Visite nossa Página no JUSBRASIL

Site Jurídico

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Por que a ciência precisa da filosofia?




Por que a ciência precisa da filosofia?




Resultado de imagem para italy
Crédito: Shutterstock.
Por Lucie Laplane, Paolo Mantovani, Ralph Adolphs, Hasok Chang, Alberto Mantovani, Margaret McFall-Ngai, Carlo Rovelli, Elliott Sober e Thomas Pradeu Publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America 
“Um conhecimento do contexto histórico e filosófico oferece esse tipo de independência dos preconceitos de sua geração, dos quais a maioria dos cientistas está sofrendo. Essa independência criada pela visão filosófica é, na minha opinião, a marca da distinção entre um mero artesão ou especialista e um verdadeiro buscador da verdade.” – Albert Einstein, Carta a Robert Thornton, 1944

Apesar dos estreitos vínculos históricos entre a ciência e a filosofia, os cientistas atuais muitas vezes percebem a filosofia como um campo completamente diferente e até antagônico à ciência. Argumentamos aqui que, ao contrário dessa crença, a filosofia pode ter um impacto importante e produtivo na ciência.
Ilustramos nosso argumento com três exemplos extraídos de vários campos das ciências contemporâneas da vida. Cada um desses exemplos tem pesquisas científicas de ponta e reconhecimento explícito pela prática de pesquisadores como uma contribuição útil à ciência. Esses e outros exemplos mostram que a contribuição da filosofia pode assumir, pelo menos, quatro formas: a clarificação de conceitos científicos, a avaliação crítica de pressupostos ou métodos científicos, a formulação de novos conceitos e teorias e o fomento do diálogo entre as diferentes ciências, bem como entre a ciência e a sociedade.

Clarificação conceitual e células-tronco

Primeiro, a filosofia oferece clarificação conceitual. As clarificações conceituais não apenas melhoram a precisão e a utilidade dos termos científicos, mas também levam a novas investigações experimentais, porque a escolha de uma dada estrutura conceitual restringe fortemente como os experimentos são concebidos.
A definição de células-tronco é um excelente exemplo. A filosofia tem uma longa tradição em investigar propriedades, e as ferramentas em uso nessa tradição foram recentemente aplicadas para descrever o “stemness”, a propriedade que define as células-tronco. Um de nós mostrou que existem quatro tipos diferentes de propriedades sob o disfarce de stemness no conhecimento científico atual (1). Dependendo do tipo de tecido, o stemness pode ser uma propriedade categórica (uma propriedade intrínseca da célula-tronco, independente de seu ambiente), uma propriedade disposicional (uma propriedade intrínseca da célula-tronco que é controlada pelo microambiente), uma propriedade relacional (uma propriedade extrínseca que pode ser conferida a células não-tronco pelo microambiente) ou uma propriedade sistêmica (uma propriedade que é mantida e controlada no nível de toda a população de células).
Hans Clevers, pesquisador de células-tronco e biologia do câncer, observa que essa análise filosófica destaca importantes problemas semânticos e conceituais em oncologia e biologia de células-tronco. Ele também sugere que essa análise é prontamente aplicável à experimentação (2). De fato, além da clarificação conceitual, esse trabalho filosófico tem aplicações no mundo real, conforme ilustrado pelo caso de células-tronco cancerígenas em oncologia.
Pesquisas voltadas ao desenvolvimento de medicamentos direcionados às células-tronco cancerígenas ou ao seu microambiente, na verdade, dependem de diferentes tipos de stemness e, portanto, têm probabilidade de ter diferentes taxas de sucesso, dependendo do tipo de câncer (1). Além disso, eles podem não abranger todos os tipos de câncer, porque as estratégias terapêuticas atuais não levam em consideração a definição sistêmica de stemness. A determinação do tipo de stemness encontrado em cada tecido e câncer é, portanto, útil para direcionar o desenvolvimento e a escolha de terapias anticâncer. Na prática, essa estrutura levou à investigação de terapias contra o câncer que combinam o direcionamento das propriedades intrínsecas das células-tronco cancerígenas, seu microambiente e os pontos de checagem imunológica para cobrir todos os tipos possíveis de stemness (3).
Além disso, esse quadro filosófico foi recentemente aplicado a outro campo, o estudo dos organoides. Em uma revisão sistêmica de dados experimentais sobre organoides de várias fontes, Picollet-D’hahan et al. (4) caracterizaram a capacidade de formar organoides como uma propriedade disposicional. Eles poderiam argumentar que, para aumentar a eficiência e a reprodutibilidade da produção de organoides, um grande desafio atual no campo, os pesquisadores precisam entender melhor a parte intrínseca da propriedade disposicional que é influenciada pelo microambiente. Para discriminar as características intrínsecas das células que possuem essa disposição, esse grupo está agora desenvolvendo métodos genômicos funcionais de alto rendimento, permitindo uma investigação do papel de praticamente todos os genes humanos na formação de organoides.

Imunogenicidade e microbioma

Complementarmente ao seu papel na clarificação conceitual, a filosofia pode contribuir para a crítica de pressupostos científicos – e pode até ser proativa na formulação de teorias novas, testáveis ​​e preditivas que ajudem a estabelecer novos caminhos para a pesquisa empírica.
Por exemplo, uma crítica filosófica da estrutura do sistema imune self-nonself (5) levou a duas contribuições científicas significativas. Primeiro, foi a base da formulação de um novo quadro teórico, a teoria da descontinuidade da imunidade, que complementa os modelos anteriores de self-nonself e de perigo, propondo que o sistema imunológico responde a modificações repentinas de motivos antigênicos (6). Essa teoria lança luz sobre muitos importantes fenômenos imunológicos, incluindo doenças autoimunes, respostas imunes a tumores e tolerância imunológica a ligantes cronicamente expressos. A teoria da descontinuidade tem sido aplicada a uma infinidade de perguntas, ajudando a explorar os efeitos dos agentes quimioterapêuticos na imunomodulação do câncer e explicando como as células assassinas naturais modificam constantemente seu fenótipo e funções através de suas interações com seus ligantes de uma maneira que garanta a tolerância aos constituintes (self) corporais (7). A teoria também ajuda a explicar as consequências de vacinações repetidas em indivíduos imunocomprometidos (8) e sugere modelos matemáticos dinâmicos de ativação imune. Coletivamente, essas várias avaliações empíricas ilustram como propostas filosoficamente inspiradas podem levar a novos experimentos, abrindo novos caminhos para a pesquisa.
Segundo, a crítica filosófica contribuiu juntamente com outras abordagens filosóficas à noção de que todo organismo, longe de ser um eu geneticamente homogêneo, é uma comunidade simbiótica que abriga e tolera múltiplos elementos estranhos (incluindo bactérias e vírus), que são reconhecidos mas não eliminados por seu sistema imunológico (9). Pesquisas sobre integração simbiótica e tolerância imunológica têm consequências de longo alcance para nossa concepção do que constitui um organismo individual, cada vez mais conceituado como um ecossistema complexo cujas funções principais, do desenvolvimento à defesa, reparo e cognição, são afetadas pelas interações com os micróbios (9).

Influenciando a ciência cognitiva

O estudo da cognição e da neurociência cognitiva oferece uma ilustração impressionante da influência profunda e duradoura da filosofia sobre a ciência. Assim como na imunologia, os filósofos formularam teorias e experimentos influentes, ajudaram a iniciar programas de pesquisa específicos e contribuíram para mudanças de paradigma. Mas a escala da influência supera o caso da imunologia. A filosofia teve participação na mudança do behaviorismo para o cognitivismo e o computacionalismo na década de 1960. Talvez a mais visível tenha sido a teoria da modularidade da mente, proposta pelo filósofo Jerry Fodor (10). Sua influência nas teorias da arquitetura cognitiva dificilmente pode ser exagerada. Em um tributo à morte de Fodor em 2017, o principal psicólogo cognitivo James Russell falou na revista British Psychological Society de “psicologia cognitiva do desenvolvimento BF (antes de Fodor) e AF (depois de Fodor)”.
A modularidade é ideia de que os fenômenos mentais surgem da operação de múltiplos processos distintos, não de um único processo indiferenciado. Inspirado por evidências da psicologia experimental, da linguística chomskiana e das novas teorias computacionais da filosofia da mente, Fodor teorizou que a cognição humana é estruturada em um conjunto de módulos especializados informacionalmente encapsulados específicos de um nível inferior e um nível superior, um sistema central geral de domínio para raciocínio abdutivo com informação fluindo verticalmente para cima, não para baixo ou horizontalmente (ou seja, entre módulos). Ele também formulou critérios rigorosos para modularidade. Até hoje, a proposta de Fodor estabelece os termos para muitas pesquisas e teorias empíricas em muitas áreas da ciência cognitiva e da neurociência (11, 12), incluindo desenvolvimento cognitivo, psicologia evolutiva, inteligência artificial e antropologia cognitiva. Embora sua teoria tenha sido revisada e contestada, os pesquisadores continuam a usar, ajustar e debater sua abordagem e seu conjunto básico de ferramentas conceituais.
A ciência e a filosofia compartilham as ferramentas da lógica, análise conceitual e argumentação rigorosa. No entanto, os filósofos podem operar essas ferramentas com graus de profundidade, liberdade e abstração teórica que os pesquisadores em prática geralmente não podem pagar em suas atividades diárias.
A tarefa da crença falsa constitui outra instância importante do impacto da filosofia nas ciências cognitivas. O filósofo Daniel Dennett foi o primeiro a conceber a lógica básica desse experimento como uma revisão de um teste utilizado para avaliar a teoria da mente, a capacidade de atribuir estados mentais a si mesmo e aos outros (13). A tarefa testa a capacidade de atribuir aos outros crenças que consideramos falsas, a ideia principal é que raciocinar sobre as crenças falsas dos outros, em oposição às crenças verdadeiras, exige a concepção de outras pessoas como tendo representações mentais que divergem das próprias e da forma como o mundo realmente é. Sua primeira aplicação empírica foi em 1983 (14), em um artigo cujo título, “Beliefs About Beliefs: Representation and Constraining Function of Wrong Beliefs in Young Children’s Understanding of Deception”, é em si um tributo direto à contribuição de Dennett.
A tarefa da crença falsa representa um experimento importante em várias áreas da ciência cognitiva e da neurociência, com ampla aplicação e implicações. Elas incluem testes para estágios cognitivos de desenvolvimento em crianças, debatendo a arquitetura da cognição humana e suas capacidades distintas, avaliando a teoria das habilidades mentais em grandes símios, desenvolvendo teorias do autismo como cegueira mental (segundo a qual as dificuldades em passar a tarefa da crença falsa são associados à condição) e determinar quais regiões cerebrais específicas estão associadas à capacidade de raciocinar sobre o conteúdo da mente de outra pessoa (15).
A filosofia também ajudou o campo da ciência cognitiva a encontrar pressupostos problemáticos ou desatualizados, ajudando a impulsionar mudanças científicas. Os conceitos de mente, inteligência, consciência e emoção são utilizados ​​onipresentemente em diferentes campos, com pouca concordância quanto ao seu significado (16). A engenharia da inteligência artificial, a construção de teorias psicológicas das variáveis ​​do estado mental e o uso de ferramentas de neurociência para investigar a consciência e a emoção requerem as ferramentas conceituais para a autocrítica e o diálogo interdisciplinar – precisamente as ferramentas que a filosofia pode fornecer.



Crédito: Wiebke Bretting.

Filosofia e conhecimento científico

Os exemplos acima estão longe de serem os únicos: nas ciências da vida, a reflexão filosófica tem desempenhado um papel importante em questões tão diversas como o altruísmo evolutivo (17), o debate sobre unidades de seleção (18), a construção de uma “árvore da vida” (19), a predominância de micróbios na biosfera, a definição do gene e o exame crítico do conceito de inatilidade (20). Da mesma forma, na física, questões fundamentais como a definição de tempo foram enriquecidas pelo trabalho dos filósofos. Por exemplo, a análise da irreversibilidade temporal de Huw Price (21) e curvas temporais fechadas de David Lewis (22) ajudaram a dissipar a confusão conceitual na física (23).
Inspirados por esses exemplos e muitos outros, vemos a ciência e a filosofia localizadas em um continuum. A ciência e a filosofia compartilham as ferramentas da lógica, análise conceitual e argumentação rigorosa. No entanto, os filósofos podem operar essas ferramentas com graus de profundidade, liberdade e abstração teórica que os pesquisadores em prática geralmente não podem pagar em suas atividades diárias. Os filósofos com o conhecimento científico relevante podem então contribuir significativamente para o avanço da ciência em todos os níveis do empreendimento científico, desde teoria até a experimentação, como mostram os exemplos acima.
Mas como, na prática, podemos facilitar a cooperação entre pesquisadores e filósofos? À primeira vista, a solução pode parecer óbvia: cada comunidade deve dar um passo em direção à outra. No entanto, seria um erro considerar isso uma tarefa fácil. Os obstáculos são muitos. Atualmente, um número significativo de filósofos despreza a ciência ou não vê a relevância da ciência em seu trabalho. Mesmo entre os filósofos que favorecem o diálogo com os pesquisadores, poucos têm um bom conhecimento da ciência mais recente. Por outro lado, poucos pesquisadores percebem os benefícios que as ideias filosóficas podem trazer. No atual contexto científico, dominado pelo aumento da especialização e pelas crescentes demandas por financiamento e produção, apenas um número muito limitado de pesquisadores tem tempo e oportunidade para conhecer o trabalho produzido pelos filósofos sobre a ciência e muito menos lê-la.
Para superar essas dificuldades, acreditamos que uma série de recomendações simples, que podem ser prontamente implementadas, pode ajudar a preencher a lacuna entre a ciência e a filosofia. A reconexão entre a ciência e a filosofia é altamente desejável e mais realizável na prática do que o sugerido pelas décadas de distanciamento entre eles.
I) Dar mais espaço para a filosofia em conferências científicas. Esse é um mecanismo muito simples para os pesquisadores avaliarem a utilidade potencial dos insights dos filósofos para suas próprias pesquisas. Reciprocamente, mais pesquisadores poderiam participar de conferências de filosofia, expandindo os esforços de organizações como a International Society for the History, Philosophy and Social Studies of Biology, a Philosophy of Science Association e a Society for Philosophy of Science in Practice.
II) Acolher os filósofos em laboratórios e departamentos científicos. Essa é uma maneira poderosa (já explorada por alguns dos autores e muitos outros) para que os filósofos aprendam ciência e forneçam análises mais apropriadas e bem fundamentadas, e os pesquisadores se beneficiem de contribuições filosóficas e se acostumem com a filosofia em geral. Essa pode ser a maneira mais eficiente de ajudar a filosofia a ter um impacto rápido e concreto na ciência.
III) Coorientar estudantes de doutorado. A coorientação de estudantes de doutorado por um pesquisador e um filósofo é uma excelente oportunidade para possibilitar a alimentação cruzada dos dois campos. Facilita a produção de dissertações que são experimentalmente ricas e conceitualmente rigorosas e, no processo, forma a próxima geração de cientistas-filósofos.
IV) Criar currículos equilibrados em ciência e filosofia que promovam um diálogo genuíno entre eles. Alguns desses currículos já existem em alguns países, mas expandi-los deve ser uma alta prioridade. Eles podem fornecer aos alunos de ciência uma perspectiva que os capacite melhor para os desafios conceituais da ciência moderna e aos filósofos uma base sólida para o conhecimento científico que maximizará seu impacto na ciência. O currículo de ciência pode incluir uma aula na história da ciência e na filosofia da ciência. O currículo de filosofia pode incluir um módulo de ciência.
V) Ler ciência e filosofia. A leitura da ciência é indispensável para a prática da filosofia da ciência, mas a leitura da filosofia também pode constituir uma grande fonte de inspiração para os pesquisadores, conforme ilustrado por alguns dos exemplos acima. Por exemplo, clubes de periódicos em que as contribuições da ciência e da filosofia são discutidas constituem uma maneira eficiente de integrar filosofia e ciência.
VI) Abrir novas seções dedicadas a questões filosóficas e conceituais em periódicos científicos. Essa estratégia seria uma maneira apropriada e convincente de sugerir que o trabalho filosófico e conceitual é contínuo com o trabalho experimental, na medida em que é inspirado por ele e pode inspirá-lo em troca. Também tornaria as reflexões filosóficas sobre um domínio científico específico muito mais visíveis para a comunidade científica relevante do que quando são publicadas em periódicos de filosofia, que raramente são lidos pelos cientistas.
Esperamos que as etapas práticas expostas acima incentivem um renascimento na integração da ciência e da filosofia. Além disso, argumentamos que manter uma forte aliança com a filosofia aumentará a vitalidade da ciência. A ciência moderna sem filosofia estará indo de encontro a um muro: o dilúvio de dados em cada campo tornará a interpretação cada vez mais difícil, a negligência da amplitude e da história comprimirá e separará as subdisciplinas científicas, e a ênfase em métodos e resultados empíricos conduzirá a um treinamento mais raso e superficial aos alunos. Como Carl Woese (24) escreveu: “Uma sociedade que permite que a biologia se torne uma disciplina de engenharia, que permite à ciência assumir o papel de mudar o mundo vivo sem tentar entendê-lo, é um perigo para si mesma”. Precisamos de um revigoramento da ciência em todos os níveis, uma que nos retorna os benefícios de laços estreitos com a filosofia.

Referências

  1. Laplane L (2016) Cancer Stem Cells: Philosophy and Therapies (Harvard Univ Press, Cambridge, MA).
  2. Clevers H (2016) Cancer therapy: Defining stemness. Nature 534:176–177.
  3. Bialkowski L, et al. (2018) Immune checkpoint blockade combined with IL-6 and TGF-β inhibition improves the therapeutic outcome of mRNA-based immunotherapy. Int J Cancer 143:686–698.
  4. Picollet-D’hahan N, Dolega ME, Freida D, Martin DK, Gidrol X (2017) Deciphering cell intrinsic properties: A key issue for robust organoid production. Trends Biotechnol 35:1035–1048.
  5. Pradeu T, Carosella ED (2006) On the definition of a criterion of immunogenicity. Proc Natl Acad Sci USA 103:17858–17861.
  6. Pradeu T, Jaeger S, Vivier E (2013) The speed of change: Towards a discontinuity theory of immunity? Nat Rev Immunol 13:764–769.
  7. Boudreau JE, Hsu KC (2018) Natural killer cell education and the response to infection and cancer therapy: Stay tuned. Trends Immunol 39:222–239.
  8. Rinaldi S, et al. (2014) Antibody but not memory B-cell responses are tuned-down in vertically HIV-1 infected children and young individuals being vaccinated yearly against influenza. Vaccine 32:657–663.
  9. McFall-Ngai M, et al. (2013) Animals in a bacterial world, a new imperative for the life sciences. Proc Natl Acad Sci USA 110:3229–3236.
  10. Fodor JA (1983) Modularity of Mind: An Essay on Faculty Psychology (MIT Press, Cambridge, MA).
  11. Barrett HC, Kurzban R (2006) Modularity in cognition: Framing the debate. Psychol Rev 113:628–647.
  12. Kanwisher N (2000) Domain specificity in face perception. Nat Neurosci 3:759–763.
  13. Dennett DC (1978) Beliefs about beliefs. Behav Brain Sci 1:568–570.
  14. Wimmer H, Perner J (1983) Beliefs about beliefs: Representation and constraining function of wrong beliefs in young children’s understanding of deception. Cognition 13:103–128.
  15. Frith U, Frith CD (2003) Development and neurophysiology of mentalizing. Philos Trans R Soc Lond B Biol Sci 358:459–473.
  16. Adolphs R (2018) The Neuroscience of Emotion: A New Synthesis (Princeton Univ Press, Princeton).
  17. Sober E, Wilson DS (1998) Unto Others: The Evolution and Psychology of Unselfish Behavior (Harvard Univ Press, Cambridge, MA).
  18. Okasha S (2006) Evolution and the Levels of Selection (Oxford Univ Press, London).
  19. Koonin EV (2011) The Logic of Chance: The Nature and Origin of Biological Evolution (FT Press, Upper Saddle River, NJ), 1st Ed.
  20. Mameli M, Bateson P (2006) Innateness and the sciences. Biol Philos 21:155–188.
  21. Price H (1996) Time’s Arrow and Archimede’s Point: Philosophical Reflections on Time and Physics (Oxford Univ Press, London).
  22. Lewis D (1976) The paradoxes of time travel. Am Philos Q 13:145–152.
  23. Rovelli C (2018) Physics needs philosophy. Philosophy needs physics. Found Phys 48:481–491.
  24. Woese CR (2004) A new biology for a new century. Microbiol Mol Biol Rev 68:173–186.

Fontes de referência, estudos e pesquisa:

https://universoracionalista.org/por-que-a-ciencia-precisa-da-filosofia/

https://www.profjuliomartins.com

domingo, 19 de janeiro de 2020

LIÇÃO 04 - OS ATRIBUTOS DO SER HUMANO - 1º Trimestre 2020

Jesus histórico - Uma breve introdução - Parte 4/10

Jesus histórico - Uma breve introdução - Parte 4/10



Resultado de imagem para jesus histórico pdf


A carta bem datada mais antiga é a Primeira aos Tessalonicenses, escrita entre 50 e 51, uns vinte anos após a morte de Jesus.
Paulo, contudo, não parece ter conhecido pessoalmente Jesus e pouco nos fala sobre a vida do nazareno. Por fim, o livro do Apocalipse consiste em uma visão profética do futuro etampouco se volta para o Jesus da Galileia.
Portanto, as fontes principais sobre a vida de Jesus são os Evangelhos.
Os Evangelhos:

Jesus falava o aramaico, uma língua semita, aparentada ao hebraico.
Assim: “E, tendo chegado à casa do principal da sinagoga, viu o alvoroço, e os que choravam muito e pranteavam. E, entrando, disse-lhes: por que vos alvoroçais e chorais? Amenina não está morta, mas dorme. E riram-se dele; porém ele, tendo-os feito sair, tomou consigo o pai e a mãe da menina, e os que com ele estavam, e entrou onde a menina estava deitada. E, tomando a mão da menina, disse-lhe: Talita cumi  – que, traduzido, é: menina, a ti te digo, levanta-te. E logo a menina se levantou, e andava, pois já tinha doze anos; e assombraram-se com grande espanto” (Marcos 5, 38-42).
Esta é uma das poucas passagens que reproduzem palavras originais de Jesus em sua língua. Talita significa “fresca”, pois era uma menina ainda, não era uma mulher adulta.
No entanto, já aqui se põe um problema, pois o termo grego usado no trecho para traduzir, "paidion", significa criança de ambos os gêneros.
Neste caso, temos a frase original, mas em todos os outros contamos apenas com o grego, língua que, ao que se sabe, Jesus nunca falou.
Como as palavras de Jesus, em aramaico, acabaram, décadas depois, sendo registradas nos Evangelhos? Antes de tudo, convém lembrar como as pessoas se relacionavam com a memória na Antiguidade.
A alfabetização não era expandida e a maioria das pessoas era analfabeta e mesmo as que dominavam a escrita nela não se fiavam para se lembrar do que liam.
Os livros já existiam, mas eram rolos que eram desenrolados para que pudessem ser lidos.
Era, portanto, impossível fazer uma consulta a passagens de obras, como se pode fazer com livros impressos e, mais ainda, com documentos digitais.
Hoje, e há já alguns séculos, estamos acostumados a consultar escritos, quando queremos nos informar ou mesmo rememorar algo que já lemos. Nada disso ocorria naquela época.
As pessoas decoravam, tendo lido ou ouvido um texto, e podiam reproduzir longas passagens, para não dizer obras inteiras e imensas. Em Lucas (4, 16-18), diz-se que: “E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler. E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: o Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração”.
Muitos estudiosos modernos ponderam que o que se chama de sinagoga, palavra grega, representa, no caso de uma aldeia de 300 pessoas, como Nazaré, apenas uma casa usada para a reunião da comunidade.
Este, aliás, o nome da sinagoga em hebraico: "beitknesset",  casa de reunião. Não se sabe se haveria rolos com a Bíblia hebraica, mas, mesmo que houvesse, quem saberia ler? A passagem, contudo, sugere que Jesus tenha citado de cabeça Isaias 61.
Isaias era um dos profetas populares que defendiam os pobres, em versos que mais se assemelham a nossas canções rimadas populares.
Quem escreveu o Evangelho de Lucas, décadas depois, não conhecia de primeira mão as comunidades galiléias e, assim como em outras passagens, introduz detalhes, na narrativa, que refletiam a realidade das cidades gregas na qual se difundia o cristianismo.
Um segundo aspecto da memória antiga deve ser recordado, para além da capacidade de decorar frases: seu caráter subjetivo e religioso. A memória é sempre subjetiva e estamos sempre sujeitos a recordar determinados momentos da vida, manter certas frases e situações e a esquecer e suprimir outras.
Estes mesmos mecanismos fizeram com que os seguidores de Jesus recordassem episódios e ditos de Jesus, assim como suprimissem outros.
Isto garantiria a preservação, ainda que alterada pela experiência posterior, de muitas experiências com o nazareno.
Dentre os mecanismos de preservação e supressão, sobressaiam as crenças e convicções dos antigos, que não estavam sujeitas aos critérios da ciência moderna, que, claro, não existia naquela época. Muitos milagres são mencionados nos Evangelhos, como a cura da menina que acabamos de reportar.
       Tais episódios constituem experiências fortes e, portanto, inesquecíveis. 


Fonte de referência, estudos e pesquisa:

https://www.academia.edu/14777618/Jesus_Hist%C3%B3rico_alguns_trechos

http://www.profjuliomartins.com


sábado, 18 de janeiro de 2020

Introdução a Ciência Política - Terceira parte

Introdução a Ciência Política - Terceira parte


Resultado de imagem para introdução à ciência políticaNessa última parte, vamos abordar sobre o Governo, grupos políticos e sistema eleitoral.

Governo

Quanto à forma de governo temos:
Parlamentarismo ou Presidencialismo
Quanto ao regime político temos:
Democracia ou Aristocracia
Para Norberto Bobbio “Governo é o conjunto de pessoas que exercem o poder público e que determinam a orientação política de uma sociedade
Há uma separação entre Governo e Administração.
O Governo responde a uma pergunta: O que fazer?
A Administração responde a outra pergunta: Como fazer?

Parlamentarismo x Presidencialismo

No Presidencialismo há uma separação absoluta dos poderes. O chefe do Governo também é o chefe do Estado.
Já no Parlamentarismo não há essa divisão absoluta dos poderes. O chefe do Governo não seria o chefe do Estado.
No Parlamentarismo o chefe do Estado seria o Rei ou a Rainha, e o chefe de Governo seria o primeiro ministro.

Parlamentarismo
O parlamentarismo inglês é o parlamentarismo mais antigo do mundo, tendo mais de 700 anos
.
Qual a diferença do parlamentarismo Inglês (clássico) para os outros tipos de parlamentarismos?

Bom, o poder executivo do parlamentarismo é representado por um conselho de ministro e não por um presidente da república. Aquele é presidido por um primeiro ministro que é escolhido pela maioria parlamentar (metade do parlamento mais um).
Quando tratamos de parlamentarismo na Inglaterra, já é de forma diferenciada. O executivo é produto do partido que tem a maior representação nas comarcas dos comuns (equivalente aqui no Brasil como as câmaras dos deputados). No parlamentarismo Inglês não importa que seja a metade mais um, porque mesmo que ele tenha só quarenta e trinta e oito por cento das cadeiras do parlamento, os demais partidos não se coligam contra este para assumir o governo, devido que a ascensão do governo é automática. O líder da bancada parlamentarista na câmara dos comuns é automaticamente escolhido o primeiro ministro, ou seja, ele vai à rainha, se apresenta e anuncia que estar constituindo o governo.
Há diferença nos outros sistemas parlamentaristas (Alemanha, Itália, França...). Se eles não conseguem um partido com a maioria, eles vão ter que se coligar. Um exemplo é a Alemanha, porque quando ela instituiu seu parlamentarismo só havia três partidos no parlamento (conservadores, liberais e sociais democratas), nenhum dos dois conseguiu maiorias absolutas, então se uniram a outro partido (coalizão).
O chefe de Estado (Rei, Rainha, imperador) é escolhido pelo parlamento de forma indireta, com exceção de cinco países (França, Áustria, Portugal, Finlândia, Irlanda), que mesmo sendo parlamentarista o seu chefe de Estado é eleito de forma direita . É como se fosse uma eleição do governo pela maioria absoluta parlamentar.

As figuras dos Reis e Rainhas no parlamento
Quem governa é o chefe do governo (Primeiro Ministro). Os Reis e Rainhas somente exercem funções cerimoniais, são aqueles que recebem os credenciamentos dos embaixadores, eles também exercem titularidade do comando das forças armadas.

Partidos políticos
Os partidos políticos são instituições “vitais” para a democracia, porque são eles quem fazem as intermediações entre a sociedade e o Estado. São eles quem viabilizam as eleições nos países democráticos.
O surgimento do primeiro partido foi em meados do Século XVIII, porém, eram distintos dos nossos partidos políticos. Eram chamados de partidos parlamentares, ou seja, só existiam os partidos dentro dos parlamentos. Isso se deve porque os interesses dos burgueses eram semelhantes (Burguesia mercantil, financeira, industrial). O que poderia haver eram algumas diferenças de interesses, mas não de ideais.
Os partidos só começam a se externarem nas ruas quando se universalizam o direito de voto na França em 1848. (Direito de voto a todos os cidadãos).

Grupos de pressão e grupos de interesse
O Lobby pressiona os congressistas de diversas maneiras, sendo de forma lícita ou até ilícita para os interesses dos particulares.
Foi nos EUA onde surgiu o Lobby e também onde pela primeira vez que foi regulamentado.

Grupos de Pressão: São as entidades organizadas que não atuam só politicamente. Como exemplo tem-se os Sindicatos, que atuam na representação dos trabalhadores, mas também atuam na representação no congresso.

Grupos de Interesse: Esses grupos atuam eventualmente, ou seja, quando se organizam para atuar. Temos como exemplo a política de proteção aos índios, na qual, um grupo vai à defesa dos índios. Esses grupos de interesses agem de forma informal (Não há representação no congresso), com exceção do grupo ”Sem Terra” que conseguiu virar um grupo de pressão.

Como é que os parlamentos tomam as decisões?
Enquanto o presidente da república toma decisões, o congresso toma deliberações, ou seja, exige a participação de todos os integrantes do parlamento.

Sistema eleitoral
Existem vários tipos de sistemas eleitorais. Entre esses vários sistemas temos:

Eleição majoritária: É aquele sistema na qual quem ganha é o que tem maior número de votos. É a regra através da qual se escolhe um titular ou mais de um titular para diferentes poderes. (Presidente da república, senadores, governadores, prefeitos)

Eleições proporcionais: É aquele sistema em que cada partido tem um número de cadeiras no parlamento proporcional ao número de votos que recebe. (Deputado Federal e Estadual).

Fonte de referência, estudos e pesquisa:

Visite Nossa Loja Parceira do Magazine Luiza - Click na Imagem

Mensagens de Bom Dia com Deus - Good morning messages with God - ¡Mensajes de buenos días con Dios

Bom Dia com Deus

Canal Luisa Criativa

Aprenda a Fazer Crochê

Semeando Jesus