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sábado, 7 de março de 2020

Direito Civil - Exercícios de Fixação

Direito Civil - Exercícios de Fixação

Vamos responder as questões? 



1 - É correto afirma que os artigos 3°(da incapacidade absoluta) e 4° (da incapacidade relativa) do código civil tratam de capacidade de fato e não da capacidade de direito?

2 - A personalidade admite gradação? A capacidade de direito admite gradação? Explique.

3- Quais as espécies de capacidade. Quem possui capacidade limitada possui necessariamente, qual das espécies de capacidade? No que tange a pratica dos atos da vida civil pelos titulares, como se dará o seu exercício? Explique e cite o dispositivo correspondente.

4 - Admite a nossa lei civil os intervalos de lucidez? Pode-se como base o Código Civil, fala-se em uma gradação para a debilidade mental? Justifique, e explique a segunda pergunta, citando os dispositivos correspondentes, instalados no código civil.

5 - Apresenta alguma importância a habitualidade no uso de substância, quanto à presença da incapacidade? Explique citando os dispositivos instalados no Código Civil.

6 - Uma criança de dois anos de idade possui capacidade jurídica? De qual espécie? Pode exercer atos da vida civil? Explique fundamentando nos dispositivos legais.

7- É possível que o incapaz em face de sua idade, seja do ponto de vista jurídico plenamente apto para a prática da vida civil? Explique fundamentando nos dispositivos legais, demonstrando toda a casuística.

Gabaritando.

1 - As pessoas dos artigos 3º (da incapacidade absoluta) e as do artigo 4º (da incapacidade relativa) tratam da capacidade de direito, pois todas as pessoas desde seu nascimento com vida adquirem esta capacidade. Mas é incorreto afirmar que as pessoas do artigo 3º ( da incapacidade absoluta) se tratam de capacidade de fato, pois elas não poderão exercer seu próprio direito, ou seja, não poderão ,por si só, praticar atos da vida civil.

2 - A personalidade não admite gradação. Porque todos a tem independente de qual situação se encontrem. De acordo com os natalistas basta nascer com vida para tornar-se uma pessoa e adquirir personalidade. No entanto, sou adepta a teria conceptista de Maria helena Diniz, na qual temos a personalidade formal desde a concepção e adquirimos a personalidade material devido ao nascimento com vida para sermos titulares de direito patrimoniais.
Com relação à capacidade de direito, também não podemos admitir gradação. Porque todas as pessoas sejam elas absolutamente incapazes, relativamente incapazes, e plenamente capazes, têm a mesma capacidade de Direito.

3 - São espécies da capacidade a capacidade de Direito ou de gozo e a capacidade de exercício ou de fato. Quem possui capacidade limitada possui somente a capacidade de Direito, pois não poderá exercer seu próprio direito na ordem jurídica, somente com o auxílio de um representante ou assistente. No que tange á prática dos atos da vida civil pelos titulares se dará de acordo com os artigos 1634, V CC. art. 402 CLT. Art. 5º CC. art. 1767 CC.

4 - Declarada judicialmente a incapacidade, não são válidos os atos praticados pelo incapaz mesmo nos intervalos de perfeita lucidez. Essa observação é necessária, considerando a existência de graves doenças mentais que se manifestam apenas ciclicamente. Pode-se falar em gradação para debilidade mental. De acordo com o código Civil art. 3º inciso II, temos os absolutamente incapazes os que por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos. Ou seja, pessoas que padeçam de doença ou deficiência mental, que as tornem incapazes de praticar atos no comercio jurídico, são considerados absolutamente incapazes. Já no art. 4º temos o inciso II e o III. Nos quais falam que são relativamente incapazes os que por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido. Ou seja, eles poderão de certa forma praticar atos da vida civil, contando com seu assistente. E quando se trata dos excepcionais, sem desenvolvimento mental completo, estamos nos referindo aos portadores de síndrome de Down.

5 - A habitualidade no uso de substancias apresenta importância quando se trata de ébrios habituais, ou viciados em tóxicos, art. 4º, II. Muito importante dizer que a embriaguez o vício tóxico e a deficiência, consideradas como causas de incapacidade relativa, neste caso, reduzem, mas não aniquilam a capacidade de discernimento. Se privarem totalmente o agente de capacidade de consciência e orientação, como na embriaguez patológica ou toxicomania grave (dependência química total) configurar-se-á incapacidade absoluta, na forma do artigo 3º, II.  

6 - Uma criança de dois anos possui capacidade jurídica, pois ela adquiriu direitos e obrigações, sendo de forma diversa tal obrigação, ou seja, a criança deverá ser representada pelos pais ou pelo seu tutor em todos os atos da vida civil. A criança terá capacidade de Direito ou de gozo, em que adquirirá direitos, podendo ou não exercê-los. Pode ser encontrado nos dispositivos legais no próprio artigo 3º, I. No qual diz que são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de dezesseis anos

7 - É possível o incapaz em face de sua idade, exercer os atos da vida civil. Mas para que isso aconteça é preciso está de acordo com o artigo 5º CC. No qual diz: A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa ficar habilitada á praticar todos os atos da vida civil. Mas, pelo parágrafo único é estabelecido que cessará  a incapacidade para os menores pela concessão dos pais (emancipação voluntária), mediante instrumento público, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor (emancipação judicial),  pelo casamento, pelo exercício de emprego público efetivo, pela colação de grau em ensino superior ou pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria (emancipação legal).



Fontes de referência, estudos e pesquisa:



Levítico Capítulo 01

Levítico Capítulo 01



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1 E chamou o SENHOR a Moisés, e falou com ele da tenda da congregação, dizendo:
2 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando algum de vós oferecer oferta ao Senhor, oferecerá a sua oferta de gado, isto é, de gado vacum e de ovelha.
3 Se a sua oferta for holocausto de gado, oferecerá macho sem defeito; à porta da tenda da congregação a oferecerá, de sua própria vontade, perante o Senhor.
4 E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação.
5 Depois degolará o bezerro perante o Senhor; e os filhos de Arão, os sacerdotes, oferecerão o sangue, e espargirão o sangue em redor sobre o altar que está diante da porta da tenda da congregação.
6 Então esfolará o holocausto, e o partirá nos seus pedaços.
7 E os filhos de Arão, o sacerdote, porão fogo sobre o altar, pondo em ordem a lenha sobre o fogo.
8 Também os filhos de Arão, os sacerdotes, porão em ordem os pedaços, a cabeça e o redenho sobre a lenha que está no fogo em cima do altar;
9 Porém a sua fressura e as suas pernas lavar-se-ão com água; e o sacerdote tudo isso queimará sobre o altar; holocausto é, oferta queimada, de cheiro suave ao Senhor.
10 E se a sua oferta for de gado miúdo, de ovelhas ou de cabras, para holocausto, oferecerá macho sem defeito.
11 E o degolará ao lado do altar que dá para o norte, perante o Senhor; e os filhos de Arão, os sacerdotes, espargirão o seu sangue em redor sobre o altar.
12 Depois o partirá nos seus pedaços, como também a sua cabeça e o seu redenho; e o sacerdote os porá em ordem sobre a lenha que está no fogo sobre o altar;
13 Porém a fressura e as pernas lavar-se-ão com água; e o sacerdote tudo oferecerá, e o queimará sobre o altar; holocausto é, oferta queimada, de cheiro suave ao Senhor.
14 E se a sua oferta ao Senhor for holocausto de aves, oferecerá a sua oferta de rolas ou de pombinhos;
15 E o sacerdote a oferecerá sobre o altar, e tirar-lhe-á a cabeça, e a queimará sobre o altar; e o seu sangue será espremido na parede do altar;
16 E o seu papo com as suas penas tirará e o lançará junto ao altar, para o lado do oriente, no lugar da cinza;
17 E fendê-la-á junto às suas asas, porém não a partirá; e o sacerdote a queimará em cima do altar sobre a lenha que está no fogo; holocausto é, oferta queimada de cheiro suave ao Senhor.
Fonte de referência, estudos e pesquisa:



quinta-feira, 5 de março de 2020

O Didaquê se refere ao sábado ou ao domingo?

O Didaquê se refere ao sábado ou ao domingo?




Alguns defensores do “domingo” como dia de guarda, tem se utilizado de um documento histórico antigo conhecido como “Didaquê” para defender o domingo como sendo o dia observado pelos cristãos primitivos. o Didaquê conhecido como “A instrução dos doze apóstolos” foi produzido no 1º século, alguns especialistas o datam como sendo produzido no inicio do 2º século, mas de acordo com Willy Rordorf as tradições contidas nele apontam para um texto produzido no 1º século, esta obra é composta de 16 capítulos, o historiador do 4º século   Eusébio de Cesareia cita essa obra em seu livro  “História Eclesiástica”  sabe-se que o “Didaque” não teria sido escrito pelos doze apóstolos mas por autores anônimos e que ele tem importância histórica pois apresenta a compreensão de cristãos primitivos . Será que esse documento realmente afirma que os cristãos primitivos tinham o domingo como um dia santo? Vamos analisar o texto do Didaque que é utilizado para afirmar isso:

“Reúna-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer após ter confessado seus pecados, para que o sacrifício seja puro.” Capítulo XIV, verso 1.

Os apologistas que defendem a guarda do domingo afirmam que essa expressão “dia do Senhor” que aparece nesse verso do didaque seja uma referencia ao 1º dia da semana o domingo, deve-se notar que o texto apenas fala de um dia santo, mas não afirma que dia é esse. Ao afirmar que esse texto esta se referindo ao domingo alguns apologistas estão acrescentando algo que o texto não diz, lembrando que nas escrituras o único dia que é chamado de “dia do Senhor “é o sábado Isaías 58:13-14, Mateus 12:8, mas quando se faz um estudo completo do didaque, a conclusão que se chega é que esse verso trata-se de uma referencia histórica a guarda do sábado. Sabe-se que o didaque tem como base os evangelhos, trata-se de um documento produzido com base neles isso é percebido ao fazer sua leitura.

Sabendo disso vamos analisar outro verso do texto do didaquê que prova que o verso do capitulo XIV se refere ao sábado:

“Os seus jejuns não devem coincidir com os dos hipócritas. Eles jejuam no segundo e no quinto dia da semana. Porém, você deve jejuar no quarto dia e no dia da preparação.” Capítulo VIII, verso 1.

Lembrando que o didaque tem como base os evangelhos, quando lemos o evangelho de Lucas , ele nos informa que o “dia da preparação” era o dia antes do sábado, a sexta feira, vejamos o versículo de Lucas 23:54:

“Era o dia da preparação, e começava o sábado.”-ARA.

Na Nova Versão Transformadora diz:
“Isso aconteceu na sexta-feira à tarde, no dia da preparação, quando o sábado estava para começar.”-NVT.

Se o texto esta se referindo à sexta feira que é o dia de preparação para o sábado de acordo com Lucas 23:56,  
Então um que os autores do didaquê tinham em mente ao escrever o Capítulo VIII, verso 1.  E o capitulo XIV, verso 1 de  sua obra ,era o sábado e não o domingo.

Quando ele se refere à sexta feira como dia da “preparação” ele está afirmando
Que o sábado ainda era guardado pela igreja primitiva o fato de o didaquê chamar a sexta feira de dia da preparação confirma isso.
 Sendo assim a conclusão é, que quando ele fala em “dia do Senhor” no capitulo XIV, verso 1 ele está se referindo ao sábado.


Autor: Wesley Renilson Silva

Referencias bibliográficas

RORDORF, W, "Didaché". In: DI BERARDINO, A., Dicionário patrístico e de antiguidades cristãs. Tradução de Cristina Andrade. Vozes, Petrópolis – RJ, 2002. pags. 404, 405.

Eusébio de Cesareia. História Eclesiástica.

Didaquê - a Instrução dos Doze Apóstolos .

Fonte de referência, estudos e pesquisa: 

https://www.profjuliomartins.com

domingo, 1 de março de 2020

Teleologia

A Teleologia


Resultado de imagem para teleológico significado       A teleologia (do grego τέλος, finalidade, e-logía, estudo) é o estudo filosófico dos fins, isto é, do propósito, objetivo ou finalidade. Embora o estudo dos objetivos possa ser entendido como se referindo aos objetivos que os homens se colocam em suas ações, em seu sentido filosófico, teleologia refere-se ao estudo das finalidades do universo. Platão e Aristóteles elaboraram essa noção do ponto de vista filosófico.
     No Fédon, Platão afirma que a verdadeira explicação de qualquer fenômeno físico deve ser teleológica. Ele se queixa daqueles que não distinguem entre as causas necessárias e causas suficientes das coisas, que ele identifica, respectivamente, como a causa material e a causa teleológica. Ele diz que os materiais que compõem um corpo são condições necessárias para seu movimento e ação de uma determinada maneira, mas que os materiais não podem ser condições suficientes para seu movimento e ação, que seriam determinados pelas finalidades impostas pelo demiurgo (Deus-artesão).
       Aristóteles desenvolveu a ideia de causa final que ele acreditava que era explicação determinante de todos os fenômenos. Sua ética afirmava que o Bem em si mesmo é o fim a que todo ser aspira, resultando na perfeição, na excelência, na arte ou na virtude. Todo ser dotado de razão aspira ao Bem como fim que possa ser justificado pela razão. A teleologia de Aristóteles é estreitamente relacionada à sua teoria do ato e potência.[1]
        Ernst Mayr aponta que o conceito de teleologia, na história da filosofia e das ciências, é utilizado em diversos contextos, referindo-se a diversos fenômenos estruturalmente diferentes. Dentre os processos e fenômenos aos quais foi tradicionalmente utilizado o conceito de teleologia, Mayr aponta os seguintes:
       a) Teleomatismo: ocorre quando o investigador percebe que certas características de um fenômeno, sistema ou processo estudado apresentam uma tendência de mudança para um certo estado final. Ou seja, dado um estado inicial determinado, parece válido inferir que ele necessariamente se desenvolverá rumo a este termo previsto.
      b) Características seletivas: ocorre em situações em que vários objetos (como sistemas complexos) são produzidos aleatoriamente, com características e organizações diferentes entre si, e que, devido às restrições do ambiente, apenas um número limitado destes tipos de objeto consegue se manter ao longo do tempo. Neste caso, é comum, quando se pergunta o porquê de alguma característica do objeto existir, concluir-se que esta tem ou teve a função de assegurar a sobrevivência do objeto; embora, após uma análise mais aprofundada, seja preciso reconhecer que essa característica foi gerada aleatoriamente, ou ao menos, sem um “desejo premeditado” por parte do objeto.
     c) Teleonomia: ocorre quando um objeto ou sistema se orienta em direção a metas que devem ser alcançadas. Para alcançar estas metas (postas como causas finais), o objeto se adapta às características e restrições do meio onde está, calculando o que parece a melhor maneira de atingir seu objetivo. A teleonomia pode ser compreendida com uma analogia ao conceito de programa, pelo qual, através de uma organização especial do sistema em questão, o torna apto a buscar certas metas de maneira mais ou menos eficiente, as quais, portanto vão regular os processos e ações deste sistema. Mayr, dentro desta mesma analogia, propõe também a diferenciação entre programas fechados, isto é, em que as metas e a maneira de alcançá-las são definidas previamente ao início do processo, e os programas abertos, em que a programação ou mesmo as metas podem ser alteradas ao longo da história do sistema, dependendo de sua interação com o meio.
    d) Comportamento proposital: o entendimento deste tipo de fenômeno requer a pressuposição da existência de uma subjetividade pensante. Este pólo de subjetividade coloca para si metas a cumprir, e age com propósito (intenção) de alcançar estas metas. A característica principal do comportamento proposital é o reconhecimento de que o sistema complexo analisado seja consciente de suas metas (ou de parte delas), e que procure satisfazê-las a partir da atividade pensante.
   e) Teleologia cósmica: que recorre à imputação de uma finalidade, ou desígnio, transcendente encarnada na totalidade estudada (natureza, universo, cosmos, etc.), ou mesmo posta e dirigida por algo acima desta totalidade. Mayr criticou veementemente o uso desta suposta teleologia transcendente vinculada a teorias científicas.

Origem do termo

     A palavra teleologia foi criada pelo filósofo alemão Christian Wolff no livro Philosophia rationalis, sive logica (1728).
     Aristóteles [384–322 a.C.], em sua Metafísica, elenca vários tipos de explicações sobre os processos existentes no mundo, que respectivamente correspondiam a quatro tipos de causas. Nessa ordem, temos: 1ª – causa formal; 2ª – causa material; 3ª – causa eficiente. Como quarto e último tipo causal, temos a explicação teleológica ou finalista, que explica o fim (ou meta) ao qual o acontecimento, ou ser, se encontra destinado. No viés dessa explicação, Aristóteles afirma que todas as coisas tendiam naturalmente para um fim, o que trocando em detalhes, significa afirmar que a concepção teleológica da realidade torna possível explicar a natureza (o fim, ou meta) de todos os seres. Neste sentido, a concepção teleológica de Aristóteles se remete à essência de cada ser, a uma teleologia interna dos entes naturais. A causa final faz o objeto mover-se e até transformar-se, procurando a perfeição, e esta só se realiza na medida em que ele cumpre a função para o qual foi designado em essência. Essa mesma concepção será aplicada na sua obra Ética a Nicômaco, na proposição de que o ser humano tem como finalidade intrínseca buscar a sua própria felicidade.

O uso na Idade Média

     Dada as suas formações essencialmente religiosas, os pensadores da Idade Média tenderam a interpretar o conhecimento (incluindo o conhecimento da Natureza) por um viés teológico. Para religiosos medievais, todo o destino do homem e do universo estava nas mãos de Deus, e só restava aos fiéis reconhecer esta vontade divina. A Natureza, inclusive, será referida através dos sinais de Deus discerníveis nela, os quais evidenciariam a grandeza divina. E a correta compreensão da Natureza e do homem não se daria através da observação do mundo, mas sim pela interpretação das Sagradas Escrituras, que ensinariam sobre o sentido da vontade divina e, dessa maneira, de toda a Natureza criada. Portanto, faz sentido falar de uma teleologia transcendente na interpretação do mundo durante o período medieval, no sentido da percepção de que os fenômenos e os entes se enquadrariam dentro dos objetivos que Deus pretendia para o destino da Criação.[3]
      A visão de mundo teológica cristã mostrou-se bastante compatível com a interpretação teleológica de que o mundo possuiria uma tendência, através dos tempos, a um melhoramento ou perfeição. No caso cristão, ao longo dos tempos, o mundo convergiria, através das leis divinas, ao ideal de perfeição arquitetado por Deus. E mesmo após o período medieval, até os dias de hoje, essa visão originalmente cristã de uma teleologia cósmica influenciou marcadamente diversas interpretações, teológicas ou não, em que o universo, a natureza, e/ou a humanidade são considerados como tendendo a um progresso rumo a uma perfeição crescente ou a alguma meta ou ideal finalístico.[3]
     Depois de o Primeiro Concílio de Niceia (325) ter estruturado o cristianismo tal como o conhecemos hoje, a explicação por causas finais passou a ser considerada a única explicação conveniente para os mistérios divinos. Isso resultou da introdução da filosofia clássica nos contextos filosóficos e teológicos (praticamente indistintos naquele período), principalmente a introdução de Platão no pensamento do clero (tendo como principal representante Agostinho de Hipona)e, posteriormente, de Aristóteles (cuja obra foi redescoberta através dos mouros, chegando a Europa só no fim da idade média). Este movimento de inserção da filosofia clássica no pensamento medieval é o que hoje se conhece por escolástica, que procurava compreender a revelação divina mediante o uso dos conceitos herdados daquele período anterior.

A crise na Idade Moderna

     Na Idade Moderna verificou-se uma mudança de tendências: considerava-se que a explicação teleológica era antropomórfica, pois o fato de o ser humano atribuir objetivos (causas finais, projetos) às suas próprias ações (por exemplo, o trabalhador impondo seus objetivos sobre a matéria trabalhada) não justifica supor que o universo como um todo seja do mesmo modo submetido a alguma finalidade imposta. No entanto, no início da idade moderna difundiu-se o mecanicismo e o deísmo, que tentaram explicar o mundo pelas causas eficientes com o propósito de descobrir as causas finais que teriam sido arquitetadas por Deus (metáfora do mundo como um relógio e de Deus como relojoeiro). O nascimento da ciência moderna relaciona-se ao estudo das causas eficientes dos fenômenos e um crescente abandono da ideia de causa final, considerada antropomórfica. Em suma, a explicação dos fenômenos deixou de ser feita pela teleologia e, em seu lugar, buscou-se explicar os fenômenos como emergentes.
     Nessa seara, o pensamento da modernidade propunha, em linhas gerais, uma nova metodologia para o conhecimento. As teorias e asserções sobre o mundo deveriam estar estritamente ligadas à observação dos fenômenos empíricos e à sua submissão ao raciocínio lógico e matemático. Suposições que não se sustentassem nesses critérios deveriam ser questionadas; e a partir disso é que tanto Galileo quanto Descartes eliminam a causa final aristotélica (e com isso os modelos de explicação teleológica imanente e transcendente) da ciência. Para Descartes, à ciência só restaria a causa eficiente (modelos de explicação estritamente de causa e efeito), enquanto o questionamento da causa final, tanto de cada ser quanto do universo enquanto todo, seria relegado aos teólogos. Ademais, atribuir vontade e finalidade à matéria seria conceber, ao material, atributos que são específicos da subjetividade (alma), o que não se adequaria ao método científico.

A Seleção Natural

       Quando Charles Darwin escreveu A origem das espécies uma revolução começou. Segundo a teoria sintética da evolução, que inclui a teoria darwiniana, a genealogia dos seres vivos é afetada por mutações aleatórias no passar das gerações, e, ao longo desta história, os mais adaptados ao ambiente se propagarão. Desta maneira, explica-se que os objetivos dos seres vivos, como auto-preservação e reprodução, assim como a eficácia e o desejos finalista por estes, podem ter emergido nos seres vivos de maneira aleatória, contudo, por ajudarem na perpetuação destas espécies, continuaram cada vez mais presentes nos seres vivos.
        Parafraseando Darwin com uma terminologia mais atualizada, seu postulado pode ser enunciado da seguinte maneira: "os indivíduos de uma espécie que obtêm, de uma série de traços aleatórios (mutações), uma adaptação mais adequada (eficácia biológica) que outros membros da mesma espécie com os quais competem pelo mesmo alimento, serão os que transmitirão sua carga genética às gerações seguintes, causando assim, ao largo de muito tempo, a variação das espécies sobre a Terra".
        É assim que Darwin fala de uma “teleologia não consciente da natureza”, não-finalista em relação ao todo natural, e que marca passagem da teleologia (em seu sentido estrito) para uma espécie de teleonomia, que estudaria os fins dos seres vivos a partir de uma história de evolução natural, a qual está encarnada em um mundo objetivo e sem uma teleologia última no fundo. Após a síntese evolucionista, na década de 1940, completa-se o cenário da teleonomia na biologia evolutiva, considerando que os fins dos seres vivos se dão por uma espécie de programação, em parte advinda do código genético transmitido geracionalmente, e em parte devido ao efeito da interação contínuo do indivíduo com o meio (esta última é notadamente marcante em animais com cérebro e sistema nervoso mais desenvolvido).
      Como se pôde observar, a explicação darwiniana é naturalista e eficientista. Ela não se baseia em fins determinados que possam ser perseguidos. Tal postura ia de encontro à doutrina criacionista defendida pela igreja, o que provocou uma reação desta. A compreensão mais difundida, na qual se ridiculariza a pretensão darwiniana de que a espécie humana descende do macaco, não passou de uma estratégia da igreja para ocultar o verdadeiro ponto de ataque contra a então nova teoria.

Usos contemporâneos

       Atualmente, muitos grupos e doutrinas seguem utilizando as explicações teleológicas para oferecer explicações alternativas às explicações contemporâneas denominadas "científicas". O exemplo talvez mais difundido disto é o Design inteligente.
    Tem se tornado comum as proposições de teorias de forte tendência teleológica totalizante ou cósmica, tanto como a hipótese Gaia (de um planeta “inteligente” e finalista), e mesmo diversas correntes espiritualistas-ecológicas que procuram conciliar a teleologia conservacionista com aspectos finalistas mais amplos. É preciso atentar para que as argumentações não partam de concepções confusas e pouco definidas de teleologia, sob pena de resultarem raciocínios falhos e da conseqüente desconfiança frente meio acadêmico tradicional.

Fonte de referência, estudos e pesquisa:


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