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sábado, 18 de abril de 2015

Pequena História da Escola Biblica Dominical


A escola biblica dominical é uma das instituições mais úteis, benéficas e duradouras da história do protestantismo. Ela se insere no contexto mais amplo da educação religiosa ou educação cristã, que sempre tem sido uma preocupação da Igreja, desde os tempos apostólicos. O interesse em instruir, educar e capacitar o povo de Deus foi muito importante no Antigo Testamento, no contexto da família e da vida religiosa de Israel. No período interbíblico surgiu uma importante agência educativa judaica que foi a sinagoga. O ensino recebeu enorme ênfase no ministério de Jesus, que foi mestre e reuniu em torno de si os seus discípulos. Na igreja primitiva, as atividades didáticas foram fundamentais para a propagação e consolidação do novo movimento, como se pode verificar amplamente nos livros do Novo Testamento.

1. Um notável pioneiro

A moderna instituição conhecida como “escola dominical” teve como seu principal fundador o jornalista inglês Robert Raikes (1735-1811). Ele era natural da cidade de Gloucester e em 1757, aos vinte e dois anos, sucedeu o pai como editor do GloucesterJournal, um periódico voltado para a reforma das prisões. Nessa época, estava ocorrendo na Inglaterra o extraordinário avivamento evangélico, com sua forte ênfase social. Inspirado por outras pessoas, Raikes iniciou uma escola em sua paróquia em 1780. Ele ensinava crianças pobres de 6 a 14 anos a ler e escrever e dava-lhes instrução bíblica.

A idéia de Raikes rapidamente se alastrou pelo país. Apenas cinco anos mais tarde, em 1785, foi organizada em Londres uma sociedade voltada para a criação de escolas dominicais. Um ano depois, cerca de 200.000 crianças estavam sendo ensinadas em todo a Inglaterra. No princípio os professores eram pagos, mas depois passaram a ser voluntários. Da Inglaterra a instituição foi para o País de Gales, Escócia, Irlanda e Estados Unidos.

2. Difusão nos Estados Unidos

No fim do século 18, quando ocorreu a independência dos Estados Unidos, muitas crianças, especialmente pobres, não tinham acesso à educação. As escolas dominicais vieram suprir essa carência, além de unir o ensino religioso ao ensino geral. A primeira escola dominical americana surgiu numa residência da Virgínia em 1785. Na década seguinte, foram criadas escolas em Boston, Nova York, Filadélfia, Rhode Island e Nova Jersey. Destinavam-se a crianças que careciam de educação, muitas das quais trabalhavam em indústrias. Na cidade de Pawtucket, Estado de Rhode Island, foi iniciada uma escola na primeira usina de algodão dos Estados Unidos. Os primeiros dirigentes em geral eram leigos e líderes comunitários; o texto usado era a Bíblia e as matérias incluíam leitura, redação e valores cívicos e morais. Essas escolas dominicais prepararam o caminho para a criação de escolas públicas.

3. A organização do movimento

A partir de 1800, os propósitos das escolas dominicais americanas passaram a ser instrução e evangelismo; elas transmitiam valores cristãos e o espírito democrático da nova nação. Era um trabalho não-denominacional ou, como se dizia na época, uma “associação voluntária”, reunindo pessoas de diferentes igrejas. Em 1824 foi fundada a União Nacional de Escolas Dominicais, que organizou os líderes, publicou literatura e criou milhares de escolas no interior do país. Na mesma época, muitas denominações começaram a criar as suas próprias uniões de escolas dominicais.

Até a década de 1870, existiram dois tipos de escolas dominicais: (a) missionárias, que evangelizavam crianças em áreas rurais e bairros pobres das grandes cidades; (b) eclesiásticas, que educavam os filhos dos membros das igrejas. Em 1869 reuniu-se a primeira Convenção Nacional de Escolas Dominicais (passou a denominar-se Convenção Internacional em 1875). Uma comissão passou a preparar um currículo de lições padronizadas para uso geral (Lições Internacionais). Surgiram normas para o uso do tempo e do espaço nas igrejas e o sistema foi levado para os campos missionários no exterior.

No final do século dezenove, 80% dos novos membros ingressavam nas igrejas através das escolas dominicais. Em 1905, foi criada a Associação Internacional de Escolas Dominicais, que passou a promover convenções em muitos países, algumas das quais tiveram a presença de brasileiros.

4. A Escola Dominical no Brasil

A escola dominical chegou ao Brasil como as primeiras missões protestantes. A primeira escola dominical permanente foi fundada pelo casal Robert e Sarah Kalley em Petrópolis, no dia 19 de agosto de 1855. Sarah Kalley havia sido grande entusiasta desse movimento na sua pátria, a Inglaterra. A primeira escola dominical presbiteriana foi iniciada pelo Rev. Ashbel Green Simonton em maio de 1861, no Rio de Janeiro. Reunia-se nos domingos à tarde, na rua Nova do Ouvidor. Essa escola aparentemente foi organizada de modo mais formal em maio de 1867. Um evento comum em muitas igrejas presbiterianas brasileiras nas primeiras décadas do século 20 era o “Dia do rumo à escola dominical”, quando se fazia um esforço especial para trazer um grande número de visitantes.

Um destacado incentivador das escolas dominicais foi o Dr. Eliézer dos Santos Saraiva (1879-1944), presbítero da Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo, que promoveu as primeiras convenções de escolas dominicais do Brasil, bem como encontros de confraternização e piqueniques. Outro grande incentivador foi o Rev. Erasmo de Carvalho Braga (1877-1932), que traduziu, adaptou e escreveu por vários anos as Lições Internacionais (Livro do Professor, 1921-1929), um valioso material para crianças, jovens e adultos. No início do século vinte surgiu a União Brasileira das Escolas Dominicais, depois Conselho Nacional de Educação Religiosa, cujo trabalho foi continuado pela Confederação Evangélica do Brasil.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Como Crerão?


"Como crerão?"

Apesar de numerosas iniciativas, participação missionária de Igreja brasileira está muito aquém do potencial.


"Como crerão?"
Na mesma época em que se projetava um desenvolvimento glorioso para a economia nacional – o chamado “milagre econômico” dos anos 1960 e 70 –, outro setor do país, a Igreja Evangélica, também experimentava tempos de intensa euforia. Abarrotadas de jovens atraídos por uma mensagem cristã atenta aos seus anseios, as congregações faziam planos dourados para o futuro. A ideia geral era transformar o país no celeiro da obra missionária global. Difícil era encontrar igreja que não tivesse um departamento de missões e planos de enviar obreiros para ganhar o mundo para Cristo. A mensagem escatológica, então em alta nos púlpitos, era uma só: pregar o Evangelho a toda criatura, a fim de que o Senhor voltasse depressa. Organizações missionárias surgiam a cada dia, atraindo gente que desejava dedicar a vida à boa obra.
No entanto, neste início da segunda década do século 21, o que se nota é que, se tudo não passou de mero entusiasmo – e números vigorosos da presença missionária brasileira mostram que não –, a situação atual é bem diversa daquela que a geração anterior projetou. Missão rima com visão e ação, e as duas palavras andam bem distantes da maioria das igrejas evangélicas brasileiras, segundo especialistas em missiologia. Mesmo com o acelerado crescimento numérico dos que professam a fé evangélica no país, que seriam quase 20% dos brasileiros de acordo com projeções baseadas em dados oficiais, o envolvimento dos crentes nacionais com a obra missionária, em todas as suas instâncias – seja social ou evangelística –, segue a passos bem mais lentos que o possível.
O conhecimento das demandas missionárias é exposto em cada campanha ou congresso. Testemunhos são derramados nos púlpitos, levando a muita comoção e decisões pessoais. Passado algum tempo, contudo, os compromissos assumidos por um maior envolvimento com a obra de evangelização e intervenção social se esfriam e a missão de alcançar o mundo com o amor de Cristo fica a cargo dos missionários de carreira – isso quando obreiros enviados não são simplesmente esquecidos no campo. “Infelizmente, o jargão de que cada cristão é um missionário está sendo esquecido. A ênfase em muitas igrejas é pelo crescimento da congregação local”, atesta o professor Diego Almeida, docente do mestrado em missiologia do Seminário de Educação do Recife (PE). “O serviço acaba concentrado nas mãos de profissionais.”
Para o pastor José Crispim Santos, promotor setorial da Junta de Missões Mundiais da Convenção Batista Brasileira (CBB) – uma das maiores organizações missionárias do mundo, com mais de 600 obreiros no campo –, a Igreja brasileira está bem inteirada acerca dos desafios missionários da atualidade, mas as ações ainda não são suficientes para o tamanho deles. “Há muitas agências missionárias divulgando o tempo todo, além da mídia que noticia fatos que demonstram o sofrimento humano, físico e espiritual ao redor do planeta. Nossa avaliação é que, diante deste cenário de grande carência espiritual, a Igreja tem dado sua contribuição – entretanto, isso é insuficiente, quando a missão é, de fato, tornar Cristo conhecido em toda a Terra”. 

DISCURSO E PRÁTICA
O que parece evidente na paradoxal situação da Igreja brasileira, um contingente com enorme potencial humano e financeiro, mas pouco utilizado quando o assunto é o “Ide” de Jesus, é que a miopia missionária passa pela liderança – uma barreira difícil de ser transposta, conforme relatado por gente que trabalha em ministérios e departamentos específicos. Essa tendência à inação, alimentada pela valorização de outras prioridades, acaba contaminando o rebanho. Quando a visão do líder não passa das paredes do templo, dificilmente a igreja desenvolve alguma intervenção importante, até mesmo em sua comunidade. “De fato, quando o dirigente tem visão e é entusiasmado com a obra missionária, a igreja tende a acompanhá-lo. Da mesma forma, o inverso é verdadeiro. Entretanto, há algumas exceções; quando a igreja possui promotores de missões, esses batalhadores realizam verdadeiros milagres”, continua Crispim.
Acontece que a própria estrutura de funcionamento das igrejas, muitas vezes baseado em decisões de poucas pessoas, quando não apenas de um líder centralizador, torna ainda mais difícil o convencimento de que a missão é de toda pessoa que um dia recebeu a Cristo como Salvador. “Dentro do atual quadro religioso brasileiro, creio que o nosso exacerbado clericalismo é um enorme obstáculo para uma compreensão e prática da obra missionária em termos de missão integral”, atesta o professor de teologia e história eclesiástica da Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de São Paulo, Paulo Ayres. Mas as barreiras para se desenvolver uma ação missionária mais eficiente, ainda que possam nascer no clero, também são agravadas pelo perfil do crente contemporâneo. “Hoje, grande parte dos membros de nossas congregações é constituída mais por assistentes passivos e clientes em busca de produtos religiosos do que irmãos e irmãs na fé com forte compromisso e prática missionárias, especialmente em suas atividades cotidianas no mundo secular onde vivem e trabalham”, avalia o religioso, que é bispo emérito da Igreja Metodista do Brasil.  
No seu entender, a Igreja tem utilizado estratégias equivocadas (ver abaixo). Por outro lado, Ayres lembra que é muito mais cômodo terceirizar o compromisso missionário do que executá-lo pessoalmente, ainda que a missão específica possa ser realizada no próprio bairro onde se reside. “É mais cômodo contribuir para enviar um missionário ao Cazaquistão ou a Guiné-Bissau do que ir pessoalmente, no poder do Espírito Santo, trabalhar como voluntário no Piauí ou na Cracolândia, em São Paulo, ainda que seja por um curto período de tempo, como evangelista, obreiro com crianças, dentista ou trabalhador social”, comenta. Assim, além da omissão do Corpo de Cristo por falta de conhecimento ou disposição, a Igreja corre riscos de ter seu trabalho missionário hipertrofiado à medida em que se transmite toda a responsabilidade do serviço cristão para as agências especializadas – um problema acentuado principalmente em comunidades de fé ligadas a grandes associações missionárias.
MOBILIZAÇÃO
Do tripé normalmente exposto nos eventos temáticos de missões (“contribuir, orar e ir”), em geral só se desenvolve mais efetivamente o primeiro, e ainda assim em patamares muito abaixo do que as igrejas poderiam fazer. Um levantamento feito Missão Horizontes apontou que o investimento médio per capita  do crente brasileiro em missões durante um ano inteiro é menor do que o preço de uma latinha de Coca-Cola – algo em torno de irrisórios R$ 2,50.  Para o missionário e pastor batista Ricardo Magalhães, que atua em Portugal a serviço da Missão Cristã Europeia ao lado da mulher e também obreira Priscila, a escassez de investimento no setor missionário está mais atrelada à falta de visão do que de recursos. “De maneira geral, a Igreja brasileira não tem problemas com finanças, porque ela sabe se mexer para gerar fundos quando quer e para o que quer. E isso, quando se sabe que não há falta de pessoas querendo ir aos campos: inúmeros missionários só aguardam recursos para ir”, completa. Assim, o aspecto da oração, sem a visibilidade e sem o apelo de outros ministérios da igreja, fica naturalmente reduzido a pequenos grupos.
De olho na mobilização da igreja para orar, uma das ações das diversas organizações missionárias é publicar sempre em seus boletins os motivos de intercessão nos campos, pelos missionários e pelos desafios a serem superados. A JMM já utiliza até mesmo mensagens de SMS para pessoas cadastradas, que recebem torpedos com pedidos urgentes de intercessão. Já o terceiro passo, o de ir, é o maior desafio. Seja para pequenas viagens missionárias ou para partir definitivamente rumo ao campo, entre o desejo, o chamado, a preparação e a missão há de fato uma longa trajetória geralmente não concluída. Não são poucos os casos de vocações que se esfriam até mesmo dentro dos seminários, ou de leigos envolvidos com a obra serem sufocados com o ativismo religioso. É gente bem intencionada que acaba direcionando seu tempo, recursos e esforços mais para dentro do que para fora da igreja.  
“As comunidades evangélicas têm caído em um dos dois extremos: ou elas se fecham a um diálogo com a sociedade ou se abrem excessivamente para uma vontade popular, abraçando um discurso econômico de prosperidade”, sustenta o missionário Alesson Góis, da Igreja Congregacional, que coordena o ministério independente Vidas em Restauração (VER). “O mundo não precisa de um cristianismo pregado, mas vivido. Todo cristão que não é um missionário é um impostor, pois é muito egoísta receber toda a graça e amor de Deus e não compartilhá-los com o próximo”. Envolvendo cerca de 60 jovens de diversas denominações, entre batistas, presbiterianos, congregacionais e membros de igrejas diversas como a Assembleia de Deus e a Sara Nossa Terra, o ministério se encontra todos os sábados no Parque Treze de Maio, no centro do Recife. Os jovens se reúnem como uma roda de conversa, mas sem se caracterizar como uma liturgia ou como uma extensão da igreja institucional. “Muita gente se surpreende pelo fato de sermos cristãos e conversarmos com eles sem forçar a barra para que se convertam”, comenta Góis.
PRESENÇA NOTADA
Para o missionário e pastor presbiteriano Ronaldo Lidório, parte da frustração de setores da Igreja vem justamente daquela expectativa superestimada em relação ao seu papel na evangelização do mundo, que acabou não se concretizando: “Pensamos que rapidamente encontraríamos uma veia missionária comparada à da Coreia do Sul, o que ainda não aconteceu”, reconhece. Mesmo assim, ressalva, existe um outro lado. “Creio que corremos perigo ao focarmos somente nas negligências. É certo que a Igreja nacional caminha com bons passos”. Ele cita como exemplo a presença evangélica em povos indígenas, setor no qual seu trabalho é respeitadíssimo. Além de ter vivido por dez anos entre o povo konkomba, de Gana (África), ele agora está envolvido com o Projeto Amanajé, de evangelismo e assistência a indígenas na Amazônia . “A Igreja atua em 182 etnias indígenas e coordena quase 260 programas sociais entre esses povos”, enumera. “Além disso, comunidades ribeirinhas, até pouco tempo esquecidas pelas igrejas, hoje contam com dezenas de programas cristãos, tanto de evangelização como de ação social.”
Lidório destaca ainda o trabalho de organizações regionais, como a Juventude Evangélica da Paraíba (Juvep), que tem plantado igrejas e centros de atendimento popular pelo Nordeste. “O sertão hoje possui menos da metade das áreas não evangelizadas em relação ao quadro de 15 anos atrás, e essa mobilização se deu a partir de iniciativas como a Juvep e outros programas dedicados aos sertanejos”. Já na área transcultural – a mais conhecida e romantizada do trabalho missionário, que envolve a figura clássica do obreiro que larga sua terra para pregar o Evangelho num canto qualquer do mundo –, Lidório garante que as igrejas e agências brasileiras também marcam presença. “Jamais tivemos tantos missionários no exterior como em nossos dias, e não é incomum encontrarmos hoje brasileiros ocupando posições de liderança em equipes e missões na África e na Ásia”, informa. Pelas estatísticas disponíveis, hoje atuam cerca de 2,3 mil missionários brasileiros no exterior, espalhados por mais de 50 países. “A Igreja brasileira é uma das maiores representações de ações missionárias na atualidade, embora o número de obreiros e de ações missionárias seja realmente bem menor do que poderia e deveria ser”, conclui Ronaldo Lidório.
No entender do especialista em missiologia Diego Almeida, ministérios como o VER têm se tornado cada vez mais comuns, não somente no Brasil, mas em diversos países. “Quando a Igreja não investe nos vocacionados, eles se preparam por conta própria”. Foi justamente o caso da estudante de psicologia e funcionária pública Quésia Cordeiro, de 23 anos. Após decidir dedicar-se às missões após os congressos temáticos de que participou, ela não recebeu nenhum suporte para dar os passos seguintes na preparação. “Não recebi nenhuma capacitação os discipulado. Tive que correr atrás para manter a chama acesa”, conta a jovem. Com conhecimento próprio, ela constata: “O despertamento para a obra missionária não é uma coisa contínua, mas pontual, restrita a conferências e eventos.” Para Almeida, mesmo que as igrejas não mostrem a Palavra de Deus, ela acaba se cumprindo de outras formas – “O triste é ver que a instituição criada para apresentar Jesus ao mundo não faz parte desse processo”, lamenta o professor.
“Nossa missão é implantar o Reino de Deus”
Para o bispo Ayres, entender missões como mero proselitismo é atitude reducionista.
Especialista em missiologia, tendo atuado como evangelista em Portugal e no Nordeste brasileiro, Paulo Ayres é hoje bispo emérito de sua denominação, a Igreja Metodista, e professor de teologia e história eclesiástica. Ele falou com CRISTIANISMO HOJE sobre o panorama evangélico brasileiro em relação à missão integral da Igreja.
CRISTIANISMO HOJE – Ao mesmo tempo em que a Igreja brasileira cresce numericamente, o conhecimento e envolvimento com missões parece decrescer a cada geração. Por quê?
PAULO AYRES – O crescimento numérico do povo evangélico brasileiro, em minha opinião, não tem sido acompanhado de um maior compromisso missionário em todos os campos da vida brasileira que reclamam um eficaz testemunho evangélico. As igrejas evangélicas brasileiras, em sua maioria, têm uma visão reducionista sobre o que é missão, entendendo-a mais em termos de evangelismo visando à conversão individual. Outras dimensões missionárias, como o serviço cristão aos necessitados, o ensino na doutrina dos apóstolos, o testemunho público do Evangelho, a ética e a moral cristãs (a práxis do Evangelho), ou até mesmo o culto, ainda que consideradas como importantes por algumas igrejas, acabam, na prática missionária, sendo somente – quando muito – andaimes secundários para a conversão individual.
Qual o resultado prático desse panorama?
Essa visão reducionista faz com que missão seja entendida e praticada mais como estratégias para conquistar almas para Cristo do que realmente levar à frente o objetivo de sinalizar a presença do Reino de Deus no mundo. Daí a obsessão pelo crescimento numérico das igrejas – melhor dizendo, das denominações – a qualquer custo, mesmo em detrimento dos valores maiores do Evangelho. É por isso que o crescimento numérico dos evangélicos brasileiros, apesar da extraordinária transformação na vida pessoal de milhões de pessoas, não tem causado maior impacto transformador em nossa sociedade.
O que fazer para mudar esse quadro de crescimento sem transformação social?
Creio que precisamos, com urgência, de uma nova reforma no evangelismo brasileiro, que deverá ter como seu centro a compreensão e a prática da missão como obra de Deus na implantação do seu Reino entre nós. Se deixarmos de lado a obra humana forjada nas regras do mercado e da exacerbada competição institucional entre as igrejas, contribuiremos para a construção de uma sociedade com alto padrão espiritual e ético, segundo a maneira de ser exposta por Jesus no Sermão do Monte.
Presença missionária brasileira
2.300 é o número aproximado de missionários brasileiros no exterior
50 são os países onde eles atuam
600 deles são ligados à Junta de Missões Mundiais da CBB
Fonte de estudos e pesquisa: http://www.cristianismohoje.com.br

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