O Tecelão Silencioso
O Tecelão Silencioso
O Tempo não é uma estrada, nem um rio que flui em uma única direção. Ele é, na verdade, um tecelão silencioso e incansável, que trabalha em uma tapeçaria infinita chamada realidade.
Em seu tear colossal, cada fio é um instante, uma fração de segundo, uma respiração, um olhar. O tecelão, sem pressa, mas sem jamais parar, entrelaça esses fios de maneira complexa e misteriosa. Os fios mais brilhantes e coloridos são os momentos de alegria, as gargalhadas que ecoam na memória. Os fios dourados representam as conquistas e os triunfos, que brilham sob a luz do sol. Há também os fios escuros, as sombras das tristezas, das perdas e dos arrependimentos. Eles não são rasgados do tecido, mas sim habilmente incorporados, dando profundidade e contraste à obra.
O tecelão não julga a beleza ou a feiura de cada fio. Ele simplesmente os une, um a um. Um fio de dor é rapidamente seguido por um de esperança; um de incerteza, por um de decisão. O que vemos, a princípio, pode parecer uma bagunça de cores e texturas, mas com o passar dos anos, a trama se revela, e a beleza da tapeçaria se torna visível. Os fios mais curtos, que pareciam insignificantes, formam os padrões mais delicados. Os nós que antes nos pareciam imperfeições, são na verdade os pontos de virada que dão forma ao desenho.
Nós, os mortais, somos os fios que o tecelão manipula. Somos inseridos em diferentes pontos da tapeçaria, alguns emaranhados uns nos outros, criando laços e famílias. Outros, isolados, seguindo seus próprios caminhos. O tecelão, em sua sabedoria inescrutável, nos move, nos estica e nos une aos outros, criando histórias complexas e interconectadas. Não temos controle sobre o fio que seremos, nem sobre a cor que ele terá, mas temos o poder de decidir como ele se comportará no tear. Podemos ser um fio que resiste e quebra, ou um fio que se dobra e se adapta, tornando-se parte de um padrão maior e mais belo.
No final, quando a nossa parte da tapeçaria estiver completa, o tecelão silencioso continuará seu trabalho, unindo os fios de outras vidas, de outras gerações, de outros mundos. Nossa obra se tornará parte de um todo maior, um segmento de uma tapeçaria que nunca termina. É um lembrete de que o Tempo não é algo que se gasta, mas algo que se tece. Cada dia é um novo fio, e cada escolha, uma nova trama que molda a obra-prima final de nossa existência.
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