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segunda-feira, 16 de abril de 2018

LIÇÃO 04 - ÉTICA CRISTÃ E ABORTO - 2º Trimestre 2018

Criação de Tudo

História da Escola Dominical

A minúscula semente de mostarda que se transformou numa grande árvore
A história da Escola Dominical
Por Ruth Doris Lemos:
Sentado a sua mesa de trabalho num domingo em outubro de 1780 o dedicado jornalista Robert Raikes procurava concentrar-se sobre o editorial que escrevia para o jornal de Gloucester, de propriedade de seu pai. Foi difícil para ele fixar a sua atenção sobre o que estava escrevendo pois os gritos e palavrões das crianças que brincavam na rua, debaixo da sua janela, interrompiam constantemente os seus pensamentos. Quando as brigas tornaram-se acaloradas e as ameaças agressivas, Raikes julgou ser necessário ir à janela e protestar do comportamento das crianças. Todos se acalmaram por poucos minutos, mas logo voltaram às suas brigas e gritos. 

Robert Raikes contemplou o quadro em sua frente; enquanto escrevia mais um editorial pedindo reforma no sistema carcerário. Ele conclamava as autoridades sobre a necessidade de recuperar os encarcerados, reabilitando-os através de estudo, cursos, aulas e algo útil enquanto cumpriam suas penas, para que ao saírem da prisão pudessem achar empregos honestos e tornarem-se cidadãos de valor na comunidade. Levantando seus olhos por um momento, começou a pensar sobre o destino das crianças de rua; pequeninos sendo criados sem qualquer estudo que pudesse lhes dar um futuro diferente daquele dos seus pais. Se continuassem dessa maneira, muitos certamente entrariam no caminho do vício, da violência e do crime. 

A cidade de Gloucester, no Centro-Oeste da Inglaterra, era um pólo industrial com grandes fábricas de têxteis. Raikes sabia que as crianças trabalhavam nas fábricas ao lado dos seus pais, de sol a sol, seis dias por semana. Enquanto os pais descansavam no domingo, do trabalho árduo da semana, as crianças ficavam abandonadas nas ruas buscando seus próprios interesses. Tomavam conta das ruas e praças, brincando, brigando, perturbando o silêncio do sagrado domingo com seu barulho. Naquele tempo não havia escolas públicas na Inglaterra, apenas escolas particulares, privilégio das classes mais abastadas que podiam pagar os custos altos. Assim, as crianças pobres ficaram sem estudar; trabalhando todos os dias nas fábricas, menos aos domingos. 

Raikes sentiu-se atribulado no seu espírito ao ver tantas crianças desafortunadas crescendo desta maneira; sem dúvida, ao atingir a maioridade, muitas delas cairiam no mundo do crime. O que ele poderia fazer? 

Por um futuro melhor

Sentado a sua mesa, e meditando sobre esta situação, um plano nasceu na sua mente. Ele resolveu fazer algo para as crianças pobres, que pudesse mudar seu viver, e garantir-lhes um futuro melhor! Pondo ao lado seu editorial sobre reformas nas prisões, ele começou a escrever sobre as crianças pobres que trabalhavam nas fábricas, sem oportunidade para estudar e se preparar para uma vida melhor. Quanto mais ele escrevia, mais sentia-se empolgado com seu plano de ajudar as crianças. Ele resolveu neste primeiro editorial somente chamar atenção à condição deplorável dos pequeninos, e no próximo ele apresentaria uma solução que estava tomando forma na sua mente. 

Quando leram seu editorial, houve alguns que sentiram pena das crianças, outros que acharam que o jornal deveria se preocupar com assuntos mais importantes do que crianças, sobretudo, filhos dos operários pobres! Mas Robert Raikes tinha um sonho e este estava enchendo seu coração e seus pensamentos cada vez mais! No editorial seguinte, expôs seu plano de começar aulas de alfabetização, linguagem, gramática, matemática, e religião para as crianças, durante algumas horas de domingo. Fez um apelo, através do jornal, para mulheres com preparo intelectual e dispostas a ajudar-lhes neste projeto, dando aulas nos seus lares. Dias depois um sacerdote anglicano indicou professoras da sua paróquia para o trabalho. 

O entusiasmo das crianças era comovente e contagiante. Algumas não aceitaram trocar a sua liberdade de domingo, por ficar sentadas na sala de aula, mas eventualmente todos estavam aprendendo a ler, escrever e fazer as somas de aritmética. As histórias e lições bíblicas eram os momentos mais esperados e gostosos de todo o currículo. Em pouco tempo, as crianças aprenderam não somente da Bíblia, mas lições de moral, ética, e educação religiosa. Era uma verdadeira educação cristã. 

Robert Raikes, este grande homem de visão humanitária, não somente fazia campanhas através de seu jornal para angariar doações de material escolar, mas também agasalhos, roupas, sapatos para as crianças pobres, bem como mantimentos para preparar-lhes um bom almoço aos domingos. Ele foi visto freqüentemente acompanhado de seu fiel servo, andando sob a neve, com sua lanterna nas noites frias de inverno. Raikes fazia isto nos redutos mais pobres da cidade para levar agasalho e alimento para crianças de rua que morreriam de frio se ninguém cuidasse delas; conduzindo-as para sua casa, até encontrar um lar para elas. 

As crianças se reuniam nas praças, ruas e em casas particulares. Robert Raikes pagava um pequeno salário às professoras que necessitavam, outras pagavam suas despesas do seu próprio bolso. Havia, também, algumas pessoas altruistas da cidade, que contribuíam para este nobre esforço. 

Movimento mundial 

No começo Raikes encontrou resistência ao seu trabalho, entre aqueles que ele menos esperava - os líderes das igrejas. Achavam que ele estava profanando o domingo sagrado e profanando as suas igrejas com as crianças ainda não comportadas. Havia nestas alturas algumas igrejas que estavam abrindo as suas portas para classes bíblicas dominicais, vendo o efeito salutar que estas tinham sobre as crianças e jovens da cidade. Grandes homens da igreja, tais como João Wesley, o fundador do metodismo, logo ingressaram entusiasticamente na obra de Raikes, julgando-a ser um dos trabalhos mais eficientes para o ensino da Bíblia. 

As classes bíblicas começaram a se propagar rapidamente por cidades vizinhas e, finalmente, para todo o país. Quatro anos após a fundação, a Escola Dominical já tinha mais de 250 mil alunos, e quando Robert Raikes faleceu em 1811, já havia na Escola Dominical 400 mil alunos matriculados. 

A primeira Associação da Escola Dominical foi fundada na Inglaterra em 1785, e no mesmo ano, a União das Escolas Dominicais foi fundada nos Estados Unidos. Embora o trabalho tivesse começado em 1780, a organização da Escola Dominical em caráter permanente, data de 1782. No dia 3 de novembro de 1783 é celebrada a data de fundação da Escola Dominical. Entre as igrejas protestantes, a Metodista se destaca como a pioneira da obra de educação religiosa. Em grande parte, esta visão se deve ao seu dinâmico fundador João Wesley, que viu o potencial espiritual da Escola Dominical e logo a incorporou ao grande movimento sob sua liderança. 

A Escola Bíblica Dominical surgiu no Brasil em 1855, em Petrópolis (RJ). O jovem casal de missionários escoceses, Robert e Sarah Kalley, chegou ao Brasil naquele ano e logo instalou uma escola para ensinar a Bíblia para as crianças e jovens daquela região. A primeira aula foi realizada no domingo, 19 de agosto de 1855. Somente cinco participaram, mas Sarah, contente com “pequenos começos”, contou a história de Jonas, mais com gestos,do que palavras, porque estava só começando a aprender o português. Ela viu tantas crianças pelas ruas que seu coração almejava ganhá-las para Jesus. A semente do Evangelho foi plantada em solo fértil. 

Com o passar do tempo, aumentou tanto o número de pessoas estudando a Bíblia, que o missionário Kalley iniciou aulas para jovens e adultos. Vendo o crescimento, os Kalleys resolveram mudar para o Rio de Janeiro, para dar uma continuidade melhor ao trabalho e aumentar o alcance do mesmo. Este humilde começo de aulas bíblicas dominicais deu início à Igreja Evangélica Congregacional no Brasil. 

No mundo há muitas coisas que pessoas sinceras e humanitárias fazem sem pensar ou imaginar a extensão de influência que seus atos podem ter. Certamente, Robert Raikes nunca imaginou que as simples aulas que ele começou entre crianças pobres e analfabetas da sua cidade, no interior da Inglaterra, iriam crescer para ser um grande movimento mundial. Hoje, a Escola Dominical conta com mais de 60 milhões de alunos matriculados, em mais de 500 mil igrejas protestantes no mundo. É a minúscula semente de mostarda plantada e regada, que cresceu para ser uma grande árvore cujos galhos estendem-se ao redor do globo. 


Ruth Dorris Lemos é missionária norte-americana em atividade no Brasil, jornalista, professora de Teologia e uma das fundadoras do Instituto Bíblico da Assembleia de Deus (IBAD), em Pindamonhangaba (SP)
A CPAD e a Escola Dominical
A CPAD tem uma trajetória marcante na Escola Dominical das igrejas brasileiras. As primeiras revistas começaram a ser publicadas em forma de suplemento do primeiro periódico das Assembleias de Deus – jornal Boa Semente, que circulou em Belém, Pará, no início da década de 20. O suplemento era denominado Estudos Dominicais, escritos pelo missionário Samuel Nystrom, pastor sueco de vasta cultura bíblica e secular, e com lições da Escola Dominical em forma de esboços, para três meses. Em 1930, na primeira convenção geral das Assembleias de Deus realizada em Natal (RN) deu-se a fusão do jornal Boa Semente com um outro similar que era publicado pela igreja do Rio de Janeiro, O Som Alegre, originando o MENSAGEIRO DA PAZ. Nessa ocasião (1930) foi lançada no Rio de Janeiro a revista Lições Bíblicas para as Escolas Dominicais. Seu primeiro comentador e editor foi o missionário Samuel Nystrom e depois o missionário Nils Kastberg.

Nos seus primeiros tempos a revista Lições Bíblicas era trimestral e depois passou a ser semestral. As razões disso não eram apenas os parcos recursos financeiros, mas principalmente a morosidade e a escassez de transporte de cargas, que naquele tempo era todo marítimo e somente costeiro; ao longo do litoral. A revista levava muito tempo para alcançar os pontos distantes do país. Com a melhora dos transportes a revista passou a ser trimestral. 

Na década de 50 o avanço da CPAD foi considerável. A revista Lições Bíblicas passou a ter como comentadores homens de Deus como Eurico Bergstén, N. Lawrence Olson, João de Oliveira, José Menezes e Orlando Boyer. Seus ensinos seguros e conservadores, extraídos da Bíblia, forjaram toda uma geração de novos crentes. Disso resultou também uma grande colheita de obreiros para a seara do Mestre. 

As primeiras revistas para as crianças só vieram a surgir na década de 40, na gestão do jornalista e escritor Emílio Conde, como editor e redator da CPAD. A revista, escrita pelas professoras Nair Soares e Cacilda de Brito, era o primeiro esforço da CPAD para melhor alcançar a população infantil das nossas igrejas. Tempos depois, o grande entusiasta e promotor da Escola Dominical entre nós, pastor José Pimentel de Carvalho, criou e lançou pela CPAD uma nova revista infantil, a Minha Revistinha , que por falta de apoio, de recursos, de pessoal, e de máquinas apropriadas, teve vida efêmera. 

Usava-se o texto bíblico e o comentário das Lições Bíblicas (jovens e adultos) para todas as idades. Muitos pastores, professores e alunos da Escola Dominical reclamavam das dificuldades insuperáveis de ensinar assuntos sumamente difíceis, impróprios e até inconvenientes para os pequeninos.


Escola Bíblica no Rio de Janeiro, em abril de 1946
 





Na década de 70 acentuava-se mais e mais a necessidade de novas revistas para a Escola Dominical, graduadas conforme as diversas faixas de idade de seus alunos. Isto acontecia, principalmente, à medida que o CAPED (Curso de Aperfeiçoamento de Professores da Escola Dominical), lançado pela CPAD em 1974, percorria o Brasil.
Foi assim que, também em 1974, com a criação do Departamento de Escola Dominical (atual Setor de Educação Cristã), começa-se a planejar e elaborar os diversos currículos bíblicos para todas as faixas etárias, bem como suas respectivas revistas para aluno e professor, e também os recursos visuais para as idades mais baixas.
O plano delineado em 1974 e lançado na gestão do pastor Antônio Gilberto, no Departamento de Escola Dominical, foi reformulado e relançado em 1994 na gestão do irmão Ronaldo Rodrigues, Diretor Executivo da CPAD, de fato, só foi consumado em 1994, depois que todo o currículo sofreu redirecionamento tendo sido criadas novas revistas como as da faixa dos 15 a 17 anos e as do Discipulado para novos convertidos, desenhados novos visuais, aumentado a quantidade de páginas das revistas de alunos e mestres e criado novo padrão gráfico-visual de capas e embalagem dos visuais.

Após duas edições das revistas e currículos (1994 a 1996 e 1997 a 1999), a CPAD apresentou em 2000, uma nova edição com grandes novidades nas áreas pedagógicas, gráficas e visuais.
Em 2007, mais uma vez a CPAD sai na frente com a publicação do novo currículo (vigente) — fundamentado nas atuais concepções e pressupostos da Didática, Pedagogia e Psicologia Educacional. 

Missionário Eurico Bérgsten e esposa


Missionário Samuel Nyström



  
  

Revistas antigas
Fonte de referência, estudos e pesquisa: https://adecalebdweb.blogspot.com.br/p/como-surgiu-ebd.html

sábado, 14 de abril de 2018

A DIDAQUÊ


Resultado de imagem para DIDAQUÊ
1. Título

Completo: Didaché tou Kuríou dià ton dódeka apostólon tois éthnesin = “Ensino (instrução, doutrina) do Senhor aos gentios através dos doze apóstolos”

Abreviado: “O ensino dos (doze) apóstolos” ou “A didaquê”

2. Importância:

“Um dos documentos mais fascinantes e ao mesmo tempo mais intrigantes a emergirem da igreja primitiva” (M. W. Holmes).

“Nenhum documento da igreja antiga tem se revelado tão desconcertante para os estudiosos como esse folheto aparentemente inocente” ... “A criança mimada da crítica” (C. C. Richardson).

“É a única evidência contemporânea direta que temos sobre as condições da vida da Igreja no período obscuro entre o Novo Testamento e a organização mais plenamente desenvolvida do 2º século” (M. Staniforth).

“O documento mais importante do período sub-apostólico e a mais antiga fonte de lei eclesiástica que possuímos... Enriqueceu e aprofundou de modo extraordinário o nosso conhecimento dos primórdios da Igreja” (J. Quasten).

3. Descoberta do manuscrito:

O título do documento era conhecido através de referências em vários escritores antigos.

Em 1873, Filoteos Bryennios, o metropolita grego de Nicomédia, encontrou na biblioteca do mosteiro do Santo Sepulcro (biblioteca do patriarca grego de Jerusalém), em Constantinopla (Istambul), um rolo de manuscritos em grego, datado de 1056, copiado por um escriba chamado Leo.

Tratava-se de 120 folhas de pergaminho contendo a Sinopse de Crisóstomo dos Livros do AT e do NT, a Epístola de Barnabé, as duas epístolas de Clemente, a Didaquê, a Epístola de Maria de Cassobelae a Inácio e a versão longa das cartas de Inácio (12 cartas).

Em 1883, dez anos após a descoberta, Bryennios publicou a Didaquê pela primeira vez, em Constantinopla. Em 1887, o manuscrito (Cod. 54 ou Codex Ierosolymitanus) foi levado para a biblioteca patriarcal de Jerusalém, onde se encontra até hoje.

Existem outras versões antigas da Didaquê: copta, etíope, georgiana e latina.

4. Testemunhos antigos:
As muitas menções de trechos da Didaquê em escritos da igreja antiga atestam a sua importância. Ela deve ter gozado de ampla circulação por algum tempo, sendo aceita pelo menos por uma parte da igreja como um livro digno de ser lido no culto divino. Clemente de Alexandria a cita uma vez como Escritura (graphé). (Strom. I, 20, 100)

Vários autores acharam necessário destacar que a Didaquê não possuía caráter canônico. Eusébio de Cesaréia refere-se a ela como um dos livros apócrifos ou espúrios (Hist. Ecles., III, 25, 4). Atanásio faz o mesmo, mas declara que ela ainda era usada na instrução catequética (Ep. Fest. 39).

O autor da Didascália (início do terceiro século) conhecia toda a Didaquê. Esta serve de base para o 7º livro das Constituições Apostólicas (Síria, quarto século). Os Dois Caminhos (caps. 1-6) são muito semelhantes aos capítulos 18-20 da Epístola de Barnabé (100-130 AD). É possível que ambos os documentos tenham se baseado em uma fonte comum. Grande parte desse material também aparece na Ordem Eclesiástica Apostólica (quarto século) e na Vida de Schnudi (quinto século).

5. Partes constitutivas:
O documento tem duas partes distintas:

(a) Os Dois Caminhos (1-6): código de moralidade cristã, apresentando as diferentes virtudes e vícios que constituem, respectivamente, o Caminho da Vida e o Caminho da Morte. Essa seção é uma adaptação de um tratado moral autônomo, provavelmente de origem judaica, que era conhecido e usado em Alexandria. No início do segundo século, esse texto judaico teria sido inserido em um primitivo manual eclesiástico – a Didaquê, recebendo importantes acréscimos cristãos.

(b) Manual eclesiástico (7-16): compêndio de regras que tratam de diversos aspectos da vida da igreja, tais como: batismo, jejum, eucaristia, missionários itinerantes, ministros locais, etc. São esses antigos regulamentos que conferem à Didaquê um interesse e importância singulares, pois refletem a vida de uma primitiva comunidade cristã na Síria (ou no Egito) no final do 1º século. (M. Staniforth)

Johannes Quasten faz uma divisão diferente: (a) instruções litúrgicas: caps. 1-10; (b) regulamentos disciplinares: caps. 11-15; (c) conclusão: a parousia do Senhor e deveres dela decorrentes: cap. 16. A primeira seção é composta de duas partes: regras de moralidade (1-6) e instruções litúrgicas (7-10).

Segundo o mesmo autor, alguns temas importantes do documento são: oração e liturgia, confissão, hierarquia, beneficência, eclesiologia e escatologia. Contém as mais antigas orações eucarísticas conhecidas e a única referência ao batismo por efusão nos dois primeiros séculos. Não faz nenhuma referência ao episcopado monárquico e aos presbíteros.

Roque Frangiotti divide o texto em quatro partes: (a) seção doutrinal ou catequética: caps. 1-6; (b) instruções litúrgicas: caps. 7-10; (c) instruções disciplinares: caps. 11-15; (d) epílogo sobre a segunda vinda de Cristo: cap. 16.

Uma versão latina, intitulada “Doctrina apostolorum” e correspondente à Didaquê 1-6 (sem 1.3b-2.1), apóia-se no texto grego de uma doutrina judaica tardia dos dois caminhos. Essa doutrina destinava-se à instrução moral de gentios desejosos de aderir à sinagoga como “tementes a Deus”. O escrito era intitulado “Didaché Kuríou tois éthnesin”. Pela inserção das palavras “diá ton dódeka apostólon” no título e pela interpolação de 1.3b-2.1, a doutrina recebeu um caráter cristão. (Altaner e Stuiber)

6. Autoria e data:
Autor: um ministro sagrado de idade avançada, formado na escola de Tiago, o Menor, que teria imigrado para a Síria por ocasião da guerra civil (R. Frangiotti). O documento teria sido colocado na forma presente no máximo até 150, embora pareça provável uma data mais próxima do final do primeiro século.

7. Evidências de antiguidade
    * O título “servo de Deus” aplicado a Jesus.
    * A simplicidade litúrgica e das orações.
    * As orações eucarísticas apontam para um período em que a Ceia do Senhor era ainda uma ceia.
    * O batismo em água corrente.
    * Preocupação em distinguir as práticas cristãs dos rituais judaicos (8.1).
    * Ausência de preocupação com um credo universal.
    * Nenhuma referência aos livros do Novo Testamento.
    * Nenhuma referência ao episcopado monárquico.
    * Ênfase aos ofícios carismáticos e itinerantes: apóstolos e profetas.
    * Dupla estrutura de bispos e diáconos (ver Fp 1.1).
    * Outros temas ausentes: virgindade, tendências gnósticas e antignósticas.

8. Composição
C. Richardson entende que o “didaquista” foi mais um compilador do que um autor. Ou seja, ele não escreveu a Didaquê, mas reuniu dois documentos pré-existentes, fazendo algumas adaptações. Ele provavelmente compôs o capítulo final (16).

Os Dois Caminhos (caps. 1-5) representariam uma forma tardia de um catecismo original no qual o didaquista inseriu em bloco alguns ensinos tipicamente cristãos. Tais ensinos revelam um conhecimento de Mateus e Lucas, e também do Pastor de Hermas (1.5 = Man. 2.4-6) e da Epístola de Barnabé (16.2 = Barn. 4.9).

O manual de ordem eclesiástica (caps. 6-15) refletiria o período sub-apostólico nas igrejas rurais da Síria. Evidências: (a) é claramente dependente do evangelho de Mateus, que provavelmente se originou na Síria; (b) as orações eucarísticas refletem uma região em que o trigo é semeado nas colinas (9.4); (c) a seção batismal pressupõe uma região em que existem termas (7.2); (d) os profetas e mestres lembram a situação de Antioquia (Atos 13.1). A imagem que se obtém dessa fonte é de comunidades rurais que recebem periodicamente a visita dos líderes de algum centro cristão.

A Didaquê propriamente dita deve ter sido composta em Alexandria. Evidências: (a) os Dois Caminhos circulavam ali, pois a Epístola de Barnabé e a Ordem Eclesiástica Apostólica procedem daquela localidade; (b) é possível que Clemente de Alexandria conhecesse a Didaquê; (c) o documento revela uma atitude liberal em relação ao cânon do NT, aparentemente incluindo Barnabé e Hermas, o que aponta para Alexandria; (d) até o quarto século a Didaquê era altamente valorizada no Egito, sendo quase considerada canônica, e foi mencionada por Atanásio como adequada para a instrução catequética.

9. Bibliografia
ALTANER, Berthold e STUIBER, Alfred. Patrologia: vida, obras e doutrina dos padres da igreja. São Paulo: Paulinas, 1988.

EUSÉBIO DE CESARÉIA. História eclesiástica. Trad. Wolfgang Fischer. São Paulo: Novo Século, 1999.

FRANGIOTTI, Roque (Ed.). Padres Apostólicos. Trad. Ivo Storniolo e Euclides M. Balancin. Coleção Patrística, Vol. 1. São Paulo: Paulus, 1995.

HITCHCOCK, Roswell e BROWN, Francis (Eds.). Teaching of the Twelve Apostles: recently discovered and published by Philotheos Bryennios, metropolitan of Nicomedia. <place u2:st="on"><state u2:st="on">New York</state></place>: Charles Scribner’s, 1884.

HOLMES, Michael W. (Ed.). The apostolic fathers: Greek texts and English translations. Grand Rapids: Baker, 1999.

LAKE, Kirsopp (Ed.). The apostolic fathers. Vol. I. London: William Heinemann; New York: Macmillan, 1912.

MORESCHINI, Claudio e NORELLI, Enrico. História da literatura cristã antiga grega e latina. Vol. I: De Paulo à era constantiniana. São Paulo: Loyola, 1996.

QUASTEN, Johannes. Patrology. Vol. I: The beginnings of patristic literature. Westminster, Maryland: Christian Classics, 1993.

RICHARDSON, Cyril C. et al. (Eds.). Early Christian fathers. The Library of Christian Classics, Vol. I. Philadelphia: Westminster, 1953.

SCHAFF, Philip e WACE, Henry. Eusebius: church history, life of Constantine the great, and oration in praise of Constantine. Nicene and Post-Nicene Fathers, Second Series, Vol. I. Reprint. Grand Rapids: Eerdmans, 1986 (1890).

________ . St. Athanasius: select works and letters. Nicene and Post-Nicene Fathers, Second Series, Vol. IV. Reprint. T&T Clark: Edinburgh; Grand Rapids: Eerdmans, 1987 (1891).

STANIFORTH, Maxwell (Ed.). Early Christian writings: the apostolic fathers. New York: Barnes & Noble, 1993.

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