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quarta-feira, 26 de março de 2014

Igreja...

Igreja: Identidade e Símbolo


Grandes teólogos e biblicistas de nosso tempo escreveram a respeito da eclesiologia. Emil Brunner, Karl Barth e Jürgen Moltmann, por exemplo, deixaram letras lapidárias na história da doutrina da igreja cristã.
Brunner insistira que a essência da igreja neotestamentária era a comunhão do crente com Cristo, por meio da fé, e a fraternidade cristã no amor. O tom ácido da eclesiologia do teólogo dialético dirigia-se contra o “eclesiasticismo clerical”. Condenava ferreamente o clericalismo e a forma de poder e domínio advindos desta forma de governo cristão. Para o teólogo suíço, o Espírito Santo não cria cargos por meio dos quais o homem governa, mas serviços através dos quais o líder serve.
Outro teólogo dialético, Karl Barth, ocupou-se mais especificamente com o ministério da igreja no mundo. De acordo com Barth, a igreja efetua sua missão mediante a palavrae a ação. O primeiro termo desse binômio congrega a missão querigmática da igreja: pregação, catequese, evangelização, missões, teologia e adoração. O segundo concentra-se nas ações da igreja a favor da restauração completa do ser humano, como por exemplo, a diaconia, a intercessão, e a ação profética da igreja no mundo.
À semelhança de J. Moltmann, Barth acreditava que a igreja é a comunidade de Deus quando é comunidade para o mundo. O que justifica a existência da igreja no mundo é o cumprimento da missão que Deus a delegou para cumprir. Se a igreja não cumprir o mandato de Cristo, deixará de ser o seu corpo glorioso e tornar-se-á mera instituição. Se cumprir parcialmente sua missão, jamais desfrutará da essência de sua natureza e identidade.
Jürgen Moltmann, patrono da teologia da esperança e da teologia da cruz, justificara que a natureza e a função da igreja ocorrem no entrecruzamento de sua identidade com Cristo, na obediência à missão, na apostolocidade, e na práxis cristã nas áreas política, econômica, educacional e cultural. A igreja é agente de transformação espiritual e social.
Teólogos do quilate de A. Strong, Lewis Chafer, Stanley Horton, Charles Hodge, Wayne Grudem, entre outros ilustres brasileiros, já lapidaram a doutrina da igreja com tanta mestria que, talvez, não se justifique mais uma obra sobre eclesiologia.
Todavia, a obra que o leitor tem em mãos não é um tratado sistemático e histórico da eclesiologia. Igreja: Identidade e Símbolo é uma análise conscienciosa a respeito do termo ekklēsia nas páginas do Novo Testamento, com interface no texto hebraico do Antigo Testamento e do grego da Septuaginta. Trata-se de uma obra cujo objetivo não é substituir os manuais de eclesiologia, mas servir de leitura complementar aos estudantes de teologia interessados em conhecer o contexto, a semântica e o desenvolvimento do termo até os dias hodiernos.
O método usado e predominante nesta obra é o léxico-sintático, entretanto, quando necessário, empregamos alguns recursos do método histórico-crítico, a exegese e o Sitz im Leben Kirche (contexto vital da igreja).
Essa última abordagem iniciou-se mais concretamente com o exegeta germânico Hermann Gunkel quando aplicara aos estudos de Genesis e dos Salmos o método dosgêneros literários, Formgeschichte, ou Críticas das Formas. Nesta tarefa, além de classificar os Salmos em seus principais gêneros (hinos de louvor, lamentações nacionais, reais e messiânicos, lamentos individuais, ação de graças individuais, etc.), também inquiriu a respeito do contexto histórico, cultural e religioso do Saltério (Sitz im Leben), bem como do lugar dos salmos na vida do povo (Sitz im Volksleben).
A razão do emprego do método deve-se ao fato de que a criação de qualquer gênero literário pretende responder alguma situação específica do povo, ou ainda, atender certa necessidade da existência humana. Logo, o método é um excelente recurso ao estudo do vocabulário do Novo Testamento, pois vivifica o significado estático, gélido e impessoal dos vernáculos bíblicos.
Neste opúsculo despretensioso, também encontra-se implícito no texto algumas abordagens semióticas, baseadas na articulação entre as três camadas de sentido textual proposta pelos teóricos do discurso.
O primeiro é o semântico, que estuda as relações entre os termos e os diversos significados textuais. Nesta etapa verificamos o sentido, a morfologia intencional, e asignificação, definido por Jacques Fontanille, como o “conteúdo de sentido atribuído a uma expressão a partir do momento em que essa expressão foi isolada (por segmentação) e que se verificou que esse conteúdo lhe é especificamente inerente (por comutação)”.[1]
O segundo é o sintático, etapa que procura compreender a estrutura do termo-chave e a relação semiológica deste com o restante do texto, da oração, da frase, ou do discurso. Busca-se compreender a função e disposição da palavra no texto e da oração no período.
O terceiro é o pragmáticoque estuda o valor do signo no contexto do narrador e do leitor, bem como a forma como interpretamos e descrevemos os signos textuais. Perfazendo assim, três níveis de significação de um discurso de acordo com Algirdas J. Greimas: o fundamental, o narrativo e o discursivo.
Será evidente para aqueles que se aplicam ao estudo da semiologia que fitamos apenas alguns aspectos desses níveis da análise; não espere, por exemplo, encontrar o “quadrado semiótico” exemplificado. Porém, o leitor deve estar cônscio que ao adotarmos certos aspectos da semiologia neste estudo, não seguimos todos os pressupostos desenvolvidos pela filosofia estruturalista, principalmente quando esta nega os sujeitos e a referência extra-textual. O emprego da semiótica no estudo das Escrituras parte de minha percepção de que o futuro da hermenêutica bíblica está relacionado ao progresso dessa ciência.
Nosso objetivo ao articular esses métodos fora compreender o texto bíblico e o termo-chave de nossa pesquisa em sua dimensão lexical, cultural, bíblica e teológica com vistas à interpretação da identidade e natureza da ekklēsia neotestamentária.
Quanto à estrutura deste opúsculo, a obra está dividida em seis breves capítulos.
No primeiro, discutimos os diversos significados do termo ekklēsia no contexto secular e religioso, intermediando entre à compreensão clássica dos gregos em Homero e a religiosa dos judeus, através da Septuaginta, do Antigo Testamento, e dos livros apócrifos.
No segundo, descrevemos a distinção e relação entre a Igreja universal e a igreja local, acentuando-lhes o caráter pneumatológico e antropológico.
No terceiro, estudamos o vocábulo nas epístolas paulinas e nos Atos dos Apóstolos, com ênfase na identidade, natureza e símbolos das igrejas citadinas.
No quarto capítulo, nos ocupamos com a pesquisa do logion mateano de 16.18, incluindo uma breve pesquisa historiográfica desse perícope e sua interpretação entre os teólogos pentecostais.
No quinto, concentramo-nos nas epístolas joaninas, especificamente no problema de tradução e interpretação da identidade da igreja na segunda carta. Ousamos apresentar outra possibilidade, mas sem interesse em dogmatizar nosso ponto de vista.
No último capítulo, discutimos os vários sentidos de ekklēsia da modernidade à pós-modernidade.
Nossa sincera oração é que esta obra cumpra o propósito pela qual foi criada: atender as necessidades dos estudantes de teologia que desejam se aprofundar no sentido sincrônico e diacrônico de ekklēsia nas páginas do Novo Testamento e nos dias atuais.

Fonte: Editora CPAD

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