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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Significado de Platônico

Significado de Platônico

O que é Platônico:





Platônico é um adjetivo utilizado para fazer referência ao filósofo e matemático grego Platão. Popularmente, o termo platônico passou a ser utilizado com o significado de algo ideal ou casto, sem interesses materiais. Por exemplo, um amor platônico é aquele que fica apenas pelo plano espiritual, sem contato carnal ou sexual.
Platão viveu em Atenas cerca de 400 anos antes de Cristo e criou uma teoria filosófica denominada de Teoria das Ideias, ou Teoria das Formas. Segundo essa teoria, o mundo encontra-se dividido em duas partes: o Mundo das Ideias, no qual a ideia das coisas é perfeita, e o Mundo Sensível, onde há apenas uma percepção parcial das coisas através do sentidos.
Em um de seus textos mais famosos, A Alegoria da Caverna, Platão apresenta uma alegoria na qual um grupo de pessoas se encontra aprisionado no interior de uma caverna sem vista para o exterior. Esses prisioneiros apenas têm uma idéia parcial dos objetos reais que existem lá fora através das sombras projetadas na caverna pela luz de uma fogueira.

Fake Number - Platônico

Platônico é uma música da banda brasileira Fake Number, do gênero Pop Punk, constituída por Elektra da Camila Prado (voz), Pinguim (Guitarra) e André Mattera (Bateria). Platônico é uma faixa do álbum "Cinco Faces de Um Segredo", e fala de um caso de amor platônico.

Platônico ou pode ser - Andread Jó

"Platônico ou pode ser" é uma canção do álbum "Força" lançado em 2005 por Andread Jó, compositor, arranjador e cantor fortalezense de música reggae.



Fonte de referência, estudos e pesquisa:

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Por que a ciência precisa da filosofia?




Por que a ciência precisa da filosofia?




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Crédito: Shutterstock.
Por Lucie Laplane, Paolo Mantovani, Ralph Adolphs, Hasok Chang, Alberto Mantovani, Margaret McFall-Ngai, Carlo Rovelli, Elliott Sober e Thomas Pradeu Publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America 
“Um conhecimento do contexto histórico e filosófico oferece esse tipo de independência dos preconceitos de sua geração, dos quais a maioria dos cientistas está sofrendo. Essa independência criada pela visão filosófica é, na minha opinião, a marca da distinção entre um mero artesão ou especialista e um verdadeiro buscador da verdade.” – Albert Einstein, Carta a Robert Thornton, 1944

Apesar dos estreitos vínculos históricos entre a ciência e a filosofia, os cientistas atuais muitas vezes percebem a filosofia como um campo completamente diferente e até antagônico à ciência. Argumentamos aqui que, ao contrário dessa crença, a filosofia pode ter um impacto importante e produtivo na ciência.
Ilustramos nosso argumento com três exemplos extraídos de vários campos das ciências contemporâneas da vida. Cada um desses exemplos tem pesquisas científicas de ponta e reconhecimento explícito pela prática de pesquisadores como uma contribuição útil à ciência. Esses e outros exemplos mostram que a contribuição da filosofia pode assumir, pelo menos, quatro formas: a clarificação de conceitos científicos, a avaliação crítica de pressupostos ou métodos científicos, a formulação de novos conceitos e teorias e o fomento do diálogo entre as diferentes ciências, bem como entre a ciência e a sociedade.

Clarificação conceitual e células-tronco

Primeiro, a filosofia oferece clarificação conceitual. As clarificações conceituais não apenas melhoram a precisão e a utilidade dos termos científicos, mas também levam a novas investigações experimentais, porque a escolha de uma dada estrutura conceitual restringe fortemente como os experimentos são concebidos.
A definição de células-tronco é um excelente exemplo. A filosofia tem uma longa tradição em investigar propriedades, e as ferramentas em uso nessa tradição foram recentemente aplicadas para descrever o “stemness”, a propriedade que define as células-tronco. Um de nós mostrou que existem quatro tipos diferentes de propriedades sob o disfarce de stemness no conhecimento científico atual (1). Dependendo do tipo de tecido, o stemness pode ser uma propriedade categórica (uma propriedade intrínseca da célula-tronco, independente de seu ambiente), uma propriedade disposicional (uma propriedade intrínseca da célula-tronco que é controlada pelo microambiente), uma propriedade relacional (uma propriedade extrínseca que pode ser conferida a células não-tronco pelo microambiente) ou uma propriedade sistêmica (uma propriedade que é mantida e controlada no nível de toda a população de células).
Hans Clevers, pesquisador de células-tronco e biologia do câncer, observa que essa análise filosófica destaca importantes problemas semânticos e conceituais em oncologia e biologia de células-tronco. Ele também sugere que essa análise é prontamente aplicável à experimentação (2). De fato, além da clarificação conceitual, esse trabalho filosófico tem aplicações no mundo real, conforme ilustrado pelo caso de células-tronco cancerígenas em oncologia.
Pesquisas voltadas ao desenvolvimento de medicamentos direcionados às células-tronco cancerígenas ou ao seu microambiente, na verdade, dependem de diferentes tipos de stemness e, portanto, têm probabilidade de ter diferentes taxas de sucesso, dependendo do tipo de câncer (1). Além disso, eles podem não abranger todos os tipos de câncer, porque as estratégias terapêuticas atuais não levam em consideração a definição sistêmica de stemness. A determinação do tipo de stemness encontrado em cada tecido e câncer é, portanto, útil para direcionar o desenvolvimento e a escolha de terapias anticâncer. Na prática, essa estrutura levou à investigação de terapias contra o câncer que combinam o direcionamento das propriedades intrínsecas das células-tronco cancerígenas, seu microambiente e os pontos de checagem imunológica para cobrir todos os tipos possíveis de stemness (3).
Além disso, esse quadro filosófico foi recentemente aplicado a outro campo, o estudo dos organoides. Em uma revisão sistêmica de dados experimentais sobre organoides de várias fontes, Picollet-D’hahan et al. (4) caracterizaram a capacidade de formar organoides como uma propriedade disposicional. Eles poderiam argumentar que, para aumentar a eficiência e a reprodutibilidade da produção de organoides, um grande desafio atual no campo, os pesquisadores precisam entender melhor a parte intrínseca da propriedade disposicional que é influenciada pelo microambiente. Para discriminar as características intrínsecas das células que possuem essa disposição, esse grupo está agora desenvolvendo métodos genômicos funcionais de alto rendimento, permitindo uma investigação do papel de praticamente todos os genes humanos na formação de organoides.

Imunogenicidade e microbioma

Complementarmente ao seu papel na clarificação conceitual, a filosofia pode contribuir para a crítica de pressupostos científicos – e pode até ser proativa na formulação de teorias novas, testáveis ​​e preditivas que ajudem a estabelecer novos caminhos para a pesquisa empírica.
Por exemplo, uma crítica filosófica da estrutura do sistema imune self-nonself (5) levou a duas contribuições científicas significativas. Primeiro, foi a base da formulação de um novo quadro teórico, a teoria da descontinuidade da imunidade, que complementa os modelos anteriores de self-nonself e de perigo, propondo que o sistema imunológico responde a modificações repentinas de motivos antigênicos (6). Essa teoria lança luz sobre muitos importantes fenômenos imunológicos, incluindo doenças autoimunes, respostas imunes a tumores e tolerância imunológica a ligantes cronicamente expressos. A teoria da descontinuidade tem sido aplicada a uma infinidade de perguntas, ajudando a explorar os efeitos dos agentes quimioterapêuticos na imunomodulação do câncer e explicando como as células assassinas naturais modificam constantemente seu fenótipo e funções através de suas interações com seus ligantes de uma maneira que garanta a tolerância aos constituintes (self) corporais (7). A teoria também ajuda a explicar as consequências de vacinações repetidas em indivíduos imunocomprometidos (8) e sugere modelos matemáticos dinâmicos de ativação imune. Coletivamente, essas várias avaliações empíricas ilustram como propostas filosoficamente inspiradas podem levar a novos experimentos, abrindo novos caminhos para a pesquisa.
Segundo, a crítica filosófica contribuiu juntamente com outras abordagens filosóficas à noção de que todo organismo, longe de ser um eu geneticamente homogêneo, é uma comunidade simbiótica que abriga e tolera múltiplos elementos estranhos (incluindo bactérias e vírus), que são reconhecidos mas não eliminados por seu sistema imunológico (9). Pesquisas sobre integração simbiótica e tolerância imunológica têm consequências de longo alcance para nossa concepção do que constitui um organismo individual, cada vez mais conceituado como um ecossistema complexo cujas funções principais, do desenvolvimento à defesa, reparo e cognição, são afetadas pelas interações com os micróbios (9).

Influenciando a ciência cognitiva

O estudo da cognição e da neurociência cognitiva oferece uma ilustração impressionante da influência profunda e duradoura da filosofia sobre a ciência. Assim como na imunologia, os filósofos formularam teorias e experimentos influentes, ajudaram a iniciar programas de pesquisa específicos e contribuíram para mudanças de paradigma. Mas a escala da influência supera o caso da imunologia. A filosofia teve participação na mudança do behaviorismo para o cognitivismo e o computacionalismo na década de 1960. Talvez a mais visível tenha sido a teoria da modularidade da mente, proposta pelo filósofo Jerry Fodor (10). Sua influência nas teorias da arquitetura cognitiva dificilmente pode ser exagerada. Em um tributo à morte de Fodor em 2017, o principal psicólogo cognitivo James Russell falou na revista British Psychological Society de “psicologia cognitiva do desenvolvimento BF (antes de Fodor) e AF (depois de Fodor)”.
A modularidade é ideia de que os fenômenos mentais surgem da operação de múltiplos processos distintos, não de um único processo indiferenciado. Inspirado por evidências da psicologia experimental, da linguística chomskiana e das novas teorias computacionais da filosofia da mente, Fodor teorizou que a cognição humana é estruturada em um conjunto de módulos especializados informacionalmente encapsulados específicos de um nível inferior e um nível superior, um sistema central geral de domínio para raciocínio abdutivo com informação fluindo verticalmente para cima, não para baixo ou horizontalmente (ou seja, entre módulos). Ele também formulou critérios rigorosos para modularidade. Até hoje, a proposta de Fodor estabelece os termos para muitas pesquisas e teorias empíricas em muitas áreas da ciência cognitiva e da neurociência (11, 12), incluindo desenvolvimento cognitivo, psicologia evolutiva, inteligência artificial e antropologia cognitiva. Embora sua teoria tenha sido revisada e contestada, os pesquisadores continuam a usar, ajustar e debater sua abordagem e seu conjunto básico de ferramentas conceituais.
A ciência e a filosofia compartilham as ferramentas da lógica, análise conceitual e argumentação rigorosa. No entanto, os filósofos podem operar essas ferramentas com graus de profundidade, liberdade e abstração teórica que os pesquisadores em prática geralmente não podem pagar em suas atividades diárias.
A tarefa da crença falsa constitui outra instância importante do impacto da filosofia nas ciências cognitivas. O filósofo Daniel Dennett foi o primeiro a conceber a lógica básica desse experimento como uma revisão de um teste utilizado para avaliar a teoria da mente, a capacidade de atribuir estados mentais a si mesmo e aos outros (13). A tarefa testa a capacidade de atribuir aos outros crenças que consideramos falsas, a ideia principal é que raciocinar sobre as crenças falsas dos outros, em oposição às crenças verdadeiras, exige a concepção de outras pessoas como tendo representações mentais que divergem das próprias e da forma como o mundo realmente é. Sua primeira aplicação empírica foi em 1983 (14), em um artigo cujo título, “Beliefs About Beliefs: Representation and Constraining Function of Wrong Beliefs in Young Children’s Understanding of Deception”, é em si um tributo direto à contribuição de Dennett.
A tarefa da crença falsa representa um experimento importante em várias áreas da ciência cognitiva e da neurociência, com ampla aplicação e implicações. Elas incluem testes para estágios cognitivos de desenvolvimento em crianças, debatendo a arquitetura da cognição humana e suas capacidades distintas, avaliando a teoria das habilidades mentais em grandes símios, desenvolvendo teorias do autismo como cegueira mental (segundo a qual as dificuldades em passar a tarefa da crença falsa são associados à condição) e determinar quais regiões cerebrais específicas estão associadas à capacidade de raciocinar sobre o conteúdo da mente de outra pessoa (15).
A filosofia também ajudou o campo da ciência cognitiva a encontrar pressupostos problemáticos ou desatualizados, ajudando a impulsionar mudanças científicas. Os conceitos de mente, inteligência, consciência e emoção são utilizados ​​onipresentemente em diferentes campos, com pouca concordância quanto ao seu significado (16). A engenharia da inteligência artificial, a construção de teorias psicológicas das variáveis ​​do estado mental e o uso de ferramentas de neurociência para investigar a consciência e a emoção requerem as ferramentas conceituais para a autocrítica e o diálogo interdisciplinar – precisamente as ferramentas que a filosofia pode fornecer.



Crédito: Wiebke Bretting.

Filosofia e conhecimento científico

Os exemplos acima estão longe de serem os únicos: nas ciências da vida, a reflexão filosófica tem desempenhado um papel importante em questões tão diversas como o altruísmo evolutivo (17), o debate sobre unidades de seleção (18), a construção de uma “árvore da vida” (19), a predominância de micróbios na biosfera, a definição do gene e o exame crítico do conceito de inatilidade (20). Da mesma forma, na física, questões fundamentais como a definição de tempo foram enriquecidas pelo trabalho dos filósofos. Por exemplo, a análise da irreversibilidade temporal de Huw Price (21) e curvas temporais fechadas de David Lewis (22) ajudaram a dissipar a confusão conceitual na física (23).
Inspirados por esses exemplos e muitos outros, vemos a ciência e a filosofia localizadas em um continuum. A ciência e a filosofia compartilham as ferramentas da lógica, análise conceitual e argumentação rigorosa. No entanto, os filósofos podem operar essas ferramentas com graus de profundidade, liberdade e abstração teórica que os pesquisadores em prática geralmente não podem pagar em suas atividades diárias. Os filósofos com o conhecimento científico relevante podem então contribuir significativamente para o avanço da ciência em todos os níveis do empreendimento científico, desde teoria até a experimentação, como mostram os exemplos acima.
Mas como, na prática, podemos facilitar a cooperação entre pesquisadores e filósofos? À primeira vista, a solução pode parecer óbvia: cada comunidade deve dar um passo em direção à outra. No entanto, seria um erro considerar isso uma tarefa fácil. Os obstáculos são muitos. Atualmente, um número significativo de filósofos despreza a ciência ou não vê a relevância da ciência em seu trabalho. Mesmo entre os filósofos que favorecem o diálogo com os pesquisadores, poucos têm um bom conhecimento da ciência mais recente. Por outro lado, poucos pesquisadores percebem os benefícios que as ideias filosóficas podem trazer. No atual contexto científico, dominado pelo aumento da especialização e pelas crescentes demandas por financiamento e produção, apenas um número muito limitado de pesquisadores tem tempo e oportunidade para conhecer o trabalho produzido pelos filósofos sobre a ciência e muito menos lê-la.
Para superar essas dificuldades, acreditamos que uma série de recomendações simples, que podem ser prontamente implementadas, pode ajudar a preencher a lacuna entre a ciência e a filosofia. A reconexão entre a ciência e a filosofia é altamente desejável e mais realizável na prática do que o sugerido pelas décadas de distanciamento entre eles.
I) Dar mais espaço para a filosofia em conferências científicas. Esse é um mecanismo muito simples para os pesquisadores avaliarem a utilidade potencial dos insights dos filósofos para suas próprias pesquisas. Reciprocamente, mais pesquisadores poderiam participar de conferências de filosofia, expandindo os esforços de organizações como a International Society for the History, Philosophy and Social Studies of Biology, a Philosophy of Science Association e a Society for Philosophy of Science in Practice.
II) Acolher os filósofos em laboratórios e departamentos científicos. Essa é uma maneira poderosa (já explorada por alguns dos autores e muitos outros) para que os filósofos aprendam ciência e forneçam análises mais apropriadas e bem fundamentadas, e os pesquisadores se beneficiem de contribuições filosóficas e se acostumem com a filosofia em geral. Essa pode ser a maneira mais eficiente de ajudar a filosofia a ter um impacto rápido e concreto na ciência.
III) Coorientar estudantes de doutorado. A coorientação de estudantes de doutorado por um pesquisador e um filósofo é uma excelente oportunidade para possibilitar a alimentação cruzada dos dois campos. Facilita a produção de dissertações que são experimentalmente ricas e conceitualmente rigorosas e, no processo, forma a próxima geração de cientistas-filósofos.
IV) Criar currículos equilibrados em ciência e filosofia que promovam um diálogo genuíno entre eles. Alguns desses currículos já existem em alguns países, mas expandi-los deve ser uma alta prioridade. Eles podem fornecer aos alunos de ciência uma perspectiva que os capacite melhor para os desafios conceituais da ciência moderna e aos filósofos uma base sólida para o conhecimento científico que maximizará seu impacto na ciência. O currículo de ciência pode incluir uma aula na história da ciência e na filosofia da ciência. O currículo de filosofia pode incluir um módulo de ciência.
V) Ler ciência e filosofia. A leitura da ciência é indispensável para a prática da filosofia da ciência, mas a leitura da filosofia também pode constituir uma grande fonte de inspiração para os pesquisadores, conforme ilustrado por alguns dos exemplos acima. Por exemplo, clubes de periódicos em que as contribuições da ciência e da filosofia são discutidas constituem uma maneira eficiente de integrar filosofia e ciência.
VI) Abrir novas seções dedicadas a questões filosóficas e conceituais em periódicos científicos. Essa estratégia seria uma maneira apropriada e convincente de sugerir que o trabalho filosófico e conceitual é contínuo com o trabalho experimental, na medida em que é inspirado por ele e pode inspirá-lo em troca. Também tornaria as reflexões filosóficas sobre um domínio científico específico muito mais visíveis para a comunidade científica relevante do que quando são publicadas em periódicos de filosofia, que raramente são lidos pelos cientistas.
Esperamos que as etapas práticas expostas acima incentivem um renascimento na integração da ciência e da filosofia. Além disso, argumentamos que manter uma forte aliança com a filosofia aumentará a vitalidade da ciência. A ciência moderna sem filosofia estará indo de encontro a um muro: o dilúvio de dados em cada campo tornará a interpretação cada vez mais difícil, a negligência da amplitude e da história comprimirá e separará as subdisciplinas científicas, e a ênfase em métodos e resultados empíricos conduzirá a um treinamento mais raso e superficial aos alunos. Como Carl Woese (24) escreveu: “Uma sociedade que permite que a biologia se torne uma disciplina de engenharia, que permite à ciência assumir o papel de mudar o mundo vivo sem tentar entendê-lo, é um perigo para si mesma”. Precisamos de um revigoramento da ciência em todos os níveis, uma que nos retorna os benefícios de laços estreitos com a filosofia.

Referências

  1. Laplane L (2016) Cancer Stem Cells: Philosophy and Therapies (Harvard Univ Press, Cambridge, MA).
  2. Clevers H (2016) Cancer therapy: Defining stemness. Nature 534:176–177.
  3. Bialkowski L, et al. (2018) Immune checkpoint blockade combined with IL-6 and TGF-β inhibition improves the therapeutic outcome of mRNA-based immunotherapy. Int J Cancer 143:686–698.
  4. Picollet-D’hahan N, Dolega ME, Freida D, Martin DK, Gidrol X (2017) Deciphering cell intrinsic properties: A key issue for robust organoid production. Trends Biotechnol 35:1035–1048.
  5. Pradeu T, Carosella ED (2006) On the definition of a criterion of immunogenicity. Proc Natl Acad Sci USA 103:17858–17861.
  6. Pradeu T, Jaeger S, Vivier E (2013) The speed of change: Towards a discontinuity theory of immunity? Nat Rev Immunol 13:764–769.
  7. Boudreau JE, Hsu KC (2018) Natural killer cell education and the response to infection and cancer therapy: Stay tuned. Trends Immunol 39:222–239.
  8. Rinaldi S, et al. (2014) Antibody but not memory B-cell responses are tuned-down in vertically HIV-1 infected children and young individuals being vaccinated yearly against influenza. Vaccine 32:657–663.
  9. McFall-Ngai M, et al. (2013) Animals in a bacterial world, a new imperative for the life sciences. Proc Natl Acad Sci USA 110:3229–3236.
  10. Fodor JA (1983) Modularity of Mind: An Essay on Faculty Psychology (MIT Press, Cambridge, MA).
  11. Barrett HC, Kurzban R (2006) Modularity in cognition: Framing the debate. Psychol Rev 113:628–647.
  12. Kanwisher N (2000) Domain specificity in face perception. Nat Neurosci 3:759–763.
  13. Dennett DC (1978) Beliefs about beliefs. Behav Brain Sci 1:568–570.
  14. Wimmer H, Perner J (1983) Beliefs about beliefs: Representation and constraining function of wrong beliefs in young children’s understanding of deception. Cognition 13:103–128.
  15. Frith U, Frith CD (2003) Development and neurophysiology of mentalizing. Philos Trans R Soc Lond B Biol Sci 358:459–473.
  16. Adolphs R (2018) The Neuroscience of Emotion: A New Synthesis (Princeton Univ Press, Princeton).
  17. Sober E, Wilson DS (1998) Unto Others: The Evolution and Psychology of Unselfish Behavior (Harvard Univ Press, Cambridge, MA).
  18. Okasha S (2006) Evolution and the Levels of Selection (Oxford Univ Press, London).
  19. Koonin EV (2011) The Logic of Chance: The Nature and Origin of Biological Evolution (FT Press, Upper Saddle River, NJ), 1st Ed.
  20. Mameli M, Bateson P (2006) Innateness and the sciences. Biol Philos 21:155–188.
  21. Price H (1996) Time’s Arrow and Archimede’s Point: Philosophical Reflections on Time and Physics (Oxford Univ Press, London).
  22. Lewis D (1976) The paradoxes of time travel. Am Philos Q 13:145–152.
  23. Rovelli C (2018) Physics needs philosophy. Philosophy needs physics. Found Phys 48:481–491.
  24. Woese CR (2004) A new biology for a new century. Microbiol Mol Biol Rev 68:173–186.

Fontes de referência, estudos e pesquisa:

https://universoracionalista.org/por-que-a-ciencia-precisa-da-filosofia/

https://www.profjuliomartins.com

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Filosofia

Filosofia

Sócrates, patrono da Filosofia.
Sócrates, patrono da Filosofia.


       A palavra Filosofia é de origem grega e significa amigo do saber, foi usada pela primeira vez pelo matemático grego Pitágoras, no século VI a.C. Os pensadores gregos dessa época foram os responsáveis pela criação da filosofia ocidental; quando deixaram de acreditar em mitos e passaram a pensar com a razão. Assim, a filosofia deu origem à ciência.
        Porém, Sócrates é considerado o patrono da filosofia ocidental, sabe por quê?
     Na Grécia antiga, na cidade de Delfos, existia um santuário dedicado ao deus Apolo, considerado o deus da luz, da razão e do conhecimento. Na entrada deste santuário havia uma grande mensagem que dizia: “Conhece-te a ti mesmo”. Em Atenas vivia um homem chamado Sócrates, que era considerado por muitos um homem sábio. Porém, Sócrates não tinha convicção de que era um homem sábio, por isso resolveu ir ao santuário consultar o oráculo. O oráculo perguntou-lhe: “O que você sabe?” e ele respondeu: “Só sei que nada sei”. Diante de tal afirmação, o oráculo afirmou: “Sócrates é o mais sábio de todos os homens, pois é o único que sabe que não sabe”.
     Nesta seção você encontrará muitos artigos que tratam deste fantástico ramo do conhecimento.
Aproveite nosso material e boa leitura!
Assista as vídeo-aulas no site da referência!

Fonte de referência, estudos e pesquisa: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/filosofia/

terça-feira, 27 de agosto de 2019

A metafísica de Aristóteles

A metafísica de Aristóteles


Aristóteles - Criador da Metafísica
Aristóteles - Criador da Metafísica


No conjunto de obras denominado Metafísica, Aristóteles buscou investigar o “ser enquanto ser”. Significa que buscou compreender o que tornava as coisas o que elas são. Nesse sentido, as características das coisas apenas nos mostram como as coisas estão, mas não definem ou determinam o que elas são. É preciso investigar as condições que fazem as coisas existirem, aquilo que determina “o que” elas são e aquilo que determina “como” são.
Em sua metafísica, Aristóteles fala acerca dos primeiros princípios. Os primeiros princípios dizem respeito aos princípios lógicos, a saber: o princípio de identidade, da não contradição e do terceiro excluído. O princípio de identidade é autoevidente e determina que uma proposição é sempre igual a ela. Disto pode-se afirmar que A=A. O princípio da não contradição afirma que uma proposição não pode, ao mesmo tempo, ser falsa e verdadeira. Não se pode propor que um triângulo possui e não possui três lados, por exemplo. O princípio do terceiro excluído afirma que ou uma proposição é verdadeira ou é falsa, e não há uma terceira opção viável. Tais princípios, deste modo, garantem as condições que asseguram a realidade das coisas.
Além dos princípios, de acordo com Aristóteles, existem quatro causas fundamentais que também são condições necessárias para que as coisas existam. As causas são: material, formal, eficiente e final. A causa material é a matéria da qual é feita a essência das coisas. A causa formal diz respeito à forma da essência. A causa eficiente é aquela que explica como a matéria recebeu determinada forma. A causa final é aquela que determina a finalidade das coisas existirem e serem como são.
Para compreender a conceituação das causas, pode-se pensar numa pedra que rola a montanha. A causa material é o minério da pedra, a causa formal é a inclinação da montanha, a causa eficiente é o empurrão feito na pedra e a causa final é a vontade da pedra de atingir o nível mais baixo. Assim, os primeiros princípios e as quatro causas são as condições básicas para que as coisas existam e possam ser conhecidas.
Disto, Aristóteles investiga sobre “o que” as coisas são. Nesse ponto, visa superar a ideia de seus antecessores, principalmente Platão, que afirmava que a essência das coisas está num mundo inteligível. Para Aristóteles, a essência das coisas está nas próprias coisas e não separada num mundo das formas e ideias perfeitas, isto é, a essência está na substância. A substância, para ele, é a fusão da matéria com a forma. Uma escultura de madeira, por exemplo, é a fusão da madeira (matéria) com o projeto do artesão (forma).
A partir dessa concepção, era ainda necessário que Aristóteles desse conta do problema do movimento, pois a substância possui a matéria – que está em constante movimento (transformação) – e a forma (que é imóvel). Para superar tal problema, ele usa a ideia de potência e ato. As substâncias possuem potencial para aquilo que ocorre com elas. Pode-se dizer que a gasolina, por exemplo, é inflamável. Significa afirmar que ela possui potencial para pegar fogo, porém é preciso pelo menos uma faísca para que a potência se torne realidade, ato.
Com isto, a metafísica de Aristóteles visa mostrar que o Estar em movimento possui mais importância do que o Ser imóvel de Platão.

Fonte de referência, estudos e pesquisa: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/filosofia/metafisica.htm

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

A Mentalidade Anticapitalista

A Mentalidade Anticapitalista


Para acessar o livro A Mentalidade Anticapitalista, clique no link a seguir, que será aberto em uma nova janela:




segunda-feira, 24 de junho de 2019

Filosofia da ciência

Filosofia da ciência

Francis Bacon -  A figura mais importante para a Filosofia da Ciência
Francis Bacon - A figura mais importante para a Filosofia da Ciência.

Filosofia da ciência é a área da filosofia que pergunta sobre a ciência, de quais ideias parte, qual método usa, sobre qual fundamento e acerca de suas implicações. Apesar destes problemas gerais, muitos filósofos escreveram sobre algumas ciências particulares, como a física e a biologia. Não apenas se utiliza a filosofia para pensar sobre a ciência, como se utiliza resultados científicos para pensar a filosofia.

Não existe determinada ciência que faça parte dos estudos da filosofia da ciência. As ciências naturais (ex.: biologia, química e física), formais (ex.: matemática, lógica e teoria dos sistemas), sociais (ex.: sociologia, antropologia e economia) e aplicadas (agronomia, arquitetura e engenharia) já foram objetos de estudos filosóficos.
Historicamente, já na Grécia Antiga se pensava sobre a ciência. Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), por exemplo, escreveu sobre a origem da vida, afirmando a possibilidade de existir vida a partir de algo inanimado. A teoria da abiogênese (geração espontânea) que ele defendia perdurou por diversos séculos. Além da origem da vida, Aristóteles também se preocupou em elaborar um meio de estudar as espécies, sendo ele o primeiro a propor uma divisão do reino animal em categorias.
No decorrer da história, a figura mais importante para a filosofia da ciência é Francis Bacon (1561-1626), filósofo inglês responsável pela base da ciência moderna, o método indutivo. A indução, método de a partir de fatos particulares chegar a conclusões universais, já existia, mas é Bacon o responsável por seu aprimoramento e divulgação.
Após Bacon, muito se pensou e escreveu sobre a ciência, especialmente devido aos avanços e descobertas dos séculos seguintes. René Descartes desenvolveu seu método, houve as contribuições e discussões de Galileu Galilei, Isaac Newton, Gottfried Leibniz e outros. Deste aumento considerável de pensadores que detiveram tempo acerca do campo da filosofia da ciência pode-se escolher alguns para comentar suas importantes ideias. Entre eles, David Hume e Karl Popper.
David Hume (1711-1776), filósofo escocês, criticou fortemente as bases da ciência e da filosofia. A partir do pensamento de John Locke (1632-1704), Hume levou o empirismo, isto é, a ideia de que todo o nosso conhecimento tem origem na experiência (nos cinco sentidos), até as últimas consequências. Para ele, se nosso conhecimento ocorre após a experiência significa que não podemos deduzir eventos futuros. Significa dizer que não há nada no mundo que garanta que as leis que regem o universo hoje serão as mesmas amanhã. Por mais que o homem observe há milênios o sol aparecer todos os dias, nada garante o seu aparecimento amanhã, e por isso a ciência não pode tomar suas conclusões como verdades absolutas.
No século XX, o filósofo austríaco, Karl Popper (1902-1994) criticou a forma de fazer ciência a partir da indução, o método defendido por Bacon. Para Popper, o método indutivo não garante a validade de suas conclusões. Afirmou isso, pois não é possível ter acesso a todos os fatos particulares para ser possível chegar a conclusões. Um cientista pode observar cisnes durante 20 anos e perceber que todos os cisnes observados são brancos, mas ele não pode concluir que “todos” os cisnes são brancos. Se ele concluir isto, bastará a existência de apenas um cisne negro para invalidar sua tese. Com isto, Popper defenderá que o papel da ciência é falsear as suas conclusões a partir do método dedutivo, partindo de conclusões universais para a verificação particular. O papel da ciência é verificar se suas conclusões são verdadeiras, tentando falseá-las com a experimentação.

Fonte de referência, estudos e pesquisa: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/filosofia/filosofia-ciencia.htm

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Ciência da história no século XIX

Ciência da história no século XIX

O desenvolvimento da ciência da história no século XIX ocorreu sobretudo na França e na Alemanha, em um contexto de eferverscência filosófica e científica.


Wilhelm Von Humboldt foi um dos intelectuais que sistematizaram o conhecimento histórico no século XIX *Wilhelm Von Humboldt foi um dos intelectuais que sistematizaram o conhecimento histórico no século XIX *

No século XIX, muitas ciências foram sistematizadas, recebendo um tipo de configuração (procedimentos metodológicos, formas de investigação etc.) que as tornaria respeitáveis. A sociologia e a antropologia são exemplos dessas ciências. A história, como veremos, também está entre elas. O que chamamos de ciência da história desenvolveu-se, propriamente, no século XIX.
Os dois países que são considerados os berços da moderna ciência da história são França e Alemanha. A filosofia alemã, na virada do século XVIII para o XIX, estava envolta à tradição metafísica, sobretudo derivada das reflexões de Immanuel Kant e de Herder. Depois, houve as correntes de Hegel e de Schopenhauer. Em meio a essa atmosfera de discussão filosófica, a história se desenvolvia enquanto um conceito singular, isto é, passava a existir como “História Universal”, e não mais como “histórias particulares”. Era a história da humanidade como um todo.
O chamado historicismo (corrente teórica que buscou pensar a história a partir de sua singularidade) desenvolveu-se fundamentalmente na Alemanha ao longo do século XIX. Nesse país houve um grande peso da tradição interpretativa de textos (que recebeu o nome de hermenêutica), em razão, sobretudo, da Reforma Luterana, que infundiu na teologia o estudo da exegese de textos bíblicos. Essa tradição interpretativa chegou até os círculos e intelectuais e poetas do romantismo alemão, dentre ele Goethe e Schiller.
Esse ambiente de embate entre a tradição metafísica e a hermenêutica provou longas discussões nas quais as reflexões sobre a história foram inseridas. A história, para os historicistas, deveria, ao contrário das ciências naturais, pautar-se pela categoria da compreensão, e não da explicação científica. Compreender implicava interpretar e criar ao mesmo tempo, isto é, mesclar elementos objetivos e subjetivos. O principal historiador a fazer essa mescla e a defender o trabalho do historiador nessa direção foi Wilhelm Von Humboldt, cujo clássico ensaio “Sobre a Tarefa do Historiador” até hoje é lido e reinterpretado.
A compreensão, segundo Humboldt, não podia ser reduzida à explicação demonstrativa, de caráter matemático, como ocorre na física. Compreender exigia um diálogo com o passado, com a tradição. A tradição fornece-nos um horizonte de compreensão, as bases para agirmos no presente. A história, enquanto disciplina com elementos científicos, não pode prescindir da compreensão, haja vista que, mais que explicar rigorosa e definitivamente o passado, a história oferece aos homens do presente condições para agir, para administrar a sua existência.
Na França, também durante o século XIX, desenvolveu-se a chamada Escola metódica(ou Escola histórica metódica), que possuía a pretensão de tornar a história uma ciência metodologicamente rigorosa, tendo como modelo as ciências naturais. O modelo que se seguia, inclusive, era o das ciências físicas. Essa pretensão era infundida pelo positivismo, pensado por August Comte, então em voga na França.
Apesar das justas críticas que recebeu de historiadores do século XX, a Escola metódica francesa foi de fundamental importância para atribuir confiabilidade ao método histórico. Por exemplo, com relação à concepção de tempo (que é um dos principais conceitos históricos): para os metódicos, o tempo era sempre passível de investigação quando era curto, o tempo dos acontecimentos, dos fatos cumulativos. No século XX, essa ideia de tempo alargou-se, haja vista que havia uma noção de tempos múltiplos, breves e longos que se entrelaçavam, e não apenas o tempo linear e progressivo.
Com relação à definição de história: para os metódicos, a história era entendida como ciência nos moldes positivistas; no século XX, a história também era concebida como ciência, porém com a particularidade de ser uma ciência “dos homens no tempo”, como a definiu o historiador francês Marc Bloch. Além disso, com relação às fontes (ou documentos), que é outro conceito de grande importância para a história, os metódicos privilegiavam as fontes escritas, os documentos escritos, não se atendo muito às demais formas de testemunho da história humana. No século XX, os historiadores passaram a considerar “documento histórico” tudo aquilo que o homem produziu ao longo de sua existência.
* Créditos da imagem: Shutterstock e 360b

Fonte de referência, estudos e pesquisa: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/ciencia-historia-no-seculo-xix.htm

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Moralidade

Moralidade

A diferença que existe entre as diversas concepções de Ética possibilitou o estabelecimento de alguns aspectos do que é a Moralidade.

As normas jurídicas, ao contrário das normas morais, têm o sentido de uma obrigação externa fundada nas leis
As normas jurídicas, ao contrário das normas morais, têm o sentido de uma obrigação externa fundada nas leis.

O que é moralidade
Para entender o que significado de moralidade, precisamos entender o termo que dá origem à palavra: moral. A palavra “moral” vem do latim mos ou moris – e significa costumes. Nós vivemos em uma sociedade e a sociedade tem normas estabelecidas do que é certo e do que é errado. Em um sentido mais simples, a noção de moralidade pode estar associada às noções de justiça, ação e dever: a moralidade não se relaciona àquilo que cada um quer para si e sim às formas de agir com o outro.
Ainda que “moralidade” se refira a um código moral concreto (“a moralidade de determinado país” ou “a moralidade de determinado período histórico”, por exemplo, expressões pelas quais determinamos o que é moral ou imoral) pode ser usado como sinônimo de “O moral”. Quando se entende assim, significa que mesmo havendo códigos morais distintos entre si, há aspectos que nos possibilitam identificá-los como sendo “morais”.
Os juízos morais
Entre esses aspectos está a capacidade de se formar juízos morais: quando dizemos que alguém está agindo de forma correta, estamos fazendo um juízo moral, independente do código moral no qual nos baseamos. Se em uma sociedade imaginária as mulheres fossem ensinadas a rasparem os cabelos, seria um juízo moral dizer que uma mulher de cabelos longos se comportaria de forma incorreta. O oposto também válido: em uma sociedade em que as mulheres fossem recomendadas a nunca cortar os cabelos, ao dizer de uma mulher com cabelos curtos se comporta de forma incorreta, fazemos um juízo moral.
O que há em comum entre esses dois juízo morais tão distintos? No aspecto formal ambos se referem a ações que supõem a liberdade do ser humano em escolher sua forma de agir no mundo e, portanto, está disposto a se responsabilizar por aquilo que faz e que entende qual é a responsabilidade que está envolvida em seu ato. No aspecto de conteúdo, o que traço em comum entre os juízo morais é que eles se referem àquilo que os seres humanos desejam ou necessitam. Nesse aspecto é preciso fazer, ainda, uma distinção: há aqueles que falam sobre o que é justo – e isso aporta um sentido de “exigência” e “prescrição” – e há aqueles que falam sobre o que é bom – estes se apresentam como conselhos a respeito das formas de agir.
Ética ou Filosofia Moral
A moralidade é um fenômeno complexo que nos permite entender de formas distintas. Por isso vemos que os pensadores antigos podiam pensar a moralidade como uma dimensão do ser humano e os pensadores modernos podiam pensá-la como uma forma de consciência. As diferentes abordagens e pensamentos a respeito da moralidade por parte da Filosofia podem ser referidas como “Ética” ou “Filosofia Moral”.
Toda análise a respeito da linguagem moral, as perguntas a respeito da validade racional dos princípios morais e a reflexão sobre os problemas morais fazem parte da Ética. Quais são os traços distintivos da moral, investigar as razões da moralidade e procurar pelo desenvolvimento de uma “moral crítica” que impede a obediência e a simples adesão a determinado código, nesse sentido, fazem parte da tripla função da Ética.
A diferença que existe entre as diversas concepções de Ética possibilitou o estabelecimento de alguns aspectos do que é a Moralidade. Vejamos a seguir, seguindo a caracterização feita por Adela Cortina e Emílio Martinez (2001).
1) A moralidade como aquisição de virtudes para alcançar a felicidade
Ser moral, para os pensadores antigos, sobretudo os da Grécia, era o mesmo que descobrir os meios para se alcançar, por meio da razão, o máximo de felicidade. Há diversas formas de se compreender a felicidade. Para os epicuristas, a felicidade era entendida como prazer. Para Aristóteles, a faculdade principal do homem, sua maior virtude, é a racionalidade. Para ser feliz, o homem precisa exercitar sua capacidade de pensar. Para alcançar a virtude, o homem precisa escolher “o caminho do meio”, a justa medida das coisas, e agir de forma equilibrada.
2) A moralidade do caráter individual
Nesse sentido, o desenvolvimento pessoal tornaria possível que cada indivíduo se tornasse moral e, assim, teria os recursos necessários para enfrentar os desafios da vida. Esse desenvolvimento seria como o desenvolvimento de um esportista: se o esportista estabelece metas e desenvolve suas habilidades a fim de alcançá-las, o indivíduo deve proceder da mesma forma a respeito do seu desenvolvimento moral, isto é, ter um projeto vital de autorrealização. Por isso, a moralidade entendida assim é aplicável ao indivíduo, que é o agente moral, mas também poderia ser aplicada a sociedades. Os espanhóis Ortega y Gasset e Aranguren destacam essa concepção em sua obras.
3) A moralidade do dever
Se os estoicos interpretavam a “lei natural” como centro da moralidade, isto é, pensavam no ajuste entre a intenção humana e os planos da razão universal, há sistemas morais que colocam o “dever” como centro das preocupações. Para Kant, a moralidade seria o ir além da natureza e o homem, capaz de ir além da ordem natural, seria capaz de se autolegislar. A autonomia é o foco da moralidade, pois o homem exerceria sua autonomia ao estabelecer aquilo que é correto.
4) A moralidade como aptidão para resolver conflitos
Para a compreensão da moralidade como base para se resolver conflitos é importante entender o conceito de “reconhecimento recíproco” para George H. Mead: ao contrário dos enfoques que ancoram a noção de moralidade no indivíduo, nesta concepção a moralidade não pode ser pensada fora do âmbito social. Com isso, ele situa o problema moral em relação aos conflitos, sejam individuais, sejam coletivos. Pela racionalidade, além de estabelecer para si mesmo leis próprias, o homem deve ser capaz de decidir sobre elas por meio do diálogo.
5. A moralidade como prática solidária das virtudes comunitárias
Para essa noção de moralidade, entende-se o indivíduo em relação à sua comunidade concreta. O ser humano constitui sua personalidade a partir do pertencimento a uma comunidade (profissional, nacional, por exemplo), pois é a comunidade que, ao exigir virtudes daqueles que estão a ela ligados, possibilita o desenvolvimento delas. Ao ter uma visão do que seria a “excelência humana”, a comunidade se esforça para que todos os seus membros a desenvolvam. Assim, a moralidade tem o sentido de “alcance solidário das virtudes” e sai do âmbito de deveres e direitos.
A diferença entre o âmbito moral, jurídico e religioso
Porque falamos em “normas” para nos referimos à Moralidade, podemos nos confundir com as normas jurídicas e religiosas. Um código de normas pode se inscrever nesses três âmbitos. Nós podemos pensar: “Mas todas essas normas não são estabelecidas para que todos as sigam?” Ou ainda: “Não são todas as normas possíveis de transformação em relação ao contexto histórico e social?” Ou então: “Todas essas normas não buscam que todos os indivíduos vivam melhor em sociedade?”
Sim, as normas jurídicas e, algumas normas religiosas, possuem aspectos em comum com as normas morais, como, por exemplo, o aspecto prescritivo. Mas há distinções importantes. Vejamos algumas delas:
a) As normas morais têm o sentido de uma obrigação interna, ou seja, fundada na razão; as jurídicas de uma obrigação externa fundada nas leis; as religiosas têm o sentido de uma obrigação externa fundada na divindade, expressa por algum livro sagrado ou pelas autoridades religiosas;
b) As normas morais são estabelecidas pela consciência pessoal de cada indivíduo; as normas jurídicas são estabelecidas por organismos legislativos do Estado; as normas religiosas são estabelecidas pelos intérpretes da doutrina professada, tendo relação tanto com o livro sagrado (se houver para a determinada religião) quanto com a tradição;
c) As normas morais têm uma condição universalizável, ou seja, abrange diversos aspectos da vida humana, por isso também não possuem um código formal. As normas jurídicas se referem a questões específicas e geralmente, por sua ligação com o Estado, afetam um território delimitado. As normas religiosas se referem a princípios compartilhados por um grupo de pessoas, que não têm relação ao território, pois pessoas de países diferentes podem professar o mesmo credo. No entanto, as normas morais são independentes da expressão religiosa, sem que isso signifique que sejam opostas a existência dela.
CORTINA, Adela; MARTINEZ, Emílio. Ética. Ediciones Akal. Espanha, 2001.
Fonte de referência, estudos e pesquisa: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/filosofia/moralidade.htm

terça-feira, 23 de abril de 2019

Aristóteles

Aristóteles

Aristóteles classificou e sistematizou o pensamento filosófico alcançado até então, iniciando o período sistemático da Filosofia Antiga.

Aristóteles, à esquerda, conversando com seu pupilo, Alexandre, imperador da Macedônia.
Aristóteles, à esquerda, conversando com seu pupilo, Alexandre, imperador da Macedônia.

Aristóteles operou significativas mudanças naFilosofia Antiga, produzida na região da Grécia. Tal produção filosófica já havia passado pelos períodos cosmológico (pré-socrático) e antropológico (socrático) e iniciava, então, o seu período sistemático.
Os estudos aristotélicos influenciaram pensadores medievais da Escolástica, principalmente Alberto Magno e Tomás de Aquino. Também foram influenciados por ele filósofos empiristas da Modernidade, que retomaram a ideia de que o conhecimento também é obtido por meio da prática, operando uma radical e mais completa elaboração da tese do conhecimento como fruto dos sentidos corpóreos e das experiências práticas. Aristóteles também estudou Lógica, MetafísicaPolíticaÉticaCiências Naturais (tendo escrito tratados sobre Biologia e Física), Retórica e Estética.

Quem foi Aristóteles? 

Aristóteles nasceu na cidade de Estagira, na Macedônia, em 384 a.C. Foi um dos três grandes filósofos da Grécia Antiga, tendo convivido e estudado com Platão. Sabe-se que, em sua juventude, teve uma sólida formação em ciências, o que influenciou bastante a sua produção filosófica. Ainda jovem, o filósofo foi para Atenas, onde conheceu o seu mestre Platão e foi estudar na Academia — centro de estudos e discussões sobre Filosofia e Política fundado pelo professor de Aristóteles nos arredores de Atenas.
Após anos de estudos na Academia, Aristóteles passou a lecionar na instituição, aprofundando-se em seus estudos sobre temas da Filosofia Platônica (de forte inspiração socrática) — que iam de conhecimentos de Ética e Política até questões como o conhecimento da verdade e a formação das ideias. Na medida em que estudava tais temas, Aristóteles formulava as suas próprias teorias, o que o levou a um afastamento intelectual das ideias platônicas e marcou uma cisão muito grande dele com o seu mestre, representada na valorização do conhecimento empírico.
Contam as suas biografias que, na ocasião da morte de Platão, Aristóteles (que já lecionava há muito tempo na Academia) esperava um cargo de gestão na instituição de ensino. Ao não receber esse cargo, o pensador desligou-se da Academia e partiu de Atenas para a cidade de Artaneus, na Ásia Menor, tornando-se consultor e conselheiro político entre os anos de 347 e 343 a.C.
Nesse último ano, ele resolveu retornar à Macedônia e, na ocasião, tornar-se preceptor de Alexandre, herdeiro do império macedônico. Em 335 a.C., na ocasião da posse de Alexandre como imperador devido à morte de seu pai, Aristóteles seguiu de volta para Atenas e fundou, em um local próximo à cidade, o seu Liceu — um centro de estudos de filosofia e esportes para os jovens atenienses.

Principais ideias

→ Sistematização

Antes de Aristóteles, os estudos de Filosofia compreendiam uma mistura de AstronomiaFísicaMatemática, Cosmologia, PolíticaÉtica, Estética, Retórica, entre outras áreas do conhecimento. O filósofo foi o primeiro a classificar e a sistematizar essas áreas, desenvolvendo estudos específicos sobre cada tema.

→ Política e Ética

Aristóteles foi um defensor do sistema político democrático pelo qual Atenas já havia passado, tendo escrito um livro sobre isso. Também escreveu tratados de Ética, em que afirmava a necessidade da busca de uma moderação das ações humanas baseada na prudência, para que a vida em sociedade levasse os cidadãos à felicidade.

→ Metafísica

Tendo aprimorado os estudos platônicos sobre o assunto e, em certa medida, afastando-se um pouco das ideias de seu mestre, Aristóteles escreveu um tratado de dez livros chamado “Estudos de Filosofia Primeira”, que, mais tarde, seria conhecido por “Metafísica”. Esses estudos, segundo o próprio filósofo, tratavam sobre o ser em geral, ou seja, seriam uma espécie de ciência geral, mãe de todas as ciências.

→ Lógica

Aristóteles fundamentou as primeiras noções da Lógica Clássica, baseada na argumentação e na Retórica. Em seus estudos, que buscavam algumas noções metafísicas, como a divisão das categorias do que se fala, ele buscou uma forma de linguagem que fosse formalmente válida e que buscasse argumentos que fossem fundamentados em premissas. Surgiu aí a noção de silogismo.

→ Empirismo

Sendo o primeiro filósofo a fundamentar a necessidade do conhecimento prático advindo da observação e da atenção aos sentidos do corpo, Aristóteles deixou em seu legado intelectual o conhecimento empírico, que mais tarde ressoaria na Filosofia Escolástica e na Filosofia Moderna, chamando a atenção dos pensadores para o entendimento dos efeitos do mundo com base em suas causas.
Isso representou um afastamento do modelo de conhecimento platônico, baseado na busca intelectual pela Ideia, que seria puraeterna imutável. Platão considerava que o conhecimento advindo dos sentidos seria imperfeito enganador. Na pintura apresentada abaixo, o pintor renascentista Rafael Sânzio mostra essa discordância entre os dois pensadores ao compor a cena com Platão apontando para cima, como quem aponta para o Mundo das Ideias, e Aristóteles com a mão espalmada para o chão, como quem defende que o conhecimento está aqui, no mundo material.

Platão e Aristóteles em recorte do plano central da Escola de Atenas, pintura renascentista de Rafael Sanzio.*

Obras

Das 22 obras deixadas por Aristóteles, especula-se que algumas podem ter sido, na verdade, compilações e anotações de seus alunos do Liceu tiradas durante as aulas do mestre. Os historiadores não sabem, ao certo, a autoria correta dessas obras, com exceção das principais.
A seguir, estão selecionados alguns dos principais escritos de Aristóteles:

  • Metafísica: conjunto de dez livros, escritos como “Estudos de Filosofia Primeira” e reunidos e renomeados mais tarde por Andrônico de Rodes como “Metafísica”. Tratavam de um conhecimento geral sobre o ser e como o conhecemos, ou seja, uma espécie de ciência geral que tinha como objeto o próprio ser e não recortes dele (como a Matemática é um recorte do ser que estuda apenas as relações numéricas — uma parte de todo o ser).
  • Categorias: pequeno livro sobre Lógica que apresenta a necessidade da classificação e separação de conceitos diferentes para o tratamento de assuntos diferentes, a fim de que equívocos sejam evitados. Seria uma espécie de distinção das diversas categorias do pensamento.
  • Physica: tratado de oito livros com observações de Aristóteles sobre a Ciência da Natureza.
  • Da alma, ou Sobre a alma: escritos sobre a noção dos antigos de alma, que equivale, para nós, à noção de mente. O filósofo trata de assuntos relacionados a como o ser humano constitui-se com base em sua personalidade e a como essa alma atua na distinção entre nós e os outros animais.
  • Ética a Nicômaco: livro que fala sobre Ética expondo as noções de virtude, racionalidade prática (uma racionalidade voltada para o cotidiano e o convívio político) e eudaimonia (uma noção dos gregos antigos de que haveria um guia — a consciência — para as nossas ações).
  • Política: livro em que o pensador defendeu as suas teses sobre a organização política das cidades, baseada na ação ética individual e no exercício da democracia, além de um conjunto de fatores que levariam os cidadãos à vida perfeita.

Frases

“O belo é o esplendor da ordem.”
“O homem é, por natureza, um animal político.”
“O homem é um animal de linguagem.”
“Nada do que existe em potência torna-se ato senão por algo que já existe em ato.”

Resumo

  • Nasceu em Estagira, na Macedônia.
  • Interessou-se por Ciências da Natureza.
  • Foi discípulo de Platão, aluno e professor da Academia.
  • Foi professor do imperador Alexandre, o Grande.
  • Fundou a sua escola filosófica em Atenas, o Liceu.
  • Sistematizou e separou o conhecimento filosófico da Antiguidade.
  • Escreveu sobre diversos assuntos, como Ética, Política, Ciência, Metafísica e Lógica.
Fonte de referência, estudos e pesquisa: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/filosofia/aristoteles.htm

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