Nóbili (Índia). Todavia, essa expansão da fé cristã teve os seus percalços, porque os missionários vinham na esteira dos poderosos, dos conquistadores. Um caso particularmente inquietante foi o da América Latina, em que o processo de conquista e colonização, abençoado pela igreja, deixou um rastro de destruição entre as populações nativas. Somente se levantaram algumas poucas vozes de protesto, como foi o caso dos dominicanos Antonio de Montesinos, Francisco de Vitória, Antonio Valdivieso e especialmente Bartolomé de las Casas (1484-1566).

Depois de uma hesitação inicial, motivada por fatores conjunturais e teológicos, os protestantes também se envolveram gradativamente com missões estrangeiras, tendo se tornado tão ativos quanto os católicos. O auge das missões mundiais, principalmente no que diz respeito aos protestantes, foi o século 19, designado pelo historiador Kenneth Scott Latourette como “o grande século das missões”. Foi essa a primeira vez na longa história da igreja que o cristianismo se fez presente em todas as regiões do mundo, ainda que algumas áreas remotas dessas regiões tenham continuado sem a presença do evangelho. Alguns nomes bem conhecidos de missionários dessa época são David Brainerd, William Carey, Adoniran Judson, Hudson Taylor e John Paton. Novamente, ao lado de esforços missionários cristãos sérios e bem-intencionados, tanto católicos e ortodoxos quanto protestantes, houve aspectos menos recomendáveis, como a associação entre as missões e o colonialismo, a excessiva identificação entre o cristianismo e a cultura ocidental, e a competição entre diferentes grupos cristãos.

4. Observações finais
O crescimento da igreja pode ser encarado de diferentes perspectivas. De um lado, os cristãos têm demonstrado ao longo dos séculos a preocupação de divulgar a sua fé através do mundo, atendendo ao imperativo de Cristo. Esse crescimento teve aspectos apreciáveis, na medida em que a fé cristã veio enriquecer a vida de muitos povos, levando a indivíduos, famílias e sociedades dignidade, esperança e maneiras mais construtivas de encarar a vida. O crescimento da igreja muitas vezes teve um efeito benéfico e civilizador, trazendo consigo avanço cultural, educação, elevação do nível de vida e promoção humana em diversas áreas. Por outro lado, como foi apontado, esse crescimento muitas vezes esteve associado a atitudes questionadas pela própria ética cristã, como a violência, a ganância, o espírito de superioridade e o desrespeito pela integridade humana.

Outro fator relevante está relacionado com uma palavra utilizada várias vezes neste texto – cristianização. Nem sempre os povos alcançados foram realmente evangelizados de modo compassivo, respeitoso e profundo, e sim revestidos de um verniz de cristianismo, muitas vezes estimulando formas grosseiros de sincretismo religioso. É óbvio que o cristianismo desde o início transpôs barreiras culturais e nesse processo influenciou e sofreu influências. Isso tem a ver com o tema sempre tão atual da contextualização ou indigenização da fé. Ao expandir-se entre outras culturas, a igreja tem a responsabilidade de servir as pessoas e identificar-se com as elas em tudo aquilo que não seja claramente incompatível com os valores do evangelho.

Uma questão problemática é ilustrada pelos movimentos de “crescimento da igreja”, que se preocupam em atrair grandes números de pessoas, muitas vezes sem se importarem com os métodos usados, caindo na falácia dos resultados rápidos, do uso de técnicas de marketing religioso, das estratégias pragmatistas, da rendição às expectativas de uma sociedade embriagada com a prosperidade e o sucesso. O crescimento da igreja a qualquer custo nunca deve ser um objetivo da igreja. Cristo nunca exigiu que a sociedade inteira seja evangelizada ou esperou que todos se tornassem seus discípulos. O importante é que o testemunho de Cristo esteja presente entre todos o povos e que ele tenha seguidores, poucos ou muitos, em todas as culturas e grupos. Sempre que o cristianismo se torna majoritário em um dado povo, há uma tendência de declínio nos seus valores morais e espirituais.

O crescimento da igreja evangélica brasileira revelado pelos últimos censos, embora tenha trazido benefícios incalculáveis para muitas vidas e produza euforia em muitos corações, ainda está para mostrar os seus melhores frutos. O divisionismo e a proliferação de igrejas, as lideranças personalistas e autoritárias, o ufanismo triunfalista e alienante, a importação de formas esdrúxulas de teologia e culto, a atuação decepcionante de políticos evangélicos, a falta de responsabilidade social e cívica – todos esses óbices precisam ser superados para que possamos verdadeiramente nos orgulhar dos índices de crescimento das igrejas evangélicas do Brasil e para que estas sejam o sal e a luz de Cristo em nossa sociedade. Os ganhos têm sido consideráveis, e por isso somos gratos a Deus, mas a tarefa permanece inacabada.

Perguntas para reflexão:
1. Ao se evangelizar pessoas de uma outra cultura, o que não deve ser transmitido, visto não ser parte integral e essencial do evangelho?

2. Qual a diferença entre cristianização e evangelização?

3. É possível comunicar a mensagem cristã a outras pessoas sem desrespeitar a sua integridade humana, inclusive as suas convicções?

4. Por que razões certos grupos, como os muçulmanos, têm sido mais eficientes em seus esforços missionários do que os próprios cristãos?

5. Por que o mero crescimento numérico não é evidência de uma evangelização bíblica e genuína?

Sugestões bibliográficas:
BARRS, Jerram. A essência da evangelização. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004.
GREEN, Michael. Evangelização na igreja primitiva. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 2000.

GREENWAY, Roger. Ide e fazei discípulos: uma introdução às missões cristãs. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.

NEILL, Stephen. História das missões. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 1997.

PACKER, J. I. A evangelização e a soberania de Deus. São Paulo: Cultura Cristã, 2002.SMITH, W.;

PORTELA, F. Solano. Fazendo a igreja crescer. São Paulo: Os Puritanos.

Houve ou Ouve?



Diferenças entre Ouve e HouveDiferenças entre Ouve e Houve.

É reincidente a confusão entre “houve”, dessa forma com “h” e “ouve” sem o “h”.
Vamos esclarecer:
Houve – vem do verbo “haver”, conjugado no pretérito perfeito do indicativo do verbo “haver”. Pode significar: aconteceu, existiu, ocorreu.
Veja: Houve muito barulho no estádio, pois a atleta brasileira tinha vencido.
No Brasil já se falou mais de paz, já houve mais amor!

Lembre-se de que o verbo “haver” no sentido de “existir” fica na terceira pessoa do singular. Na dúvida substitua um pelo outro!
Ouve – vem do verbo ouvir, conjugado na 3ª pessoa do singular do presente do indicativo ou no imperativo afirmativo (tu):
Observe: Ela ouve quando digo que não é para sair.
Ouve e não se cales diante dos fatos!

Pode ser substituído por “escutar”!
Portanto, não tem porque errar, pois os significados são diferentes!
Veja mais exemplos:
a) Quem ouve mais, tem mais o que dizer depois!
b) Houve um arrependimento genuíno?
c) Ele ouve seus conselhos porque sabe que és sábio!
d) Nesta semana houve muitos afazeres!
e) Ele só ouve o que quer e por isso é tolo!
f) Quem fala o que não deve, ouve o que não quer.
g) Ele não ouve muito bem do lado esquerdo!
h) Ele ouve muito bem, não precisa gritar!
i) Houve um tempo em que as pessoas eram mais calmas!
j) “Se queres ser bom juiz, ouve o que cada um diz”. (provérbio)
Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:
VILARINHO, Sabrina. "Houve e ouve? "; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/houve-ouve.htm>. Acesso em 26 de agosto de 2017.
Fonte de referência, estudos e pesquisa: http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/houve-ouve.htm


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domingo, 10 de dezembro de 2017

Eletricidade

A Eletricidade é a área da Física que estuda fenômenos associados a cargas elétricas. Ela é dividida em três partes: eletrostática, eletrodinâmica e eletromagnetismo.


Os raios são fenômenos elétricos naturais
Os raios são fenômenos elétricos naturais.



Eletricidade é a área da Física responsável pelo estudo de fenômenos associados a cargas elétricas. O termo eletricidade originou-se da palavra eléktron, que é derivada do nome grego âmbar. Este, por sua vez, é uma resina fóssil que, quando atritada em algum tecido, pode passar a atrair pequenos objetos.
O âmbar é uma resina fóssil. Na imagem, um inseto está preso no interior da resina e pode ser conservado por vários anos
O âmbar é uma resina fóssil. Na imagem, um inseto está preso no interior da resina e pode ser conservado por vários anos
Foi na Grécia que surgiram as primeiras definições para a eletricidade. Tales de Mileto, por volta de 600 a.C., atribuiu a existência de uma “alma” aos materiais que podiam ser eletrizados e atrair pequenos objetos. No entanto, ele se enganou ao imaginar que essa propriedade de atração estava ligada ao magnetismo, e não à eletricidade.
Durante milênios os fenômenos envolvendo cargas elétricas ficaram restritos apenas a curiosidades, mas, no século XVI, Willian Gilbert publicou um estudo que diferenciava magnetismo de eletricidade e introduziu alguns dos principais termos utilizados pela Física, como polos magnéticos e força elétrica.
Outro nome importante foi Charles Du Fay, o primeiro cientista a falar da existência de duas eletricidades. Em seguida, Benjamin Franklin, já em 1750, propôs uma teoria que dizia que a eletricidade era um fluido que saía de um corpo para o outro, podendo ser negativo ou positivo. A teoria do fluido predominou até o século XIX, quando, em uma experiência com raios catódicos, J. J. Thompson descobriu a existência dos elétrons.
Desde então os estudos sobre Eletricidade assumiram uma enorme dimensão. Atualmente é impossível imaginar nossa vida sem ela. Quer ver um exemplo? Lâmpadas, computadores, aparelhos de TV, geladeiras, entre tantos outros, são todos equipamentos elétricos que nos proporcionam conforto. Os meios de comunicação não existiriam sem os avanços nessa área.
A Eletricidade pode ser dividida em três partes:
  • Eletrostática: Refere-se ao comportamento das cargas elétricas em repouso e seu estudo engloba os processos de eletrização, campo elétrico, força eletrostática e potencial elétrico.
  • Eletrodinâmica: É a parte da Eletricidade responsável pelo estudo das cargas elétricas em movimento. O foco dessa área é a corrente elétrica e os componentes de circuitos elétricos, como capacitores e resistores.
  • Eletromagnetismo: Estuda a relação entre os fenômenos elétricos e magnéticos, tais como campo magnético produzido por cargas elétricas em movimento e campo elétrico produzido pela variação de fluxo magnético. 
Por Mariane Mendes
Graduada em Física
Fonte de referência, estudos e pesquisa: http://brasilescola.uol.com.br/fisica/eletricidade.htm

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Haja ou Aja?


E agora? Quando utilzar Haja e quando utilzar Aja?
E agora? Quando utilizar Haja e quando utilizar Aja?

Haja paciência ou Aja paciência?
Se você tivesse que escrever essa oração tão escutada no cotidiano, ficaria em dúvida? Se a resposta for sim, é completamente aceitável, já que a maioria das pessoas teria, sim, seus questionamentos a respeito desse assunto.
Mas vejamos: é necessário que você aja rápido e decida qual usar, pois não quero que haja nenhum tipo de reclamação depois!
E dessa forma, percebeu a diferença?
“Aja” é a flexão do verbo “agir”, conjugado na 1ª ou 3ª pessoa do singular do presente do subjuntivo ou do imperativo afirmativo (aja ele). Pode ser substituído por “atuar”, “proceder”.
Veja: Aja de maneira civilizada com aquele homem. (proceda)
É bom que você aja com naturalidade. (atue, proceda)
Não quero que aja com desrespeito à autoridade. (proceda)
“Haja” é a flexão do verbo haver na 1ª e 3ª pessoa do singular do presente do subjuntivo ou do imperativo afirmativo ou negativo (haja você, não haja você). Pode ser substituída por: acontecer, existir, ocorrer, ter.
Observe: Haja o que houver, estaremos juntos nessa batalha. (Ocorra, aconteça).
Queremos que haja harmonia entre nós. (exista, tenha)
“Haja luz, e houve luz”. (Tenha)
Retomando a dúvida inicial: “Haja paciência” Ou “Aja paciência”?
O certo é: Haja paciência! (Tenha paciência!)
Agora, se fosse “Aja com paciência”, a expressão significaria: “Proceda com paciência”.
Lembre-se de que “haja vista” não varia e, portanto, permanece no feminino: fiquemos de cabeça erguida, haja vista tantos problemas que já superamos. Jamais escreva “haja visto”.
Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:
DUARTE, Vânia Maria do Nascimento. "Haja ou aja? "; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/haja-ou-aja.htm>. Acesso em 26 de agosto de 2017.

Fonte de referência, estudos e pesquisa: http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/haja-ou-aja.htm


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quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

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Arqueólogos encontram manuscrito com ensinamentos de Jesus a Tiago: “Complementa o relato bíblico”

Arqueólogos encontram manuscrito com ensinamentos de Jesus a Tiago: “Complementa o relato bíblico”
Arqueólogos encontraram fragmentos de um manuscrito que continha trechos de uma carta em que Jesus pontuava ensinamentos a seu irmão, Tiago. Segundo os pesquisadores, o documento tem 1.600 anos de idade, e trata-se de uma cópia feita à mão. A descoberta aconteceu no Egito, e de acordo com os pesquisadores, o texto em grego teria sido escrito por alguém que ainda estava em fase de aprendizado do idioma e traz um ressalva de que referia-se a Tiago irmão de Jesus “não materialmente”.
Agora, o manuscrito foi adicionado ao acervo da Biblioteca de Nag Hammadi, que possui uma coleção de 52 textos do cristianismo primitivo datados entre os séculos II e VI d. C., encontrados em 1945 nas vizinhanças da cidade egípcia.
Segundo informações do portal Daily Mail, o professor de estudos religiosos Geoffrey Smith, docente da Universidade do Texas e um dos arqueólogos que encontraram o manuscrito, essa descoberta traz informações relevantes sobre o comportamento dos cristãos dos primeiros séculos.
“Esta nova descoberta é significativa em partes, porque demonstra que os cristãos ainda estavam lendo e estudando os escritos extra-canônicos muito tempo depois de serem considerados heréticos”, afirmou Smith, lembrando que a Igreja Ortodoxa Copta, através do arcebispo de Alexandria, Atanásio, havia definido os livros canônicos no século 3 d. C, estipulando que o Novo Testamento contém apenas 27 livros.
“O texto complementa o relato bíblico da vida e do ministério de Jesus, nos permitindo acesso às conversas que, supostamente, ocorreram entre Jesus e seu irmão, Tiago – ensinamentos secretos que permitiram que Tiago fosse um bom professor após a morte de Jesus”, acrescentou o professor.
Atanásio, em sua “39ª Carta Pascal”, falou sobre os livros do Novo Testamento e salientou que “ninguém pode adicionar nada a eles, e nada pode ser tirado deles”. Dessa forma, o manuscrito é visto como apócrifo.
De acordo com os pesquisadores, o manuscrito tem caligrafia uniforme do texto e palavras separadas em sílabas, o que sugere que foi escrito por um acadêmico. “O escriba dividiu a maior parte do texto em sílabas usando pontos médios. Tais divisões são muito incomuns em manuscritos antigos, mas elas aparecem frequentemente em manuscritos que foram usados ​​em contextos educacionais. O professor que produziu esse manuscrito deveria ter uma afinidade particular com o texto”, contextualizou o professor Brent Landau, coautor do estudo.

Manuscrito encontrado no Egito com ensinamentos atribuídos a Jesus e endereçados a Tiago.



sábado, 2 de dezembro de 2017

LITURGIA, CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO DE CRISTO: UMA INTRODUÇÃO À SUA TEOLOGIA

Muitas vezes o cristão católico fala a palavra liturgia, mas não tem o devido entendimento do que seja.
Resultado de imagem para liturgia catolicaIntrodução
Muitas vezes o cristão católico fala a palavra liturgia, mas não tem o devido entendimento do que seja. A primeira idéia é que a liturgia é o conjunto de rituais no qual a determinada celebração se desenvolve. Imagina-se que os gestos e a simbologia estão ali colocados apenas para embelezar o templo ou o evento que se está celebrando.
Observa-se claramente este fato nas solenidades matrimoniais, onde se dá valor excessivo à música, decoração, traje da noiva e fotografias, deixando minimizados os atos mais relevantes da celebração. Assim, veremos alguns aspectos importantes para realmente entender a liturgia e que são de fundamental importância para quem está em pleno estudo de teologia.
O que é Liturgia?
Buscando o sentido etimológico, liturgia (leit, de léos-láos = povo e érgon, do verbo ergázomai = agir ) é uma ação para o povo, um agir para o povo, ou seja, uma ação pública. As Sagradas Escrituras trazem este termo de forma gradual, mostrando uma evolução até chegar ao ponto alto que é a chamada liturgia cristã. Nesta liturgia, todos são os celebrantes, portanto, os licurgos, os “fazedores”, e o objetivo é atualizar o mistério pascal de Cristo em cada celebração.
Quem celebra ou quem faz a liturgia?
O costume ou tradição de reunir-se para comemorar é próprio do homem, assim, religiosamente isto também acontece. O nome para essa reunião é diferente para cada grupo, cultura ou credo. No Catolicismo, a assembléia reunida para celebrar chamava-se “ekklesia”(grego) que passou para “ecclesia”(latim) e para “igreja” (português).
Dessa maneira, a ação litúrgica é uma celebração pública da Igreja, que está ali reunida e é o “sacramento da unidade”
O povo santo de Deus é que faz a liturgia. A assembléia reunida ora a Deus e celebra cada um de acordo com os seus dons e ofícios diversos. Todos, a seu modo, com suas capacidades e diversidades participam desta liturgia. Este povo, nascido das águas do batismo é um povo sacerdotal, sendo ele o protagonista do mistério celebrativo.
Quem é essa Igreja?
A assembléia litúrgica para se caracterizar como tal, deve apresentar-se da seguinte maneira:
1) crente: ela crê na fé recebida dos apóstolos em Jesus Cristo;
2) aberta: a assembléia deve ser católica, para todos sem discriminação qualquer;
3) reconciliada: dentro da assembléia não pode haver divisão, todos estão reconciliados, todos são irmãos de fé;
4) ativa: há uma participação de todos, por ação do Espírito Santo, cada qual age com seu carisma, ora presidindo, lendo, cantando, orando.
Fica claro que as características apresentadas não são, por vezes, atingidas no nosso dia-a-dia comunitário. A heterogeneidade dificulta o trabalho eclesial, a falta de santidade de todos afasta-nos de Cristo, a hierarquia por vezes não é bem compreendida, os motivos que levaram as pessoas à assembléia são diversos, ou louvor ou tristeza ou súplica, tirando a unicidade de intenções. Há, da mesma forma, uma dificuldade de se entender que é na liturgia que se busca a fonte para o impulso missionário, mas o trabalho de missão visa a liturgia e sua celebração, ou seja, é celebrando que se ganha força para continuar celebrando.
A assembléia apresenta diversidade de dons, pois é inspirada pelo Espírito Santo. Dessa maneira, cada um tem seu dom e seu papel próprio na celebração. O presidente compete ser o dinamizador e age na dimensão funcional e mística. É ele que torna possível vermos o Cristo, pois age “in persona Christi”, mas age também, “in nomine ecclesia”.
Outros mistérios fazem-se presentes. O Diácono que motiva a todos a rezarem e proclama o Evangelho. O leitor proclama as leituras. O Acólito serve ao altar durante a apresentação das oferendas. Todos estes são ordenados, mas há muitos outros ministérios que não exigem ordenação, como: salmistas, cantores, turiferários, crucíferos, comentaristas, MESC e outros.
A importância do tempo e do espaço celebrativo
O espaço celebrativo é o local onde ocorre a reunião de fieis. Não é o local da presença de Deus, mas onde a assembléia reúne-se e Deus se faz presente no meio de seu povo. Portanto, a mística em torno desta visita de Deus pede que este local seja bem planejado, construído e decorado de maneira própria para viver-se melhor este mistério.
Dentro do templo, pode-se ver Cristo em três locais: no altar (alimento consagrado), na sede (o sacerdote “in persona Chriti”) e no ambão (a Palavra viva, o Cristo na Escritura). Nestes locais deve haver uma simbologia própria dentro de um espírito místico, dando ênfase a cada um deles no seu tempo devido, durante a celebração.
Falamos do espaço, agora o tempo. O tempo é importante para o homem e há o momento de parar para orar a Deus. O momento é o primeiro dia da semana, o “dies dominicus”. Este é o dia semanal de oração do cristão, onde ele pára com o fim de rememorar a paixão, morte e ressurreição de Cristo.
Anualmente, o período de parada é no tríduo pascal. Este coincide com o tempo cósmico, no equinócio da primavera, como que se estivéssemos comemorando o renascimento da vida após o inverno.
Outra festa anual dos cristãos católicos é a festa do nascimento do Senhor, mas esta não obedece ao ciclo lunar, como a Páscoa, e sim ao ciclo solar e tem-se uma data fixa no calendário gregoriano.
A estruturação e leis envolvidas nas celebrações
As celebrações litúrgicas podem acontecer de forma sacramental, não-sacramental e em tempos e lugares diversos. O que vai definir o tipo de celebração é o encadeamento de elementos que a compõe.
A estrutura verbal-simbólica, ou seja, a soma de palavras e símbolos (gestos), faz a celebração acontecer. Assim, na missa temos a liturgia da palavra e a liturgia eucarística.
A estrutura dialógica mostra o diálogo entre Deus e seu povo em cada celebração, pois Ele está presente em cada uma delas.
7. Para levar a efeito obra tão importante Cristo está sempre presente em Sua Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas. Presente está no sacrifício da missa, tanto na pessoa do ministro, “pois aquele que agora oferece pelo ministério dos sacerdotes é o mesmo que outrora se ofereceu na Cruz”, quanto, sobretudo, sob as espécies eucarísticas. Presente esta pela Sua força nos sacramentos, de tal forma que quando alguém batiza é Cristo mesmo que batiza. Presente está pela Sua palavra, pois é Ele mesmo que fala quando se lêem as Sagradas Escrituras na Igreja. Está presente finalmente quando a Igreja ora e salmodia, Ele que prometeu: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estarei no meio deles” (Mt 18,20)[...](SC 7)
Pode-se ver esta dinâmica na missa quando Deus fala na primeira leitura, o povo responde no salmo, fala novamente na segunda leitura, o povo responde na aclamação ao Evangelho. Cristo fala no Evangelho e a resposta da comunidade é a profissão de fé e as preces.
Na parte verbal da celebração, encontramos as leituras que são a palavra de Deus dirigidas a nós. Lêem-se os textos dos profetas, 1ª leitura( AT ), o salmo responde a mensagem proclamada. No NT, 2ª leitura, o apóstolo mostra a vivência desta palavra na comunidade e no Evangelho temos contato com a vida de Jesus. Após o Evangelho, há a homilia, onde o sacerdote atualiza a palavra, mostrando a realização da salvação de Jesus Cristo no “hoje”, no aqui e agora.
A homilia pode ser querigmática, catequética, profética ou mistagógica, fazendo um relacionamento entre a liturgia da palavra e eucarística.
Na liturgia, também se ora. A oração litúrgica tem que ser eficaz, por ser feita em nome de Cristo, e tem de ser teológica, pois a oração cristã fala a Deus. Estas orações que estão nos livros litúrgicos são provenientes de uma longa tradição da Igreja. Esta eucologia divide-se em orações presidenciais e não-presidenciais, sendo que as primeiras são feitas pelo presidente da celebração e as outras pela assembléia.
Na oração há a seguinte estrutura geral:
1) anamnética: recorda o que aconteceu:
2) epiclética; invoca a presença do Espírito Santo.
Ao final da oração sempre há a homologação por parte de toda a assembléia com o “amem”.
Os cantos trazem o aspecto festivo e alegre para a celebração litúrgica, mas devem trazer a expressão do mistério celebrado. Dessa forma, têm-se músicas religiosas, mas não litúrgicas, porque não expressam aquele momento adequado em que são cantadas. Assim, um canto de entrada é motivacional para a assembléia, diferentemente de um canto de ofertório que enfoca a apresentação do pão e do vinho.
A celebração e os símbolos
A nossa vida diária é repleta de símbolos que nos remetem a uma sensibilidade maior, de acordo com o que aquele símbolo significa. Da mesma maneira, os símbolos são utilizados nas cerimônias litúrgicas porque transmitem algo mais do que aquilo que são.
Um bom exemplo de simbolismo é o bolo de aniversário, que por si só não passa de um bolo, entretanto, quando oferecido em um aniversário, traz o simbolismo da natividade. Comer um bolo qualquer simplesmente me alimenta, mas comer um bolo de aniversário é mais do que alimento, é comungar com todos a celebração da vida.
Maldonado(1990) diz ser o símbolo uma realidade sensível que remete a algo além daquilo que está ali na nossa frente. Como no caso do bolo, os celebrantes vêem além da massa doce e confeitos que o enfeitam, mas sentem algo mais, algo que poderia se dizer de “misterioso”.
Assim, nas celebrações litúrgicas ocorre um simbolismo, mostrando-nos algo além, algo de mistério.
O fazer simbólico
Quando um determinado gesto carregar algo de especial, misterioso, que está além do próprio gesto, torna-se um rito. O rito é praticado várias vezes, pois é um gesto simbólico, como o apertar as mãos aqui na cultura ocidental, ou seja, temos um gesto que exprime mais do que simplesmente tocar a outra pessoa, é sim um símbolo de amizade e civilidade entre elas.
Tem-se, assim, o rito litúrgico que é um conjunto de gestos próprios carregados de simbologia que remete a todos os celebrantes a um dos mistérios de Cristo, de acordo com o sacramento que se está celebrando.
No caso do rito litúrgico, há algumas características particulares:
1) imita e torna presente o mistério celebrado;
2) embora sempre repetido, é sempre novo;
3) expressa criatividade por trazer sempre em si a novidade;
4) é uma linguagem, tendo uma seqüência com um gesto encadeando outro;
5) toca a sensibilidade e os sentidos todos, visão(velas e roupas), audição(música), olfato(incenso), paladar(vinho) e tato(cumprimento).
6) envolve todo o ser humano, ficando em pé, de joelhos, sentado, ocorre uma participação total no mistério celebrado.
O mistério na liturgia
A liturgia, ao longo da história, só tornou-se importante quando atribuíram-na uma visão teológica, que, sem ela, tornava toda a liturgia amarrada dentro de uma uniformidade e com um rigorismo jurídico que a transformava em gestos materialistas.
Com um olhar teológico, pode-se ver a liturgia como a reunião de todos os atos de culto da Igreja e que lhe são próprios. Assim, surge uma visão “mistérica”, sacramental, onde o sujeito único e principal que exerce o culto é o Cristo ressuscitado.
7. [...] Presente está no sacrifício da missa, tanto na pessoa do ministro, “pois aquele que agora oferece pelo ministério dos sacerdotes é o mesmo que outrora se ofereceu na Cruz”, quanto, sobretudo, sob as espécies eucarísticas. Presente esta pela Sua força nos sacramentos, de tal forma que quando alguém batiza é Cristo mesmo que batiza. Presente está pela Sua palavra, pois é Ele mesmo que fala quando se lêem as Sagradas Escrituras na Igreja. Está presente finalmente quando a Igreja ora e salmodia, Ele que prometeu: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estarei no meio deles” (Mt 18,20).
Realmente, em tão grandiosa obra, pela qual Deus é perfeitamente glorificado e os homens são santificados, Cristo sempre associa a Si a Igreja, Sua Esposa diletíssima, que invoca seu Senhor e por Ele presta culto ao eterno Pai.
Com razão, pois, a Liturgia é tida como o exercício do múnus sacerdotal de Jesus Cristo, no qual, mediante sinais sensíveis, é significada e, de modo peculiar a cada sinal, realizada a santificação do homem; e é exercido o culto público integral pelo Corpo Místico de Cristo, Cabeça e membros.
Disto se segue que toda a celebração litúrgica, como obra de Cristo sacerdote, e de Seu Corpo que é a Igreja, é uma ação sagrada por excelência, cuja eficácia, no mesmo título e grau, não é igualada por nenhuma outra ação da Igreja. (SC 7)
Considerações finais
Assim, conclui-se que a Igreja celebra a liturgia para atualizar vários aspectos da vida de Jesus entre nós. É a participação do próprio Cristo, o Emanuel, no nosso dia-a-dia, mostrando-nos que não estamos sozinhos na nossa caminhada terrena.
Da mesma forma, na liturgia participamos, antecipadamente, da liturgia celeste, como podemos ler na “Sacrosanctum Concilium”:
Referências
BÍBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições Paulinas, 1973.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo: Edições Loyola, 2000.
VATICANO II. Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a sagrada liturgia. São Paulo: Edições Paulinas, 1998.
SANTOS, Vitor P. C. dos. Caderno de Referência de Conteúdo de Iniciação à Liturgia do curso de Graduação de Teologia. Batatais: Centro Universitário Claretiano, 2010.
Publicado por: Robson Stigar

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do Brasil Escola, através do canal colaborativo Meu Artigo. Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: http://www.brasilescola.com.


Fonte de referência, estudo e pesquisa: http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/religiao/liturgia-celebracao-misterio-cristo-uma-introducao-teologia.htm

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