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sexta-feira, 17 de abril de 2015

O Islamismo e as Igrejas Evangélicas Brasileiras...



I - INTRODUÇÃO
O Islamismo é atualmente a 2ª maior religião do mundo com cerca de 1,34 bilhão de seguidores, ou seja 19,6% da população mundial, crescendo em média 3% ao ano, se continuar neste ritmo em breve o Islamismo será a maior religião do planeta.1
Fundada no ano de 610 d.C., por Muhammad, mais conhecido como Maomé2, a religião islâmica tem sua crença firmada nos seguintes pilares:
1 - A Crença em Deus
2 - A Crença em seus Anjos
3 - A Crença nos seus Livros
4 - A Crença em seus Mensageiros
5 - A Crença no Dia do Juízo Final
6 - A Crença no Kadar ou Takdir ( no Decreto Divino, seja ele bom ou mau)
O livro sagrado do Islã3 é o Alcorão4, considerado como a última e maior revelação de Deus a humanidade, é a maior fonte de autoridade do Islã, que diferentemente de outras religiões “ prescreve as diretrizes que regulamentam a nossa vida, tanto individual como coletiva. Tais diretrizes abrangem assuntos muito variados, como os rituais religiosos, os aspectos sociais, políticos, econômicos, judiciários, relação internacional, entre outros. Em suma, são abordados todos os setores da vida humana.”5
Por ser considerado por seus seguidores como “um esquema de vida completo, uma ordem social universal.”6, o presente trabalho tem por objetivo pesquisar se de alguma maneira o Islamismo exerce alguma influência sobre o povo brasileiro, que é conhecido por seu sincretismo religioso, e em especial sobre as igrejas evangélicas brasileiras.

II - CONTEXTO HISTÓRICO
Segundo a tradição do Islã, Muhammad “todo ano, se isolava por alguns dias numa gruta chamada Hira a fim de meditar e refletir sobre Deus Único, já que não concordava com a idolatria feita pelo seu povo e com a imoralidade em que estavam mergulhados.”7
Aos 40 anos de idade, meditando como de costume nesta gruta, o anjo Gabriel lhe aparece, ordenando que Muhammad recitasse uma mensagem divina, esta mensagem era o Alcorão, e estas revelações continuaram por 23 anos até a morte de Muhammad no ano 632 d.C.


A crença em um Deus Único confrontava os costumes religiosos da Península Arábica do século VII d.C que era marcada pelo politeísmo, no início a aceitação da pregação de Muhammad foi pequena, apenas a sua esposa se converteu, mas com o passar dos anos um grande número de cristãos se converteu ao Islã, pois " é bom lembrar que quando o Islã chegou à cena da história, A Igreja dos Grandes Concílios ainda não impusera seus dogmas no Oriente Médio. Em outras palavras, o Islã nasceu entre um grande número de comunidades cristãs, muitas vezes mutuamente hostis, e não no seio de uma igreja universal."8 , ou seja um dos primeiros grupos a aceitarem o Islã foram cristãos que desconheciam os dogmas da Igreja Romana, como a Trindade e ainda liam livros apócrifos que haviam sidos rejeitados pela Igreja, como por exemplo vários Evangelhos que apresentavam um Jesus meramente humano.
Muitos judeus de origem árabe também abraçaram ao Islã, pois "além do multifaceteado cristianismo, havia também uma presença judaica árabe, de orientação doutrinária incerta. Contudo, também devemos nos lembrar que o judaísmo projetado na Arábia era um amálgama difuso de escritura, folclore e mito."9. Ou seja o Islã cresceu através da adesão de cristãos e judeus, grupos religiosos que já criam em um Deus Único, mas que estavam enfraquecidos doutrinariamente pelo sincretismo religioso.

III- COMPARAÇÃO ENTRE O ISLÃ E AS IGREJAS EVANGÉLICAS
Um dos costumes que mais chamam a atenção no Islã é a maneira como as mulheres se vestem, com os seus véus e roupas compridas que cobrem praticamente todo o corpo, pois para o Islã não só no momento da oração, mas também em todos os momentos, a mulher deve cobrir "o corpo todo"10, "com exceção do rosto, das mãos e dos pés"11 [quando estiver orando] e não deve "usar roupas transparentes ou apertadas que marquem o corpo."12

As mulheres que frequentam a igreja evangélica Assembleia de Deus dos últimos dias, também se vestem de forma semelhante pois vestem "os chamados 'roupões' (vestidos londos que não delineiam o corpo feminino) revelados pelo Espírito Santo de Deus e aprovado pelas santas do Senhor."13 e da mesma forma que no Islã as mulheres escondem seus cabelos, nesta denominação os cabelos das mulheres também ficam escondidos pois "os cabelos devem ser presos em coque, para não serem usados como instrumentos de vaidade ou atrativo sensual."14 


Esta mesma denominação coloca a higiene pessoal como questão doutrinária, fazendo parte do corpo de doutrinas que devem ser praticadas pelos seus membros pois, "A limpeza é divina, devemos zelar por ela em nossas vidas, nossa casa, na Igreja e na vida de nossos filhos. Faz parte da vontade de Deus ter o corpo limpo, sem mau cheiro, cabelos penteados e cortados [somente os homens podem cortar os cabelos], dentes escovados, roupas limpas e passadas, unhas cortadas e calçados limpos... a falta de higiene é do diabo."15. Como foi dito anteriormente o Islã regula todos os níveis da vida de seus adeptos e a higiene pessoal também faz parte de sua doutrina.
A higiene é parte integrante da fé islâmica. Disse o profeta (S.A.A.S)16: "A higiene é a metade da fé." Deus nos orientou através do profeta Muhammad (S.A.A.S) a nos mantermos sempre limpos e arrumados. A prova disso é a realização da ablução pelo menos cinco vezes por dia antes das orações, assim como a recomendação de tomarmos banho constantemente e, em particular, antes da oração de sexta-feira. Disse o profeta (S.A.A.S): " Quando qualquer um de vós se dirigir para a oração de sexta-feira, deverá tomar banho." E quando formos às mesquitas orar procuramos ir perfumados com as melhores roupas (7:31) – "Ó filhos de Adão, revesti-vos de nosso melhor atavio quando fordes às mesquitas..." e evitarmos tudo que possa incomodar os nossos vizinhos em termos de odor como, por exemplo, comermos alho e cebola e irmos orar na mesquita, poís poderíamos incomodar quem estivesse orando do nosso lado. Da mesma forma somos aconselhados a escovarmos os dentes. Disse o profeta (S.A.A.S): "O siwak (escovar os dentes) purifica a boca e agrada o Senhor." E disse: "Se eu não temesse pedir demais à minha comunidade, ordenar-lhe-ia o uso da escova de dentes antes de cada oração."17

Da mesma maneira que os adeptos do Islã devem se manter sempre limpos e arrumados, os membros da Assembléia de Deus dos últimos dias também devem estar da mesma maneira "como noiva pronta para o céu. Estar assim em qualquer lugar, hora ou ocasião. Ex: escola, trabalho, casa, igreja, festas, reuniões, shopping e etc. Varões, varoas e crianças"18
Por causa de sua fé os seguidores do Islã não podem ter em suas casas nenhum cachorro, que é um dos animais de estimação mais comum, pois "os anjos não entram na casa daqueles que têm cachorro e estátuas."19. Encontramos uma forma radicalizada deste pensamento na doutrina da Assembleia de Deus dos últimos dias, não com o temor dos anjos não entrarem na casa, mas destes animais de estimação serem uma porta de entrada para espíritos malígnos, então não é permitido a criação de nenhum tipo de animal " seja cachorro, gato, periquito, papagaio, peixes...,qualquer espécie ou tipo de bichinhos de estimação (pelúcia). Isto se dá aos animais serem seres irracionais, incapazes de se defenderem de ataques de espíritos malígnos, trazendo males como enfermidades, dissensão, improsperidades e etc."20nem mesmo é permitido o uso de plantas em vasos "Lembramos que as plantas também possuem vida...por isso não podemos tê-las presas em vasos. Pois também há possiblidade dos espíritos maus se esconderem nas tais, como nos animais."21
A crença nos anjos é um dos pilares da fé islâmica, mas dentre todos os anjos o que têm maior destaque sem dúvida é o anjo Gabriel, pois foi ele que trouxe a revelação do Alcorão. O Islã apresenta Gabriel como sendo um anjo que "possui 600 asas, e cada asa pode cobrir o horizonte"22.Nesta denominação evangélica, o anjo Gabriel também merece destaque, pois em todos os exorcismos ele é invocado, recebendo ordens e prestando auxílio em todos os momentos, nenhum exorcismo é feito sem que Gabriel seja invocado. 
Uma das obrigações de todo o muçulmano é jejuar durante o mês do Ramadan23, este deve "abster-se, desde o raiar da aurora até o pôr-do-sol, da ingestão de qualquer espécie de alimentos e/ou bebidas, assim como fumar e manter relações sexuais."24, ou seja o jejum no Islã tem dia e hora marcada para ser realizado, querendo ou não o muçulmano terá que fazer pois se não fizer terá a seguinte punição: libertar "um escravo, ou que faça jejum durante 60 dias seguidos para cada dia não jejuado, ou que dê de comer a 60 pessoas pobres."25. Ocasionalmente a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), convoca as suas igrejas filiadas para a "Semana Nacional de Oração & Jejum", onde pelo período de uma semana, todos os evangélicos desta denominação devem orar e jejuar por um motivo preestabelecido, em muitas igrejas aqueles que se recusam a jejuar, enfrentam a reprovação de seu líder e de sua comunidade.26
Para o Islã a única forma de Deus falar com o homem é através do Alcorão, " que é a última das mensagens reveladas por Deus"27 podemos comparar este pensamento com o modo de pensar das igrejas evangélicas tradicionais, que afirmam que " A Bíblia é a única regra infalível sobre o que devemos crer e como devemos viver. Revelações carismáticas contínuas, profecias ou línguas estranhas não mais são necessárias porque Deus falou Sua palavra final e toda suficiente ao completar-se o cânon das Escrituras Sagradas."28
A ala mística do Islamismo é representada pelos sufis que seguem todas as regras do Islã, mas que almejam um contato mais íntimo com Deus através de "devoções e práticas meditativas e espirituais"29, os sufis ficam rodopiando até entrar em transe e assim ter este contato íntimo. Nas igrejas evangélicas pentecostais, é cena comum ver membros "cheios do Espírito Santo" rodopiando de forma semelhante.


IV - CONCLUSÃO
O presente artigo não teve por objetivo ofender ou denegrir nenhuma denominação ou segmento evangélico brasileiro, mas apenas demonstrar que o pensamento religioso é comum em todo ser humano e por este motivo algumas formas de expressão religiosa irão se repetir em diversas culturas e religiões.
Da mesma maneira que as comunidades cristãs do Oriente Médio no século VII d.C. estavam divididas e enfraquecidas doutrinariamente pelo sincretismo e isto acabou favorecendo o crescimento do Islã, as igrejas evangélicas brasileiras também estão divididas e enfraquecidas pela barreira denominacional, se não quisermos ver o Islã crescendo em território brasileiro temos que ter o pensamento do reformador Filipe Melanchton: "No que é primário: unidade, no que é secundário: longanimidade, mas em tudo: caridade."

NOTAS:

1 Super Interessante, 2009, 30, 63.

2 Os muçulmanos não aceitam a tradução “Maomé” por considerarem depreciativa , e por seguirem a regra que nome próprio não se traduz

3 “A palavra Islã deriva da raiz árabe salám, que lingüisticamente significa paz, e no sentido religioso a palavra Islã significa submissão voluntária à vontade de Deus” (ISBELLE, 2003, 3)

4 O Alcorão, palavra árabe que significa leitura por excelência ou recitação, é dividido em 114 Suratas (capítulos) e é formado por 6.342 versículos, 77.930 palavras e 323.670 letras. Total de palavras e letras em árabe que é considerada a única forma de Alcorão, as traduções não são consideradas como Alcorão Sagrado, mas são tidas como simples exegeses do sentido real. Segundo a tradição do Islã a revelação do Alcorão demorou 23 anos para ser concluída. Encontramos em seu texto resíduos de mitologia árabe, partes da Bíblia, do Talmud e de textos cristãos apócrifos, que eram ainda usados por comunidades cristãs do Oriente Médio na época.

5 ISBELLE, 2003, 7.

6 Id., ibid., 7.

7 Id,. Ibid., 150.

8 KHALIDI, 2001, 16.

9 Id., ibid., 17. 

10 ISBELLE, 2003, 203.

11 Id., ibid.

12 Id., ibid.

13 Disponível em: http://www.adud.com.br/site/doutrina. Acesso em 14 ago. 2009.

14 Id., ibid.

15 Id., ibid.

16 "Essa é a abreviação da expressão em árabe 'Sala Alláhu ua Salam' que significa 'Que a bênção e a paz de Deus estejam sobre ele'. Pois de acordo com que o Alcorão nos ensina devemos sempre após ser mencionado o nome do profeta Muhammad falarmos isso: (33:56) – 'Em verdade, Deus e seus anjos abençoam o Profeta. Ó fiéis, abençoai-o e saudai-o reverentemente.'" ( ISBELLE, 2003, 4)

17 ISBELLE, 2003, 200.

18 Id. nº 13

19 ISBELLE, 2003, 69.

20 id. nº 13

21 Id., ibid. 

22 ISBELLE, 2003, 66.

23 "Ramadan é o nono mês do calendário islâmico, e o número de dias varia de 29 a 30. Este calendário é lunar; logo os seus meses são móveis passando por todas as estações do ano." (ISBELLE, 2003, 217)

24 ISBELLE, 2003, 218.

25 Id., ibid., 220.

26 Entendemos que o jejum deve ser um ato voluntário, e jamais deve ser imposto a alguém.

27 ISBELLE, 2003, 118

28 Disponível em: http: // www.ipb.org.br . Acesso em 18jul. 2009. 

29 Super Interessante, 2009, 29.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

ISBELLE, Sami Armed. Islam, A sua crença e a sua prática1. ed. Rio de Janeiro: Azaan, 2003.

KHALIDI, Tarif (org.). O Jesus Muçulmano, Provérbios e Histórias na Literatura Islâmica. 1. ed. Rio de Janeiro: Imago, 2001.

SUPER INTERESSANTE. Deus, O que existe acima de nós? As respostas das religiões (e as da ciência) para a pergunta mais inquietante de todos os tempos. 1. ed . Rio de Janeiro: março, 2009.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

É Correto Mentir...

É CORRETO MENTIR PARA SALVAR UMA VIDA?



Norman Geisler, Ph. D., foi professor universitário por mais de 50 anos e é autor de mais de sessenta livros e é considerado como o principal apologista protestante da atualidade.


Em seu livro “Ética Cristã – Alternativas e Questões Contemporâneas”, editado pela editora Vida Nova, no capítulo primeiro intitulado “Abordagens e Alternativas Éticas Básicas” o autor inicia o assunto fazendo uma pergunta de difícil resposta: “É correto mentir a fim de salvar uma vida?”, esta é uma pergunta que põe em confronto dois valores universais: a verdade e a vida, vários pontos de vista são abordados pelo autor como por exemplo: mentir não é certo nem errado, mentir é geralmente errado, mentir às vezes é certo, mentir sempre é errado, mentir nunca é certo, mentir às vezes é certo, quando dois valores desta grandeza estão em confronto deve-se optar pelo valor mais alto, neste caso o de poupar uma vida, a verdade deve ser contada sempre, mas não ao custo de sacrificar uma vida.



A Bíblia mostra vários exemplos de pessoas que mentiram para salvar vidas e mesmo assim foram abençoadas por Deus, um exemplo é o das parteiras egípcias que mentiram para faraó e pouparam as vidas dos meninos hebreus, mas mesmo diante desta situação “Deus fez bem as parteiras” (Êx 1.20), outro exemplo é o da meretriz Raabe que mentiu para salvar a vida dos espias hebreus, e por causa deste ato a meretriz faz parte da galeria dos heróis da fé de Hebreus capítulo 11 “ Pela fé, Raabe a Meretriz, não pereceu com os incrédulos, acolhendo em paz os espias.” (Hb 11.31).

Não estou declarando que os fins justificam os meios, para que a vida em sociedade se torne possível, se faz necessário o apego a certos valores e a obediência a certas normas, e o Cristianismo sem dúvida oferece a melhor opção ética para o homem em qualquer época, mas não posso concordar com o pensamento farisaico de alguns que colocam a lei acima do amor, a Bíblia afirma que devemos tratar nosso irmão da maneira que queremos ser tratados, e quem tendo a vida em perigo não iria querer que alguém fizesse de tudo, inclusive mentir, para salvá-lo? A verdade deve ser preservada, mas a vida que é o dom maior de Deus deve ser protegida a qualquer custo.   
Link para fazer o download do livro:

Comentário pessoal para reflexão, e, para ser utilizado como reflexão no momento em que você pensar na mentira que virá a dizer, em João 8:44 o próprio Senhor Jesus nos dá uma seria definição quanto a mentira: "Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. João 8:44".

sábado, 11 de abril de 2015

Missões 2...

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Missões ao mundo islâmico

1. Alcançáveis ou não?
Existe uma percepção no Ocidente de que os muçulmanos são difíceis de ser alcançados para Cristo. O fato é que historicamente as igrejas têm investido pouco no mundo islâmico, em termos comparativos. Porém, a experiência mostra que os muçulmanos são alcançáveis.

No Norte da África não há nenhuma igreja cristã reconhecida como tal, mas somente grupos que funcionam de forma subterrânea (Líbia, Tunísia, Argélia, Marrocos, Mauritânia). Já no Oriente Médio existe um número considerável de cristãos e igrejas em vários países islâmicos, tais como Egito, Jordânia, Síria e Iraque. No Líbano, cerca de 50% da população é cristã. No Líbano, Egito e Jordânia existem igrejas de todas as denominações, escolas e universidades cristãs, livrarias cristãs e programas radiofônicos cristãos.

A maioria dos que têm se convertido a Cristo no Norte da África são berberes, tribos que foram forçadas a aceitar o islã. Numa aldeia dessa região houve um avivamento em que durante três anos cerca de 300 pessoas se converteram a Cristo. Raimundo Lúlio, um missionário espanhol, trabalhou nessa região no século 13. Ele escreveu: “Os muçulmanos só podem ser ganhos para Cristo através do suor, das lágrimas e ainda da morte”.

2. Perseguição
As perseguições fazem parte rotineira da vida dos cristãos que vivem no mundo muçulmano. Elas podem se manifestar de várias maneiras. (1) Perseguição de indivíduos: perda da família, emprego, status, identidade e nacionalidade (por exemplo, na Malásia). (2) Perseguição por grupos fundamentalistas: destroem igrejas, queimam negócios de cristãos, matam líderes (por exemplo, no Egito). (3) Perseguição como política do Estado: Egito, Malásia, Irã, Arábia Saudita, Paquistão, Nigéria, Sudão. (4) Opressão do cristianismo por parte de operações islâmicas internacionais. (5) Perseguição promovida pela atividade dos cristãos ocidentais. Exemplos: ações impensadas de missionários e igrejas, invasão do Iraque pelos Estados Unidos, apoio incondicional do Ocidente a Israel.

3. Barreiras
Há alguns fatores que dificultam a aceitação do cristianismo pelos muçulmanos: (a) Não encontram respeito, aceitação e amor entre os cristãos: os muçulmanos são sinceros em sua busca de Deus, oram regularmente, jejuam. (b) Eles têm uma idéia errônea sobre o cristianismo: pensam que os cristãos são imorais, que bebem muito e se embriagam, etc. (c) Os muçulmanos ligam o islamismo com a cultura e a nacionalidade: deixar o islã é ser um traidor do seu país ou povo; é preciso mostrar-lhes que o cristianismo não é uma religião ocidental, mas teve origem no Oriente. (d) Medo da perseguição: quase sempre a aceitação do cristianismo implica em algum tipo de sofrimento. (e) Precisam ter uma boa razão para abandonar o islamismo e abraçar a fé cristã. É necessário apresentar-lhes Cristo acima de tudo. A relação pessoal entre Deus e o ser humano e o seu amor pela humanidade é a grande diferença entre o islã e o cristianismo.

4. Preparação de obreiros
Existem alguns passos a serem dados na preparação das pessoas para trabalhar entre os muçulmanos: (1) Estudar a Bíblia e suas doutrinas com profundidade (não tentar destruir o Alcorão); (2) Estudar apologética (argumentos de defesa da fé cristã); (3) Estudar sobre aconselhamento (oportunidade especial para mulheres); (4) Ter uma profissão e um título (algo valorizado nas culturas islâmicas); (5) Começar entre os muçulmanos que vivem no nosso próprio país; (6) Ter um relacionamento de amizade sincera; (7) Orar por eles.

5. Estratégias
É importante utilizar abordagens que revelem sensibilidade cultural. Por exemplo, usar o Corão como uma ponte. O Corão tem alguns versos magníficos sobre Jesus, onde ele é apresentado como um grande profeta e alguém muito próximo de Deus. Jesus é chamado “a Palavra de Deus” (4:171) e “o Espírito de Deus” (2:87). Atribuem-se a ele as seguintes palavras: “A bênção de Deus está sobre mim aonde quer que eu vá” (19:30). Também pode ser traduzido como: “Deus me fez abençoado onde quer que eu esteja”. No Corão, Jesus é o único profeta que ressuscita os mortos. Também se faz menção dos seus milagres e curas e do seu nascimento virginal. Virtualmente todos os convertidos do islã dizem que o Deus que eles conheciam de modo distante no Corão eles agora conhecem mais plenamente em Jesus Cristo.

Muitas pessoas tratam o islã como se fosse um bloco monolítico, deixando de considerar que ele ostenta uma enorme diversidade. Isso significa que existem diferentes graus de resistência ao cristianismo e que os métodos evangelísticos a serem utilizados devem diferir de um grupo para outro. Por exemplo, o número de muçulmanos abertos para o cristianismo na Indonésia, o maior país islâmico do mundo, é muito grande. Uma estratégia frutífera tem sido enviar cristãos árabes para trabalhar na Indonésia, ensinando o árabe e pregando o evangelho. Na Arábia Saudita, tem sido considerável o impacto dos cristãos coreanos, algo intrigante para os sauditas.

6. Vantagens dos latinos
latinos têm algumas vantagens como obreiros para o mundo muçulmano: (a) São mais flexíveis que os anglo-saxões, por exemplo, na maneira de encarar o uso do tempo (os árabes podem gastar três para tomar chá e conversar); (b) A hospitalidade latina é semelhante à árabe; (c) Os latinos valorizam o grupo e são menos individualistas que os povos do hemisfério norte; (d) Os árabes, como os latinos, dão muita importância à posição social, aparência e títulos pessoais; (e) Existem também as semelhanças no aspecto físico.

Referências:
· Federico A. Bertuzzi (ed.). Rios no Deserto: palestras sobre evangelização de muçulmanos. São Paulo: Editora Sepal, 1993. Primeira Consulta Latina de Evangelização de Muçulmanos, 10-13 abril 1990, Orlando, Flórida.
· Ralph D. Winter e Steven C. Hawthorne (eds.). Missões Transculturais. São Paulo: Mundo Cristão, 1987.
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sexta-feira, 10 de abril de 2015

Auguste Comte e a Lei dos Três Estados

Auguste Comte e a Lei dos Três Estados
A Lei dos Três Estados: A filosofia da história, tal como a concebe Comte, é de certa forma tão idealista quanto a de Hegel. Para Comte "as idéias conduzem e transformam o mundo" e é a evolução da inteligência humana que comanda o desenrolar da história. Como Hegel ainda, Comte pensa que nós não podemos conhecer o espírito humano senão através de obras sucessivas - obras de civilização e história dos conhecimentos e das ciências - que a inteligência alternadamente produziu no curso da história. O espírito não poderia conhecer-se interiormente (Comte rejeita a introspecção, porque o sujeito do conhecimento confunde-se com o objeto estudado e porque pode descobrir-se apenas através das obras da cultura e particularmente através da história das ciências. A vida espiritual autêntica não é uma vida interior, é a atividade científica que se desenvolve através do tempo. Assim como diz muito bem Gouhier, a filosofia comtista da história é "uma filosofia da história do espírito através das ciências".
O espírito humano, em seu esforço para explicar o universo, passa sucessivamente por três estados:

a) O estado teológico ou "fictício" explica os fatos por meio de vontades análogas à nossa (a tempestade, por exemplo, será explicada por um capricho do deus dos ventos, Eolo). Este estado evolui do fetichismo ao politeísmo e ao monoteísmo.

b) O estado metafísico substitui os deuses por princípios abstratos como "o horror ao vazio", por longo tempo atribuído à natureza. A tempestade, por exemplo, será explicada pela "virtude dinâmica"do ar (²). Este estado é no fundo tão antropomórfico quanto o primeiro ( a natureza tem "horror" do vazio exatamente como a senhora Baronesa tem horror de chá). O homem projeta espontaneamente sua própria psicologia sobre a natureza. A explicação dita teológica ou metafísica é uma explicação ingenuamente psicológica. A explicação metafísica tem para Comte uma importância sobretudo histórica como crítica e negação da explicação teológica precedente. Desse modo, os revolucionários de 1789 são "metafísicos" quando evocam os "direitos" do homem - reivindicação crítica contra os deveres teológicos anteriores, mas sem conteúdo real.

c) O estado positivo é aquele em que o espírito renuncia a procurar os fins últimos e a responder aos últimos "por quês". A noção de causa (transposição abusiva de nossa experiência interior do querer para a natureza) é por ele substituída pela noção de lei. Contentar-nos-emos em descrever como os fatos se passam, em descobrir as leis (exprimíveis em linguagem matemática) segundo as quais os fenômenos se encadeiam uns nos outros. Tal concepção do saber desemboca diretamente na técnica: o conhecimento das leis positivas da natureza nos permite, com efeito, quando um fenômeno é dado, prever o fenômeno que se seguirá e, eventualmente agindo sobre o primeiro, transformar o segundo. ("Ciência donde previsão, previsão donde ação").
Acrescentemos que para Augusto Comte a lei dos três estados não é somente verdadeira para a história da nossa espécie, ela o é também para o desenvolvimento de cada indivíduo. A criança dá explicações teológicas, o adolescente é metafísico, ao passo que o adulto chega a uma concepção "positivista" das coisas.
(²) São igualmente metafísicas as tentativas de explicação dos fatos biológicos que partem do "princípio vital", assim como as explicações das condutas humanas que partem da noção de "alma".
A Classificação das Ciências: As ciências, no decurso da história, não se tornaram "positivas" na mesma data, mas numa certa ordem de sucessão que corresponde à célebre classificação: matemáticas, astronomia, física, química, biologia, sociologia.
Das matemáticas à sociologia a ordem é a do mais simples ao mais complexo, do mais abstrato ao mais concreto e de uma proximidade crescente em relação ao homem.
Esta ordem corresponde à ordem histórica da aparição das ciências positivas. As matemáticas (que com os pitagóricos eram ainda, em parte, uma metafísica e uma mística do número), constituem-se, entretanto, desde a antiguidade, numa disciplina positiva (elas são, aliás, para Comte, antes um instrumento de todas as ciências do que uma ciência particular). A astronomia descobre bem cedo suas primeiras leis positivas, a física espera o século XVII para, com Galileu e Newton, tornar-se positiva. A oportunidade da química vem no século XVIII (Lavoisier). A biologia se torna uma disciplina positiva no século XIX. O próprio Comte acredita coroar o edifício científico criando a sociologia.
As ciências mais complexas e mais concretas dependem das mais abstratas. De saída, os objetos das ciências dependem uns dos outros. Os seres vivos estão submetidos não só às leis particulares da vida, como também às leis mais gerais, físicas e químicas de todos os corpos (vivos ou inertes). Um ser vivo está submetido, como a matéria inerte, às leis da gravidade. Além disso, os métodos de uma ciência supõem que já sejam conhecidos os das ciências que a precederam na classificação. É preciso ser matemático para saber física. Um biólogo deve conhecer matemática, física e química. Entretanto, se as ciências mais complexas dependem das mais simples, não poderíamos deduzi-las de, nem reduzi-las a estas últimas. Os fenômenos   psicoquímicos condicionam os fenômenos biológicos, mas a biologia não é uma química orgânica. Comte afirma energicamente que cada etapa da classificação introduz um campo novo, irredutível aos precedentes. Ele se opõe ao materialismo que é "a explicação do superior pelo inferior". 
Nota-se, enfim, que a psicologia não figura nesta classificação. Para Comte o objeto da psicologia pode ser repartido sem prejuízo entre a biologia e a sociologia.
A Humanidade: A última das ciências que Comte chamara primeiramente física social, e para a qual depois inventou o nome de sociologia reveste-se de importância capital. Um dos melhores comentadores de Comte, Levy-Bruhl, tem razão de sublinhar: "A criação da ciência social é o momento decisivo na filosofia de Comte. Dela tudo parte, a ela tudo se reduz". Nela irão se reunir o positivismo religioso, a história do conhecimento e a política positiva. É refletindo sobre a sociologia positiva que compreenderemos que as duas doutrinas de Comte são apenas uma. Enfim, e sobretudo, é a criação da sociologia que, permitindo aquilo que Kant denominava uma "totalização da experiência", nos faz compreender o que é, para Comte, fundamentalmente, a própria filosofia.
Comte, ao criar a sociologia, a sexta ciência fundamental, a mais concreta e complexa, cujo objeto é a "humanidade", encerra as conquistas do espírito positivo: como diz excelentemente Gouhier - em sua admirável introdução ao Textos Escolhidos de Comte, publicados por Aubier - "Quando a última ciência chega ao último estado, isso não significa apenas o aparecimento de uma nova ciência. O nascimento da sociologia tem uma importância que não podia ter o da biologia ou o da física: ele representa o fato de que não mais existe no universo qualquer refúgio para os deuses e suas imagens metafísicas. Como cada ciência depende da precedente sem a ela se reduzir, o sociólogo deve conhecer o essencial de todas as disciplinas que precedem a sua. Sua especialização própria se confunde, pois - diferentemente do que se passa para os outros sábios - com a totalidade do saber. Significa dizer que o sociólogo é idêntico ao próprio filósofo, "especialista em generalidades", que envolve com um olhar enciclopédico toda a evolução da inteligência, desde o estado teológico ao estado positivo, em todas as disciplinas do conhecimento. Comte repudia a metafísica, mas não rejeita a filosofia concebida como interpretação totalizante da história e, por isto, identificação com a sociologia, a ciência última que supõe todas as outras, a ciência da humanidade, a ciência, poder-se-ia dizer em termos hegelianos, do "universal concreto".
O objeto próprio da sociologia é a humanidade e é necessário compreender que a humanidade não se reduz a uma espécie biológica: há na humanidade uma dimensão suplementar - a história - o que faz a originalidade da civilização (da "cultura" diriam os sociólogos do século XIX). O homem, diz-nos Comte, "é um animal que tem uma história". As abelhas não têm história. Aquelas de que fala Virgílio nas Geórgicas comportavam-se exatamente como as de hoje em dia. A espécie das abelhas é apenas a sucessão de gerações que repetem suas condutas instintivas: não há, pois, num sentido estrito, sociedades animais, ou ao menos a essência social dos animais reduz-se à natureza biológica. Somente o homem tem uma história porque é ao mesmo tempo um inventor e um herdeiro. Ele cria línguas, instrumentos que transmitem este patrimônio pela palavra, e, nos últimos milênios, pela escrita às gerações seguintes que, por sua vez, exercem suas faculdades de invenção apenas dentro do quadro do que elas receberam. As duas idéias de tradição e de progresso, longe de se excluírem, se completam. Como diz Comte, Gutemberg ainda imprime todos os livros do mundo, e o inventor do arado trabalha, invisível, ao lado do lavrador. A herança do passado só torna possíveis os progressos do futuro e "a humanidade compõe-se mais de mortos que de vivos".
Comte distingue a sociologia estática da sociologia dinâmica. A primeira estuda as condições gerais de toda a vida social, considerada em si mesma, em qualquer tempo e lugar. Três instituições sempre são necessárias para fazer com que o altruísmo predomine sobre o egoísmo (condição de vida social). A propriedade (que permite ao homem produzir mais do que para as suas necessidades egoístas imediatas, isto é, fazer provisões, acumular um capital que será útil a todos), a família (educadora insubstituível para o sentimento de solidariedade e respeito às tradições), a linguagem (que permite a comunicação entre os indivíduos e, sob a forma de escrita, a constituição de um capital intelectual, exatamente como a propriedade cria um capital material).
A sociologia dinâmica estuda as condições da evolução da sociedade: do estado teológico ao estado positivo na ordem intelectual, do estado militar ao industrial na ordem prática - do estado de egoísmo ao de altruísmo na ordem afetiva. A ciência que prepara a união de todos os espíritos concluirá a obra de unidade (que a Igreja católica havia parcialmente realizado na Idade Média) e tornará o altruísmo universal, "planetário". A sociedade positiva terá, exatamente como a sociedade cristã da Idade Média, seu poder temporal (os industriais e os banqueiros) e seu poder espiritual (³) (os sábios, principalmente os sociólogos, que terão, à sua testa, o papa positivista, o Grão-Sacerdote da Humanidade, isto é, o próprio Augusto Comte).
Vê-se que é sobre a sociologia que vem articular a mudança de perspectiva, a mutação que faz do filósofo um profeta. A sociologia, cuja aparição dependeu de todas as outras ciências tornadas positivas, transformar-se-á na política que guiará as outras ciências, "regenerando, assim, por sua vez, todos os elementos que concorreram para sua própria formação". Assim é que, em nome da "humanidade", a sociologia regerá todas as ciências, proibindo, por exemplo, as pesquisas inúteis. (Para Comte, o astrônomo deve estudar somente o Sol e a Lua, que estão muito próximos de nós, para ter uma influência sobre a terra e sobre a humanidade e interditar-se aos estudos politicamente estéreis dos corpos celestes mais afastados!!) Compreende-se que esta "síntese subjetiva", integrando-se inteiramente no sistema de   Comte, tenha desencorajado os racionalistas que de saída viram no positivismo uma apologia do espírito científico!
A religião positiva substitui o Deus das religiões reveladas pela própria humanidade, considerada como Grande-Ser. Este Ser do qual fazemos parte nos ultrapassa entretanto - pelo gênio de seus grandes homens, de seus sábios aos quais devemos prestar culto após a morte (esta sobrevivência na veneração de nossa memória chama-se "imortalidade subjetiva"). A terra e o ar - meio onde vive a humanidade - podem, por isso mesmo, ser objeto de culto. A terra chamar-se-á o "Grande-Fetiche". A religião da humanidade, pois, transpõe - ainda mais que não as repudia - as idéias e até a linguagem das crenças anteriores. Filósofo do progresso, Comte é também o filósofo da ordem. Herdeiro da Revolução, ele é, ao mesmo tempo, conservador e admirador da bela unidade dos espíritos da Idade Média. Compreende-se que ele tenha encontrado discípulos tanto nos pensadores "de direita" como nos "de esquerda".
(³) Comte rejeita como metafísica a doutrina dos direitos do homem e da liberdade. Assim como "não há liberdade de consciência em astronomia", assim uma política verdadeiramente científica pode impor suas conclusões. Aqueles que não compreenderem terão que se submeter cegamente (esta submissão será o equivalente da fé na religião positivista).

Referências Bibliográficas:

DURANT, Will. História da Filosofia - A Vida e as Idéias dos Grandes Filósofos, São Paulo, Editora Nacional, 1.ª edição, 1926.
FRANCA S. J. Padre Leonel, Noções de História da Filosofia.
PADOVANI, Umberto e CASTAGNOLA, Luís. História da Filosofia, Edições Melhoramentos, São Paulo, 10.ª edição, 1974.
VERGEZ, André e HUISMAN, Denis. História da Filosofia Ilustrada pelos Textos, Freitas Bastos, Rio de Janeiro, 4.ª edição, 1980.
JAEGER, Werner. Paidéia - A Formação do Homem Grego, Martins Fontes, São Paulo, 3ª edição, 1995.

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