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terça-feira, 4 de março de 2014

JESUS, DEUS E HOMEM...

JESUS: 100% HOMEM E 100% DEUS

Ao lermos a Bíblia, vemos claramente o fato de que o homem Jesus Cristo é Deus. Muitas são as passagens bíblicas que ressaltam a humanidade e a divindade de Cristo. Apesar disso, não são poucas as confusões em torno das duas naturezas de Cristo, até mesmo entre cristãos sinceros.

É comum, por exemplo, vermos crentes que pensam que Jesus era 50% homem e 50% Deus. Tal assertiva, à primeira vista, para um crente não familiarizado com a doutrina bíblica, pode parecer normal. Mas não é. Afirmar isso é dizer que Jesus era meio homem e meio Deus, quando as Sagradas Escrituras afirmam que Cristo era, ao mesmo tempo, 100% homem e 100% Deus. Isto é, plenamente humano e absolutamente divino.

A plena humanidade de Jesus Cristo
Jesus foi concebido por obra e graça do Espírito Santo no útero de Maria, mas seu nascimento foi normal e humano (Mt 1.25; Lc 2.7 e Gl 4.4). Ele desenvolveu-se no ventre de sua mãe como qualquer outro feto saudável, passando por um período de gestação e trabalho de parto normais. Após seu nascimento, desenvolveu-se fisicamente de forma também normal (Lc 2. 40-52 e Hb 5.8), vivendo sadiamente em um lar (Mc 6.1-6).

As Sagradas Escrituras afirmam que Jesus esteve sujeito a todas as limitações físicas próprias da humanidade: teve sede (Jo 19.28), fome (Mt 21.18) e cansaço (Jo 4.6); e sentiu alegria (Lc 10.21), tristeza (Mt 26.37), amor (Jo 11.5), compaixão (Mt 9.36), surpresa (Lc 7.9) e ira (Mc 3.5)

O teólogo britânico Bruce Milne, em sua obra Conheça a Verdade (ABU Editora, 1987), destaca que a tradução literal das passagens de Lucas 19.41, Mateus 27.46 e João 2.17 aponta para um Jesus que viveu intensamente as emoções humanas. Em Lucas, lê-se no original grego que "tomado de tristeza incontrolável, chorou". Na passagem de Mateus, lê-se que Jesus teve "uma consternação que se assemelha ao desalento". Já no Evangelho de João, o apóstolo descreve o Mestre com uma "indignação violenta que o consome como fogo".

Mas, uma das provas contundentes da humanidade de Jesus é a sua vida religiosa. Mesmo sendo Deus, Jesus, como homem, precisava estudar. Ele precisou aprender sua língua, como qualquer outra criança (Lc 2.52). Jesus estudou as Escrituras e meditou nelas para poder explicá-las (Lc 2.46,52). Agora , quando explicou-as, o fez com uma percepção singular (Mt 22.29; 26.54,56; Lc 4.21; 24.27, 44). Como homem, Jesus, também precisava orar. Todos os milagres que operou não foram por seu poder como Segunda Pessoa da Trindade, mas pelo poder do Espírito Santo (Mt 12.28; Lc 4.18 e At 10.38). Para isso, Jesus orava constantemente, e algumas vezes a noite inteira (Lc 6.12).

As tentações que sofreu são outra prova eloquente de sua humanidade. Ele foi "tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado" (Hb 4.15). Mas alguém pode dizer: "Será que essas tentações foram mesmo tentações para Ele, uma vez que Jesus não nasceu com natureza pecaminosa?" O fato de que as tentações que Cristo sofreu não terem contado com apoio interno, com uma natureza pecaminosa lutando dentro Dele a favor da tentação, como ocorre conosco quando somos tentados, não significa que Jesus não sofreu pressões quando foi tentado. Lembremos de Adão antes da Queda. Ele é um caso de natureza humana sem pecado, mas sujeita a uma tentação real (Gn 3). Além disso, o "filtro" da proteção divina na hora da tentação não estava sobre Jesus. Como assim?

1 Coríntios 10.13 diz que Deus faz com que nunca sejamos tentados "além das nossas forças". Como parafraseia Bruce Milne, "a tentação que encontramos é filtrada através da mão protetora de Deus". Acredita-se, porém, que, no caso de Jesus, esse "filtro" foi removido. Não é à toa que Cristo chegou a suar sangue em meio à tensão para fazer a vontade do Pai (Lc 22.44). Assim, "Jesus não participou do pecado original e permaneceu sem pecado durante toda a sua vida, mas como verdadeiro homem, Ele suportou o peso e o poder da tentação a um ponto que jamais iremos experimentar", conclui Milne.

A plena divindade de Jesus Cristo

Há um profusão de textos que ressaltam a divindade de Jesus (Rm 9.5; Hb 1.8; Jo 1.1-3; 1.18; 20.28; At 20.28; Tt 2.13 e 2 Pd 1.1). Essas referências que acabei de citar são apenas as mais diretas. Existem outras passagens que, mesmo não sendo tão diretas, afirmam a divindade de Cristo. Por exemplo, aquelas que comparam a glória de Jesus com a glória do próprio Deus (1 Co 2.8; 2 Co 4.4; Hb 1.3; Tg 2.1 e Jo 17.5). Em João 12.41, a glória de Deus em Isaías 6 é a manifestação da glória de Jesus.

Em outras passagens, a Jesus são dirigidas orações e Ele recebe adoração (Ap 5.13; 7.10; 22.20; At 7.59; 9.13 e 1 Co 16.22). No original grego, o mesmo vocábulo usado para se referir à adoração que é devida somente à Deus em Mateus 4.10 (proskyneia) é utilizado para descrever a reação das pessoas em relação a Jesus (Mt 2.2,8,11;14.33; Mc 5.6; Jo 9.38). os discípulos o adoraram (Mt 28.17 e Lc 24.52). Os anjos o adoram (Ap 5.11-12). E detalhe: em todas essas passagens, Jesus aceita a adoração. Porque Ele é Deus!

Poderíamos citar ainda Jesus como Criador (Jo 1.1-3), enviando testemunhas como o próprio Deus (compare  Isaías 43.10 com Atos 1.8), declarando-se Deus (Mc 2.7-12; Jo 8.56-58, 10.30) e julgando, no final dos tempos, "os segredos dos homens" (Rm 2.16), entre tantos outros textos. Mas esses já são suficientes para confirmar a divindade de Cristo. Detenhamo-nos agora na compreensão sobre a coexistência dessas duas naturezas distintas em Jesus - a natureza humana e divina.

Os dois lados da ponte
Compreender a humanidade e a divindade de Cristo é importantíssimo para entendermos a quem adoramos bem como a nossa Salvação em Cristo.

Jesus afirmou que Ele é o único caminho para Deus (Jo 14.6). Logo, Cristo é, por assim dizer, a única ponte sobre o abismo que nos separa de Deus. As pontes, sabemos, unem duas extremidades. Portanto, a título ilustrativo e didático, para entendermos a importância da humanidade e da divindade de Cristo, digamos que cada lado da "Ponte Cristo" representa uma natureza Dele. Um lado da ponte, a natureza humana. O outro lado, a natureza divina. Se cortarmos um dos lados da ponte, não poderemos, claro, chegar ao outro lado. Assim, os dois lados da "Ponte Cristo" têm que estar inteiros, não apenas um, para que cheguemos a Deus.

Se Jesus Cristo fosse só homem ou só Deus, seu sacrifício não seria perfeito. Somente um verdadeiro ser humano, plenamente justo, poderia morrer por todos os demais para salvá-los (Rm 5.18-19). Porém, não havia um justo sequer (Rm 3.10,23). Somente Deus é plenamente justo. Portanto, Deus teve que se fazer homem, ser tentado e vencer, e morrer na cruz como propiciação pelos nossos pecados, para que a Salvação fosse possível (Jo 1.1-5,9-14;3.16,17; Rm 5.12,15).

Cristo é verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Jesus não é mais ou menos humano e 100% divino. Ele também não é 100% humano e mais ou menos divino. Ele também não é 50% homem e 50% Deus. A Bíblia Sagrda diz que somente um Messias 100% homem e 100% Deus poderia efetuar a Salvação (Is 7.14; Ml 4.2; Mt 1.21-23). Em outras palavras, se Jesus era o Messias, e Ele o é, então é plenamente homem sem deixar de ser plenamente Deus. Se dissermos o contrário, sua obra na cruz seria um farsa. Aquele homem que morreu na cruz era Deus. Jesus é Deus feito homem, feito carne por nós (Jo 1.14).

Para entendermos melhor a coexistência dessas suas naturezas distintas em Cristo, vejamos alguns conceitos teológicos e bíblicos indispensáveis sobre a relação entre as duas naturezas de Jesus.

Conceitos das duas naturezas em Jesus Cristo

1) A união entre as duas naturezas é hipostática. O Concílio de Calcedônia, realizado em 451 d.C., foi o último que deu fim, uma vez por todas, ao debates sobre a pessoa única de Jesus provocados por pequenos grupos sectários do cristianismo. Foi a declaração de fé desse concílio que serviu de base para todas as formulações ortodoxas sobre a pessoa de Cristo até hoje. Basta lembrar que sua declaração de fé sobre Cristo foi aprovada plenamente pelos reformadores do século 16. Essa declaração afirma: "Devemos confessar que nosso Senhor Jesus Cristo é um único e o mesmo Filho (...) perfeito na divindade (...) perfeito na humanidade (...) de uma sé substância (em grego, homoousios) com o Pai na divindade; uma só substância (homoousios) conosco na humanidade (...), tornado conhecido em duas naturezas (physeis), sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação (...), sendo a propriedade de cada natureza preservada e correndo em uma só pessoa (prosõpon) e uma subsistência (hypostasis)".

Note a ênfase dessa declaração ortodoxa de fé: as duas naturezas de Cristo coexistem "sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação". Ela afirma ainda que Jesus é consubstancial conosco na humanidade e consubstancial com o Pai na divindade (homoousios), e a propriedade de cada uma das naturezas é preservada "concorrendo em uma subsistência". No original grego, o vocábulo que aparece aqui para "uma subsistência" é hypostasis. A ideia que esse termo  dá é a de uma união perfeita das duas naturezas (sem diminuição de nenhuma delas) em uma única pessoa. O seja, Jesus é plenamente homem e plenamente Deus.

O grego é uma língua rica. Ela conta com a riqueza de vocábulos diferentes para se referir a nuances de uma mesma situação. Exemplo: para se referir ao amor, o grego usa quatro vocábulos diferentes. Todos os quatro significam amor, porem cada um expressa um aspecto diferente do amor. Na língua portuguesa não temos isso. Se digo que amo meu amigo e amo minha esposa, claro que todos sabem que refiro-me ao amor em níveis e situações diferentes. Porém, se quiser ser mais preciso, é necessário acrescentar algum adjetivo ao termo amor para que isso seja evidenciado: o amor pelo meu amigo é o amor fraternal e o por minha esposa, amor conjugal.

O grego, por ser uma língua rica, não precisa disso. Há quatro termos que sozinhos significam amor, mas em níveis e situações absolutamente diferentes. Por exemplo, no caso que acabei de citar, seriam  fileo (amor fraternal) e eros (amor conjugal).

Pois bem, os cristãos do quinto século d.C., preocupados com a ortodoxia bíblica, ao procurarem minuciosamente na rica língua grega os termos que melhor expressariam a relação entre a humanidade e a divindade de Cristo, usaram justamente hypostasis. Foi uma escolha cuidadosa e importantíssima. Qualquer outro vocábulo não seria melhor para o caso. É por isso que os teólogos ortodoxos costumam dizer que a união das duas naturezas de Cristo trata-se de uma "fusão hipostática". Isto é, uma fusão perfeita de duas naturezas em uma única pessoa. Em outras palavras, a pessoa Cristo não era 50% homem e 50% Deus, não era meio homem e meio Deus, mas 100% homem e 100% Deus. O Deus Cristo é aquele homem. O homem Cristo é o verdadeiro Deus. Deus feito homem.

2) As duas naturezas coexistem em anipostasia e enipostasia. O que são "anipostasia" e "enipostasia"? Esses termos foram cunhados pela primeira vez por Leôncio de Bizâncio (475-543 d.C.), que na sua juventude aderiu à heresia nestoriana (vamos falar dela mais à frente), mas depois voltou à ortodoxia bíblica. Ele escreveu várias obras apologéticas, combatendo o nestorianismo, o eutiquianismo e o monofisismo, doutrinas heterodoxas sobre a pessoa de Cristo.

Os termos "anipostasia" e "enipostasia" foram usados por Leôncio quando estava em debate a autoconsciência de Cristo. Na época, alguns hereges ensinavam que, já que Jesus era homem e Deus ao mesmo tempo, ou Ele teria duas consciências - uma humana e uma divina, sendo uma á parte da outra - ou teria apenas uma única consciência, que seria ou apenas humana ou apenas divina. Que resolveram? Decidiram que o "eu" autoconsciente de Cristo era apenas divino, não existindo uma autoconsciência humana. em outras palavras, ensinavam o apolinarismo, doutrina que recebe esse nome por ter sido criada por Apolinário (310-390 d.C.), que afirmava que, na encarnação, o corpo de Jesus era humano, mas sua alma era divina. Isto é, Cristo não possuiria uma natureza completamente humana.

Leôncio combateu essa heresia afirmando que, uma vez que Jesus era verdadeiro homem, Ele tinha um corpo  humano e uma alma humana. Caso contrário, sua natureza humana seria incompleta, Ele seria meio homem. logo Jesus, por ter uma alma humana  tinha uma autoconsciência humana, mas esta, ressaltou Leôncio, não possuía existência própria. Ela existia apenas no âmbito da união hipostática, isto é, da união perfeita entre a natureza humana e a divina em uma única pessoa, o Cristo.

O termo usado por Leôncio para se referir à impossibilidade de a autoconsciência humana de Cristo viver à parte de sua divindade chama-se anipostasia. Já o termo usado para se referir ao fato de o "eu" humano autoconsciente de Cristo se achar presente e real apenas no "eu" divino é enipostasia. No grego, en significa "no" (enhypostasia). Já o prefixo grego an de anipostasia (anhypostasia) quer dizer "sem".

3) Há comunhão de propriedades entre as duas naturezas. Havia em Cristo uma comunhão genuína entre as duas naturezas. Portanto, é errado dizer que, quando Jesus efetuou certos atos (milagres), foi apenas como Deus; e, em outros casos, reagiu apenas como homem, não como Deus (quando se cansou, se irritou, sentiu fome e sede).

Ora, a Bíblia diz que os milagres que Jesus fez não foram realizados pelo seu poder como Deus, mas pelo poder do Espírito Santo (At 10.38). Por isso Ele disse aos seus discípulos que eles fariam obras maiores do que as Dele (Jo14.12). Quando Jesus operou milagres, operou-os como homem dependente do Espírito Santo (Lc 4.18). Quem viver uma vida de santidade e de dependência do Espírito, poderá ver também milagres em seu ministério e vida.

E quando Jesus se cansou, não se cansou apenas como homem. Ele se cansou como Deus feito homem, e se irritou como homem e Deus. Aliás, a beleza da encarnação é que ela nos apresenta Deus pisando o nosso chão, suando o nosso suor, comendo o que comemos, dormindo onde dormimos.É o deus verdadeiro vivendo como verdadeiro homem. Era Deus ali, conosco em humanidade.

4) Quando encarnou, Jesus não renunciou as funções e os atributos divinos. Esse princípio da Cristologia foi bastante defendido pelos reformadores ainda no século 16 e consiste no fato de que, enquanto Jesus estava aqui na Terra, Ele continuava com suas funções de sustentador de todas as coisas (Cl 1.17 e Hb 1.3). Jesus também permaneceu superior aos anjos, porque, mesmo sendo homem, continuava sendo o que sempre foi e será - Deus (Mt 26.53 e Hb 1.4-13)

5) As duas naturezas passaram por dois estados - da concepção à morte e da exaltação até hoje. Princípio também frisado pelos reformadores, ele enfatiza o fato de que as duas naturezas de Cristo passaram por dois estados - um da sua concepção no ventre de Maria até a sua ressurreição, e o outro a partir da sua ressurreição e ascensão (At 2.22-36; 2Co 8.9 e Fp 2.5-11). Jesus ressuscitou corporalmente, mas seu corpo, neste novo estado, foi glorificado. O mesmo corpo, mas glorificado.

6) Na encarnação, Cristo não despiu-se de sua divindade, mas de sua glória. A teoria de Kenosis diz que Jesus, quando estava aqui na Terra, despiu-se de sua divindade. Essa teoria baseia-se em uma frágil interpretação da passagem de Filipenses 2.7, que diz que Jesus "esvaziou-se" ou "aniquilou-se a si mesmo". no original grego, o termo usado nessa passagem bíblica é ekenõsen, daí o nome da teoria.

Para tentar não ser taxada como uma teoria que diz que o Jesus encarnado era Deus que passou a ser apenas homem, a Teoria de Kenosis diz que os atributos divinos de Jesus durante seu ministério terreno eram só "latentes" e "exercidos apenas em intervalos". Porém, mesmo que, na fusão entre as duas naturezas, o poder de Jesus como Deus fosse administrado em alguns momentos, isso não significa que ele havia se despido de sua divindade. E a prova está no próprio versículo utilizado para tentar provar o contrário. Uma leitura atenta em Filipenses 2 mostra que o verso 7 não está dizendo que Jesus renunciou seus poderes divinos, mas sim sua glória, isto é, sua dignidade divina. Administrando seu próprio poder depois de encarnado, Jesus "tornou-se a si mesmo insignificante", como ressaltam os teólogos James Packer e Bruce Milne.

Conceitos errados sobre as naturezas de Jesus Cristo

Cientes desses princípios, podemos perceber nitidamente agora os erros das heresias acerca da pessoa única de Jesus. Senão, vejamos (e usando a ilustração de Cristo como ponte, de que falamos já neste artigo)

a) Ebionismo - Advindo do cristianismo judaizante, dizia que Jesus era só homem, nada de Deus. Jesus seria apenas um Messias humano, nomeado por Deus para cumprir o seu desígnio e voltar no final dos temposEssa teoria quebra flagrantemente uma extremidade da Ponte Cristo, a divina, portanto é falsa.

b) Docetismo - Movimento que data dos tampos apostólicos e que resolveu cortar a outra extremidade da ponte, eliminando totalmente a humanidade de Cristo. Para o docetismo, Jesus só parecia ser humano (o vocábulo grego doceo significa "parecer"). Baseava-se nos ensinamentos grego-orientais de que a matéria é essencialmente má e que Deus não pode estar sujeito a sentimentos ou outras experiências humanas.

c) Gnosticismo - Tinha uma forte tendência docética. Para os gnósticos, Cristo não era Deus, mas um ser espiritual superior que desceu da "estratosfera celestial" e se uniu, durante algum tempo, a uma pessoa história, Jesus. Portanto, os dois elementos estavam frouxamente ligados em Cristo. Cortavam a ponte nas duas extremidades.

d) Arianismo - Ensino de Ário (256-336 d.C.), presbítero de Alexandria muito influenciado por Orígenes. consistia na ideia de que Jesus era criatura e não Deus. Cortava a ponte na extremidade da divindade. Dizia Ário que mesmo sendo superior aos anjos, "o Filho é criado". Para Ário, houve um tempo em que Ele (Cristo) não existia". O debate começou no Concílio de Nicéia (325), com o arianismo condenado, e resolvido definitivamente no Concílio de Constantinopla (381). Ainda hoje vemos esse ensino em seitas como os cristadelfianos e as Testemunhas de Jeová.

e) Apolinarismo - Para Apolinário (310-390 d.C.), de quem já falamos, na encarnação, o Deus Filho tomou o lugar da alma humana. Assim, Jesus era Deus possuindo um corpo humano. Seu corpo era humano, mas sua alma não. logo, não era plenamente humano. Cortou o lado humano da Ponte Cristo.

f) Nestorianismo - Nestório, que dá nome a esse pensamento, foi arcebispo de Constantinopla em 428 d.C. Contam os historiadores que Nestório, preocupado em defender a humanidade de Cristo, acabou dividindo demais as duas naturezas, colocando em dúvida a unidade pessoal em Cristo. muitos eruditos sérios de hoje afirmam que, provavelmente, Nestório não era nenhum herege, não tendo defendido muitas das opiniões que lhe são atribuídas. Ele teria sido mal interpretado e suas palavras distorcidas. Por isso,  foi removido do seu cargo de arcebispo em 431 d.C., mas trabalhou até a morte como profícuo missionário.

g) Eutiquianismo - É o outro extremo. Se o nestorianismo ensinava a separação exagerada entre as duas naturezas, Eutíquio ensinou uma união radical, ao ponto de afirmar que, na encarnação, a natureza humana se fundiu com a divina ao ponto de ser surgido uma terceira espécie de natureza. Assim Jesus seria uma terceira espécie de ser, nem plenamente homem, nem plenamente Deus. O eutiquianismo foi condenado em 448d.C., no Sínodo de Constantinopla, como heresia. depois de abandonar sua heresia, Eutíqui voltou a ser empossado em suas atividades já no ano seguinte, em 449 d.C.

Após todos esses movimentos, o Concílio de Calcedônia (451 d.C.) fechou os debates sobre as duas naturezas de Cristo com a declaração de fé que já falamos. Jesus, como está claro na Bíblia, é 100% homem e 100% Deus.


Referência Bibliográfica:


Revista Resposta Fiel, ano 6, nº 22, DEZ - JAN- FEV/ 2007, Casa Publicadora das Assembleias de Deus, Rio de Janeiro, RJ.

http://www.bibliaonline.com.br

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O MINISTÉRIO DE JESUS...

O MINISTÉRIO DE JESUS E A SOCIEDADE DE SEU TEMPO


O melhor registro do ministério de Jesus é encontrado nos evangelhos, que tinham a preocupação de não escrever uma biografia, mas a proclamação da salvação trazida por Cristo, cristologias com fundo biográfico. Os evangelistas, convencidos como estão da importância de Cristo para a salvação do homem, não abordam o assunto com fria mentalidade jornalística ou científica; antes, preocupam-se em captar o coração da mensagem e da vida de Cristo, o sentido da salvação realizada por Deus por meio do seu Filho encarnado.[1]


Um dos mais conhecidos testemunhos não cristão sobre a historicidade de Jesus é do historiador judeu do primeiro século, Flávio Josefo (37-103 d.C.). Seu livro "Antiguidades Judaicas", possui um longo parágrafo em que faz referência a Jesus. Esse texto é conhecido como Testimonium Flavianum.

Nesse mesmo tempo apareceu Jesus, que era um homem sábio, se todavia devemos considerá-lo simplesmente como homem, tanto suas obras eram admiráveis. Ele ensinava os que tinham prazer em ser instruídos na verdade e foi seguido não somente por muitos judeus, mas mesmo por muitos gentios. Era o CRISTO. Os mais ilustres da nossa nação acusaram-no perante Pilatos e ele fê-lo crucificar. Os que o haviam amado durante a vida não o abandonaram depois da morte. E lhes apareceu ressuscitado e vivo no terceiro dia, como os santos profetas o tinham predito e que ele faria muitos outros milagres. É dele que os cristãos, que vemos ainda hoje, tiraram seu nome.[2]

Pouco se sabe sobre a infância de Jesus. Mas é provável que tenha recebido a educação dada a qualquer criança judia de sua época, ou seja, recebeu educação bíblica no lar e na escola sinagogal para crianças. Aprendeu também o ofício de seu pai, porque toda criança judia recebia instrução manual.[3]

Seu ministério teve início, logo após ter sido batizado por João Batista, seguindo a tentação no deserto e a escolha dos discípulos. Seu ministério durou cerca de três anos e se concentrou basicamente na Galiléia, tendo algumas passagens por Jerusalém e redondezas.

Jesus viveu em uma sociedade preconceituosa, mas o seu ensinamento é contrário aos dogmas religiosos incoerentes e desviantes impostos pela elite farisaica. Se aproximava com amor e missão de resgate de indivíduos proscritos da sociedade, como por exemplo: cobradores de impostos, prostitutas, leprosos, samaritanos.

Suas ações ensinavam assim como suas palavras, curando no sábado ensinou aos fariseus que este foi feito para o homem, e não o homem feito para o sábado. Ao defender  os seus discípulos por comerem sem lavar as mãos, estava ensinando  que o que contamina o homem é o que sai da boca e não o que entra. Ao entrar em casa de publicano, ensinou que são os doentes que necessitam de médicos e não os saudáveis.

Na complexa sociedade em que vive, dominada pelo legalismo, perturbada por tensões ideológicas, com graves problemas sociais e sujeita à dominação estrangeira, a figura de Jesus surge como a de um homem livre que não se deixa condicionar pelos preconceitos nem pelas circunstâncias de sua sociedade.[4]

Jesus realizou muitas curas e milagres que são inexplicáveis à lei natural. Os racionalistas e empiristas negam sua possibilidade e procuram explicá-los pelas leis naturais ou interpretá-los como mito; esta última negação implica em negar as narrativas bíblicas como históricas.[5]

Era cheio de autoridade, enfrentou os poderes do mal social com coragem e verdade, os sumos sacerdotes, fariseus, Herodes e Pilatos.

Sua mensagem era libertadora. Não uma liberdade esperada pelos judeus de um Messias que iria libertá-los do jugo romano, mas a mensagem de libertação de uma ideologia pressora e da malignidade em geral. Combateu a valorização do tradicionalismo que nem mesmo os fariseus conseguiram suportar, e que afastava o povo de Deus, as doutrinas da purificação, o guardar o sábado que deveria ser um dia de festa e que se tornara um dia de rigor, e um coração duro que se importava mais com tradições religiosas do que o amor ao próximo.

Jesus freqüenta a sinagoga para abrir a mentalidade do povo com seu ensinamento para horizonte alternativo e afirmar a possibilidade de mudança. (...) A expressão máxima desta opressão era a observância do preceito do descanso sabático ou festivo. A casuística tecida em torno dele era tão angustiante que o que devia ser dia de festa e de alegria transformara-se em tormento. O simples ato de arrancar algumas  espigas era considerado pecaminoso (Mc 2,23s); o mesmo acontecia com a cura de enfermo ou inválido (Mc 3,2; Jo 5,16)[6]

Seus ensinamentos são dirigidos para uma população oprimida, pela idealização de uma severidade religiosa que distanciava o homem de Deus, ao invés de aproximá-lo. Jesus vem apresentar um Deus que busca intimidade com o homem, misericordioso e amoroso. Os Escritos Joaninos[7], elucidam extraordinariamente esse ponto da mensagem de Jesus.

Jesus preparou os seus discípulos para que depois de sua ascensão aos céus, eles continuassem sua obra. Seu ministério foi simples, com os seus discípulos e os seguidores ao redor de si. Não deixou nenhuma forma de culto, mas deixou a ordenança do batismo, da eucaristia e de proclamar as suas Boas Novas a todos os povos.

Após sua ascensão aos céus, seus discípulos permaneceram reunidos, aguardando o poder prometido que viria do alto. Dez dias depois, no Pentecostes, o Espírito Santo prometido por Jesus veio sobre eles, revestindo-os de poder.[8] Começaram então sua atividade, com autoridade e ousadia propagando o cristianismo em Jerusalém, em toda a Judéia e a Samaria, e até os confins da terra.[9]


Notas:

[1] PIERINI, 2004, 39-40.

[2] Antiguidades Judaicas, XVIII, 4 parágrafo 772.

[3] CAIRNS, 1995, 40.

[4] MATEOS; CAMACHO, 2003, 63-64.

[5] CAIRNS, 1995, 42.

[6] MATEOS; CAMACHO, 2003, 70.

[7] Pois Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3.16.
Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conheceu a Deus, porque Deus é amor. I João 4.7-8.

[8] NICHOLS, 2008, 30.

[9] Atos dos Apóstolos 1.8.


Referências bibliográficas:

Bíblia de Jerusalém. 3ª impressão, São paulo: Paulus, 2004.

CAIRNS, Earle E. O Cristianismo através dos Séculos, Uma História da Igreja Cristã. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 1995.

JOSEFO, Flávio. História dos hebreus, obra completa, 5ª ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2001.

MATEOS, J; CAMACHO, F. Jesus e a Sociedade de seu Tempo, 3ª ed. São Paulo: Paulus, 2003

NICHOLS, Robert H. História da Igreja Cristã, 13ª ed. São Paulo: cultura Cristã, 2008.

PIERINI, Franco. A Idade Antiga, curso de História da Igreja I. 2ª ed. São Paulo: Paulus, 2004. 

http://www.bibliaonline.com.br

Ciências Sem Fronteiras não exigirá participação no Enem para mestrado

Na noite da última segunda-feira (24), o novo ministro da Educação, José Henrique Paim, afirmou que o Programa Ciências Sem Fronteiras NÃO exigirá participação no Enem como pré-requisito para os interessados em participar no programa no nível de mestrado.
Criado em 2011 e inicialmente válido apenas para universitários (estudantes de graduação), o Ciências Sem Fronteiras é um programa do governo que oferece bolsas para realização de estágio no exterior. Uma das exigências para inscrição no programa é a participação do interessado em uma das edições do Enem a partir de 2009, bem como atingir pontuação igual ou superior a 600 pontos no exame.
Em outubro do ano passado, quando o governo anunciou que o programa expandiria suas bolsas também para os estudantes de pós-graduação, o Ministério da Educação informou que os requisitos para tais candidatos também incluíam a participação e uma nota mínima obrigatória no Enem.
Entretanto, o MEC voltou atrás e reitirou a participação do Enem dos pré-requisitos do programa, conforme declarou Paim após o lançamento da Olimpíada de Língua Portuguesa, em São Paulo:
“O candidato à bolsa de mestrado profissional vai pleitear a vaga dele no exterior a partir dos acordos que a Capes tem com as instituições, e não necessariamente precisa estar estudando”.
O projeto do Ciências Sem Fronteiras prevê a utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos para promoção de intercâmbio. Para saber mais sobre o programa, acesse sua página na internet.

O VESTUÁRIO BÍBLICO...

O VESTUÁRIO DOS TEMPOS BÍBLICOS

O guarda-roupa do indivíduo que vivia nos tempos bíblicos era básico.  Uma tanga (talvez) era usada por baixo da túnica, e também se usava alguma forma de cobertura para a cabeça. Calçados e casaco eram opcionais. As pequenas variações nesse padrão durante os dias bíblicos ficavam no terreno das cores, material e estilo, em vez de nas provisões básicas, pois roupas desse tipo se adaptavam melhor a um clima relativamente quente. Paulo usava a túnica presa na cintura por um cinto, como uma metáfora para o estilo de vida do povo escolhido de Deus (Cl 3.12), e todos compreendiam que ele falava do que era básico.

A roupa de baixo, quando usada, era uma tanga ou saiote. Pedro usava a tanga quando ficava "nu" ou "despido" no barco de pesca da família (Jo 21.7). Jesus foi crucificado usando apenas a tanga, porque os soldados já haviam removido sua túnica (Jo 19.23).

A Túnica
A túnica era a peça essencial, sendo feita de dois pedaços de material, costurado de forma que a costura ficasse horizontal, à altura da cintura. Quando eram tecidas litas no material do tear, elas caíam verticalmente no tecido acabado. A túnica era como um saco em muitos aspectos. Havia uma abertura em V para a cabeça, e cortes feitos nas duas laterais para os braços. A túnica era geralmente vendida sem a abertura em V, para provar que era realmente nova. O material podia ser lã, linho ou até algodão, segundo as posses do usuário. As túnicas feitas de pano de saco ou pelo de cabra eram muito desconfortáveis por causarem irritação na pele. Só eram então usadas em épocas de luto ou arrependimento.

As túnicas masculinas eram quase sempre curtas e coloridas; as das mulheres chegavam aos tornozelos e eram azuis, com bordados no decote em "V", o que em alguns casos indicava a aldeia ou região do usuário. A túnica usada por Jesus deve ter sido da última moda, por não ter a costura central. Teares preparados para acomodar o comprimento total da túnica só foram inventados nos seus dias (veja Jo 19.23).

A túnica era presa à cintura por um cinto de couro ou tecido áspero. O cinto tinha às vezes uma abertura, para colocar um bolso onde guardar dinheiro ou outros pertences pessoais (Mc 6.8). O cinto era também útil para enfiar armas ou ferramentas (1 Sm 15.13). Quando os homens precisavam de liberdade para trabalhar ou correr, levantavam a barra da túnica e a prendiam no cinto, tendo assim maior liberdade de movimento. isso era chamado de "cingir os lombos", e a frase tornou-se uma metáfora para os preparativos. Pedro recomenda, por exemplo, discernimento claro, aconselhando os cristãos a cingirem o seu entendimento (1 Pe 1.13). As mulheres também levantavam a barra da túnica - no caso delas - para levarem coisas de um lugar para outro. Não eram usadas roupas de dormir no fim do dia; o cinto era afrouxado e a pessoa deitava-se com a sua túnica.

ROUPAS MASCULINAS.
ESQUERDA PARA DIREITA: TRABALHADOR COM A TÚNICA ENROLADA
NO CINTO; HOMEM USANDO MANTO DE LÃ GROSSA SOBRE A TÚNICA;
HOMEM RICO COM MANTO FRANJADO E COLORIDO.

O Manto

Quando o indivíduo era suficientemente rico para comprá-lo, ou quando o frio exigia, um manto (ou capa) era usado sobre a túnica. Os mantos eram feitos de duas formas. No campo, onde o calor era determinante, eles enrolavam material pesado de lã ao redor do corpo, costurando-o na altura dos ombros e abrindo fendas para a passagem dos braços. O manto era a única forma de proteção para muitos, portanto, mesmo recebido como penhor de um empréstimo, ele tinha de ser devolvido ao dono antes do anoitecer para que pudesse agasalhar-se na friagem da noite (Êx 22.26,27). pela mesma razão um tribunal judeu jamais daria um manto como recompensa.

O outro tipo de manto era como um vestido frouxo com mangas largas. Quando feito de seda era um traje de gala, e o indivíduo rico jamais sairia de casa sem ele. os fariseus usavam franjas azuis na orla de seus mantos, a fim de que os outros vissem que eles guardavam a lei registrada em Números 15.38,39. Em vista de essa prática tender ao exibicionismo, ela foi condenada por Jesus (Mt 23.5). A mulher que sofria de hemorragia quis provavelmente tocar essa extremidade do manto de Jesus (Mt 9.20).

Calçados

Os pobres quase sempre andavam descalços, mas outros usavam sandálias simples. A sola era feita de um pedaço de couro de vaca cortado na forma do pé. Ela era ligada ao pé por uma tira comprida que passava através da sola, entre o dedo maior e o segundo dedo do pé, e era amarrada ao redor do tornozelo (Lc 3.16). Um outro modelo prendia alças feitas ao redor da sola com uma tira, cruzando-as por sobre o pé. Chinelos eram também usados.

SANDÁLIA DE COURO DO SÉC. I D.C., ENCONTRADA NA 
FORTALEZA DE MASSADA.


Chapéus
A maioria dos homens parece ter usado uma cobertura no alto da cabeça: um pedaço de material dobrado em forma de tira com um dos lados virado para cima, de modo a dar uma aparência de turbante. As mulheres usavam um quadrado de material dobrado para proteger os olhos e que caía sobre o pescoço e ombros, como proteção completa contra o sol, o qual era mantido no lugar por um cordão trançado. Um véu transparente era usado algumas vezes sobre a cabeça para que a mulher não mostrasse o rosto em público. Só o marido podia ver a face da esposa. Rebeca ocultou assim o rosto antes de casar-se com Isaque (Gn 24.65). Na cerimônia de casamento o véu era retirado do rosto da noiva e colocado no ombro do noivo, com a declaração: "O governo está sobre os seus ombros" (Is 9.6).

Limpeza das Roupas
As roupas eram lavadas, permitindo que a água limpa de um regato passasse pela trama do tecido removendo a sujeira; ou colocando as roupas molhadas sobre pedras chatas e esfregando a sujeira. Davi usou a ideia de lavar roupas como símbolo da ação necessária para limpar o seu pecado (Sl 51.2). O sabão era feito de óleo de oliva ou um álcali vegetal.

TRAJES DE UM CASAL RICO.
NOTE O MANTO DELE COMO UM VESTIDO E AS MANGAS LARGAS;
A MULHER USA BRACELETES, PINGENTE, BRINCOS E TIRA NA CABEÇA.

Vestuário Básico
Bem poucos podiam adquirir roupas devido ao seu alto preço. Os pobres só tinham uma muda de roupa. Portanto era comum trocar uma pessoa por um par de sapatos (Am 2.6), e foi praticamente revolucionário dizer ao povo que desse as túnicas de reserva como fez João Batista (Lc 3.11). É interessante ver que na sua codificação da lei no século I d.C., os judeus fizeram uma lista de roupas que podiam ser resgatadas de uma casa incendiada no sábado - interessante porque a lista indica o valor das roupas e menciona peças familiares na época. A lista está dividida em duas seções, para homens e mulheres (as crianças usavam versões menores das roupas dos adultos).

Muitos dos nomes das peças são gregos, mas os padrões básicos são exatamente os mesmos. As roupas tinham tamanha importância que rasgá-las em pedaços era um sinal de intenso sofrimento ou luto (Jó 1.20).


Ornamentação
Além das roupas, eles usavam muitos outros recursos, tais como maquiagem, enfeites e tratamento de cabelo. Esse aspecto era tão importante para as mulheres da época do Novo Testamento que as cristãs foram advertidas a se enfeitarem com um espírito manso e tranquilo (1 Pe 3.3,4). os cosméticos eram feitos com kohl (carbonato verde de cobre) ou com galena (sulfeto negro de chumbo) (Ez 23.40).

ROUPAS E COSMÉTICOS DAS MULHERES ROMANAS SÃO
MOSTRADOS NESTE PAINEL DEDICADO PELAS SERVIÇAIS
DE UM SERVIÇO RELIGIOSO.

PENTE ROMANO DE MARFIM, INSCRITO COM O NOME
DE SUA PROPRIETÁRIA: MODESTINA.

Isaías descreve com detalhes a ornamentação usada em sua época (Is 3.18-21). Muitos dos brincos, braceletes e pingentes eram engastados com pedras preciosas, mas é extremamente difícil identificar a natureza exata das pedras nas linguagens antigas. Óleos eram usados como base para pigmentos que coloriam os dedos das mãos e dos pés. Os cosméticos poderiam ser aplicados com os dedos ou com uma pequena espátula de madeira. os homens usavam frequentemente um anel no dedo ou uma corrente ao redor do pescoço, mas esses anéis serviam mais para selar do que como decoração. Nos dias do Antigo Testamento, o cabelo era um item importante, sendo raramente cortado.
CAMPONESA (EM PRIMEIRO PLANO) - NOTE AS SANDÁLIAS
SIMPLES DE COURO - E UMA MULHER RICA. AMBAS TÊM A CABEÇA COBERTA.

Curiosidades

Roupas masculinas/Roupas femininas
Deuteronômio 22.5 Em vista da túnica ser tão básica, ela era idêntica para homens e mulheres, exceto que a do homem era geralmente mais curta (na altura do joelho) e a da mulher mais longa (na altura do tornozelo) e azul. A proibição de trocar as roupas teve sua origem no estímulo sexual que fazia parte da religião cananita.

O "casaco colorido de José"
Gênesis 37.3.  José ganhou uma túnica feita de muitas peças. As peças adicionais eram provavelmente mangas compridas que atrapalhavam quando havia serviço a fazer. (Quando as mulheres usavam mangas longas e largas, elas as amarravam atrás do pescoço, para que os braços ficassem livres). Isso indicava que José não devia fazer trabalho pesado; ele era o herdeiro escolhido para governar a família.

O manto e a túnica
Mateus 5.40; Lucas 6.29.  Jesus não entendera mal e não estava se contradizendo. No primeiro caso, Jesus falava sobre o tribunal que podia tirar a túnica, mas não a capa da pessoa. No segundo caso, um ladrão iria roubar primeiro a roupa de cima, que era valiosa.

Cobrindo a cabeça das mulheres
1 Coríntios 11.10 As mulheres andavam com a cabeça coberta e usavam véu fora de casa. Só as prostitutas mostravam a face e exibiam os cabelos para atrair os homens. Paulo diz então aos cristãos que se uma mulher não usar véu na igreja, deve ter a cabeça raspada; mas é melhor que cubra a cabeça. Mesmo quando os cristãos têm liberdade para a prática da sua fé, não devem contrariar os bons costumes.

A armadura de Deus

Efésios 6.10, 11  Paulo se refere à roupa usada pelo soldado. Ele combina a profecia de Isaías sobre a armadura de Deus (Is 59. 16, 17) com o que sabe sobre o soldado romano. Por baixo da armadura do soldado estava uma vestimenta básica para "ficarem firmes", de modo que a armadura (casaco e saia de couro cobertos com placas de metal) pudesse ajustar-se por cima. os soldados romanos tinham sandálias pregadas com tachas grandes que firmavam seus pés no chão. Paulo usa a descrição para dizer que o diabo não poderá derrubar os cristãos se eles forem estritamente honestos, absolutamente justos em seus tratos e não se deixarem perturbar facilmente. Acrescente a isso uma salvação que os capacita a viver segundo o padrão de Deus, com acesso ao que Deus disse e confiança nEle, e o cristão estará bem protegido.

Os trajes do sacerdote

Êxodo 28Os sacerdotes usavam uma roupa de linho sobre a parte de cima da túnica, talvez para mantê-la limpa, chamada estola (1 Sm 2.18, 19). O sumo sacerdote usava roupas especiais, mas continuava seguindo a provisão básica. A túnica era azul, a estola ricamente bordada, e havia nesta uma espécie de bolsa incrustada de jóias contendo dois discos para determinar a vontade de Deus, ao serem lançadas sortes. A capa era branca. Ele usava um turbante especial na cabeça.


Referência Bibliográfica:

GOWER, Ralph; Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos, 1 ed, 2002, Casa Publicadora das Assembleias de Deus, Rio de Janeiro.

http://www.bibliaonline.com.br

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