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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Perseguidos Por Causa da Justiça

10 - Bem-aventurados os que são perseguidos pôr causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.
 

         PERSEGUIDOS - O mundo ama o pecado e aborrece a justiça, e foi essa a causa de sua hostilidade para com Jesus. Todos quantos recusam Seu infinito amor, acharão o cristianismo um elemento perturbador. A luz de Cristo espanca as trevas que lhes cobrem os pecados, patenteando-se a necessidade de reforma. Ao passo que os que se submetem à influência do Espírito Santo começam lutar consigo mesmos, os que se apegam ao pecado combatem contra a verdade e seus representantes[1].

Aqui Cristo se refere em primeiro lugar à perseguição sofrida no processo de abandonar o mundo e voltar-se a Deus. Desde a entrada do pecado, existiu inimizade entre Cristo e Satanás, entre o reino dos céus e o reino deste mundo, e entre os que servem a Deus e os que servem a Satanás Gênesis 3: 15; Apocalipse 12: 7 a 17. Este conflito tem de continuar até que os reinos do mundo venham a ser de nosso Senhor e de seu Cristo Apocalipse 11: 15; Daniel. 2: 44; 7: 27. Paulo advertiu os crentes que através de muitas tribulações teriam de entrar no reino de Deus Atos 14: 22. Os cidadãos do reino celestial podem esperar tribulações neste mundo João 16: 33, porque seu caráter, seus ideais, suas aspirações e sua conduta dão um depoimento unânime e silencioso contra a impiedade deste mundo I João 3: 12. Os inimigos do reino celestial perseguiram a Cristo, o Rei, e se espera que persigam a seus súditos leais João 15: 20. E também todos os que querem viver piedosamente em Cristo Jesus padecerão perseguição. II Timóteo 3: 12[2].

DELES É O REINO DOS CÉUS - No verso 3 se faz a mesma promessa aos que sentem sua necessidade espiritual. Se sofremos, também reinaremos com ele. II Timóteo 2: 12; Daniel 7: 18 e 27. Quem mais sofre por Cristo são os que melhor podem apreciar quanto sofreu ele por eles. É apropriado que na primeira bem-aventurança e na última esteja a segurança de que essas pessoas serão súditos do reino. Os que cumprem com as oito condições aqui enumeradas para ser cidadãos, são dignos de um lugar no reino[3].

A BEM-AVENTURANÇA DE SOFRER POR CRISTO

Uma das qualidades importantes de Jesus era sua honra e transparência. Nunca deixou dúvida alguma a alguém que pretendesse segui-lo. Estava seguro que não viera para conceder uma vida fácil, mas fazer pessoas grandes.

Nos custa alcançar o que sofreram os cristãos primitivos. Todos sofreram intensamente.

1. Ser cristão afetaria seu trabalho. Suponhamos que um cristão primitivo era pedreiro. Parece ser uma função inofensiva. Suponhamos que sua empresa tenha um contrato para construir um templo de um dos deuses pagãos. Que faria este homem? Suponhamos que o cristão fosse um alfaiate, e que fosse encarregado de tecer vestimentas para os sacerdotes pagãos. Que faria este homem? Nesta situação em que os primeiros cristãos se encontravam, existiam poucos trabalhos em que não houvesse conflito entre os interesses comerciais e sua lealdade a Jesus Cristo.
A igreja colocaria em dúvida a obrigação da pessoa.Mais de cem anos depois disto, um homem foi a Tertuliano com o mesmo problema. Falou de suas dificuldades comerciais. Acabou dizendo: que posso fazer? Tenho que viver! Está seguro? Disse Tertuliano. Se tivesse que escolher entre a lealdade e a vida, um verdadeiro cristão não colocaria em dúvida escolher a lealdade.

2. Seu cristianismo quedaria sem dúvida para a vida social. No mundo antigo, a maior parte das festas eram celebradas no templo de algum deus. Eram raros os sacrifícios que se queimavam completamente o animal no altar. Muitas vezes eram queimadas pequenas partes do animal como um sacrifício simbólico. Os sacerdotes recebiam como oferendas de seu ofício parte da carne, e outra parte devolviam ao adorador. Com sua parte fazia uma festa para seus parentes e amigos. Um dos deuses mais populares era Serapis. Quando a festa era celebrada em seu Templo, os convites diziam assim: Convido-te a cear comigo, na mesa de nosso senhor Serapis.

Poderia um cristão participar de uma oferta oferecida em um templo pagão? Até as comidas corriqueiras eram oferecidas como libação, e um copo de vinho era derramado em honra aos deuses. Era como o nosso dar graças pelo alimento. Poderia um cristão participar de um gesto pagão como este? Novamente vemos que a resposta cristã era clara. Um cristão tinha que se  afastar de seus amigos antes de prestar sua aprovação a tais coisas com sua presença. Tinha que estar disposto a ser um cristão fiel.

3. O pior de tudo: Ser cristão poderia trazer terríveis problemas para sua família. Sucedia que muitas vezes o membro da família era cristão e os demais não. Uma mulher poderia ser cristã e seu marido não. O mesmo poderia ser com um filho ou filha. Imediatamente surgia uma divisão na família. Muitas vezes as portas da casa eram fechadas para sempre para os que se tornavam cristãos.

O cristianismo não trazia muitas vezes paz mas espada que dividia as famílias. Era literalmente certo que uma pessoa tinha que amar a Cristo mais que seu pai, mãe, esposa, irmão ou irmã. O cristianismo era escolhido por pessoas  que tornavam Jesus o mais querido em suas vidas.
Os castigos sofridos pelos cristãos eram terríveis além de toda descrição. A história nos relata de cristãos que foram jogados na arena e devorados por leões, queimados em patíbulos; porém estas eram mortes consideradas piedosas. Nero envolvia os cristãos com betume e colocava fogo para usar como tochas vivas em seus jardins. Cobria-lhes com peles de animais selvagens os lançava para feras famintas para serem despedaçadas, eram torturados por cavalos, arrancavam a pele com garfos, lançavam no chumbo fervido derretido, fixavam placas de bronze fervendo nas partes mais sensíveis do corpo, arrancavam os olhos, cortavam partes de seu corpo e assavam ante seus olhos, queimavam suas mãos e colocavam água fria para intensificar o sofrimento. Não é agradável pensar nestas coisas, mas eles sofriam em nome de Cristo. Poderíamos perguntar o porque dos romanos perseguirem os cristãos. Parece algo extraordinário que uma pessoa que viveu uma vida cristã se considerasse uma vítima apropriada para ser perseguida até a morte.

Havia algumas razões:
1.    Se haviam disseminado algumas calúnias contra os cristãos.
1.1 Acusava-se os cristãos de canibalismo. As palavras da Última Ceia: Este é meu corpo; Este corpo é o novo concerto é meu sangue. Havia calúnias em que os cristãos sacrificavam crianças para comê-las.
1.2Acusava-se os cristãos de práticas imorais, e se dizia que participavam de orgias indecentes. A reunião semanal dos cristãos se chamava Ágape, a Festa do amor, e esse nome se interpretava maliciosamente. Os cristãos se saudavam com o beijo da paz, e isto foi usado para construir acusações caluniosas.
1.3Os cristãos eram acusados de ser incendiários. É verdade que falavam que o fim do mundo estava próximo, e revestiam sua mensagem com quadros apocalípticos do mundo em chamas. Seus caluniadores tomavam estas palavras e as interpretavam como ameaças de terrorismo político e revolucionário.
1.4Os cristãos eram acusados de desfazerem laços familiares. De fato, por causa do cristianismo foram ocasionadas divisões em famílias. Causava divisões entre marido e mulher e desarticulava o lar. Haviam calúnias inventadas por gente má.

2. Porém o maior campo de perseguição era de fato, o político. Pensemos na situação. O império romano abarcava quase todo o mundo conhecido, desde as ilhas britânicas até o Eufrates, desde a Alemanha até o Norte da África. Como podia manter todos estes povos unidos? Que princípio unificador poderia encontrar Em um princípio se encontrou o culto a deusa de Roma, o espírito de Roma. Este era o culto que os povos das províncias davam de boa vontade, porque lhes havia trazido paz e um bom governo, ordem e justiça. Limparam suas rodovias de bandidos, os piratas dos mares, os déspotas e tiranos foram despojados da imparcial justiça romana. As pessoas das províncias estavam dispostas a oferecer sacrifícios ao espírito do império que havia feito tanto por ela.

         Porém o culto de Roma foi transferido para outro objeto. Havia um homem que era a personificação do império romano, em que se podia dizer que Roma se encarnava, e esse homem era o imperador, e assim não demorou para que fosse considerado um deus, e se iniciaram as honras divinas e a se levantar templos a sua divindade. Não partiu de Roma o início deste culto, de fato, fez todo possível para desanimá-lo. O imperador Cláudio, dizia que lamentava que lhe dessem honras divinas a qualquer ser humano.

          Porém, com o passar dos anos, o governo romano viu no culto ao imperador a única prática que podia unificar o vasto império romano, assim haveria um centro em que poderia reunir todos seus habitantes. Assim é que acabou não só em aceitar mas impor o culto ao imperador. Uma vez ao ano, todas as pessoas tinham que presentear e queimar incenso a divindade de Cesar e dizer: Cesar é senhor. E isto os cristãos se negavam a fazer. Para eles Jesus Cristo era o único Senhor, e não dariam a nenhum ser humano num título que pertencia exclusivamente a Cristo.

         Está claro que o culto a Cesar era uma forma de lealdade política mais que nenhuma outra coisa. De fato, quando um homem havia queimado uma pira de incenso e repetido a fórmula recebia um certificado, um libellus de que havia feito, e logo poderia oferecer um culto a qualquer outro deus, sempre que não fosse contra a decência e a ordem pública. Os cristãos se negavam a submeter-se. Ao enfrentarem o dilema Jesus/Cesar não vacilavam em se definirem como cristãos. Negavam-se a qualquer outra proposta. Na verdade por melhor que fosse o cidadão, ou de excelente convívio se tornava imediatamente um fora da lei. No antigo império romano não era tolerado qualquer desavença, e isto era o que as autoridades romanas consideravam ser as congregações cristãs. Um poeta disse: Ao agoniado e encurralado rebanho cujo crime era Cristo.

         O único crime que os cristãos haviam colocado era terem Cristo em primeiro lugar acima de Cesar, e por sua suprema lealdade morreram milhares de cristãos e foram torturados devido sua opção de declarem a Jesus como o supremo em suas vidas[4].

A Última Bênção

Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles e o reino dos Céus. Mateus 5: 10.
Com o verso 10, chegamos à última bem-aventurança. A pro­messa dessa bem-aventurança e idêntica a da primeira: deles é o rei­no do Céu. Mateus 5: 3 e 10.

Assim, Jesus começou e terminou com a mesma promessa. A pro­messa da primeira bem-aventurança e da última formam um pacote verbal bastante abrangente, com Mateus 5: 11 e 12 provendo um co­mentário sobre o verso 10.
Nesse pacote, Jesus colocou alguns dos mais importantes conse­lhos de Seu ministério. Nele, Ele descreveu a essência do caráter de ca­da cristão.

O fato de que Jesus apoiou esse importante segmento de Seus en­sinos com a menção do reino de Deus, é altamente significativo. O centro, tanto da Sua mensagem Mateus 4: 17 como da mensagem de João Batista Mateus 3: 2 era que o reino de Deus era chegado.

A importância do Sermão do Monte, é que ele apresenta os prin­cípios do reino de Jesus no início do Seu ministério. E esses princípios, são ex­tremamente diferentes dos princípios do mundo, e até mesmo dos princípios do mundo religioso dos dias de Jesus e dos nossos.

Os judeus esperavam um reino de poder e glória, mas Jesus disse que antes daquele reino chegar, Seus seguidores viveriam em um reino de humildade de espírito, lamento pelo pecado, mansidão, fome e sede de justiça, misericórdia, pureza, promoção da paz, e perseguição.

Para colocar em termos simples, o reino de Jesus não era o que os judeus es­peravam. Aquele reino virá em sua plenitude por ocasião da segunda vinda de Cristo. No reino de poder e glória, os caminhos do mundo e do mundo religio­so não terão lugar. Muito pelo contrário, seus caminhos serão de mansidão, paz,misericórdia e assim por diante.

Para mim, isso significa que a época presente é o tempo de começar a viver os princípios do Céu. Meu caráter não será transformado por ocasião do segundo advento. Continuarei sendo o que tenho sido. Agora é o tempo de permitir que Deus mude meu coração e minha vi­da para que eu possa estar preparado para a plenitude do reino[5].

Jesus Nunca nos Prometeu um Mar de Rosas

Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes odiou a Mim. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas Eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia. João 15: 18 e 19.
O cristianismo, conforme Jesus apresentou, não é como um pi­quenique pacífico. Entre todos os importantes educadores do mundo, talvez Ele seja o mais honesto. Vez após outra, Jesus salientava o fato de que Seus seguidores seriam perseguidos porque eram semelhantes a Ele, porque andariam de acordo com princípios totalmente opostos aos da cultura em geral.

O cristianismo tem resultado em perseguição em todas as áreas da vida cristã: no trabalho, por causa das questões de observância do sábado; na família, por causa das responsabilidades e prioridades; e na vi­da social, por causa de novos estilos de vida.

A realidade é que o verdadeiro cristianismo muda as pessoas. Ele as deixa fora de sintonia com a cultura humana normal isto é, pe­caminosa. E o resultado é perseguição.

E essa perseguição nem sempre tem sido suave. O imperador Ne­ro, por exemplo, cobriu os cristãos de piche e os incendiou, para que servissem de tochas vivas para iluminar seu jardim. Ele também os cos­turou dentro de peles frescas de animais e colocou os próprios cães de caça atrás deles para os atacarem e estraçalharem. Outros cristãos fo­ram costurados dentro de peles frescas de animais e colocados ao sol para secar e morrer, enquanto as peles se encolhiam e lentamente os sufocavam e esmagavam seu corpo indefeso. Ainda outros tiveram par­tes do seu corpo decepadas e assadas diante de seus olhos, ou recebe­ram uma chuva de chumbo derretido fervendo.

A lista de atrocidades seria infinda. O próprio Jesus não ficou isen­to. Ele morreu a terrível e humilhante morte de cruz.
A perseguição e discriminação ainda não estão no fim. A Bíblia nos diz que elas continuarão até o fim dos tempos. Tais coisas, porém, não quebrantam o espírito dos seguidores de Cristo, porque eles sabem que este mundo não é seu lar. Eles sabem que aqueles que são perseguidos por causa da justiça herdarão o reino de Deus[6].

Perseguidos, Por Quê?

Todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. II Timóteo 3: 12.

Todos os tipos de pessoas que alegam ser cristãs são perseguidas. Será que a perseguição delas significa que são cristãs?

A resposta bíblica a essa pergunta é um categórico não! Jesus não disse: Bem-aventurados aqueles que são perseguidos, mas Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça.

Existe uma grande diferença entre essas duas idéias. Tenho um amigo que pertence a certo grupo religioso que acredita que a perse­guição que sofrem é sinal de que suas doutrinas e estilo de vida estão corretos.

A essa altura, precisamos ler nossa Bíblia atentamente. Ela não diz: Bem-aventurados os que são perseguidos por serem censuráveis ou di­fíceis. Nem tampouco promete bênçãos aos que são perseguidos, por serem tolos ou insensatos na maneira de darem seu testemunho.

Encaremos a realidade. Algumas pessoas testemunham de manei­ra que verdadeiramente ofende as pessoas sensíveis e até ao bom senso [negam-se a salvar uma vida através de uma transfusão de sangue, negam-se a prestar Serviço Militar, etc.]. . Nesse caso, é noção ridícu­la de testemunhar que provoca sua perseguição. Essa perseguição pode ter pouco ou nada a ver com o que Jesus está dizendo.

O mesmo pode ser dito acerca daqueles que são extremamente ze­losos ou fanáticos. O fanatismo e o extremismo nunca são elogiados no Novo Testamento.

A passagem final das bem-aventuranças é bastante específica. Ela diz: Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça. Mateus 5: 10. Eles são considerados abençoados porque vivem de acordo com os princípios de Jesus, os princípios das bem-aventuranças. Como resulta­do, são encontrados fora de sintonia com a cultura geral e até mesmo com grupos religiosos que assimilam os princípios da cultura geral.

Conforme indica nosso texto, a perseguição sobrevirá, de uma forma ou outra, a toda pessoa que procura viver piedosamente em Cristo Jesus. O mundo não tem capacidade nem disposição para aceitar os princípios radicais do evangelho. O verdadeiro cristianismo está fora de sintonia com a cultura, porque ele se baseia em um conjunto radical de princípios[7].
  
As Pessoas Boas e os Cristãos
  
Ai de vos, quando todos vos louvarem! Porque assim procederam seus pais com os falsos profetas. Lucas 6: 26.

Muitos de nós achamos este texto complicado. Não deveriam os cristãos ser os melhores cidadãos, os vizinhos mais amigáveis e os colegas de trabalho mais prestativos? Por que Jesus pro­nuncia um ai em vez de uma bênção sobre aqueles a quem todos louvam?

Precisamos nos lembrar de que bem-aventurados não são aqueles que são perseguidos por serem bons ou por serem nobres ou altruístas. Esses traços são geralmente apreciados pela cultura pagã. Como D. Martin Lloyd-Jones coloca: Você provavelmente não será perseguido por ser bom... Ou nobre. O mundo... Geralmente louva, admira e ama os bons e os nobres.

Lloyd-Jones continua sugerindo que os bons e os nobres raramen­te são perseguidos, porque até os pagãos acham que essas pessoas sãoexatamente como eles mesmos. Não são os bons que são perseguidos, mas os justos, aqueles que estão vivendo a vida de Jesus como é apre­sentada nas Bem-aventuranças. A verdadeira justiça cristã faz com que a mera bondade e nobreza humanas tenham aparência egocêntrica e esfarrapada.

Uma coisa e ser bom; e outra bem diferente é ser humilde e manso. Uma coisa é ter orgulho de nossas nobres realizações; mas outra bem diferente é ser humilde de espírito e ter fome e sede da justiça e bondade que unicamente Deus pode suprir.
Precisamos aceitar o fato. As Bem-aventuranças definem a linha de batalha entre os princípios do reino de Satanás e os do reino de Cristo. E cada conversão aos princípios de Cristo, é um ato no drama do grande conflito entre as forças do bem e do mal.

No livro O Maior Discurso de Cristo à pagina 29 lemos: Quem manifestar, na conduta, o amor de Cristo e a beleza da santidade, sub­trai a Satanás os seus súditos, e por isso o príncipe das trevas contra ele se levanta. Opróbrio e perseguições atingirão a todos os que estão cheios do Espírito de Cristo. Precisamos avaliar bem a nossa situação quando todos nos louvam[8].

Os Perseguidos Recebem o Reino

Aos Seus seguidores Jesus não dá nenhuma esperança de glória ou riquezas terrestres ou de uma vida livre de tentações, mas mostra-lhes o privilégio de trilhar com o Senhor o caminho da abnegação e suportar calúnias do mundo que não os conhece.

A Ele que viera para salvar o mundo perdido, opuseram-se unidas as forças do inimigo de Deus e dos homens. Em cruel conspiração levantaram-se os homens e anjos maus contra o Príncipe da paz. Embora cada palavra e ação testificassem da compaixão divina, Sua falta de semelhança com o mundo provocava a mais amarga inimizade. Porque não consentisse em nenhuma inclinação má da natureza humana, despertou a mais feroz oposição e inimizade. Assim acontece a todos quantos desejam viver piamente em Cristo Jesus. Entre a justiça e o pecado, amor e ódio, verdade e falsidade há conflito irreprimível. Quem manifestar, na conduta, o amor de Cristo e a beleza da santidade, subtrai a Satanás os seus súditos, e por isso o príncipe das trevas se levanta contra ele. Opróbrio e perseguições atingirão a todos os que estão cheios do espírito de Cristo. A maneira das perseguições poderá mudar com o tempo, mas o fundamento o espírito que lhes serve de base é o mesmo que, desde os tempos de Abel, assassinou os escolhidos de Deus.

Logo que os homens procuram viver em harmonia com Deus, acharão que o escândalo da cruz ainda não findou. Principados, potestades e exércitos espirituais da maldade nos lugares celestiais, estão voltados contra todos os que se submetem obedientemente à lei celestial. Por isso, aos discípulos de Cristo, deveriam as perseguições causar alegria, em lugar de tristeza, porque elas são uma demonstração de que seguem os passos do Senhor. 

O Senhor não prometeu estarem Seus servos livres de perseguição, assegura-lhes coisa muito melhor. Diz Ele: A tua força será como os teus dias. Deuteronômio 33: 25. A Minha graça te basta, porque o Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. II Corintios 12: 9. Quem precisar, por amor de Cristo, passar pelo calor da fornalha, terá ao lado o Senhor, como os três fiéis de Babilônia. Quem amar ao Redentor, alegrar-se-á em todas as ocasiões, de participar das Suas humilhações e insultos. O amor de Jesus torna doces os sofrimentos. 

Em todos os tempos, Satanás perseguiu, torturou e matou os filhos de Deus; mas, morrendo eles, tornaram-se vencedores. Testemunharam em sua perseverante fidelidade que Alguém mais poderoso que o inimigo, estava com eles. Satanás podia torturar-lhes o corpo e matá-los, mas não tocar na vida que, com Cristo, estava escondida em Deus. Encerrou-os nas masmorras, mas não pôde prender-lhes o espírito. Os prisioneiros, através da escuridão do cárcere, podiam olhar para a glória e dizer: Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. Romanos 8: 18. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente. II Corintios 4: 17

Pelo sofrimento e perseguição, a glória o caráter de Deus será manifestada em Seus escolhidos. A igreja de Deus, odiada e perseguida pelo mundo, é educada e disciplinada na escola de Cristo; caminha na Terra pela estrada estreita, é purificada na fornalha da aflição, segue o Senhor através de duras batalhas, exercita-se na abnegação e sofre amargas experiências, mas reconhece por tudo isso a culpa e a miséria do pecado e aprende a afugentá-lo. 

Visto tomar parte nos sofrimentos de Cristo, o sofredor participará também de Sua glória. Em visão, contemplou o profeta a vitória do povo de Deus. Diz ele: E vi um como mar de vidro misturado com fogo e também os que saíram vitoriosos da besta, e da sua imagem, e do seu sinal, e do número do seu nome, que estavam junto ao mar de vidro e tinham as harpas de Deus. E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e maravilhosas são as Tuas obras, Senhor, Deus Todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei dos santos! Apocalipse 15: 2 e 3Estes são os que vieram de grande tribulação, lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus e O servem de dia e de noite no Seu templo; e Aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a Sua sombra. Apocalipse 7: 14 e 15[9].

         11 - Bem aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós pôr causa de mim.

INJURIAREMGrego: oneidízôinjuriar, caluniar, xingar. Os versos 11 e 12 não constituem outra bem-aventurança. Trata-se singelamente de uma explicação das formas em que pode manifestar-se a perseguição.

Comentário Lucas 6: 22. Apartai-vos. Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, quando vos rejeitarem, insultarem e proscreverem vosso nome como infame por causa do Filho do Homem. Possivelmente seja uma referência à exclusão da sinagoga João 9: 22, 34; 12: 42; 16: 2. No Talmude se descrevem com muitos detalhes as razões pelas quais se excluía uma pessoa da sinagoga e a maneira em que se levava a cabo essa excomunhãoMo’ed Qatan 15a, 16a, 16b, 17a. As prescrições iam desde um mínimo de trinta dias até a excomunhão permanente. O que tinha sido excomungado devia andar como se tivesse estado doente, e os demais não deviam aproximar-se a menos de quatro cotovelos 1,80 metros dele. Tratava-se de um castigo social e religioso. Conquanto os documentos que descrevem estes castigos são posteriores à época de Jesus, é possível que reflitam costumes conhecidos já noséculo I d. C[10]

CAUSA DE MIMOs cristãos sofrem pelo nome que levam, o de Cristo. Em todas as épocas, e nos tempos da igreja primitiva, os que verdadeiramente amam a seu Senhor se têm regozijado por ter sido considerados dignos de padecer afronta por causa do Nome Atos 5: 41; I Pedro 2: 19 a 23; 3: 14; 4: 14. Cristo advertiu que os que quisessem ser seus discípulos seriam aborrecidos por todos por causa de seu nome. Mateus 10: 22; mas adicionou em seguida que qualquer que perder sua vida por causa dele, a acharia 10: 39. Os cristãos devem estar prontos para padecer por ele Filipenses 1: 29[11]
  
A BEM-AVENTURANÇA DO CAMINHO ENSANGUENTADO
  
         Quando vemos quando surgiu a perseguição, estamos em condição de ver a verdadeira glória do caminho dos mártires. Parece-nos estranho falar de bem-aventurança aos perseguidos, mas para os que têm olhos para enxergarem além do presente imediato e uma mente capaz de compreender a grandeza das questões implicadas, tem a consciência da glória de um caminho ensangüentado.

         1. Sofrer perseguição era uma oportunidade de demonstrar fidelidade a Jesus Cristo. Um dos mártires mais famosos foi Policarpo, ancião bispo de Esmirna. O populacho o arrastou ao tribunal do magistrado romano, e foi feito a ele a seguinte proposta: Oferecer sacrifício a César ou morrer. Oitenta e seis anos, foi sua resposta imortal tenho servido a Cristo e ele jamais me fez algum mal, Como vou blasfemar contra o meu rei, que me salvou? Assim o levaram ao patíbulo onde fez sua derradeira oração: Oh Senhor Deus Todo Poderoso, Pai de Teu amado e mui bendito Filho, por meio de quem temos recebido o teu conhecimento... Dou-te graças por teres me considerado digno de tua graça neste dia e hora. Havia uma oportunidade suprema de demonstrar sua lealdade a Cristo.
         Na primeira guerra mundial, o poeta Rupert Brooke foi um dos que morreram muito jovem. Antes de partir para o combate, ele escreveu:

Glória seja dada a Deus que nos deu esta honra.

         Muitos de nós pode ser que nesta vida não fizemos nada que possamos considerar um verdadeiro sacrifício por Jesus Cristo. O momento em que parece provável que o cristianismo nos custe algo é o momento quando temos a possibilidade de mostrar lealdade a Jesus Cristo de uma maneira que os outros possam  ver.
O ter que sofrer perseguições, como disse Jesus, é percorrer o mesmo caminho que percorreram os profetas, os santos e os mártires. Sofrer como justo é observado por Deus. A pessoa que sofre por algo justo pode levantar sua cabeça e dizer:
Irmãos vamos marchando pelo caminho que abriram os santos.

         2. Ter que sofrer perseguição é participar de uma grande ocasião. Sempre resulta ser emocionante estar presente em grandes ocasiões e estar presente quando algo memorável e crucial está tendo lugar. Porém há uma emoção ainda maior quando tomamos parte, ainda que pequena no acontecimento. Este era o sentimento acerca do qual escreveu Willian Shakespeare numa passagem envolvendo Henrique V, nas palavras que colocou na boca do rei antes da batalha de Agincourt.

         E que eu viva este dia e que chegue até a minha velhice, festejarei este dia até a véspera,e direi: porque dirá: Amanhã é dia de São Crispin. Mostrarei arregaçando as mangas todas as minhas cicatrizes. Estas feridas obtive em São Crispim...
         Cavaleiros ingleses que agora estão na cama são malditos e aqui não estiveram, que sejam sempre menores porque não lutaram conosco no dia de São Crispim.

         Quando somos chamados a sofrer algo pelo Evangelho este é sempre um momento crucial. O grande conflito é sempre entre o mundo e Cristo, é um momento do drama da eternidade. Ter um papel em tal cena não é um castigo, mas uma glória. Alegremos neste momento, disse Jesus, e estai contentes. A palavra para estar contentes é o verbo grego agal. liasthai que procede das palavras que quer dizer dar um salto extraordinário. É um gozo como que saltar de alegria. Como se diz acertadamente, o gozo do escalador de montanhas quando alcança o pico de uma montanha e salta de alegria.

         3. Sofrer perseguição é pôr-se em condição mais fácil do que se vem por trás. Hoje desfrutamos da bênção da liberdade graças a pessoas que estiveram dispostas a pagar com sangue suor e lágrimas. Estamos numa condição privilegiada devido o testemunho e martírio que outros passaram.

         Na construção do grande pântano de Houver na América houve homens que perderam a vida naquele projeto de construção. Quando se completaram as obras, se puseram os nomes dos que haviam morrido no empreendimento na lápide que foi colocada num muro do pântano com esta inscrição: Estes morreram para que o deserto se regozijasse e florescesse como a rosa.

         O que peleja na batalha por Cristo sempre fará coisas mais fáceis para os que vem depois. Para eles haverá um obstáculo menor para superar o caminho.

         4. O cristão nunca sofre perseguição sozinho. Se um cristão sofre perdas materiais, fala dos amigos como calúnias, solidão até a morte por amor a seus princípios... Não se encontrará só. Cristo estará mais perto do que em nenhuma outra situação da vida.

         A antiga história do livro de Daniel nos conta que foram lançados na fornalha sete vezes mais quente, e Sadraque, Mesaque e Abedenego não cederam em sua lealdade a Deus. Os conselheiros observaram. Não foram lançados três homens na fornalha? Perguntou o rei e exclamou: Pois vejo quatro desatados, andando no meio do fogo e não acontece nada, e o aspecto do quarto é semelhante ao filho dos deuses. Daniel 3: 19 a 25.

         Como disse Browning em As Boas novas da ressurreição. Colocando estas palavras na boca de um mártir cristão nas catacumbas:
        
Nasci débil não tendo nada, um pobre escravo, na miséria não podia guardar o ciúme de César aos filhos de Deus que haviam recebido a graça por tão grande preço. Portanto com as feras do circo me enfrentei duas vezes, e outras três suas leis cruéis sobre meus filhos foram impostas. Finalmente liberdade obtive, ainda que tentassem me queimar vivo. Então uma mão desceu e sacou minha alma das chamas e conduziu-me a presença de Cristo e sua glória. Meu irmão Sergio escreveu na parede este testemunho, e quanto a mim nunca esquecerei.

         Quando um cristão tem que sofrer algo por sua fé, é então quando nos encontramos na mais íntima companhia possível de Cristo.

         Só nos resta fazer uma pergunta: Por que esta perseguição é inevitável? Isso ocorre quando a Igreja não tem mais o remédio para ser a consciência da nação e da sociedade. A Igreja deve louvar o bem e igualmente condenar o mal, e fazer o possível para ativar a consciência. Não deve o cristão descobrir faltas, criticar e condenar demonstrando ódio em suas palavras.

         Não é provável que a morte nos aguarde por demonstrarmos nossa lealdade a Cristo. Espera-se a prática do amor e do perdão cristão. Pode ser que no trabalho ou afazeres soframos perseguições por sermos cristãos no trabalho diário. Cristo segue aceitando suas testemunhas necessitam de pessoas que estejam dispostas, não só a morrer por Ele, mas também viver por Ele. A contenda cristã e a glória cristã segue existindo como antes[12].
  
Galeria de Honra dos Perseguidos
  
Bem-aventurados sois quando, por Minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos Céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós. Mateus 5: 11 e 12.

         Esses dois versos não formam uma nova bem-aventurança. São, porém, complemento e comentário sobre a oitava bem-aventurança. Como tal, há várias coisas que devemos observar nos versos 11 e 12.

         A primeira delas é que através do curso da história, os profetas de Deus têm sido perseguidos. Na verdade, no Antigo Testamento eram os falsos profetas, e não os verdadeiros, que eram geralmente bem aceitos pelo povo, pelas autoridades políticas e freqüentemente pelos líderes religiosos também. Isso acontecia porque eles traziam mensagens suaves e agradáveis. Como Deus disse a Ezequiel:  Eles andam enganando Meu povo, dizendo: Paz, não havendo paz. Ezequiel 13: 10.

         As pessoas preferem ouvir coisas suaves do que o chamado de Deus para o arrependimento e reforma. Foi esse chamado direto que trouxe rejeição e perseguição aos mensageiros de Deus através dos tempos.

         A galeria de honra dos perseguidos está repleta de nomes de pessoas que seguiram a Deus através dos séculos. Abel foi perseguido por Caim porqueofereceu uma oferta mais agradável. Noé foi ridicularizado como sendo fanático e alarmista. Davi foi perseguido por Saul, e Elias por Acabe. Daniel passou algum tempo na cova dos leões, e Paulo foi perseguido em todos os seus empreendimentos pelas pessoas de fora e até dentro da igreja.

         O status quo não gosta de ser desafiado pela verdade divina quando ela é realmente a verdade de Deus. Aqueles que são rejeitados por causa de Cristo têm uma herança sem paralelo. Precisamos estar sempre alerta quando todos nos louvam. Lucas 6: 26. Não foi coisa tão boa no caso dos profetas de Deus. Nem foi bom para o mais importante dentro o povo de Deus, Jesus. Ele morreu na cruz por causa daquilo que ensinou e viveu.

         Pai, ajuda-nos hoje a nos revestirmos de coragem, considerando a história do teu povo quando os problemas atravessarem nosso caminho. Ajuda-nos a viver nos Teus princípios, a despeito das dificuldades[13].
  
Saltos de Alegria em Meio aos Problemas
  
         Bem-aventurados vocês, quando os homens o odiarem, expulsarem e insultarem, e eliminarem o nome de vocês, como sendo mau, por causa do Filho do homem. Regozijem-se nesse dia e saltem de alegria, porque grande é a recompensa de vocês no Céu. Lucas 6:22 e 23.


         Isso é espetacular! Quem quer saltar de alegria por ser odiado, expulso, insultado e rejeitado? Acho que esse é, dos mandamentos de Jesus, o mais difícil de colocar em prática.

         Minha primeira reação quando insultado é insultar de volta, quando rejeitado, rejeitar. Isso é humano, mas os modos de Cristo são divinos e Ele alega existir uma benção em tudo isso.
         Poucos dias atrás, tive oportunidade de saltar de alegria por ser maltratado. Minha família e eu construíamos uma linda fogueira para um piquenique no sábado à noite, dentro do buraco próprio para fogueiras no Smoky Mountain National Park. Mas, depois do fogo estar queimando bem, com lindas chamas, o guarda-florestal me disse que teria que sair dali porque aquele buraco ainda não estava aberto ao público.

         Eu havia usado aquele poço várias vezes antes, no início do verão, sem nenhum problema. Mas dessa vez fui expulso. Meus primeiros pensamentos não foram agradáveis. Mas conservei minha boca fechada e me mudei para uma área de piquenique uns dez quilômetros abaixo.

         Ali conseguimos fazer um delicioso cachorro-quente vegetariano na brasa, tivemos um alegre serviço de cânticos e alguns momentos de meditações inspiradores.

         Por volta das 10:00 da noite estávamos prontos para retornar ao nosso alojamento. Naquele momento, um carro chegou perto da nossa fogueira. Seus ocupantes nos informaram de que acabara a gasolina do seu carro. Estavam felizes por nos encontrar, pois o posto mais próximo ficava a uns 23 quilômetros dali e os acampantes mais próximos dali, além de nós, deviam estar a mais de sete quilômetros de distância.

         Logo descobrimos que nossos novos conhecidos eram dois teologandos de um Colégio Adventista. Foi um privilégio ajudá-los e fazer novos amigos. Sem sabermos o que estava acontecendo, Deus nos havia colocado no lugar certo, na hora certa. Todos saltamos de alegria ao considerarmos Seu providencial cuidado, embora tivéssemos sido, no início, tratados injustamente[14].

Cristãos se Preocupam com Recompensas?
         Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda. II Timóteo 4: 8.
         Algumas pessoas parecem pensar que os cristãos não devem se preocupar com a recompensa final. Isso quer dizer que eles deveriam viver acima do pensamento da promessa eterna ou do temor do inferno.  O verdadeiro cristão, conforme pensam vive a vida cristã pelo simples prazer de ser cristão.

         Bem, parece haver um pouco de verdade nessa linha de pensamento. Afinal, ninguém será salvo por temer o inferno. Nem tampouco as pessoas estarão no reino eterno de Deus meramente porque o consideram a melhor coisa que existe. Além disso, as pessoas não recebem uma benção intrínseca simplesmente porque a vida cristã é melhor do que as outras alternativas.

         Essas verdades, porém, não constituem a verdade total. A Bíblia não deixa dúvidas ao falar acerca de recompensas e castigos por ocasião do segundo advento. Mateus 5: 12, com suas palavras a respeito da grande recompensa no Céu para os fiéis, é simplesmente um dos muitos textos sobre o assunto.Tiago fala acerca da coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que O amam. Tiago 1: 12. E Paulo não deixou dúvidas na passagem de hoje de que ele aguardava o recebimento de sua coroa da justiça por ocasião da volta de Cristo.

         Deus ama Seus filhos. Ele deseja abençoá-los mais abundantemente do que eles podem imaginar. Parte de Sua bênção é a recompensa futura na Terra renovada.

         Esse pensamento nos transporta de Mateus ao ApocalipseEis que venho sem demora, lemos no último capítulo do Apocalipsee comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras, Apocalipse 22: 12.

         Conquanto nossa motivação principal não seja a esperança de recompensa e o temor do castigo, precisamos ir além da idéia não-bíblica de que esses não devem ser os motivadores. Deus quer que desejemos as melhores coisas. É seu desejo que almejemos o Céu ao peregrinarmos neste mundo, que não é o ideal[15].

Outro Vislumbre do Céu

         Pois eis que Eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas. Isaías 65:17.

         Antes de sairmos do assunto das Bem-aventuranças e da idéia da recompensa divina para os crentes fiéis, devemos considerar mais um vislumbre do Céu. Afinal, as oito bem-aventuranças são apoiadas pela promessa de que a recompensa dos seguidores de Jesus será o reino do Céu.

         Quando Jesus falava sobre o Céu, Seus ouvintes tinham em mente as promessas do Antigo Testamento. E, nesse testamento, um dos livros mais explícitos nesse assunto é Isaías.

Consideremos rapidamente a recompensa do Céu, através do raciocínio de Isaías.

         Uma das minhas passagens favoritas acerca do Céu, no livro de Isaías, é aquela que nos diz que o lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto com o cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará... Não se fará mal nem dano algum em todo o Meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar. Isaias11: 6 a 9.

         Uma segunda passagem está em Isaías 35: Veja, o seu Deus... Vai salvar você! Quando Ele vier, vai abrir os olhos dos cegos e destapar os ouvidos dos surdos. Os aleijados pularão e caminharão perfeitamente, e os mudos cantarão! Fontes brotarão na terra seca e os rios correrão no deserto!
         Estes, que foram comprados pelo Senhor, passarão por esse caminho, indo para Sião e de lá voltando com canções de alegria. Para eles nunca mais haverá dor ou tristeza, porque eles receberam a alegria perfeita. Versos 4 a 10.

         Que promessas! Que bênçãos! Essas são promessas que Deus desejava conceder a Israel. Mas, sendo que Israel rejeitou a Jesus, elas são agora promessas para a igreja. São promessas para cada um de nós.

         Senhor, eu desejo estar lá. Aguardo ansioso a oportunidade de viver na plenitude do Teu reino, um reino onde as doenças da presente era terão se tornado história[16].


Diante do Ideal de Deus

O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O Senhor é a fortaleza da minha vida. Salmo 27: 1.

Nossos pensamentos se concentraram em Mateus 5: 2 a 12; as Bem-aventuranças. Observamos as oito características devem constituir o centro da vida de cada cristão. Cristão é uma pessoa humilde de espírito, mansa, que tem fome de justiça de Deus, é misericordiosa, e outras coisas mais.

Sem todas as oito características, não estamos vivendo vida cristã. O ideal de Deus para cada um de nós é que vivamos as bem-aventuranças todos os dias, através do poder do Espírito Santo. Elas são os princípios do Seu reino aqui na Terra e na Terra por vir. Elas definem o caráter cristão.

Mas você pode estar pensando: Minha vida não é tudo que devia ser; diariamente falho diante do ideal de Deus.
Você tem razão! Você e eu falhamos. Isaías, em sua visão de Deus, clamou: Ai de mim! Quando nos deparamos face a face com Deus e Seus princípios, nos sentimos perdidos. Isaias 6: 5.

As boas novas são que Jesus conhece nossas falhas e provê uma solução para o nosso dilema no Sermão do Monte.

Primeiramente, o reconhecimento de nossa fraqueza de caráter está no centro das Bem-aventuranças. Esse reconhecimento é que nos torna humildes de espírito, nos leva a chorar pelos nossos erros, nos ajuda a troca arrogância espiritual pela mansidão e nos conduz a Jesus, ao sentirmos fome e sede de justiça.

A segunda e terceira provisões de Jesus para nossas faltas na vida cristã são encontradas na Sua importante oração. Ele nos aconselha a orarmos para que Deus perdoe as nossas dívidas e livre-nos do mal. A primeira dessas recomendações tem a ver com a graça perdoadora de Deus; a segunda, em parte, tem a ver com a graça habilitadora.

Exaltado seja Deus por ter feito provisões para nossas fraquezas. Louvado seja Jesus pelos ideais que nos ajudam a reconhecer quando falhamos e que nos conduzem a Ele para obter perdão e forças[17].


SALMOS 27

INTRODUÇÃO

         Davi escreveu este Salmo quando fugia e tinha que buscar refúgio nas rochas e nas covas do deserto[18]. O salmista manifesta sua confiança em Deus em meio aos perigos. É chamado do Salmo restaurador. Em nenhum outro Davi expressa tão intensamente seu anelo pelo serviço do santuário. Alguns pensam que o marco histórico deste Salmo é I Samuel 22: 22. O poema se divide em três partes. Os versos 1 a 6 expressam a segura confiança do poeta em Deus, apesar das ameaças do inimigo. Os versos 7 a 12 são um angustioso clamor em procura de ajuda. Na conclusão, versos 13 e 14, se vê o seguro alívio proporcionado pela esperança posta em Deus. No ritual judaico moderno se recita o Salmo 27 todos os dias do sexto mês, em preparação para o ano novo e o dia do perdão dia da expiação[19].

         Este cântico de Davi revela a natureza da fé viva. Tal fé é confiante e segura em Deus versos 1 a 6, 13, totalmente dependente e submissa a Deus. EsteSalmo tem o mesmo tom de confiança e triunfo como o Salmo 46 Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Portanto, não temeremos. Salmo 46: 1 e 2. No Salmo 27 nós observamos que há duas formas de fé.

Primeiro Davi expressa a sua confiança inabalável no Senhor ao ele encontrar um inimigo dominante que o ameaça de morte versos 1 e 2. Ele continua professando a sua certeza completa de vitória verso 3. Ele conhece o seu Deus e está determinado a ficar na Presença divina.

Não obstante, o Salmo 27 é um exemplo dramático de como a fé confiante intercambia com a fé lutadora no crente. Este intercâmbio pode ser observado ao Davi falar no princípio sobre o Senhor, versos 1 a 6, fala diretamente ao Senhor, versos 7 a 12. A ajuda de Deus não é automaticamente determinada. A salvação Divina é resultado de Sua graça. Ele vem, via de regra, por meio de orações insistentes de súplica e petição.

         O Salmos 27 originou-se em uma situação na qual Davi foi acusado falsamente, e perseguido, expulso do tabernáculo da Presença de Deus. Nesta situação a base do pleito de Davi na qual ele permanece para mover Deus a responder as suas orações. Ele testemunha com convicção[20].

EXEGESE: JUNTO A DEUS NÃO HÁ TEMOR

FÉ VITORIOSA

         1 - Iahweh é minha luz e minha salvação: de quem terei medo? Iahweh é a fortaleza de minha vida: frente a quem temerei?

         IAHWEH É MINHA LUZ - Iahweh é a luz que ilumina as trevas que rodeiam e ilumina seu caminho. Esta expressão, é freqüente no NT João 1: 7 a 9; 12: 46; I João 1: 5, não é tão freqüente no AT. conforme a bênção sacerdotal Números 6: 25[21].

         Estas palavras são organizadas no estilo poético de um paralelismo complementar, que poderosamente reforça as boas novas de que o Deus de Israel é um Deus salvador. Para Davi, Deus não é uma idéia abstrata ou uma especulação filosófica. O Senhor já provou ser um Redentor na vida de Davi. Nesta base Davi confia implicitamente Nele para o futuro.

Sempre que Deus agiu em nome de Seu povo, os hebreus expressavam isto dizendo que Deus fez o Seu rosto resplandecer sobre eles Números 6: 24 a 26; Salmos 4: 6; 97: 11. Quando Deus conduziu Israel fora do Egito, Ele foi diante deles numa coluna de fogo, para iluminá-los, e assim podiamcaminhar de dia e de noite. Êxodo 13: 21. Ele estava entregando as crianças dele ativamente. No fim da madrugada, do alto da coluna de fogo e denuvem, o Senhor viu o exército dos egípcios e o pôs em confusão. Êxodo 14: 24.

         Contra este fundo as palavras de Jesus assumem novo significado: Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida. João 8: 12. Cristo é para os Seus seguidores a coluna de fogo, o sol da justiça, a brilhante Estrela da Manhã. Malaquias 4: 2; Apocalipse 22: 16.

         Cristo demonstrou o Seu poder salvador pelo milagre de abrir os olhos ao cego João 9: 1 a 7Luz e salvação são descrições sinônimas de Deus na Bíblia. A confissão de fé de Davi é, Senhor é minha luz e minha salvação; a quem temerei? O cristão pode cantar o hino de Davi com pleno significado messiânico: Cristo é minha luz e minha salvação, a quem temerei? Esta é a revelação progressiva na doutrina de Deus no Novo Testamento. Cristo não é outro Deus ao lado de ou abaixo de Iahweh. Deus é um e é revelado como a unidade essencial do Pai, Filho, e Espírito Santo Mateus 28: 18 a 20. Este desdobramento da fé de Israel no Novo Testamento é a singularidade da fé cristã[22].

         SALVAÇÃO - Literalmente Chifres, chifre de minha salvação. O Chifre era símbolo de força Deuteronômio 33: 17[23]Salmo 18: 2; O salmista observa que não somente recebe a salvação de Deus, mas que Deus é a própria salvação Salmo 62: 2, 6[24].

         DE QUEM TEREI MEDO - Nem de outros deuses, porque são falsos, nem de demônios, nem de seres humanos Romanos 8: 31[25].

         FORTALEZA - Lugar seguro. Salmo 28: 8. Segundo João Calvino, o triplo escudo que Davi tinha para defender-se era: Luz, Salvação, Fortaleza. O Salmo inicia com uma expressão de absoluta falta de temor, e que desaparece pela confiança que o salmista tem em Deus[26].

         A QUEM TEMEREI - Davi experimentou a Deus como o forte refúgio de sua vida. Ele explicou isto mais completamente no Salmo 18, onde ele chamou a Deus a minha rocha, a minha fortaleza e o meu libertador, verso 2. Ele cria que sua vida era protegida pela Presença de Deus, mesmo quando estava longe do santuário do Senhor. Deus o protegeria contra todos os acusadores que estavam fora a devorá-lo como animais predadores. A sua esperança em Deus é incansável:

         2 - Quando os malfeitores avançam contra mim para devorar a minha carne, são eles, meus adversários e meus inimigos, que tropeçam e caem.

         DEVORAR MINHA CARNE - O salmista compara muitas vezes seus inimigos com animais  ferozes Salmo 22: 13, 16, 21[27].

         TROPEÇAM E CAEM - Fracassaram em seus propósitos. As declarações deste versículo referem-se a algum incidente específico quando Davi foi salvo dos ataques de seus inimigos[28].

         Ele não tem nenhuma dúvida de que Deus confundirá o seu enredo assassino por uma desordem surpreendente nas fileiras inimigas de forma que eles repentinamente tropeçariam e cairiam. Davi sobreviveu a uma conspiração perigosa contra o seu trono, conduzido por Absalão, ele viu a mão de Deus na história: Tu quebras os dentes dos ímpios. Salmo 3: 7. Davi recusou desesperar da estabilidade do seu trono. Ele confiou implicitamente na promessa de que Deus cuidaria da teocracia davídica para sempre II Samuel 7: 12 a 16.
         Aqueles que devoram a minha carne são de fato os caluniadores do nome de Davi. Ele chama os seus inimigos falsas testemunhas que respiram violência verso 12. A calúnia pertence aos males mais insidiosos que jamais se pode enfrentar. Sua natureza é diabólica. Jesus disse de Satanás, Ele é mentiroso e pai da mentira. João 8: 44.

A fé de Davi em Deus só se tornou mais forte na adversidade[29].

         3 - Ainda que um exército se acampe contra mim, meu coração não tremerá; ainda que uma guerra estoure contra mim, mesmo assim estarei confiante.

         ESTAREI CONFIANTE - Davi expressa ferventemente a confiança que tem em Deus[30]. Assim como o último pensamento antes de dormir havia sido a completa confiança, o primeiro pensamento ao despertar é reconhecer que Deus havia recompensado a confiança depositada Nele. O salmista é fortalecido para enfrentar as necessidades do dia. Muitas vezes os últimos pensamentos da noite são também os primeiros do dia. Note que esta passagem muda de maneira dramática e repentina da depressão ao triunfo. A bênção da noite e a promessa de um novo dia Lamentações 3: 22 e 23[31].

         Pode-se jamais expressar maior confiança em Deus? Davi afirma sua confiança em Deus em antecipação ao tempo de angústia. Ele tinha demonstrado tal fé em ação ao desafiar o filisteu Golias, um gigante mais de quatro metros de altura. Ele ousou lutar uma funda de um pastor e alguns seixos da correnteza. Levantando-se diante deste herói aterrorizador, Davi gritou:

Você vem contra mim com espada, com lança e com dardos, mas eu vou contra você em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem você desafiou. Hoje mesmo o Senhor o entregará em minhas mãos. I Samuel 17: 45 e 46.

Antes que Golias pudesse atirar sua lança, uma pedra da funda de Davi atingiu o filisteu na fronte de modo que ele caiu com o rosto no chão. Deus recompensou plenamente a esperança e confiança de Davi Nele. O Salmo 27 pretende nos ensinar que Deus recompensará nossa fé quando tivermos que enfrentar nosso dia de angústia, contra o anticristo na batalha do Armagedom. Apocalipse 16: 13 a 16; 17: 14 e no dia de ajuste final, Romanos 5: 9.

Com o Salmo 27 em seu coração e nos seus lábios, quem pode ser derrotado? Um desejo de estar seguro, não é o bastante. Davi buscou o Senhor para encontrar segurança e conhecer a vitória[32].

         4 - Uma coisa peço a Iahweh e a procuro: é habitar na casa de Iahweh todos os dias de minha vida, para gozar a doçura de Iahweh e meditar no seu templo.

         UMA COISA - Davi expressa com palavras formosas seu anseio de participar sempre no serviço de Deus e ser hóspede perpétuo do Anfitrião celestial Salmos 15, 23 e 65[33].

         PEÇO - Notável é a determinação e decisão da fé de Davi: Uma coisa pedi! A paixão consumidora de sua vida era buscar a Deus para participar Sua comunhão e encontrar a certeza final[34].

         MORAR - Significa adorar a Deus no Seu Templo. Davi crê que Deus é belo ou gracioso em Seu Templo. Poucos crentes parecem ter descoberto tal atração em Deus ou possuir tal paixão por Deus, o Deus da libertação.
         DOÇURA Hebraico: no'am, bondade, graça[35]. Ele quis contemplar a beleza do Senhor. Levar em sua alma a graciosidade ou bondade do Senhor, e buscar conselho de Deus para sua vida. Esta é a essência da adoração e do discipulado[36].

         MEDITAR EM SEU TEMPLO - O templo cristão ilumina nossas mentes, desaparecem nossas dúvidas, se confortam nossos corações com a verdade divina.

         De que modo Davi buscou e encontrou a Deus e recebeu uma resposta a suas petições? Não do modo como os crentes pagãos estão buscando a Deus. Tais pessoas olham a alguma imagem ou estátua de um deus nos seus templos. Podem-se visitar hoje templos hindus ou santuários budistas e podem-se contemplar as antigas esculturas e faces de seus deuses. O israelita não tinha nenhum quadro do seu Deus. O segundo mandamento proibia estritamente qualquer imagem de escultura ou semelhança de Deus. Israel tinha a santa Arca do Senhor. O crente hebreu tinha um quadro mental do caráter e da vontade do Senhor quando trazia o seu cordeiro sacrifical e via os serviços no Templo. Os sacerdotes levitas ensinavam o significado de todos os rituais simbólicos. Davi inquiriu para conhecer a vontade de Deus e Seus propósitos eternos[37].
  
A Beleza da Bondade Divina
  
Acham-se ao alcance de todos exaltadas faculdades. Sob a supervisão de Deus, o homem pode ter um espírito isento de corrupção, santificado, elevado, enobrecido. Pela graça de Cristo, a mente humana é habilitada a amar e glorificar a Deus, o Criador.
O Senhor Jesus veio ao nosso mundo a fim de retratar o Pai... Cristo era a expressa imagem da pessoa de Seu Pai; e veio ao mundo restaurar no homem a imagem moral de Deus, a fim de que o homem, embora caído, pudesse, pela obediência aos mandamentos de Deus, ter estampada em si a imagem e o caráter divinos - ser adornado com a beleza da amabilidade divina. E dos que são assim transformados no caráter, diz-se: Agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Hebreus 11: 16[38].

Deus quer que as crianças sejam belas, não com adornos artificiais, mas com a beleza do caráter, os encantos da bondade e da afeição, o que lhes guarnecerá o coração com a alegria e a felicidade[39].

Deve-se ensinar às moças que o verdadeiro encanto da feminilidade não consiste apenas na beleza da forma ou do aspecto, ou na posse de realizações; mas no espírito manso e quieto, na paciência, generosidade, bondade, e na prontidão para fazer algo pelos outros e sofrer por eles. Devem ser ensinadas a trabalhar, a estudar para algum propósito, a viver por algum objetivo, a confiar em Deus e a Temê-lo, e a respeitar aos pais. Assim, ao avançarem em anos, tornar-se-ão mais puras, mais confiantes em si e amadas. Será impossível desprezar tal mulher. Ela escapará às tentações e provas que têm sido a ruína de tantos[40].

Cristo foi enviado como nosso modelo, e não mostraremos que possuímos todo o Seu amor e bondade e... Atrativos? E o amor de Jesus Cristo tomará posse de nosso caráter e de nossa vida, e nossa conversa será santa e se fixará nas coisas celestiais[41].

         5 - Pois ele me oculta na sua cabana no dia da infelicidade; ele me esconde no segredo de sua tenda, e me eleva sobre uma rocha.

         DIA DA INFELICIDADE - O dia da adversidade de Davi se referia especificamente ao dia em que seus inimigos apresentaram suas falsas acusações diante dos juízes do Templo. Mas Davi está confiante de que Deus o vindicará no seu tabernáculo me esconderá. Deus oferece para a alma arrependida asilo no Seu Templo, proteção dos falsos acusadores. Davi, portanto, se empenha em ir ao Templo do Senhor com gritos de alegria e faz voto de cantar sua ação de graças depois de sua libertação. Sua fé permanece inabalável[42].

         TENDA - Hebraico: sok, um refúgio. Usado para referir-se a cova ou gruta de um leão, Salmo 10: 9; Jeremias 25: 38; portanto, um lugar oculto. NoSalmo 76: 2, a palabra sok se traduz tabernáculo, do qual se diz que está em Salem. No Salmo 27: 5sok representa um lugar onde se protege. Não pode referir-se a casa de Deus em Jerusalém, porque este edifício foi construído muitos anos mais tarde[43].

         SEGREDO - Na parte mais íntima da morada. A voz hebraica que se traduz em segredo, é o substantivo do verbo esconder: um esconderijo[44].

         Quando Davi lutou contra os Filisteus, ele perguntou repetidamente ao Senhor, Devo atacar os filisteus? Tu os entregarás em minhas mãos? II Samuel 5: 19. Deus então lhe deu conselho explícito de como proceder II Samuel 5: 23 e 24. Assim Davi era o governante teocêntrico de Israel[45].

Ele Será Para Nós um Santuário
Há para o cristão sincero e fiel, regozijo e consolação que o mundo não conhece. Isso lhe é um mistério. A esperança do cristão acha-se repleta de imortalidade e plena de glória. Ela penetra para além do véu, e é uma âncora para a alma, âncora há um tempo segura e firme. E quando sobrevier aos ímpios a tempestade da ira de Deus, esta esperança não lhes falhará, a eles cristãos, porém hão de estar no oculto de Seu pavilhão[46].

Acham-se diante de nós tempos difíceis; os juízos de Deus estão a cair sobre o mundo. As nações da Terra deverão tremer. Haverá provas e dificuldades por toda à parte; o coração dos homens desfalecerá de temor. E que faremos nós naquele dia? Ainda que a Terra cambaleie como um bêbado, e seja removida como a choça, se fizemos de Deus a nossa confiança, Ele nos livrará. Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. Salmo 91: 1. Pois disseste: O Senhor é o meu refúgio. Fizeste do Altíssimo a tua morada. Nenhum mal te sucederá... Porque aos Seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos. Salmo 91: 9 a 11[47].

Cristo vê a terminação do conflito. A batalha torna-se cada vez mais difícil. Em breve há de vir Aquele a quem pertence o direito, e tomará posse de todas as coisas terrenas. Toda a confusão existente em nosso mundo, toda a violência e crime, são cumprimento das palavras de Cristo.

Estas coisas são os sinais da proximidade de Sua vinda. Naquele dia em que há de vir, Cristo guardará os que O seguiram, a Ele, o Caminho, a Verdade e a Vida. Ele Se comprometeu a ser-lhes santuário. Diz-lhes: Entre num seguro retiro por um momento, e esconda-se até que Eu tenha purificado a Terra de Sua iniqüidade[48].

         6 - Agora minha cabeça se ergue sobre os inimigos que me cercam; vou oferecer em sua tenda, sacrifícios de aclamação. Vou cantar, vou tocarem honra a Iahweh!

         ERGUE - Símbolo de vitória sobre seus inimigos[49]. Davi acrescentou, Agora, será exaltada a minha cabeça. Esta expressão significa, Então Deus me concederá o triunfo. Salmos 3: 3; 110: 7. Unido ao Senhor, Davi saiu vencedor[50].

         TENDA - Cabana ou tenda designam o santuário de Jerusalém[51].

         ACLAMAÇÃO - Hebraico: teru'ah, aclamação júbilo. Este mesmo termo se emprega para descrever o grito que acompanhou a queda dos muros de Jericó Josué 6: 5, 20Teru'ah também aparece em Números 23: 21; I Samuel 4: 5; II Samuel 6: 15; Salmo 33: 3; 150: 5[52].

         VOU CANTAR - Esta explosão de louvor brota de um coração tão cheio, que o salmista expressa sua determinação explanando extensamente esta idéia[53].

         EM HONRA A IAHWEH - Como o cristão pode cultivar tal paixão por Deus? Quando Jesus ficou na casa de Lázaro, suas irmãs, Marta e Maria, cuidaram do Mestre. Maria se sentou aos pés do Senhor para escutar o que Ele tinha a dizer. Quando Marta se queixou a respeito, Jesus respondeu: Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada. Lucas 10:41, 42.

Maria teve fome de Deus. Ela subordinou seus deveres domésticos ao apreciado privilégio de ouvir Jesus falar. Quando Cristo falou sobre Deus, Maria estava escutando. Ela entesourou as palavras de Cristo a um valor supremo para sua vida. Podemos ainda escutar o Mestre, como Maria o fez? Pela leitura meditativa dos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas, e João no Novo Testamento. Estes vibrantes testemunhos nunca ficarão antiquados. Eles permanecem como o fundamento da nova aliança de Deus e a fonte da fé cristã. O propósito destes Evangelhos é nos informar sobre os fatos da vida e obra de Jesus. Eles têm um propósito mais elevado: Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome. João 20: 31.

Cristo só nos liberta do fardo de real culpabilidade e nos deixa livres para encontrar a realização de nossa alma: o companheirismo agradável com nosso Criador. Identificando-nos com os vários pecadores nos Evangelhos, nós podemos aceitar as palavras de Cristo de cura e libertação também para nós mesmos e experimentar a salvação e alegria que eles receberam.

A transformação de Saulo é um exemplo revelador do poder de Cristo. Em seu cego zelo por Deus, Saulo perseguiu os cristãos judeus porque eles tinham renunciado certas tradições judaicas. Quando ele descobriu quem realmente era Jesus, o Messias de Israel, sua alma ficou para sempre amarrada ao Messias Jesus. Como o grande apóstolo de Cristo, Paulo se lembrava freqüentemente de seus pecados. Mas ele confiava no perdão dos pecados pelo sangue expiatório de Jesus. Pela fé ele decidiu uma coisa: Mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus. Filipenses 3: 13 e 14. Cada pessoa é chamada por Deus hoje para entrar no Templo divino por fé em Cristo para receber pessoalmente o perdão e certeza, alegria e força, Hebreus 10: 19 a 22; 4: 14 a16. Este é o caminha da fé vitoriosa[54].

ORAÇÃO DE PETIÇÃO

         Na segunda parte do Salmo 27 o humor de Davi mudou drasticamente. As expressões exuberantes de certeza de repente dão modo a lamentos e súplicas humildes, diretamente a Deus[55].

         7 - Ouve, Iahweh, meu grito de apelo, e tem piedade de mim e responde-me!

         OUVE, IAHWEH - A esta altura do Salmo, as expressões de plena confiança dão passo a um melancólico rogo em procura de ajuda. Por isto alguns críticos opinam que este Salmo está composto por dois salmos diferentes; porem esta conclusão não é necessária quando se dá por satisfeito que, apesar da confiança que o salmista tem em Deus, a gravidade das circunstâncias o obrigava a suplicar sua ajuda em forma muito real. Ainda que estejamos seguros do favor divino, é necessário que constantemente reconheçamos nossa necessidade Dele e que solicitemos sua ajuda[56].

         PIEDADE - Davi compreende que mesmo como rei ele precisa da misericórdia de Deus. Ele lembra Deus dos Seus atos de misericórdia no passado, apelando ao Senhor como o seu Salvador[57].

         8 - Meu coração diz a teu respeito: Procura sua face! É tua face Iahweh, que eu procuro,

         FACE - Procura sua face, conjunção; Procurai minha face, hebraico - A expressão conforme Amós 5: 4 que originalmente significava ir consultar a Iahweh  em seu santuário II Samuel 21: 1, tomou um sentido mais geral: procurar conhecê-lo viver em sua presença. Procurar Iahweh Deuteronômio 4: 29: Salmo 40: 17; 69: 7; 105: 3; Amós 5: 4 é servi-lo fielmente[58].
         Neste versículo se apresenta o diálogo de uma formosa relação entre Davi e Deus. Buscai meu rosto, lhe havia dito Deus, e Davi lhe recorda o que lhe havia ordenado; e desde o profundo do coração, replica: Teu rosto buscarei. Aqui se revela uma relação íntima, similar a amizade que existiu entre Moisés e Deus Êxodo 33: 11. Esta preciosa comunhão, em tempo de necessidade, faz que a alma diga para sí mesma o conselho divino. A Formosura do favor de Deus contemplada no rosto divino que olha seus filhos, é um dos conceitos mais formosos do saltério. Números. 6: 25[59].

         Ele implora a Deus que não esconda dele Sua face agora que ele está em necessidade crítica. Mas o Espírito de Deus já tinha falado ao rei, Busque a minha face! Este é o mandamento gracioso de Deus a cada de nós: Busque a minha face! Entre no Templo de Deus! Nossa procura por Deus não é realmente a nossa iniciativa. Deus já estava nos procurando antes que nós despertássemos para nossa necessidade Dele. Nosso buscar de Deus é a respostaà Sua busca por nós. O coração de Davi responde ansiosamente, A tua face, Senhor, buscarei. Ele respondeu à atração do amor de Deus. Ele era um homem segundo o coração de Deus[60].

         9 - não me escondas a tua face. Não afastes teu servo com ira, tu és o eu socorro! Não me deixes, não me abandones, meu Deus salvador!

         NÃO ME ESCONDAS - Em contraste com os planos de seus inimigos o salmista só deseja o favor de Deus, que é o supremo bem. O verdadeiro filho de Deus encontra satisfação duradoura, não nos bens materiais nem nos deleites sexuais, sim na convicção de que o céu aprova sua conduta e de gozar a comunhão com Deus. Salmo 4: 6[61].
         TUA FACE - Que tremendo privilégio aceitar o mandamento de Deus de buscar a Sua face. Em outro salmo a iniciativa divina é desenvolvida mais plenamente: Invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás. Salmo 50: 15. Davi está a par de que Deus não está em dívida e que o Senhor pode facilmente achar razões para irar-se com ele. Isto o levou a pedir ansiosamente, Não rejeites com ira o teu servo. Salmo 27:9. Deus de fato tinha rejeitado o Rei Saul, o predecessor de Davi, por causa de sua impenitência. Davi então agarra ainda mais ao Senhor como servo de Deus: Não me desampares nem me abandones, ó Deus, meu Salvador! Davi apreciou o seu companheirismo com Deus mais que toda sua riqueza, como mais doce que todos os prazeres de sua monarquia, e como até mais estável que o amor de seus próprios pais[62].

         NÃO AFASTES - Davi ora para que sua relação com Deus continue[63].

         MEU DEUS SALVADOR - Os méritos recebidos no passado sempre são uma razão para esperar bênçãos futuras. Podemos rogar que, assim como até agora Deus nos tem salvo, e siga exercendo seu poder em nosso favor[64].

         10 - Meu pai e minha mãe me abandonaram, mas Iahweh me acolhe!

         ABANDONARAM-ME - Há pais que abandonam seus filhos, porém Deus nunca desampara a seus filhos Isaias 49: 14 15; 63: 16. Este verso é uma espécie de provérbio[65].

         Este poeta parece totalmente abandonado por todos. Ele é considerado por outros um homem culpado, sob a ira de Deus por causa do seu infortúnio. Mas Deus olha ao coração de cada indivíduo e o aceita como Seu filho o pecador penitente que vem a Ele. Quando Deus Se tornou seu pai e mãe da pessoa, ela chegou à casa do Pai. O amor de Deus se tornou real. A alma é renascida. Por meio profeta Isaías Deus nos assegura:
         Haverá mãe que possa esquecer seu bebê que ainda mamãe não ter compaixão do filho que gerou? Embora ela possa esquecê-lo, eu não me esquecerei de você! Veja, eu gravei você nas palmas das minhas mãos; seus muros estão sempre diante de mim. Isaias 49: 15 e 16.

         ME ACOLHERÁ - O hebraico emprega o verbo asaf, juntar, recolher. Também se usa o verbo Asaf para referir-se a uma recepção hospitaleiraJosué 20: 4; Juizes 19: 15, 18[66].

         11 - Ensina-me o teu caminho, Iahweh! Guai-me por uma vereda plana por causa daqueles que me espreitam;

         ENSINA-ME - Agora que Davi tem certeza que Deus o adotou, sua oração escala uma nova altura e alcança a petição central do salmo inteiro[67].

         TEU CAMINHO - Como nos falta percepção espiritual, necessitamos que a luz de Deus se projetasse sobre nosso caminho. Moisés orou por esta luzÊxodo 33:13, o salmista reconhece sempre sua necessidade dela Salmo 27: 11; 86: 11; 119: 33. Esta idéia está magnificamente expressa no cântico cristão Divina Luz, que é uma oração. Quando oramos para poder compreender os caminhos de Deus, de fato estamos pedindo a compreensão de seus propósitos para poder governar com sabedoria nossa conduta. Salmo 25: 4, 5[68].

         Davi busca a Deus não só para encontrar a graça perdoadora de Deus, mas para aprender o caminho de Deus! Além de sua necessidade de salvação, Davi tem sede da sabedoria de Deus e de Sua direção em sua vida diária. Ele almeja uma vida santificada, por uma vida que desfruta a companhia constante de Deus. Ele reconhece que só o caminho de Deus é o caminho certo, o reto caminho. Ele pede a Deus esclarecimento de forma que ele possa conhecer o caminho de Deus e voluntariamente caminhar no caminho de Deus: Ensina-me... Conduze-me... Não pede uma estrada fácil, mas o caminho que é certo no olhar de Deus. Este é o seu rogo a Deus se Deus lhe concede libertação da destruição[69].

         VEREDA PLANA - Um caminho plano. Depois de andar por caminhos ásperos e perigosos, subindo montes sobre pedras entre espinhos, suspira com grande alívio porque encontrou um lugar seguro e solo plano. Este é o precioso privilégio de cada filho de Deus. Salmo 26: 12[70].

         12 - não me entregues à vontade dos meus adversários, pois contra mim se levantam falsas testemunhas, respirando violência.

         VONTADE - Hebraico: néfesh, palavra que geralmente é traduzida como alma ou vida, aqui equivale à vontade; ânsia. No ugarítico se pode observar que nefesh não só significa alma, mas também desejo ou vontade[71].

         FALSAS TESTEMUNHAS - Com freqüência Davi havia sido objeto de falsas acusações Salmo 7: 3; I Samuel 24: 12; 26: 18[72].

         Davi tinha que enfrentar testemunhas falsas, falsos acusadores no tribunal. Satanás é chamado o acusador diabolos dos irmãos, nos acusa dia e noite diante de nosso Deus Apocalipse 12: 10. Satanás é um inimigo poderoso, mas ainda ele não nos pode arrebatar quando Cristo é nosso todo-poderoso Defensor.
O profeta Zacarias retratou impressivamente a redenção de Deus em um relatório de sua visão. Ele vê o sumo sacerdote Josué, como representante do Israel pós-exílico, levantando-se com vestes sujas no Templo, enquanto Satanás está à sua direita, para acusá-lo diante de Deus. Mas Deus o surpreende:Mas o Senhor disse a Satanás: O Senhor te repreende, ó Satanás; sim, o Senhor, que escolheu a Jerusalém, te repreende; não é este um tição tirado do fogo? Zacarias 3: 2.

Deus é realista. Ele não nega que nós sejamos pecadores e sujos. Mas Ele tem uma resposta à Sua justiça que sempre são as mais surpreendentes boas novas jamais anunciadas pelo próprio Deus. O Senhor nos escolheu como Seus filhos por Sua graça! Maravilhosa graça! Isto não significa que Ele tolera ou justifica nosso egoísmo e males. A graça de Deus nos separa de nossa culpabilidade e pecados. Sua ordem concernente a Josué é, Tirai-lhe as vestes sujas... Eis que tenho feito que passe de ti a tua iniqüidade e te vestirei de finos trajes. Zacarias 3:3, 4. Esta operação divina legal é chamada pelo apóstolo Paulo justificação pela fé independente das obras da lei. Romanos 3: 28; 4: 4 a 6. As boas novas são que a vida e morte de Jesus Cristo proveram os méritos todo-suficientes e justiça para nossa justificação. Nós estamos justificados por Deus, não porque nossos esforços eram bons, mas porque a obediência e méritos de um Homem são perfeitos: de Jesus Cristo Romanos 5: 18 e 19.

A seguinte exortação a Josué tem grande significado:
Assim diz o Senhor dos Exércitos: Se você andar nos meus caminhos e obedecer aos meus preceitos, você governará a minha casa e também estará encarregado das minhas cortes, e eu lhe darei um lugar entre estes que estão aqui. Zacarias. 3:7.

Nós vemos em Zacarias 3 o espectro inteiro do plano de salvação. Começa com a eleição graciosa de Deus de homem pecador. Então Ele o reconcilia Consigo pela justificação de Sua graça e Ele santifica o homem por Sua vontade e sabedoria. Finalmente, Ele oferece diante do homem a promessa de glorificação eterna.
Davi teve esta esperança gloriosa para o futuro no Salmo 27. Ele fecha seu cântico de fé em uma nota de alegre expectativa[73].

         RESPIRANDO VIOLÊNCIA - Compare-se com as palavras usadas para descrever o intenso zelo perseguidor de Saulo: Saulo, respirando ainda ameaças de morte contra os discípulos do Senhor. Atos 9: 1[74].

         Salmo 16: 10Hebraico: néfesh. Este vocábulo aparece 755 vezes no AT, dos quais 144 pertencem aos Salmos. Frequentemente se traduz alma; porem esta é uma tradução inexata, porque o termo alma sugere idéias não contidas em néfesh. Uma breve análise da voz hebraica ajudará a esclarecer o sentido que os autores bíblicos lhe davam.

         Néfesh deriva da raiz nafash, verbo que aparece só três vezes no AT Êxodo 23: 12; 31: 17; 2 Samuel 16: 14, e em cada uma destas ocasiões significa reviver, refrescar-se. O significado básico deste verbo é respirar.

         A definição de néfesh pode deduzir-se do relato bíblico da criação do homem Gênesis 2: 7.  Aqui se afirma que, quando Deus colocou vida no corpo que Ele havia formado, o homem se converteu em um ser vivente; resultou que o homem é um ser vivente; constituiu o homem como um ser vivo. A alma não existe antes que o corpo; venha a existência quando Adão foi criado. Quando nasce uma criança, uma nova alma vem à existência. Cada nascimento representa uma nova unidade, diferente e única, separada de outras unidades similares. Nunca poderá fundir-se com outras; sempre será a mesma. Poderão existir muitíssimos indivíduos parecidos, porém nenhum será com a mesma unidade. Esta identidade única do indivíduo é a idéia dominante que parece traduzir o termo hebreu néfesh.

         A palavra néfesh se emprega para referir-se tanto a seres humanos como a animais. A passagem traduzida produza as águas seres viventes Gênesis 1: 20 diz literalmente: que as águas revolviam como enxames de néfesh jayah seres de vida. Se chama seres de vida, ou seja, seres viventes aos animais e as aves Gênesis 2: 19. Por isto se entende que tanto os animais como os seres humanos são almas.

         A idéia básica do que é alma representa o indivíduo e não uma de suas partes que pode ser nos vista diversos usos da palavra néfesh. Seria mais correto dizer que determinada pessoa ou determinado animal é uma alma, e não que tenha uma alma.
         Desta idéia básica de que néfesh representa o indivíduo ou a pessoa surge seu uso idiomático como substituto do pronome pessoal. A expressão minha alma significa, eumeutua almatu, e sua almaele ou eles.

         Como cada vez que aparece néfesh expressa uma nova unidade de vida, muitas vezes se usa o termo como sinônimo de vida. A RVR traduz néfeshcomo vida 170 vezes, e há outros casos em que vida seria uma tradução mais precisa ver comentário I Reis 17: 21.

         Quase sempre a voz néfesh pode traduzir-se como pessoa, indivíduo, vida ou o pronome pessoal que corresponda. Viva minha alma por causa de ti Gênesis 12: 13 significa viva eu por causa de ti[75].

         13 - Eu creio que verei a bondade do Iahweh na terra dos vivos.
        
          VEREI - Pode-se compreender também: Ah se eu não devesse ver! Na época macabaica esta passagem foi interpretada em função da fé numa vida futura[76].
         BONDADE - Davi enfatizou a libertação do perigo presente, olhou adiante à libertação da ameaça de morte. Suas palavras se aplicam especialmente aos anciãos que enfrentam o momento da morte. Deus não nos ajuda a repetidas vezes durante nossa vida para nos abandonar de repente quando mais contamos com isso. Davi expressou sua certeza de vida eterna mais claramente em outro poema: Eu, porém, na justiça contemplarei a tua face; quando acordar, eu me satisfarei com a tua semelhança. Salmo 17: 15.

Mas como se pode ter certeza? O que nós precisamos é paciência, perseverança e fé quando tarda nossa salvação final. Fé não é sentimento. Fé vive através da confiança nas infalíveis promessas de Deus. As últimas palavras do salmo são consideradas por alguns para ser o oráculo de encorajamento especial de Deus[77].

         HOUVESSE DESMAIADO - Estas palavras não aparecem no original. Completa-se no sentido evidente das palavras do salmista: Que haveria sido de mim se eu não houvesse crido na bondade de Deus? Seus inimigos são tantos e tão temíveis, que desmaiaria se não fosse por sua completa confiança em que finalmente veria uma revelação da bondade de Deus na terra ver Jó 19: 25 a 27. Esta passagem assinala uma fé sublime que devesse anelar cada filho de Deus. Se a esperança não mantiver viva sua chama, a fé poderia converter-se em temor[78].

         14 - Espera em Iahweh, sê firme! Fortalece teu coração e espera em Iahweh!

         ESPERA EM IAHWEH - Primeiramente salmista exorta a si mesmo. Sua natureza mais forte anima a sua natureza mais débil para que esta não desespere ver comentário Salmo 25: 3[79].
         FORTALECE TEU CORAÇÃO - Ver Salmo 31: 24. Cf. o conselho de Moisés a Josué Deuteronômio 31: 7, o conselho de Deus a Josué Josué 1: 6[80].

         O Salmo termina com a repetição da ordem: Sim, espera em Iahweh, como si o salmista quisesse fixar na mente do leitor a idéia de que, em todo momento de dúvida ou perigo, em vez de nos desesperar deveríamos avançar, confiando sempre em Deus, que é nossa fortaleza, nossa luz e nossa salvação[81].

         Um dos maiores segredos que tem ajudado alguns de nós a ter uma vida de oração mais significativa é simplesmente deixar de estar tão apressado! Deus Se comunica conosco de duas maneiras. Ele nos fala por meio de Sua Palavra, mas também fala conosco pela oração. Deus tem um modo de orientar nossos pensamentos e de produzir idéias ou convicções em nossa mente se estivermos dispostos a esperar perante Ele, dando-lhe assim a oportunidade de fazê-lo. A essência da oração é não se apressar em Sua presença dizendo o que temos em mente e então retirar-se açodadamente.

         Muitos, mesmo nas horas de devoção, deixam de receber a bênção da comunhão real com Deus. Estão em demasiada pressa. Com passos precipitados se apertam ao atravessar o grupo dos que têm a durável presença de Cristo. Detendo-se possivelmente um momento no recinto sagrado, mas não para esperar conselho. Não tem tempo de ficar com o Mestre divino. E com seus fardos voltam eles a seus trabalhos... Nada de uma parada momentânea em Sua presença, mas um contato pessoal com Cristo... Tal a nossa necessidade[82].

         Quando acabardes de falar com Deus acerca do que lestes em vosso período de devoção, e lhe apresentastes vossos pedidos e súplicas, concluindo o que tínheis a dizer, ficai ali. Não vos levanteis nem saiais precipitadamente para ir ao trabalho ou as aulas. Permanecei em Sua presença. Conservem a mente aberta as mensagens que o Espírito Santo talvez queira transmitir-vos. Prestai atenção. Concedei a Deus a oportunidade de suscitar pensamentos em vosso cérebro que vos sejam úteis no decorrer do dia. Dai a oportunidade de trazer-vos a lembrança certas coisas que de outro modo talvez tivessem esquecido. Permiti que Ele Se comunicasse diretamente convosco, concedendo-lhe alguns momentos tranqüilos para focalizar a vossa atenção naquilo que Ele vê que deveis considerar.

         Procurar descrever este conceito às vezes é um pouco difícil, mas eu creio na sua validade e que, se ficarmos de joelhos durante algum tempo depois de proferirmos nossas breves orações, descobriremos que Deus pode comunicar-Se conosco de duas maneiras, e muito mais do que freqüentemente Lhe permitimos. Pela oração sincera somos postos em ligação com o infinito[83].

         Quando Moisés morreu, Josué, o filho de Num, foi comissionado para conduzir Israel na terra prometida com estas palavras encorajadoras, Seja forte e corajoso, porque você conduzirá este povo para herdar a terra que prometi sob juramento aos seus antepassados. . . . Seja forte e corajoso! Não se apavore, nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar. Josué 1:6, 9. O cristão crê neste Deus de Israel que é o Salvador e Justificador de todos os que Nele confiam.

Paulo proclama triunfalmente: Quem fará alguma acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica... Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?... Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem morte nem vida... Nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. Romanos 8: 33, 35, 37 a 39[84].

LEITURA ADICIONAL

Por que Existe o Mal

Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao homem que semeia boa semente no seu campo; mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou o joio no meio do trigo, e retirou-se. E, quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio. Mateus 13: 24 a 26.

O campo, disse Cristo, é o mundo. Mateus 13: 38. Precisamos, porém, entender isto como significativo da igreja de Cristo no mundo. A parábola é uma descrição pertinente ao reino de Deus, Sua obra pela salvação dos homens, e esta obra é executada pela igreja. Em verdade, o Espírito Santo saiu a todo o mundo; opera no coração dos homens em toda parte; mas é na igreja que devemos crescer e sazonar para o celeiro de Deus. 

O que semeia a boa semente é o Filho do homem, ... A boa semente são os filhos do reino, e o joio são os filhos do maligno. Mateus 13: 37 e 38. Aboa semente representa aqueles que são nascidos da Palavra de Deus, da verdade. O joio representa uma classe que é o fruto ou encarnação do erro, de princípios falsos.  O inimigo que o semeou é o diabo. Mateus 13: 39. Nem Deus nem os anjos jamais semearam semente que produzisse joio. O joio é sempre lançado por Satanás, o inimigo de Deus e do homem. 

No Oriente, os homens vingavam-se muitas vezes do inimigo, espalhando sementes de qualquer erva daninha, muito semelhante ao trigo, em crescimento, em seu campo recém-semeado. Crescendo com o trigo prejudicava a colheita, e causava fadigas e prejuízos ao proprietário do campo. Assim Satanás, induzido por sua inimizade a Cristo, espalha a má semente entre o bom trigo do reino. O fruto de sua semeadura atribui ele ao Filho de Deus. Introduzindo na igreja aqueles que levam o nome de Deus, conquanto Lhe neguem o caráter, faz o maligno que Deus seja desonrado, a obra da salvação mal representada e almas postas em perigo. 

Dói aos servos de Cristo ver misturados na congregação crentes falsos e verdadeiros. Anseiam fazer alguma coisa para purificar a igreja. Como os servos do pai de família, estão dispostos a arrancar o joio. Mas Cristo lhes diz: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele. Deixai crescer ambos juntos até a ceifa. Mateus 13: 29 e 30

Cristo ensinou claramente que aqueles que perseveram em pecado declarado devem ser desligados da igreja; mas não nos confiou à tarefa de ajuizar sobre caracteres e motivos. Conhece demasiado bem nossa natureza para que nos delegasse esta obra. Se tentássemos desarraigar da igreja os que supomos serem falsos cristãos, certamente cometeríamos erro. Muitas vezes consideramos casos perdidos justamente aqueles que Cristo está atraindo a Si. Se devêssemos proceder com essas pessoas segundo nosso parecer imperfeito, extinguir-se-ia talvez sua última esperança. Muitos que se julgam cristãos serão finalmente achados em falta. Haverá muitos no Céu, os quais seus vizinhos supunham que lá não entrariam. O homem julga segundo a aparência; mas Deus vê o coração. O joio e o trigo devem crescer juntos até a ceifa; e a colheita é o fim do tempo da graça. 

Há nas palavras do Salvador ainda outra lição, uma lição de maravilhosa longanimidade e terno amor. Como o joio tem as raízes entrelaçadas com as do bom trigo, assim falsos irmãos podem estar na igreja, intimamente ligados com os discípulos verdadeiros. O verdadeiro caráter desses pretensos crentes não é plenamente manifesto. Caso fossem desligados da congregação, outros poderiam ser induzidos a tropeçar, os quais, se não fosse isto, permaneceriam firmes. 
A lição dessa parábola é ilustrada pelo proceder de Deus para com os homens e os anjos. Satanás é um enganador. Ao pecar ele no Céu, nem mesmo os anjos fiéis reconheceram plenamente seu caráter. Esta é a razão por que Deus não o destruiu imediatamente. Se o tivesse feito, os santos anjos não teriam percebido o amor e a justiça de Deus. Uma só dúvida quanto à bondade de Deus teria sido como má semente, que produziria o amargo fruto do pecado e da desgraça. Por isto foi poupado o autor do mal, para desenvolver plenamente seu caráter. Durante longos séculos, suportou Deus a angústia de contemplar a obra do mal. Preferiu dar a infinita Dádiva do Gólgota, a deixar alguém ser induzido pelas falsas representações do maligno; pois o joio não podia ser arrancado, sem o risco de desarraigar a preciosa semente. E não seremos tão clementes para com nossos semelhantes, como o Senhor do Céu e da Terra o é para com Satanás? 

Por haver na igreja membros indignos, não tem o mundo o direito de duvidar da verdade do cristianismo, nem devem os cristãos desanimar por causa destes falsos irmãos. Como foi com a igreja primitiva? Ananias e Safira uniram-se aos discípulos. Simão Mago foi batizado. Demas, que abandonou a Paulo, era considerado crente. Judas Iscariotes foi um dos apóstolos. O Redentor não quer perder uma única pessoa. Sua experiência com Judas é relatada para mostrar Sua longanimidade com a corrompida natureza humana; e nos ordena sermos pacientes como Ele o foi. Disse que até ao fim do tempo haveria falsos irmãos na igreja. 

Apesar da advertência de Cristo, têm os homens procurado arrancar o joio. Para punir os que foram considerados malfeitores, tem a igreja recorrido ao poder civil. Os que divergiram das doutrinas dominantes foram encarcerados, martirizados e mortos por instigação de homens que pretendiam agir sob a sanção de Cristo. Mas atos tais são inspirados pelo espírito de Satanás, não pelo Espírito de Cristo. Esse é o método peculiar de Satanás de submeter o mundo a seu domínio. Por esta maneira de proceder com os supostos hereges, Deus tem sido mal representado pela igreja. 

Na parábola de Cristo não nos é ensinado que julguemos e condenemos a outros, antes sejamos humildes e desconfiemos do eu. Nem tudo que é semeado no campo é bom trigo. O estarem os homens na igreja não prova que são cristãos. 

O joio era muito semelhante ao trigo enquanto as hastes estavam verdes; mas quando o campo estava branco para a ceifa, a erva inútil nada se parecia com o trigo, que vergava ao peso das espigas cheias e maduras. Pecadores que pretendem ser piedosos, confundem-se por algum tempo com os verdadeiros seguidores de Cristo, e a aparência de cristianismo tende a enganar a muitos; mas não haverá, na sega do mundo, semelhança entre os bons e os maus. Então, serão manifestos aqueles que se ligaram à igreja, mas não a Cristo. 

É permitido ao joio crescer entre o trigo, desfrutar os mesmos privilégios de sol e chuva; mas no tempo da ceifa será vista a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que não O serve. Malaquias 3: 18. Cristo mesmo decidirá quem é digno de ser membro da família celestial. Julgará todo homem segundo suas palavras e obras. A religião nada pesa na balança. O caráter é que decide o destino.

O Salvador não aponta a um tempo em que todo o joio se tornará trigo. O trigo e o joio crescem juntos até a ceifa, o fim do mundo. Então o joio será atado em molhos para ser queimado, e o trigo será recolhido no celeiro de Deus. Então, os justos resplandecerão como o Sol, no reino de seu Pai. Mateus 13: 43. Mandará o Filho do homem os Seus anjos, e eles colherão do Seu reino tudo o que causa escândalo e os que cometem iniqüidade. E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali, haverá pranto e ranger de dentes. Mateus 13: 41 e 42[85].

Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos Céus. Mateus 5: 10

O Seu seguidor não dá Jesus nenhuma esperança de glória ou riquezas terrestres ou de uma vida livre de tentações, mas mostra-lhes o privilégio de trilhar com o Senhor o caminho da abnegação e suportar calúnias do mundo que os não conhecemos. 

A Ele que viera para salvar o mundo perdido, opôs-se unidas as forças do inimigo de Deus e dos homens. Em cruel conspiração levantaram-se os homens e anjos maus contra o Príncipe da paz. Embora cada palavra e ação testificassem da compaixão divina, Sua falta de semelhança com o mundo provocava a mais amarga inimizade. Porque não consentisse em nenhuma inclinação má da natureza humana, despertou a mais feroz oposição e inimizade. Assim acontece a todos quantos desejam viver piamente em Cristo Jesus. Entre a justiça e o pecado, amor e ódio, verdade e falsidade há conflito irreprimível. Quem manifestar, na conduta, o amor de Cristo e a beleza da santidade, subtrai a Satanás os seus súditos, e por isso o príncipe das trevas contra ele se levanta. Opróbrio e perseguições atingirão a todos os que estão cheios do espírito de Cristo. A maneira das perseguições poderá mudar com o tempo, mas o fundamento, o espírito que lhes serve de base, é o mesmo que, desde os tempos de Abel, assassinou os escolhidos de Deus.  

Logo que os homens procuram viver em harmonia com Deus, acharão que o escândalo da cruz ainda não findou. Principados, potestades e exércitos espirituais da maldade nos lugares celestiais, estão voltados contra todos os que se submetem obedientemente à lei celestial. Por isso, aos discípulos de Cristo, deveriam as perseguições causar alegria, em lugar de tristeza, porque elas são uma demonstração de que seguem os passos do Senhor. 

Conquanto o Senhor não prometa estarem Seus servos livres de perseguição, assegura-lhes coisa muito melhor. Diz Ele: A tua força será como os teus dias. Deuteronômio 33: 25. A Minha graça te basta, porque o Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. II Corintios 12: 9. Quem precisar, por amor de Cristo, passar pelo calor da fornalha, terá ao lado o Senhor, como os três fiéis de Babilônia. Quem amar ao Redentor, alegrar-se-á em todas as ocasiões, de participar das Suas humilhações e insultos. O amor de Jesus torna doces os sofrimentos. 

Em todos os tempos, Satanás perseguiu, torturou e matou os filhos de Deus; mas, morrendo eles, tornaram-se vencedores. Testemunharam em sua perseverante fidelidade que Alguém mais poderoso que o inimigo, estava com eles. Satanás podia torturar-lhes o corpo e matá-los, mas não tocar na vida que, com Cristo, estava escondida em Deus. Encerrou-os nas masmorras, mas não pôde prender-lhes o espírito. Os prisioneiros, através da escuridão do cárcere, podiam olhar para a glória e dizer: Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. Romanos 8: 18. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente. II Coríntios 4: 17.

Pelo sofrimento e perseguição, a glória, o caráter, de Deus será manifestada em Seus escolhidos. A igreja de Deus, odiada e perseguida pelo mundo, é educada e disciplinada na escola de Cristo; caminha na Terra pela estrada estreita, é purificada na fornalha da aflição, segue o Senhor através de duras batalhas, exercita-se na abnegação e sofre amargas experiências, mas reconhece por tudo isso a culpa e a miséria do pecado e aprende a afugentá-lo.

Visto tomar parte nos sofrimentos de Cristo, o sofredor participará também de Sua glória. Em visão, contemplou o profeta a vitória do povo de Deus. Diz ele: E vi um como mar de vidro misturado com fogo e também os que saíram vitoriosos da besta, e da sua imagem, e do seu sinal, e do número do seu nome, que estavam junto ao mar de vidro e tinham as harpas de Deus. E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e maravilhosas são as Tuas obras, Senhor, Deus Todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei dos santos! Apocalipse 15: 2 e 3. Estes são os que vieram de grande tribulação, lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus e O servem de dia e de noite no Seu templo; e Aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a Sua sombra. Apocalipse 7: 14 e 15. 

Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem. Mateus 5: 11. 

Sempre, desde sua queda, Satanás tem operado mediante enganos. Como tem apresentado falsamente a Deus, assim, mediante seus agentes, o apresentam de maneira desfigurada os filhos de Deus. Diz o Salvador: As afrontas dos que Te afrontam caíram sobre Mim. Salmo 69: 9. Assim recaem elas sobre os Seus discípulos.

Jamais houve alguém que andasse entre os homens mais cruelmente caluniados do que o Filho do homem. Era desprezado e escarnecido por causa de Sua incondicional obediência aos princípios da santa lei de Deus. Aborreceram-nO sem causa. Todavia Ele permanecia calmo perante Seus inimigos, declarando que o sofrimento é uma parte do legado dos cristãos, aconselhando Seus seguidores quanto à maneira de enfrentar as setas da perversidade, pedindo-lhes que não desfalecessem sob a perseguição.

Conquanto a calúnia possa enegrecer a reputação, não pode manchar o caráter. Este se encontra sob a guarda de Deus. Enquanto não consentirmos em pecar, não há poder, diabólico ou humano, que nos possa trazer uma nódoa à alma. Um homem cujo coração está firme em Deus é, na hora de suas mais aflitivas provações e desanimadoras circunstâncias, o mesmo que era quando em prosperidade, quando sobre ele pareciam estar à luz e o favor de Deus. Suas palavras, seus motivos, suas ações, podem ser desfigurados e falsificados, mas ele não se importa, pois têm em jogo maiores interesses. Como Moisés, fica firme como vendo o invisível Hebreus 11: 27; não atentando nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem. II Coríntios 4: 18

Cristo está a par de tudo quanto é mal-interpretado e desfigurado pelos homens. Seus filhos podem esperar com serena paciência e confiança, por mais que sofram malignidade e desprezo; pois nada há oculto que não haja de manifestar-se, e aqueles que honram a Deus hão de por Ele ser honrados na presença dos homens e dos anjos[86].

         12 - Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois foi assim que perseguiram os profetas, que vieram antes de vós.

         ANTES DE VÓSOs discípulos são os sucessores dos profetas cfe. 10: 41; 13: 17; 23: 24[87].

Quando vos injuriarem, e perseguirem, disse Jesus, exultai e alegrai-vos. Mateus 5: 11 e 12. E apontou aos Seus ouvintes os profetas que falaramem nome do Senhor, como exemplo de aflição e paciência. Tiago 5: 10. Abel, o primeiro cristão dos filhos de Adão, morreu mártir. Enoque andou com Deus, e o mundo não o conheceu. Noé foi escarnecido como fanático e alarmista. Outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões.Outros foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição. Hebreus 11: 36 e 35.

Em todos os séculos os escolhidos mensageiros de Deus têm sido ultrajados e perseguidos; não obstante, mediante seus sofrimentos foi o conhecimento de Deus disseminado no mundo. Todo discípulo de Cristo tem de ingressar nas fileiras e levar avante a mesma obra, sabendo que seu inimigo nada pode fazer contra a verdade, senão pela verdade. Deus pretende que a verdade seja posta pela frente, se torne objeto de exame e consideração, a despeito do desprezo que lhe votem. O espírito do povo deve ser agitado; toda polêmica, toda crítica, todo esforço para restringir a liberdade de consciência, é um instrumento de Deus para despertar as mentes que, do contrário, ficariam sonolentas. 

Quantas vezes se têm observado esses resultados na história dos mensageiros de Deus! Quando o nobre e eloqüente Estevão foi apedrejado por instigação do conselho do Sinédrio, não houve nenhum prejuízo para a causa do evangelho. A luz do Céu a iluminar-lhe o semblante, a divina compaixão que transpirava de sua oração quando moribundo, foi qual penetrante seta de convicção para os fanáticos membros do  Sinédrio ali presentes, e Saulo, o fariseu perseguidor, tornou-se um vaso escolhido para levar diante dos gentios, dos reis e dos filhos de Israel, o nome de Cristo. E muito depois Paulo, já envelhecido, escreveu de sua prisão em Roma: Verdade é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia,... Não puramente, julgando acrescentar aflição às minhas prisões. Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento, ou em verdade. Filipenses 1: 15, 17 e 18. Por meio da prisão de Paulo o evangelho foi difundido, e almas ganhas para Cristo no próprio palácio dos Césares. Pelos esforços de Satanás para destruí-la, a incorruptível semente da Palavra de Deus, viva e que permanece para sempre. I Pedro 1:23, é semeada no coração dos homens; mediante o sofrimento e a perseguição de Seus filhos, o nome de Cristo é magnificado, e almas são salvas. 

Grande é no Céu o galardão dos que testemunham em favor de Cristo por meio de perseguição e opróbrio. Enquanto o povo está esperando bens terrenos, Jesus os encaminha a uma recompensa celestial. Não a coloca, entretanto, inteiramente na vida futura; ela começa aqui. O Senhor apareceu na antiguidade a Abraão, dizendo: Eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão. Gênesis 15: 1. Esta é a recompensa de todos quantos seguem a Cristo. Iahweh Emanuel; Aquele em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência, em quem habita corporalmente toda a plenitude da divindade. Colossenses 2: 3 e 9; ser levado a sentir em correspondência com Ele, conhecê-Lo, possuí-Lo, à medida que o coração se abre mais e mais para receber-Lhe os atributos; conhecer-Lhe o amor e o poder, possuir as insondáveis riquezas de Cristo, compreender mais e mais qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus. Efésios 3: 18 e 19; esta é a herança dos servos do Senhor e a sua justiça que vem de Mim, diz o Senhor. Isaias 54:17

Foi esta alegria que encheu o coração de Paulo e Silas quando oravam e cantavam louvores a Deus à meia-noite, na prisão de Filipos. Cristo Se achava ali ao seu lado, e a luz de Sua presença irradiava na escuridão com a glória das cortes celestes. De Roma escreveu Paulo, esquecido de suas cadeias, ao ver a difusão do evangelho: Nisto me regozijo e me regozijarei ainda. Filipenses 1: 18. E as próprias palavras de Cristo sobre o monte são ecoadas na mensagem de Paulo à igreja dos filipenses, em meio das perseguições que sofriam: Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos. Filipenses 4: 4[88]


[1] Desejado de Todas as Nações, p. 287.
[2] CBASD, Vol. 5, p. 319.
[3] CBASD, Vol. 5, p. 319.
[4] Comentário ao Novo Testamento, Mateus, vol. 1, William Barclay. Editora Clie, pp. 133 a 138.
[5] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 62.
[6] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 63.
[7] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 64.
[8] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 65.
[9] O Maior Discurso de Cristo, pp. 29 a 31.
[10] CBASD, Vol. 5, p. 729.
[11] CBASD, Vol. 5, pp. 319 e 320.
[12] Comentário ao Novo Testamento, Mateus, vol. 1, William Barclay. Editora Clie, pp. 138 a 142.
[13] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 66.
[14] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 67.
[15] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 68.
[16] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 69.
[17] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 70.
[18] Educação, p. 159.
[19] CBASD, vol. 3, p. 703.
[20] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, pp. 2 e 3.
[21] CBASD, vol. 3, p. 703.
[22] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, pp. 3 e 4.
[23] CBASD, vol. 3, p. 678.
[24] CBASD, vol. 3, p. 787.
[25] CBASD, vol. 3, p. 703.
[26] CBASD, vol. 3, p. 703.
[27] CBASD, vol. 3, p. 703.
[28] CBASD, vol. 3, p. 703.
[29] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 5.
[30] CBASD, vol. 3, p. 703.
[31] CBASD, vol. 3, p. 643.
[32] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, pp. 5 e 6.
[33] CBASD, vol. 3, p. 703.
[34] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 6.
[35] CBASD, vol. 3, p. 703.
[36] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 6.
[37] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, pp. 6 e 7.
[38] Manuscrito 24, 1891.
[39] Signs of the Times, 6 de dezembro de 1877.
[40] Orientação da Criança, p. 140
[41] Manuscrito 7, 1888.
[42] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 8.
[43] CBASD, vol. 3, p. 703.
[44] CBASD, vol. 3, p. 703.
[45] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 7.
[46] The Youth’s Instructor, maio de 1854.
[47] Review and Herald, 15 de março de 1887.
[48] Carta 264, 1903.
[49] CBASD, vol. 3, p. 703.
[50] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 8.
[51] BJ, p. 974.
[52] CBASD, vol. 3, p. 703.
[53] CBASD, vol. 3, p. 704.
[54] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, pp. 7 e 8.
[55] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 9.
[56] CBASD, vol. 3, p. 704.
[57] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 9.
[58] BJ, p. 974.
[59] CBASD, vol. 3, p. 704.
[60] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 9.
[61] CBASD, vol. 3, p. 645.
[62] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, pp. 9 e 10.
[63] CBASD, vol. 3, p. 704.
[64] CBASD, vol. 3, p. 704.
[65] CBASD, vol. 3, p. 704.
[66] CBASD, vol. 3, p. 704.
[67] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 10.
[68] CBASD, vol. 3, p. 704.
[69] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 11.
[70] CBASD, vol. 3, p. 702.
[71] CBASD, vol. 3, p. 704.
[72] CBASD, vol. 3, p. 704.
[73] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, pp. 11 e 12.
[74] CBASD, vol. 3, p. 704.
[75] CBASD, vol. 3, pp. 673 e 674.
[76] BJ, p. 975.
[77] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, pp. 12 e 13.
[78] CBASD, vol. 3, p. 704.
[79] CBASD, vol. 3, p. 704.
[80] CBASD, vol. 3, p. 704.
[81] CBASD, vol. 3, p. 704.
[82] Educação, pp. 260 e 261.
[83] Fé que Opera, Morris Venden, MM 1981, p. 123.
[84] Libertação nos Salmos, Salmo 27, Hans LaRondelle, p. 13.
[85] Parábolas de Jesus, pp. 70 a 75.
[86] O Maior Discurso de Cristo, pp. 29 a 31.
[87] BJ, p. 1.846.
[88] O Maior Discurso de Cristo, pp. 31 a 35.

Santuário Celestial ...

Santuário Celestial em Miniatura

Foi comunicada a Moisés, enquanto se achava no monte com Deus, esta ordem: “E Me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (Êxodo 25:8), e foram dadas instruções completas para a construção do tabernáculo. Em virtude de sua apostasia, os israelitas ficaram despojados da bênção da presença divina, e por algum tempo impossibilitaram a ereção de um santuário para Deus, entre eles. Mas, depois de novamente haverem sido recebidos no favor do Céu, o grande chefe procedeu à execução do mando divino.
Homens escolhidos foram especialmente dotados por Deus de habilidade e sabedoria para a construção do sagrado edifício. O próprio Deus deu a Moisés o plano daquela estrutura, com instruções específicas quanto ao seu tamanho e forma, materiais a serem empregados, e cada peça que fazia parte do aparelhamento que deveria a mesma conter. Os lugares santos, feitos a mão, deveriam ser “figura do verdadeiro”, “figuras das coisas que estão no Céu” (Hebreus 9:24, 23) — uma representação em miniatura do templo celestial, onde Cristo, nosso grande Sumo-Sacerdote, depois de oferecer Sua vida em sacrifício, ministraria em prol do pecador. Deus expôs perante Moisés, no monte, um aspecto do santuário celestial, e mandou-lhe fazer todas as coisas de acordo com o modelo a ele mostrado. Todas estas instruções foram cuidadosamente registradas por Moisés, que as comunicou aos chefes do povo.
Para a edificação do santuário, grandes e dispendiosos preparativos eram necessários; grande quantidade dos materiais mais preciosos e caros era exigida; todavia o Senhor apenas aceitava ofertas voluntárias. “De todo o homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a Minha oferta” (Êxodo 25:2), foi a ordem divina repetida por Moisés à congregação. A devoção a Deus e o espírito de sacrifício eram os primeiros requisitos ao preparar-se uma morada para o Altíssimo.
Todo o povo correspondeu unanimemente. “E veio todo o homem, a quem o seu coração moveu, e todo aquele cujo espírito voluntariamente o excitou, e trouxeram a oferta alçada ao Senhor para a obra da tenda da congregação, e para todo o seu serviço, e para os vestidos santos. E assim vieram homens e mulheres, todos dispostos de coração: trouxeram fivelas, e pendentes, e anéis, e braceletes, todo o vaso de ouro; e todo o homem oferecia oferta de ouro ao Senhor.” Êxodo 35:21, 22.
“E todo o homem que se achou com azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino, e pêlos de cabra, e peles de carneiro tintas de vermelho, e peles de texugos, os trazia; todo aquele que oferecia oferta alçada de prata ou de metal, a trazia por oferta alçada ao Senhor: e todo aquele que se achava com madeira de setim, a trazia para toda a obra do serviço.
“E todas as mulheres sábias de coração fiavam com as suas mãos, e traziam o fiado, o azul e a púrpura, o carmesim, e o linho fino. E todas as mulheres, cujo coração as moveu em sabedoria, fiavam os pêlos das cabras. E os príncipes traziam pedras sardónicas, e pedras de engastes para o éfode e para o peitoral, e especiarias, e azeite para a luminária, e para o óleo da unção, e para o incenso aromático.” Êxodo 35:23-28.
Enquanto a construção do santuário estava em andamento, o povo, velhos e jovens — homens, mulheres e crianças — continuou a trazer suas ofertas até que aqueles que tinham a seu cargo o trabalho acharam que tinham o suficiente, e mesmo mais do que se poderia usar. E Moisés fez com que se proclamasse por todo o acampamento: “Nenhum homem nem mulher faça mais obra alguma para a oferta alçada do santuário. Assim o povo foi proibido de trazer mais.” Êxodo 36:6. As murmurações dos israelitas e as visitações dos juízos de Deus por causa de seus pecados, estão registradas como advertência às gerações posteriores. E sua devoção, zelo e liberalidade, são um exemplo digno de imitação. Todos os que amam o culto a Deus, e prezam as bênçãos de Sua santa presença, manifestarão o mesmo espírito de sacrifício ao preparar-se uma casa onde Ele possa encontrar-Se com eles. Desejarão trazer ao Senhor uma oferta do melhor que possuem. Uma casa construída para Deus não deve ser deixada em dívida, pois desta maneira Ele é desonrado. Uma porção suficiente para realizar o trabalho deve ser dada livremente, a fim de que os operários digam: ... “Não tragais mais ofertas.”
O tabernáculo e sua construção
O tabernáculo foi construído de tal maneira que podia ser todo desmontado e levado com os israelitas em todas as suas jornadas. Era, portanto, pequeno, não tendo mais de vinte metros de comprimento, e seis de largura e altura. Contudo, era uma estrutura magnificente. A madeira empregada para a edificação e seu aparelhamento era a acácia, menos sujeita a arruinar-se do que qualquer outra que se podia obter no Sinai. As paredes consistiam em tábuas verticais colocadas em encaixes de prata, e mantidas firmemente por colunas e barras que as ligavam; e todas estavam cobertas de ouro, dando ao edifício a aparência de ouro maciço. O teto era formado de quatro jogos de cortinas sendo a mais interior de “linho fino torcido, e azul, púrpura, e carmesim; com querubins as farás de obra esmerada” (Êxodo 26:1); as outras três eram respectivamente de pêlo de cabras, pele de carneiro tingida de vermelho, e pele de texugo, dispostas de tal maneira que proporcionassem proteção completa.
O edifício era dividido em dois compartimentos por uma rica e linda cortina, ou véu, suspensa de colunas chapeadas de ouro; e um véu semelhante fechava a entrada ao primeiro compartimento. Estes véus, como a cobertura interior que formava o teto, eram das mais belas cores, azul, púrpura e escarlata, lindamente dispostas, ao mesmo tempo que trabalhados a fios de ouro e prata havia neles querubins para representarem a hoste angélica, que se acha em conexão com o trabalho do santuário celestial, e são espíritos ministradores ao povo de Deus na Terra.
A tenda sagrada ficava encerrada em um espaço descoberto chamado o pátio, que estava rodeado de cortinas ou anteparos, de linho fino, suspensos de colunas de cobre. A entrada para este recinto ficava na extremidade oriental. Era fechado com cortinas de custoso material e bela confecção, se bem que inferiores às do santuário. Sendo os anteparos do pátio apenas da metade da altura das paredes do tabernáculo aproximadamente, o edifício podia ser perfeitamente visto pelo povo do lado de fora. No pátio, e bem perto da entrada, achava-se o altar de cobre para as ofertas queimadas, ou holocaustos. Sobre este altar eram consumidos todos os sacrifícios feitos com fogo ao Senhor, e os seus cornos eram aspergidos com o sangue expiatório. Entre o altar e a porta do tabernáculo, estava o lavadouro, que também era de cobre, feito dos espelhos que tinham sido ofertas voluntárias das mulheres de Israel. No lavadouro os sacerdotes deveriam lavar as mãos e os pés sempre que entravam nos compartimentos sagrados ou se aproximavam do altar para oferecerem uma oferta queimada ao Senhor.
No primeiro compartimento, ou lugar santo, estavam a mesa dos pães da proposição, o castiçal ou candelabro, e o altar de incenso. A mesa com os pães da proposição ficava do lado do norte. Com a sua coroa ornamental, era ele coberto de ouro puro. Sobre esta mesa os sacerdotes deviam cada sábado colocar doze pães, dispostos em duas colunas, e aspergidos com incenso. Os pães que eram removidos, sendo considerados santos, deviam ser comidos pelos sacerdotes. Do lado do sul estava o castiçal de sete ramos, com as suas sete lâmpadas. Seus ramos eram ornamentados com flores artisticamente trabalhadas, semelhantes a lírios, e o todo era feito de uma peça de ouro maciço. Não havendo janelas no tabernáculo, nunca ficavam apagadas todas as lâmpadas a um tempo, mas espargiam a sua luz dia e noite. Precisamente diante do véu que separava o lugar santo do santíssimo e da presença imediata de Deus, achava-se o áureo altar de incenso. Sobre este altar o sacerdote devia queimar incenso todas as manhãs e tardes; seus cornos eram tocados com o sangue da oferta para o pecado, e era aspergido com sangue no grande dia de expiação. O fogo neste altar era aceso pelo próprio Deus, e conservado de maneira sagrada. Dia e noite o santo incenso difundia sua fragrância pelos compartimentos sagrados, e fora, longe, em redor do tabernáculo.
Além do véu interior estava o santo dos santos, onde se centralizava o serviço simbólico da expiação e intercessão, e que formava o elo de ligação entre o Céu e a Terra. Neste compartimento estava a arca, uma caixa feita de acácia, coberta de ouro por dentro e por fora, e tendo uma coroa de ouro em redor de sua parte superior. Fora feita para ser o receptáculo das tábuas de pedra, sobre as quais o próprio Deus escrevera os Dez Mandamentos. Daí o ser ela chamada a arca do testemunho de Deus, ou a arca do concerto, visto que os Dez Mandamentos foram a base do concerto feito entre Deus e Israel.
A cobertura da arca sagrada chamava-se propiciatório. Este era feito de uma peça inteiriça de ouro, e encimado por querubins do mesmo metal, ficando um de cada lado. Uma asa de cada anjo estendia-se ao alto, enquanto a outra estava fechada sobre o corpo em sinal de reverência e humildade. Vede Ezequiel 1:11. A posição dos querubins, tendo o rosto voltado um para o outro, e olhando reverentemente abaixo para a arca, representava a reverência com que a hoste celestial considera a lei de Deus, e seu interesse no plano da redenção.
Acima do propiciatório estava o shekinah, manifestação da presença divina; e dentre os querubins Deus tornava conhecida a Sua vontade. Mensagens divinas às vezes eram comunicadas ao sumo-sacerdote por uma voz da nuvem. Algumas vezes uma luz caía sobre o anjo à direita, para significar a aprovação ou aceitação; ou uma sombra ou nuvem repousava sobre o que ficava ao lado esquerdo, para revelar reprovação ou rejeição.
A lei de Deus, encerrada na arca, era a grande regra de justiça e juízo. Aquela lei sentenciava a morte ao transgressor; mas acima da lei estava o propiciatório, sobre o qual se revelava a presença de Deus, e do qual, em virtude da obra expiatória, se concedia o perdão ao pecador arrependido. Assim na obra de Cristo pela nossa redenção, simbolizada pelo ritual do santuário, “a misericórdia e a verdade se encontraram: a justiça e a paz se beijaram.” Salmos 85:10.
Nenhuma linguagem pode descrever a glória do cenário apresentado dentro do santuário — as paredes chapeadas de ouro que refletiam a luz do áureo castiçal, os brilhantes matizes das cortinas ricamente bordadas com seus resplendentes anjos, a mesa e o altar de incenso, brilhante pelo ouro; além do segundo véu a arca sagrada, com os seus querubins místicos, e acima dela o santo shekinah, manifestação visível da presença de Jeová; tudo não era senão um pálido reflexo dos esplendores do templo de Deus no Céu, o grande centro da obra pela redenção do homem.
Um espaço de tempo, de aproximadamente meio ano foi ocupado na construção do tabernáculo. Quando este se completou, Moisés examinou toda a obra dos construtores, comparando-a com o modelo a ele mostrado no monte, e com as instruções que de Deus recebera. “Como o Senhor a ordenara, assim a fizeram: então Moisés os abençoou.” Êxodo 39:43. Com ávido interesse as multidões de Israel juntaram-se em redor para ver a estrutura sagrada. Enquanto estavam a contemplar aquela cena com satisfação reverente, a coluna de nuvem pairou sobre o santuário e, descendo, envolveu-o. “E a glória do Senhor encheu o tabernáculo.” Êxodo 40:34. Houve uma revelação da majestade divina, e por algum tempo mesmo Moisés não pôde entrar ali. Com profunda emoção o povo viu a indicação de que a obra de suas mãos fora aceita. Não houve ruidosas manifestações de regozijo. Temor solene repousava sobre todos. Mas sua alegria de coração transbordou em lágrimas de gozo, e murmuravam em voz baixa ardorosas palavras de gratidão de que Deus houvesse condescendido em habitar com eles.
Os sacerdotes e suas vestimentas
Por determinação divina a tribo de Levi foi separada para o serviço do santuário. Nos tempos primitivos cada homem era o sacerdote de sua própria casa. Nos dias de Abraão o sacerdócio era considerado direito de primogenitura do filho mais velho. Agora, em lugar dos primogénitos de todo o Israel, o Senhor aceitou a tribo de Levi para a obra do santuário. Por meio desta honra distinta manifestou Ele Sua aprovação à fidelidade da mesma, tanto por aderir ao Seu serviço como por executar Seus juízos quando Israel apostatou com o culto ao bezerro de ouro. O sacerdócio, todavia, ficou restrito à família de Arão. A este e seus filhos, somente, permitia-se ministrar perante o Senhor; o resto da tribo estava encarregada do cuidado do tabernáculo e de seu aparelhamento, e deveria auxiliar os sacerdotes em seu ministério, mas não deveria sacrificar, queimar incenso, ou ver as coisas sagradas antes que estivessem cobertas.
De acordo com as suas funções, foi indicada ao sacerdote uma veste especial. “Farás vestidos santos a Arão teu irmão, para glória e ornamento” (Êxodo 28:2) — foi a instrução divina a Moisés. A veste do sacerdote comum era de linho alvo, e tecida em uma só peça. Estendia-se até quase os pés, e prendia-se à cintura por um cinto branco de linho, bordado de azul, púrpura e vermelho. Um turbante de linho, ou mitra, completava seu traje exterior. A Moisés, perante a sarça-ardente, foi determinado que tirasse as sandálias, porque a terra em que estava era santa. Semelhantemente os sacerdotes não deveriam entrar no santuário com sapatos nos pés. Partículas de pó que a eles se apegavam, profanariam o lugar santo. Deviam deixar os sapatos no pátio, antes de entrarem no santuário, e também lavar tanto as mãos como os pés, antes de ministrarem no tabernáculo, ou no altar dos holocaustos. Desta maneira ensinava-se constantemente a lição de que toda a contaminação devia ser removida daqueles que se aproximavam da presença de Deus.
As vestes do sumo-sacerdote eram de custoso material e de bela confecção, em conformidade com a sua elevada posição. Em acréscimo ao traje de linho do sacerdote comum, usava uma vestimenta de azul, também tecida em uma única peça. Ao longo das fímbrias era ornamentada com campainhas de ouro, e romãs de azul, púrpura e escarlate. Por sobre isto estava o éfode, uma vestidura mais curta, de ouro, azul, púrpura, escarlate e branco. Era preso por um cinto das mesmas cores, belamente trabalhado. O éfode não tinha mangas, e em suas ombreiras bordadas de ouro achavam-se colocadas duas pedras de ónix, que traziam os nomes das doze tribos de Israel. 
Sobre o éfode estava o peitoral, a mais sagrada das vestimentas sacerdotais. Este era do mesmo material que o éfode. Era de forma quadrada, media um palmo, e estava suspenso dos ombros por um cordão de azul, por meio de argolas de ouro. As bordas eram formadas de uma variedade de pedras preciosas, as mesmas que formam os doze fundamentos da cidade de Deus. Dentro das bordas havia doze pedras engastadas de ouro, dispostas em fileiras de quatro, e como as das ombreiras, tendo gravados os nomes das tribos. As instruções do Senhor foram: “Arão levará os nomes dos filhos de Israel no peitoral do juízo sobre o seu coração, quando entrar no santuário, para memória diante do Senhor continuamente.” Êxodo 28:29. Assim Cristo, o grande Sumo -Sacerdote, pleiteando com Seu sangue diante do Pai, em prol do pecador, traz sobre o coração o nome de toda alma arrependida e crente. Diz o salmista: “Eu sou pobre e necessitado; mas o Senhor cuida de mim.” Salmos 40:17.
O Urim e Tumim
À direita e à esquerda do peitoral havia duas grandes pedras de grande brilho. Estas eram conhecidas por Urim e Tumim. Por meio delas fazia-se saber a vontade de Deus pelo sumo-sacerdote. Quando se traziam perante o Senhor questões para serem decididas, uma auréola de luz que rodeava a pedra preciosa à direita, era sinal do consentimento ou aprovação divina, ao passo que uma nuvem que ensombrava a pedra à esquerda, era prova de negação ou reprovação.
A mitra do sumo-sacerdote consistia no turbante de alvo linho, tendo presa no mesmo, por um laço de azul, uma lâmina de ouro que trazia a inscrição: “Santidade ao Senhor.” Todas as coisas ligadas ao vestuário e conduta dos sacerdotes deviam ser de molde a impressionar aquele que as via, dando-lhe uma intuição da santidade de Deus, santidade de Seu culto, e pureza exigida daqueles que iam à Sua presença.
Os serviços do santuário
Não somente o santuário em si mesmo, mas o ministério dos sacerdotes, deviam servir “de exemplar e sombra das coisas celestiais.” Hebreus 8:5. Assim, foi isto de grande importância; e o Senhor, por meio de Moisés, deu a mais definida e explícita instrução concernente a cada ponto deste ritual típico. O ministério do santuário consistia em duas partes: um serviço diário e outro anual. O cerimonial diário era efetuado no altar dos holocaustos, no pátio do tabernáculo, bem como no lugar santo; ao passo que o serviço anual o era no lugar santíssimo.
Nenhum olho mortal a não ser o do sumo sacerdote devia ver o compartimento interno do santuário. Apenas uma vez ao ano podia o sacerdote entrar ali, e isto depois da mais cuidadosa e solene preparação. Com tremor entrava perante Deus, e o povo, com reverente silêncio, aguardava a sua volta, tendo erguido o coração em oração fervorosa pela bênção divina. Diante do propiciatório o sumo sacerdote fazia expiação por Israel; e na nuvem de glória Deus Se encontrava com ele. Sua demora ali, além do tempo costumeiro, enchia-os de receio de que, por causa de seus pecados ou dos dele, houvesse sido morto pela glória do Senhor.
O culto cotidiano consistia no holocausto da manhã e da tarde, na oferta de incenso suave no altar de ouro, e nas ofertas especiais pelos pecados individuais. E também havia ofertas para os sábados, luas novas e solenidades especiais.
Toda manhã e tarde, um cordeiro de um ano era queimado sobre o altar, com sua apropriada oferta de manjares, simbolizando assim a consagração diária da nação a Jeová, e sua constante necessidade do sangue expiatório de Cristo. Deus ordenara expressamente que toda a oferta apresentada para o ritual do santuário fosse “sem mácula”. Êxodo 12:5. Os sacerdotes deviam examinar todos os animais levados para sacrifício, e rejeitar todo aquele em que se descobrisse algum defeito. Apenas uma oferta “sem mácula” poderia ser um símbolo da perfeita pureza dAquele que Se ofereceria como “um cordeiro imaculado e incontaminado”. 1 Pedro 1:19. O apóstolo Paulo aponta para esses sacrifícios como uma ilustração do que os seguidores de Cristo devem tornar-se. Diz ele: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” Romanos 12:1. Devemos entregar-nos ao serviço de Deus e procurar que a oferta se aproxime o máximo possível da perfeição. Deus não Se agradará de coisa alguma inferior ao melhor que podemos oferecer. Aqueles que O amam de todo o coração, desejarão dar-Lhe o melhor serviço de sua vida, e estarão constantemente procurando pôr toda a faculdade de seu ser em harmonia com as leis que promoverão sua habilidade para fazerem a Sua vontade.
Na oferta do incenso o sacerdote era levado mais diretamente à presença de Deus do que em qualquer outro ato do ministério diário. Como o véu interno do santuário não se estendia até ao alto do edifício, a glória de Deus, manifestada por cima do propiciatório, era parcialmente visível no primeiro compartimento. Quando o sacerdote oferecia incenso perante o Senhor, olhava em direção à arca; e, subindo a nuvem de incenso, a glória divina descia sobre o propiciatório e enchia o lugar santíssimo, e muitas vezes ambos os compartimentos, de tal maneira que o sacerdote era obrigado a afastar-se para a porta do santuário. Como naquele cerimonial típico o sacerdote olhava pela fé ao propiciatório que não podia ver, assim o povo de Deus deve hoje dirigir suas orações a Cristo, seu grande Sumo Sacerdote que, invisível aos olhares humanos, pleiteia em seu favor no santuário celestial.
O incenso que subia com as orações de Israel, representa os méritos e intercessão de Cristo, Sua perfeita justiça, que pela fé é atribuída ao Seu povo, e unicamente pode tornar aceitável a Deus o culto de seres pecadores. Diante do véu do lugar santíssimo, estava um altar de intercessão perpétua; diante do lugar santo, um altar de expiação contínua. Pelo sangue e pelo incenso deveriam aproximar-se de Deus — símbolos aqueles que apontam para o grande Mediador, por intermédio de quem os pecadores podem aproximar-se de Jeová, e por meio de quem unicamente, a misericórdia e a salvação podem ser concedidas à alma arrependida e crente.
Quando os sacerdotes, pela manhã e à tardinha, entravam no lugar santo à hora do incenso, o sacrifício diário estava pronto para ser oferecido sobre o altar, fora, no pátio. Esta era uma ocasião de intenso interesse para os adoradores que se reuniam junto ao tabernáculo. Antes de entrarem à presença de Deus pelo ministério do sacerdote, deviam empenhar-se em ardoroso exame de coração e confissão de pecado. Uniam-se em oração silenciosa, com o rosto voltado para o lugar santo. Assim ascendiam suas petições com a nuvem de incenso, enquanto a fé se apoderava dos méritos do Salvador prometido prefigurado pelo sacrifício expiatório. As horas designadas para o sacrifício da manhã e da tardinha eram consideradas sagradas, e, por toda a nação judaica, vieram a ser observadas como um tempo reservado para a adoração. E, quando, em tempos posteriores, os judeus foram espalhados como cativos em países distantes, ainda naquela hora designada voltavam o rosto para Jerusalém e proferiam suas petições ao Deus de Israel. Neste costume têm os cristãos um exemplo para a oração da manhã e da noite. Conquanto Deus condene um mero ciclo de cerimônias, sem o espírito de adoração, olha com grande prazer àqueles que O amam, prostrando-se de manhã e à noite, a fim de buscar o perdão dos pecados cometidos e apresentar seus pedidos de bênçãos necessitadas.
Os pães da proposição eram conservados sempre perante o Senhor como uma oferta perpétua. Assim, era isto uma parte do sacrifício cotidiano. Era chamado o pão da proposição, ou “pão da presença”, porque estava sempre diante da face do Senhor. Êxodo 25:30. Era um reconhecimento de que o homem depende de Deus, tanto para o pão temporal como o espiritual, e de que este é recebido apenas pela mediação de Cristo. Deus alimentara Israel no deserto com pão do Céu e ainda dependiam eles de Sua munificência tanto para o pão temporal como para as bênçãos espirituais. Tanto o maná como o pão da proposição apontavam para Cristo, o pão vivo, que sempre está na presença de Deus por nós. Ele mesmo disse: “Eu sou o pão vivo que desceu do Céu.” João 6:48-51. O incenso era posto sobre os pães. Quando o pão era retirado cada sábado, para ser substituído por outro, fresco, o incenso era queimado sobre o altar, em memória, perante Deus.
A parte mais importante do ministério diário era o serviço efetuado em prol do indivíduo. O pecador arrependido trazia a sua oferta à porta do tabernáculo e, colocando a mão sobre a cabeça da vítima, confessava seus pecados, transferindo-os assim, figuradamente, de si para o sacrifício inocente. Pela sua própria mão era então morto o animal, e o sangue era levado pelo sacerdote ao lugar santo e aspergido diante do véu, atrás do qual estava a arca que continha a lei que o pecador transgredira. Por esta cerimónia, mediante o sangue, o pecado era figuradamente transferido para o santuário. Nalguns casos o sangue não era levado ao lugar santo mas a carne deveria então ser comida pelo sacerdote, conforme instruiu Moisés aos filhos de Arão, dizendo: “O Senhor a deu a vós, para que levásseis a iniquidade da congregação.” Levítico 10:17. Ambas as cerimônias simbolizavam semelhantemente a transferência do pecado, do penitente para o santuário.
Tal era a obra que dia após dia continuava, durante o ano todo. Os pecados de Israel, sendo assim transferidos para o santuário, ficavam contaminados os lugares santos, e uma obra especial se tornava necessária para sua remoção. Deus ordenara que se fizesse expiação por cada um dos compartimentos sagrados, assim como pelo altar, para o purificar “das imundícias dos filhos de Israel”, e o santificar. Levítico 16:19.
O dia da expiação
Uma vez ao ano, no grande dia da expiação, o sacerdote entrava no lugar santíssimo para a purificação do santuário. O trabalho ali efetuado completava o ciclo anual do ministério.
No dia da expiação dois bodes eram trazidos à porta do tabernáculo, e lançavam-se sortes sobre eles, “uma sorte pelo Senhor, e a outra sorte pelo bode emissário.” O bode sobre o qual caía a primeira sorte deveria ser morto como oferta pelos pecados do povo. E o sacerdote deveria levar seu sangue para dentro do véu, e aspergi-lo sobre o propiciatório. “Assim fará expiação pelo santuário por causa das imundícias dos filhos de Israel e das suas transgressões, segundo todos os seus pecados: e assim fará para a tenda da congregação que mora com eles no meio das suas imundícias.” Levítico 16:16.
“E Arão porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vivo, e sobre ele confessará todas as iniquidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, segundo todos os seus pecados: e os porá sobre a cabeça do bode, e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem designado para isso. Assim aquele bode levará sobre si todas as iniquidades deles à terra solitária.” Levítico 16:21, 22. Antes que o bode tivesse desta maneira sido enviado não se considerava o povo livre do fardo de seus pecados. Cada homem deveria afligir sua alma, enquanto prosseguia a obra da expiação. Toda ocupação era posta de lado, e toda a congregação de Israel passava o dia em humilhação solene perante Deus, com oração, jejum e profundo exame de coração. 
Importantes verdades concernentes à obra expiatória eram ensinadas ao povo por meio deste serviço anual. Nas ofertas para o pecado apresentadas durante o ano, havia sido aceito um substituto em lugar do pecador; mas o sangue da vítima não fizera completa expiação pelo pecado. Apenas provera o meio pelo qual este fora transferido para o santuário. Pela oferta do sangue, o pecador reconhecia a autoridade da lei, confessava a culpa de sua transgressão, e exprimia sua fé n´Aquele que tiraria o pecado do mundo; mas não estava inteiramente livre da condenação da lei. No dia da expiação o sumo sacerdote, havendo tomado uma oferta para a congregação, ia ao lugar santíssimo com o sangue e o aspergia sobre o propiciatório, em cima das tábuas da lei. Assim se satisfaziam os reclamos da lei, que exigia a vida do pecador. Então, em seu caráter de mediador, o sacerdote tomava sobre si os pecados e, saindo do santuário, levava consigo o fardo das culpas de Israel. À porta do tabernáculo colocava as mãos sobre a cabeça do bode emissário e confessava sobre ele “todas as iniquidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, segundo todos os seus pecados”, pondo-as sobre a cabeça do bode. E, assim como o bode que levava esses pecados era enviado dali; tais pecados, juntamente com o bode, eram considerados separados do povo para sempre. Este era o cerimonial efetuado como “exemplar e sombra das coisas celestiais.” Hebreus 8:5.
Uma figura das coisas que estão no céu
Como foi declarado, o santuário terrestre fora construído por Moisés, conforme o modelo a ele mostrado no monte. Era uma figura para o tempo então presente, no qual se ofereciam tanto dons como sacrifícios; seus dois lugares santos eram “figuras das coisas que estão no Céu”; Cristo, nosso grande Sumo Sacerdote, é “ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem.” Hebreus 9:9, 23; 8:2. Sendo em visão concedida a João uma vista do templo de Deus no Céu, contemplou ele ali “sete lâmpadas de fogo” que ardiam diante do trono. Viu um anjo, “tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono.” Apocalipse 4:5; 8:3. Com isto permitiu-se ao profeta ver o primeiro compartimento do santuário celestial; e viu ali as “sete lâmpadas de fogo” e o “altar de ouro” representados pelo castiçal de ouro e o altar de incenso no santuário terrestre. Novamente, “abriu-se no Céu o templo de Deus” (Apocalipse 11:19), e ele olhou para dentro do véu interno, no santo dos santos. Ali viu a “arca do Seu concerto”, representada pelo escrínio sagrado construído por Moisés a fim de conter a lei de Deus.
Moisés fizera o santuário terrestre “segundo o modelo que tinha visto”. Paulo declara que “o tabernáculo e todos os vasos do ministério”, quando se acharam completos, eram “figuras das coisas que estão no Céu”. Atos dos Apóstolos 7:44; Hebreus 9:21, 23. E João diz que viu o santuário no Céu. Aquele santuário em que Jesus ministra em nosso favor, é o grande original, de que o santuário construído por Moisés era uma cópia.
Do templo celestial, morada do Rei dos reis, onde milhares de milhares O servem, e milhões de milhões estão diante d´Ele (Daniel 7:10), templo repleto da glória do trono eterno, onde serafins, seus guardas resplandecentes, velam o rosto em adoração; sim, desse templo, nenhuma estrutura terrestre poderia representar a vastidão e glória. Todavia, importantes verdades relativas ao santuário celestial e à grande obra ali prosseguida em prol da redenção do homem, deveriam ser ensinadas pelo santuário terrestre e seu cerimonial.
Depois de Sua ascensão, nosso Senhor iniciaria Sua obra como nosso Sumo Sacerdote. Diz Paulo: “Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo Céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus.” Hebreus 9:24. Assim como o ministério de Cristo devia consistir em duas grandes divisões, ocupando cada uma delas um período de tempo e tendo um lugar distinto no santuário celeste, semelhantemente o ministério típico consistia em duas divisões — o serviço diário e o anual — e a cada um deles era dedicado um compartimento do tabernáculo.
Assim como Cristo, por ocasião de Sua ascensão, compareceu à presença de Deus, a fim de pleitear com Seu sangue em favor dos crentes arrependidos, assim o sacerdote, no ministério diário, aspergia o sangue do sacrifício no lugar santo em favor do pecador.
O sangue de Cristo, ao mesmo tempo que livraria da condenação da lei o pecador arrependido, não cancelaria o pecado; este ficaria registrado no santuário até à expiação final; assim, no serviço típico, o sangue da oferta pelo pecado removia do penitente o pecado, mas este permanecia no santuário até ao dia da expiação.
Purificação do registro de pecados
No grande dia da paga final, os mortos devem ser “julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.” Apocalipse 20:12. Então, pela virtude do sangue expiatório de Cristo, os pecados de todo o verdadeiro arrependido serão eliminados dos livros do Céu. Assim o santuário estará livre ou purificado, do registro de pecado. No tipo, esta grande obra de expiação, ou cancelamento de pecados, era representada pelos serviços do dia de expiação, a saber, pela purificação do santuário terrestre, a qual se realizava pela remoção dos pecados com que ele ficara contaminado, remoção efetuada pela virtude do sangue da oferta para o pecado.
Assim como na expiação final os pecados dos verdadeiros arrependidos serão apagados dos registros do Céu, para não mais serem lembrados nem virem à mente, assim no serviço típico eram levados ao deserto, para sempre separados da congregação.


Visto que Satanás é o originador do pecado, o instigador direto de todos os pecados que ocasionaram a morte do Filho de Deus, exige a justiça que Satanás sofra a punição final. A obra de Cristo para a redenção dos homens e purificação do Universo da contaminação do pecado, encerrar-se-á pela remoção dos pecados do santuário celestial e deposição dos mesmos sobre Satanás, que arrostará a pena final. Assim no serviço típico, o ciclo anual do ministério encerrava-se com a purificação do santuário e confissão dos pecados sobre a cabeça do bode emissário. Em tais condições, no ministério do tabernáculo e do templo que mais tarde tomou o seu lugar, ensinavam-se ao povo cada dia as grandes verdades relativas à morte e ministério de Cristo, e uma vez ao ano sua mente era transportada para os acontecimentos finais do grande conflito entre Cristo e Satanás, e para a final purificação do Universo, de pecado e pecadores. — Patriarcas e Profetas, 355-371.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A ARCA E OS TÚMULOS DA FAMÍLIA DE NOÉ...

 A ARCA E OS TÚMULOS DA FAMÍLIA DE NOÉ


(Génesis 7:6) – E era Noé da idade de seiscentos anos, quando o dilúvio das águas veio sobre a terra.
(Génesis 7:7) – Noé entrou na arca, e com ele seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos, por causa das águas do dilúvio.
(Génesis 7:8) – Dos animais limpos e dos animais que não são limpos, e das aves, e de todo o réptil sobre a terra,
(Génesis 7:9) – Entraram de dois em dois para junto de Noé na arca, macho e fêmea, como Deus ordenara a Noé.
(Génesis 7:10) – E aconteceu que passados sete dias, vieram sobre a terra as águas do dilúvio.
(Génesis 7:11) – No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezassete dias do mês, naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram, 




(Génesis 7:12) – E houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites.
















(Génesis 7:13) – E no mesmo dia entraram na arca Noé, seus filhos Sem, Cão e Jafé, sua mulher e as mulheres de seus filhos.



















(Génesis 8:4) – E a arca repousou no sétimo mês, no dia dezassete do mês, sobre os montes de Ararate.
(Génesis 9:18) – E os filhos de Noé, que da arca saíram, foram Sem, Cão e Jafé; e Cão é o pai de Canaã.
(Génesis 9:19) – Estes três foram os filhos de Noé; e destes se povoou toda a terra.







Aparentemente esta imagem - não está absolutamente provado que o seja - é um fóssil. Encontra-se no lugar onde a Arca de Noé se fixou, será a ARCA? Ninguém por enquanto pode responder com exatidão. Em todo o caso, tem a forma de um enorme barco.


MONTE ARARATE - VISTO DA CIDADE DA DE EREVAN, ARMÉNIA.



MONTE ARARATE


ESCOBERTAS NO LAGO QARE

No dia 28 de Junho partimos para o Lago Qare, no Monte Aragats na Arménia, juntamente com um guia profissional. Uma excelente estrada leva até ao Lago, onde se localiza o Instituto de Física da Arménia, onde se estuda os raios cósmicos. Depois de uma série de atrasos, chegamos ao Lago Qare e descobrimos que havia muito mais neve e lama do que suponhamos.
Ao chegarmos ao estacionamento existente numa das extremidades do lago, o nosso guia perguntou-nos, para onde queríamos ir. Apontei-lhe a encosta da montanha mais próxima do estacionamento, onde achei que poderíamos encontrar algumas inscrições. Em vez de seguir um caminho que parecia ser o mais curto, seguimos outro que rodeava o lago.


Quando atingimos o ponto extremos, divisei uma grande rocha com cerca de 1,2 por 1,8m. ao aproximar-me notei a figura de uma grande serpente esculpida na parte superiora da rocha. Reconheci que estava a descobrir algo muito importante, pois nos alfabetos antigos a serpente simboliza a letra N (do Semítico nahash, “serpente”). Também é a primeira letra do nome do Noé bíblico. O restante da inscrição pode ser decifrado como“daqui a pomba bateu asas saindo da arca”.
A identificação da primeira rocha com a inscrição motivou-me a procurar noutras ares. Encontrei mais rochas com inscrições num raio de oito metros a partir da primeira.
Quatro dentre elas são representativas da cabeça de vários membros da família de Noé – Sem, Cão e Jafé. Os homens têm os seus nomes inscritos (a leitura é feita da direita para a esquerda), porém os nomes das suas esposas são simplesmente mencionados como “mulher (ashat) de”.
Uma dessas rochas gravadas foi importante para a determinação da natureza do grande monte existente no outro lado do lago. Essa rocha estava posicionada horizontalmente, com cerca de dois terços acima do caminho, para demarcar o pico. A efígie de um homem é mostrada no lado direito do pico, tendo a seu lado inscritas duas palavras: Noach, ou seja, Noé, e qeber, isto é, túmulos.

LEITURA DAS INSCRIÇÕES


Observei, pela primeira vez, a inscrição aqui usada no outro lado da fronteira, ao visitar a formação Durupinar, perto de Dougbayazir, na Turquia. Foi uma verdadeira surpresa descobrir um par de breves inscrições alfabéticas, pois eu tinha imaginado que qualquer escrita que fosse encontrada nessa área próxima do local em que pousou a Arca de Noé, teria de ser cuneiforme. Porém, aqui estava uma escrita alfabética relacionada com o proto-sinaítico, o mais antigo alfabeto da humanidade, conhecido originalmente nas minas de turquesa do Sinai, em meados do segundo milénio a.C, e descoberto mais recentemente no início do segundo milénio antes de Cristo no Egipto. Aqui estava a forma mais antiga desse alfabeto semítico encontrado na Turquia oriental e agora Arménia.
Aquela rocha com a inscrição das duas palavras (Noach qeber; ou túmulo de Noé), parece ser um modelo ou um indicador do monte funerário de Noé, que se encontra no lado oposto do lago, no plano visual da rocha gravada. Infelizmente essa interpretação não me ocorreu a não ser algum tempo depois no meu retorno a casa.
Uma rocha maior com inscrições, localizada mais próxima à beira do lago, mostra uma cena mais ampla que pode ser decifrada. No canto direito inferior está Noé com a sua mão levantada, mostrando estar a soltar um pássaro. A pomba (yonah) está por cima dele, à direita, enquanto o corvo (oreb) está no outro lado, em cima. No canto esquerdo inferior, oposto a Noé, é mostrada a arca repousando no Monte Ararat. Existem inscrições pouco perceptíveis em cada uma das figuras. Essa cena implica que a montanha sobra a qual a arca pousou era essa, e não outra a 48 km ao sul.
Após caminharmos um pouco mais de uma hora, desabou uma tempestade e tivemos de nos retirar prematuramente do local. Não obstante, fomos capazes de conseguir mais do que esperávamos.
O TÚMULO DE SEM
Para meu grande desapontamento, não conseguimos voltar ao Monte Aragatz para mais explorações. No entanto, abriu-se outro horizonte de pesquisa. Fomos a Sisian, a 3 quilómetros de Zorats Qater, um grande sítio de megalíticos, conhecido como o Stonehenge da Arménia. Embora as colunas de pedra em Zorats Qarer não sejam tão altas como as de Stonehenge, na Inglaterra, são em maior número e espalhadas cobrindo uma área muito maior Algum Antropólogo ou Arqueólogo arménio numero a maioria das pedras com tinha branca. A numeração mais alta que vi foi de 180, se bem que possa haver um número maior ainda. Elas espalham-se por uma zona de mais de 400 metros em fileiras distintas.
Passamos mais de duas horas a fotografar cerca de 60 dessas colunas. Muitas delas têm curtas inscrições em baixo ou alto-relevo, com vários graus de legibilidade devido à acção das intempéries ou do crescimento de líquenes. As inscrições legíveis utilizavam o mesmo alfabeto antigo que vimos no Monte Aragatz.
Na ausência de melhor explicação, a interpretação arménia usual desse campo é que ele pode representar antigas referências astronómicas semelhantes aos de Stonehenge. Porém, Zoratz Qarer é bastante distinta de Stonehenge, especialmente porque no seu centro se encontra um túmulo. A pergunta importante, então, é quem está sepultado no túmulo? As inscrições desgastadas pelo tempo provêem a resposta. Numerosas delas referem-se ao túmulo de Sem e da sua mulher. Uma das inscrições mais legíveis pode ser vista num dos referenciais. A palavra qeber está inscrita no lado esquerdo da estela, e o nome de Sem está gravado com as suas três letras curtas e sumples no lado direito, e novamente com letras menores na parte central inferior. Outros nomes masculinos da família de Noé também se encontram aqui, porém sem associação com a palavra que significa “sepultura”.
O TÚMULO DE CÃO, SEM E JAFÉ
Com o nosso espírito consideravelmente impressionado pelas descobertas em Zorast Qarer, fizemos outra excursão a um grande vale, a três horas de distancia ao sul de Sisiian. É um vale profundo e descemos por uma estrada cheia de curvas. Chegámos ao Mosteiro Tatev. Fiquei surpreendido ao descobrir mais inscrições referentes a Noé, em três grandes blocos de rocha no pátio do mosteiro. Os monges construtores do mosteiro (por volta do ano 1.000 a.D) preservaram cuidadosamente a parte posterior desses blocos, ao fazerem as suas próprias inscrições na parte da frente dos blocos. No verso desses três blocos podem ler-se os nomes de Sem, ao centro, de Cão, à direita, e de Jafé, à esquerda.

Fonte : William H. Shea (MD. Loma Linda University of Michigan)

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Os Decretos Divinos e a Origem do Mal...

Os Decretos Divinos e a Origem do Mal (VI)

Imagem extraída de: brunnodmontreall.spaces.live.com



O pecado tem sua origem no mundo angélico


O pecado já existia antes mesmo de se tornar uma realidade na experiência humana. O mal moral já havia afetado parte da hoste Angélica. A Bíblia não diz quando, mas afirma que ocorreu no princípio: “... porque o diabo vem pecando desde o princípio...” (1 Jo 3.8). A expressão ap’arkhês ho diábolos hamartánei, traduzido por “o Diabo vem pecando desde o princípio” (NVI); “o diabo é pecador desde o princípio” (TEB) ou “o diabo vive pecando desde o princípio” (ARA), denota que o pecado tem sua origem no plano metafísico.




O termo “princípio”(arkhês) não deve ser entendido como o “princípio da criação” ou a partir da queda do homem, trata-se da antiguidade do pecado, ou a partir do seu surgimento no mundo espiritual. Deus criou os anjos como seres pessoais e livres. Foram criados justos e santos até o dia em que se achou iniqüidade neles: “Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniqüidade em ti” (Ez 28.15).




O tempo do termo grego hamartánei (presente do indicativo ativo), indica ação contínua, habitual ou costumeira, como se fizesse parte da natureza do ser. Logo, o diabo não só pecou (passado), ele peca (presente) e continuará a pecar (futuro). É provável que o apóstolo amado, João, esteja fazendo eco as palavras de Jesus registrada pelo próprio apóstolo em Jo 8.44: “...diabo...Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade...porque é mentiroso e pai da mentira”. Este, querubim, anteriormente justo e bom, degenerou-se tornando-se o pai da maldade e do caos. João em sua primeira epístola (2.13) refere-se ao diabo pela epítome “Maligno” (Cf. 1 Jo 3.12). Em 1 Jo 5. 18 o Presbítero o chama de“ho poneros”, que é determinado pelo artigo masculino, não identificando apenas um ser qualquer que pratica a maldade, mas um ser pessoal já conhecido pela comunidade, sendo conhecido como “o Maligno” (Cf. Mt 13.19; Jo 17.15; Ef 6.16).




À luz destes textos compreendemos que o mal deve ser entendido não apenas no sentido natural, físico e moral, mas também como uma entidade pessoal. Esse título “Maligno” não se refere apenas ao caráter de Satanás, mas também à sua própria natureza maligna. O que provém dele não presta. O termo correspondente no hebraico (ra‘) quer dizer “maldade”, “mal”. O termo é usado em Gênesis 37.20 para designar um animal feroz ou perigoso. João usa o equivalente grego “poneros”, para afirmar que Satanás, a besta fera (Ap 13.2-4) não nos toca (1 Jo 5.18).




Entre os seus atos malignos encontramos: lança dardos inflamados contra os fiéis (Ef 6.16); enche os homens de sua maldade (Rm 1.29); introduz seus filhos entre os fiéis (Mt 13.18); e envia seus mensageiros para atormentar os homens (Lc 8.29;9.39,42).




O pecado neste ser foi o orgulho: “subirei ao Céu, acima das estrelas de Deus” e “serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14.13,14). A raiz “lh” (“subir ou ascender” - adjetivo superlativo derivado do verbo subir) usada na declaração altiva de Satanás é a mesma para referir-se a ‘Elyôn(Altíssimo). Cada uma das afirmações “subirei, assentar-me-ei, subirei acima” é um trocadilho com o nome do Altíssimo. A criatura afirmava arrogantemente o desejo de ser semelhante ao seu Criador, através de um jogo de palavras (Is 14. 12-15).

O Problema do Mal

O problema atual no estudo sobre o pecado prende-se em seu aspecto mais radical - a sua origem. Esboçar uma distinção entre algumas formas de mal pode ser útil ao estudo em apreço. Há diferenças essenciais entre o mal natural e físico, o mal moral, e o mal como entidade pessoal. Este último já analisamos sinteticamente no tópico anterior.

Continua...


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Observações: Serão publicados uma série de cinco artigos em sequência com o mesm0 titulo e temas diferenciados versando sobre "Os Decretos Divinos e a Origem do Mal"

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