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segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Filosofia

Filosofia

Sócrates, patrono da Filosofia.
Sócrates, patrono da Filosofia.


       A palavra Filosofia é de origem grega e significa amigo do saber, foi usada pela primeira vez pelo matemático grego Pitágoras, no século VI a.C. Os pensadores gregos dessa época foram os responsáveis pela criação da filosofia ocidental; quando deixaram de acreditar em mitos e passaram a pensar com a razão. Assim, a filosofia deu origem à ciência.
        Porém, Sócrates é considerado o patrono da filosofia ocidental, sabe por quê?
     Na Grécia antiga, na cidade de Delfos, existia um santuário dedicado ao deus Apolo, considerado o deus da luz, da razão e do conhecimento. Na entrada deste santuário havia uma grande mensagem que dizia: “Conhece-te a ti mesmo”. Em Atenas vivia um homem chamado Sócrates, que era considerado por muitos um homem sábio. Porém, Sócrates não tinha convicção de que era um homem sábio, por isso resolveu ir ao santuário consultar o oráculo. O oráculo perguntou-lhe: “O que você sabe?” e ele respondeu: “Só sei que nada sei”. Diante de tal afirmação, o oráculo afirmou: “Sócrates é o mais sábio de todos os homens, pois é o único que sabe que não sabe”.
     Nesta seção você encontrará muitos artigos que tratam deste fantástico ramo do conhecimento.
Aproveite nosso material e boa leitura!
Assista as vídeo-aulas no site da referência!

Fonte de referência, estudos e pesquisa: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/filosofia/

terça-feira, 27 de agosto de 2019

A metafísica de Aristóteles

A metafísica de Aristóteles


Aristóteles - Criador da Metafísica
Aristóteles - Criador da Metafísica


No conjunto de obras denominado Metafísica, Aristóteles buscou investigar o “ser enquanto ser”. Significa que buscou compreender o que tornava as coisas o que elas são. Nesse sentido, as características das coisas apenas nos mostram como as coisas estão, mas não definem ou determinam o que elas são. É preciso investigar as condições que fazem as coisas existirem, aquilo que determina “o que” elas são e aquilo que determina “como” são.
Em sua metafísica, Aristóteles fala acerca dos primeiros princípios. Os primeiros princípios dizem respeito aos princípios lógicos, a saber: o princípio de identidade, da não contradição e do terceiro excluído. O princípio de identidade é autoevidente e determina que uma proposição é sempre igual a ela. Disto pode-se afirmar que A=A. O princípio da não contradição afirma que uma proposição não pode, ao mesmo tempo, ser falsa e verdadeira. Não se pode propor que um triângulo possui e não possui três lados, por exemplo. O princípio do terceiro excluído afirma que ou uma proposição é verdadeira ou é falsa, e não há uma terceira opção viável. Tais princípios, deste modo, garantem as condições que asseguram a realidade das coisas.
Além dos princípios, de acordo com Aristóteles, existem quatro causas fundamentais que também são condições necessárias para que as coisas existam. As causas são: material, formal, eficiente e final. A causa material é a matéria da qual é feita a essência das coisas. A causa formal diz respeito à forma da essência. A causa eficiente é aquela que explica como a matéria recebeu determinada forma. A causa final é aquela que determina a finalidade das coisas existirem e serem como são.
Para compreender a conceituação das causas, pode-se pensar numa pedra que rola a montanha. A causa material é o minério da pedra, a causa formal é a inclinação da montanha, a causa eficiente é o empurrão feito na pedra e a causa final é a vontade da pedra de atingir o nível mais baixo. Assim, os primeiros princípios e as quatro causas são as condições básicas para que as coisas existam e possam ser conhecidas.
Disto, Aristóteles investiga sobre “o que” as coisas são. Nesse ponto, visa superar a ideia de seus antecessores, principalmente Platão, que afirmava que a essência das coisas está num mundo inteligível. Para Aristóteles, a essência das coisas está nas próprias coisas e não separada num mundo das formas e ideias perfeitas, isto é, a essência está na substância. A substância, para ele, é a fusão da matéria com a forma. Uma escultura de madeira, por exemplo, é a fusão da madeira (matéria) com o projeto do artesão (forma).
A partir dessa concepção, era ainda necessário que Aristóteles desse conta do problema do movimento, pois a substância possui a matéria – que está em constante movimento (transformação) – e a forma (que é imóvel). Para superar tal problema, ele usa a ideia de potência e ato. As substâncias possuem potencial para aquilo que ocorre com elas. Pode-se dizer que a gasolina, por exemplo, é inflamável. Significa afirmar que ela possui potencial para pegar fogo, porém é preciso pelo menos uma faísca para que a potência se torne realidade, ato.
Com isto, a metafísica de Aristóteles visa mostrar que o Estar em movimento possui mais importância do que o Ser imóvel de Platão.

Fonte de referência, estudos e pesquisa: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/filosofia/metafisica.htm

terça-feira, 23 de abril de 2019

Aristóteles

Aristóteles

Aristóteles classificou e sistematizou o pensamento filosófico alcançado até então, iniciando o período sistemático da Filosofia Antiga.

Aristóteles, à esquerda, conversando com seu pupilo, Alexandre, imperador da Macedônia.
Aristóteles, à esquerda, conversando com seu pupilo, Alexandre, imperador da Macedônia.

Aristóteles operou significativas mudanças naFilosofia Antiga, produzida na região da Grécia. Tal produção filosófica já havia passado pelos períodos cosmológico (pré-socrático) e antropológico (socrático) e iniciava, então, o seu período sistemático.
Os estudos aristotélicos influenciaram pensadores medievais da Escolástica, principalmente Alberto Magno e Tomás de Aquino. Também foram influenciados por ele filósofos empiristas da Modernidade, que retomaram a ideia de que o conhecimento também é obtido por meio da prática, operando uma radical e mais completa elaboração da tese do conhecimento como fruto dos sentidos corpóreos e das experiências práticas. Aristóteles também estudou Lógica, MetafísicaPolíticaÉticaCiências Naturais (tendo escrito tratados sobre Biologia e Física), Retórica e Estética.

Quem foi Aristóteles? 

Aristóteles nasceu na cidade de Estagira, na Macedônia, em 384 a.C. Foi um dos três grandes filósofos da Grécia Antiga, tendo convivido e estudado com Platão. Sabe-se que, em sua juventude, teve uma sólida formação em ciências, o que influenciou bastante a sua produção filosófica. Ainda jovem, o filósofo foi para Atenas, onde conheceu o seu mestre Platão e foi estudar na Academia — centro de estudos e discussões sobre Filosofia e Política fundado pelo professor de Aristóteles nos arredores de Atenas.
Após anos de estudos na Academia, Aristóteles passou a lecionar na instituição, aprofundando-se em seus estudos sobre temas da Filosofia Platônica (de forte inspiração socrática) — que iam de conhecimentos de Ética e Política até questões como o conhecimento da verdade e a formação das ideias. Na medida em que estudava tais temas, Aristóteles formulava as suas próprias teorias, o que o levou a um afastamento intelectual das ideias platônicas e marcou uma cisão muito grande dele com o seu mestre, representada na valorização do conhecimento empírico.
Contam as suas biografias que, na ocasião da morte de Platão, Aristóteles (que já lecionava há muito tempo na Academia) esperava um cargo de gestão na instituição de ensino. Ao não receber esse cargo, o pensador desligou-se da Academia e partiu de Atenas para a cidade de Artaneus, na Ásia Menor, tornando-se consultor e conselheiro político entre os anos de 347 e 343 a.C.
Nesse último ano, ele resolveu retornar à Macedônia e, na ocasião, tornar-se preceptor de Alexandre, herdeiro do império macedônico. Em 335 a.C., na ocasião da posse de Alexandre como imperador devido à morte de seu pai, Aristóteles seguiu de volta para Atenas e fundou, em um local próximo à cidade, o seu Liceu — um centro de estudos de filosofia e esportes para os jovens atenienses.

Principais ideias

→ Sistematização

Antes de Aristóteles, os estudos de Filosofia compreendiam uma mistura de AstronomiaFísicaMatemática, Cosmologia, PolíticaÉtica, Estética, Retórica, entre outras áreas do conhecimento. O filósofo foi o primeiro a classificar e a sistematizar essas áreas, desenvolvendo estudos específicos sobre cada tema.

→ Política e Ética

Aristóteles foi um defensor do sistema político democrático pelo qual Atenas já havia passado, tendo escrito um livro sobre isso. Também escreveu tratados de Ética, em que afirmava a necessidade da busca de uma moderação das ações humanas baseada na prudência, para que a vida em sociedade levasse os cidadãos à felicidade.

→ Metafísica

Tendo aprimorado os estudos platônicos sobre o assunto e, em certa medida, afastando-se um pouco das ideias de seu mestre, Aristóteles escreveu um tratado de dez livros chamado “Estudos de Filosofia Primeira”, que, mais tarde, seria conhecido por “Metafísica”. Esses estudos, segundo o próprio filósofo, tratavam sobre o ser em geral, ou seja, seriam uma espécie de ciência geral, mãe de todas as ciências.

→ Lógica

Aristóteles fundamentou as primeiras noções da Lógica Clássica, baseada na argumentação e na Retórica. Em seus estudos, que buscavam algumas noções metafísicas, como a divisão das categorias do que se fala, ele buscou uma forma de linguagem que fosse formalmente válida e que buscasse argumentos que fossem fundamentados em premissas. Surgiu aí a noção de silogismo.

→ Empirismo

Sendo o primeiro filósofo a fundamentar a necessidade do conhecimento prático advindo da observação e da atenção aos sentidos do corpo, Aristóteles deixou em seu legado intelectual o conhecimento empírico, que mais tarde ressoaria na Filosofia Escolástica e na Filosofia Moderna, chamando a atenção dos pensadores para o entendimento dos efeitos do mundo com base em suas causas.
Isso representou um afastamento do modelo de conhecimento platônico, baseado na busca intelectual pela Ideia, que seria puraeterna imutável. Platão considerava que o conhecimento advindo dos sentidos seria imperfeito enganador. Na pintura apresentada abaixo, o pintor renascentista Rafael Sânzio mostra essa discordância entre os dois pensadores ao compor a cena com Platão apontando para cima, como quem aponta para o Mundo das Ideias, e Aristóteles com a mão espalmada para o chão, como quem defende que o conhecimento está aqui, no mundo material.

Platão e Aristóteles em recorte do plano central da Escola de Atenas, pintura renascentista de Rafael Sanzio.*

Obras

Das 22 obras deixadas por Aristóteles, especula-se que algumas podem ter sido, na verdade, compilações e anotações de seus alunos do Liceu tiradas durante as aulas do mestre. Os historiadores não sabem, ao certo, a autoria correta dessas obras, com exceção das principais.
A seguir, estão selecionados alguns dos principais escritos de Aristóteles:

  • Metafísica: conjunto de dez livros, escritos como “Estudos de Filosofia Primeira” e reunidos e renomeados mais tarde por Andrônico de Rodes como “Metafísica”. Tratavam de um conhecimento geral sobre o ser e como o conhecemos, ou seja, uma espécie de ciência geral que tinha como objeto o próprio ser e não recortes dele (como a Matemática é um recorte do ser que estuda apenas as relações numéricas — uma parte de todo o ser).
  • Categorias: pequeno livro sobre Lógica que apresenta a necessidade da classificação e separação de conceitos diferentes para o tratamento de assuntos diferentes, a fim de que equívocos sejam evitados. Seria uma espécie de distinção das diversas categorias do pensamento.
  • Physica: tratado de oito livros com observações de Aristóteles sobre a Ciência da Natureza.
  • Da alma, ou Sobre a alma: escritos sobre a noção dos antigos de alma, que equivale, para nós, à noção de mente. O filósofo trata de assuntos relacionados a como o ser humano constitui-se com base em sua personalidade e a como essa alma atua na distinção entre nós e os outros animais.
  • Ética a Nicômaco: livro que fala sobre Ética expondo as noções de virtude, racionalidade prática (uma racionalidade voltada para o cotidiano e o convívio político) e eudaimonia (uma noção dos gregos antigos de que haveria um guia — a consciência — para as nossas ações).
  • Política: livro em que o pensador defendeu as suas teses sobre a organização política das cidades, baseada na ação ética individual e no exercício da democracia, além de um conjunto de fatores que levariam os cidadãos à vida perfeita.

Frases

“O belo é o esplendor da ordem.”
“O homem é, por natureza, um animal político.”
“O homem é um animal de linguagem.”
“Nada do que existe em potência torna-se ato senão por algo que já existe em ato.”

Resumo

  • Nasceu em Estagira, na Macedônia.
  • Interessou-se por Ciências da Natureza.
  • Foi discípulo de Platão, aluno e professor da Academia.
  • Foi professor do imperador Alexandre, o Grande.
  • Fundou a sua escola filosófica em Atenas, o Liceu.
  • Sistematizou e separou o conhecimento filosófico da Antiguidade.
  • Escreveu sobre diversos assuntos, como Ética, Política, Ciência, Metafísica e Lógica.
Fonte de referência, estudos e pesquisa: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/filosofia/aristoteles.htm

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Alegoria da Caverna

Alegoria da Caverna






Para explicar o movimento de passagem de um grau de conhecimento para o outro, no Livro VII da República, Platão narra o Mito da Caverna, alegoria da teoria do conhecimento e da paideia platônicas. Para conhecermos esse mito, precisamos retomar, noutro nível, a exposição da teoria do conhecimento feita nas aulas anteriores, pois essa versão apresentada deixou de lado a beleza, a dramaticidade e as metáforas que tecem o Livro VI da República.

Para dar a entender ao jovem Glauco o que é e como se adquire o conhecimento verdadeiro, Sócrates começa estabelecendo uma analogia entre conhecer e ver.
Ilustação do Mito da Caverna
Todos nossos sentidos, diz Sócrates, mantêm uma relação direta com o que sentem. Não é esse, porém, o caso da visão. Para que a visão se realize, não bastam os olhos (ou a faculdade da visão) e as coisas coloridas (pois vemos cores e são elas que desenham a figura, o volume e as demais qualidades da coisa visível), mas é preciso um terceiro elemento que permita aos olhos ver e às coisas serem vistas: para que haja um visível visto é preciso a luz. A luz não é o olho nem a cor, mas o que faz com que o olho veja a cor e que a cor seja vista pelo olho. É graças ao Sol que há um mundo visível. Por que as coisas podem ser vistas? Porque a cor é filha da luz. Por que os olhos são capazes de ver? Porque são filhos do Sol: são faróis ou luzes que iluminam as coisas para que se tornem visíveis. A visão é, assim, uma atividade e uma passividade dos olhos. Atividade, porque é a luz do olhar que torna as coisas visíveis. Passividade, porque os olhos recebem sua luz do Sol.
Conhecer a verdade é ver com os olhos da alma ou com os olhos da inteligência. Assim como o Sol dá sua luz aos olhos e às coisas para que haja mundo visível, assim também a ideia suprema, a ideia de todas as ideias, o Bem (isto é, a perfeição em si mesma) dá à alma e às ideias sua bondade (sua perfeição) para que haja mundo inteligível. Assim como os olhos e as coisas participam da luz, assim também a alma e as ideias participam da bondade (ou perfeição) e é por isso que a alma pode conhecer as ideias. E assim como a visão é passividade e atividade do olho, assim também o conhecimento é passividade e atividade da alma: passividade, porque a alma precisa receber a ação das ideias para poder contemplá-las; atividade, porque essa recepção e contemplação constituem a própria natureza da alma.
Assim como na treva não há visibilidade, assim também na ignorância não há verdade. A  e a  são para a alma o que a cegueira é para os olhos e a escuridão é para as coisas: são privações (privação de visão e privação de conhecimento).
Sob a analogia da luz, a diferença entre o sensível e o inteligível se apresenta assim:
MUNDO SENSÍVELMUNDO INTELIGÍVEL
Sol
Luz
Cores 
Olhos 
Visão
Treva, cegueira 
Privação de luz
Bem 
Verdade

Ideias
Alma racional ou inteligência 
IntuiçãoIgnorância, opinião 
Privação de verdade
Essa analogia é o tema do Mito da Caverna, narrado por Sócrates a Glauco para fazê-lo compreender o sentido da paideia filosófica, isto é, da dialética e do conhecimento verdadeiro.
Imaginemos, diz Sócrates, uma caverna subterrânea separada do mundo externo por um alto muro. Entre este e o chão da caverna há uma fresta por onde passa alguma luz exterior, deixando a caverna na obscuridade quase completa.
Desde seu nascimento, geração após geração, seres humanos ali estão acorrentados, sem poder mover a cabeça na direção da entrada, nem se locomover, forçados a olhar apenas a parede do fundo, vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz do Sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos outros, pois não podem mover a cabeça nem o corpo, e sem se ver a si mesmos porque estão no escuro e imobilizados. Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que se passam do lado de fora sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna.
Do lado de fora, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulheres, animais cujas sombras também são projetadas na parede da caverna, como num teatro de fantoches. Os prisioneiros julgam que as sombras de coisas e pessoas, os sons de suas falas e as imagens que transportam nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são seres vivos que se movem e falam. Nesse ponto, Glauco diz a Sócrates que o quadro descrito por ele lhe parece algo estranho, incomum e inusitado. Sócrates, porém, diz-lhe que os prisioneiros "são semelhantes a nós". E prossegue. Os prisioneiros se comunicam, dando nomes às coisas que julgam ver (sem vêlas realmente, pois estão na obscuridade) e imaginam que o que escutam, e que não sabem que são sons vindos de fora, são as vozes das próprias sombras e não vozes dos seres reais. Qual é, pois, a situação dessas pessoas aprisionadas? Tomam sombras por realidade, tanto as sombras das coisas e dos homens exteriores como as sombras dos artefatos fabricados por eles. Essa confusão, porém, não tem como causa a natureza dos prisioneiros e sim as condições adversas em que se encontram. Por isso Sócrates indaga: que aconteceria se fossem libertados dessa condição de miséria e, "retornando à sua natureza, pudessem ver as coisas e ser curados de sua ignorância?". Essa pergunta é um tanto grave. De fato, para os prisioneiros, o único mundo real é a caverna, portanto, a obscuridade na qual não podem se ver nem ver os outros não é percebida como tal e sim experimentada como realidade verdadeira. 
E a caverna é para eles todo o mundo real, pois não sabem que o que vêem na parede do fundo são sombras de um outro mundo, exterior à caverna, uma vez que não podem virar a cabeça para ver que há algo lá fora e que é de lá de fora que outros homens lhes enviam imagens e sons.
Ora, se para os prisioneiros o mundo real é a caverna, como poderiam sair da ilusão se não sabem que vivem nela?
Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se encontra, decide abandoná-la. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. De início, move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção do muro e o escala. Enfrentando as durezas de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna. No primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosidade do Sol, com a qual seus olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos sob a ação da luz externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fogo que havia no interior da caverna. Sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento. Incredulidade porque está obrigado a decidir onde se encontra a realidade: no que vê agora ou nas sombras em que sempre viveu. Deslumbramento (literalmente: ferido pela luz) porque seus olhos não conseguem ver com nitidez as coisas iluminadas. Seu primeiro impulso é retornar à caverna para livrar-se da dor e do espanto. Embora esteja reconquistando sua verdadeira natureza, o sofrimento que essa reconquista lhe traz é tão grande que se sente atraído pela escuridão, que lhe parece mais acolhedora. Além disso, precisa aprender a ver e esse aprendizado é doloroso, fazendo-o desejar a caverna, onde tudo lhe é familiar e conhecido.





A descrição platônica é dramática: o caminho em direção ao mundo exterior é íngreme e rude; o prisioneiro libertado sofre e se lamenta de dores no corpo; a luz do Sol o cega; ele se sente arrancado, puxado para fora por uma força incompreensível. Platão narra um parto: o parto da alma que nasce para a verdade e é dada à luz.
Sentindo-se sem disposição para regressar à caverna por causa da rudeza do caminho, o prisioneiro permanece no exterior. Aos poucos, habitua-se à luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem a felicidade de finalmente ver as próprias coisas, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras. Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as suas forças para jamais regressar a ela. No entanto, não pode evitar lastimar a sorte dos outros prisioneiros e, por fim, toma a difícil decisão de regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais o que viu e convencê-los a se libertarem também.

Assim como a subida foi penosa, porque o caminho era ingrato e a luz, ofuscante, também o retorno será penoso, pois será preciso habituar-se novamente às trevas, o que é muito mais difícil do que se habituar à luz. De volta à caverna, o prisioneiro fica cego novamente, mas, agora, por ausência de luz. Ali dentro, é desajeitado, inábil, não sabe mover-se entre as sombras nem falar de modo compreensível para os outros, não sendo acreditado por eles. Torna-se objeto de zombaria e riso, e correrá o risco de ser morto pelos que jamais se disporão a abandonar a caverna. Impossível aqui não identificar a figura de Sócrates na do prisioneiro que se liberta, retorna e é morto pelos homens das sombras. A caverna, explica Sócrates a Glauco, é o mundo sensível onde vivemos. O fogo que projeta as sombras na parede é um reflexo da luz verdadeira (do Bem e das ideias) sobre o mundo sensível. Somos os prisioneiros. As sombras são as coisas sensíveis, que tomamos pelas verdadeiras, e as imagens ou sombras dessas sombras, criadas por artefatos fabricados de ilusões. Os grilhões são nossos preconceitos, nossa confiança em nossos sentidos, nossas paixões e opiniões. O instrumento que quebra os grilhões e permite a escalada do muro é a dialética. O prisioneiro curioso que escapa é o filósofo. A luz que ele vê é a luz plena do ser, isto é, o Bem, que ilumina o mundo inteligível como o Sol ilumina o mundo sensível. O retorno à caverna para convidar os outros a sair dela é o diálogo filosófico, e as maneiras desajeitadas e insólitas do filósofo são compreensíveis, pois quem contemplou a unidade da verdade já não sabe lidar habilmente com a multiplicidade das opiniões nem se mover com engenho no interior das aparências e ilusões. Os anos despendidos na criação do instrumento para sair da caverna são o esforço da alma para libertar-se. Conhecer é, pois, um ato de libertação e de iluminação. A paideia filosófica é uma conversão da alma voltando-se do sensível para o inteligível. Essa educação não ensina coisas nem nos dá a visão, mas ensina a ver, orienta o olhar, pois a alma, por sua natureza, possui em si mesma a capacidade para ver.



O Mito da Caverna apresenta a dialética como movimento ascendente de libertação do olhar intelectual que nos livra da cegueira para vermos a luz das ideias. Mas descreve também o retorno do prisioneiro para convidar os que permaneceram na caverna a sair dela, ensinando-lhes como quebrar os grilhões e subir o caminho. Há, assim, dois movimentos: o de ascensão (a dialética ascendente), que vai da imagem à crença ou opinião, desta para as matemáticas e destas para a intuição intelectual e a ciência; e o do descenso (a dialética descendente), que consiste em praticar com outros o trabalho para subir até às ideias.
Os olhos foram, portanto, feitos para ver, a alma foi feita para conhecer. Os primeiros estão destinados à luz solar, a segunda, à fulguração/revelação da ideia. A dialética é a técnica que liberta os "olhos do espírito".
O relato da subida e da descida expõe a paideia como dupla violência necessária para a liberdade e para a realização da natureza verdadeira da alma: a ascensão é difícil, dolorosa, quase insuportável; o retorno à caverna, uma imposição terrível à alma libertada, agora forçada a abandonar a luz e a felicidade. A dialética, como toda técnica, é uma atividade exercida contra uma passividade, é um esforço para obrigar uma dÚnamij  a se atualizar, um trabalho para concretizar um fim, forçando um ser a realizar sua própria natureza. No Mito da Caverna, a dialética leva a alma a ver sua própria essência ou forma (), isto é, conhecer, vendo as essências ou formas, para descobrir seu parentesco com elas, pois a alma é parente da ideia como os olhos são parentes da luz.

Bibliografia

PRÉ-SOCRÁTICOS, Col. "Os Pensadores", vol. 1, seleção de textos e supervisão do prof. Dr. José Cavalcante de Souza, São Paulo,
Abril Cultural, 1978.

Bibliografia Complementar

CHAUI, M. Filosofia, Série Novo Ensino Médio, Volume Único, São Paulo, Editora Ática, 2004.
CHAUI, M. Introdução à História da Filosofia - dos pré-socráticos a Aristóteles, Volume 1, São Paulo, Cia. das Letras, 2002.
COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia: História e Grandes Temas, São Paulo, Ed. Saraiva, 7a tiragem, 2005.






KIRK, G.S., RAVEN, J. E. & SCHOFIELD, M. Os filósofos pré-socráticos, Lisboa, Fund. Calouste Gulbenkian, 1994.


Fonte de referência, estudo e pesquisa: https://www.algosobre.com.br 

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Período Aristotélico

Período Aristotélico


Aristóteles nasceu em 384 a.C., na cidade antiga de Estágira, e morreu em 322 a.C. Filho de pais aristocráticos, nasceu em uma família rica, envolvida com políticos. Platão se interessou pela filosofia e pela política logo cedo. Tornou-se discípulo de Sócrates aos 18 anos e o acompanhou durante cerca de 10 anos, até que fosse condenado à morte.
Aristotoles
Platão acompanhou o processo de julgamento de seu mestre, acusado de corromper a juventude e de não acreditar nos deuses. Decepcionado com a democracia ateniense e também correndo risco de ser perseguido, por ter sido discípulo de Sócrates, Platão passou a viajar por diferentes lugares, em busca de novos aprendizados. Retornou para Atenas em meados de 387 a.C. e foi nessa época que fundou sua Academia, que tinha como objetivo o a educação de jovens que poderiam assumir cargos no governo e precisavam da experiência e conselhos de Platão, para desempenharem um bom trabalho. Aristóteles foi aluno de Platão e professor de Alexandre o Grande. Seus escritos abrangem diversos assuntos, como a física, a metafísica, a poesia, o teatro, a música, a lógica, a retórica, o governo, a ética, a biologia.

Aristóteles é visto como uma das figuras mais importantes, e um dos fundadores, da filosofia ocidental. Seu ponto de vista sobre as ciências físicas influenciou profundamente o cenário intelectual medieval, e esteve presente até o Renascimento, embora eventualmente tenha vindo a ser substituído pela física newtoniana. Nas ciências biológicas, a precisão de algumas de suas observações foi confirmada apenas no século XIX.
Suas obras contêm o primeiro estudo formal conhecido da lógica, que foi incorporado posteriormente à lógica formal. Na metafísica, o aristotelismo teve uma influência profunda no pensamento filosófico e teológico nas tradições judaico-islâmicas durante a Idade Média, e continua a influenciar a teologia cristã, especialmente a ortodoxa oriental, e a tradição escolástica da Igreja Católica.

Fonte de referência, estudo e pesquisa: https://www.algosobre.com.br

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